Criatividade, inovação,Programa StartupRS

Foto: Pixabay

Em um momento de muitas incertezas no mundo, a pandemia forçou a mudanças e a adaptações em vários sentidos, tanto no pessoal como no profissional. O isolamento social, necessário neste momento, trouxe consequências econômicas globais muito sérias. As empresas estão enfrentando muitos desafios e dificuldades para se manterem vivas, buscando modos de se reinventar e sobreviverem a esta crise. Segundo dados do Sebrae, o coronavírus mudou o funcionamento de 5,3 milhões de pequenas empresas no Brasil, o que equivale a 31% do total. Outras 10,1 milhões, ou 58,9%, interromperam as atividades temporariamente. Além disso, 77,7% das pequenas e médias Empresas tiveram impacto negativo em suas receitas com a pandemia, conforme aponta a pesquisa Panorama PMEs, feita em parceria por Resultados DigitaisEndeavor Brasil e PEGN.

Diante deste cenário, a Escola de Negócios promoveu algumas iniciativas desde o início da quarentena para auxiliar empresas e instituições a buscarem caminhos para superarem essas dificuldades momentâneas. Conheça algumas dessas ações:

Instituições sem fins lucrativos

Coordenado pelo professor da Escola Luis Humberto Villwock, o movimento Brothers in Arms – Voluntários contra a Covid-19 – é constituído por mulheres e homens imbuídos do sentimento de ajudar a sociedade gaúcha neste momento tão delicado. Diariamente, os voluntários do Brothers in Arms elaboram boletins atualizados com as carências e demandas de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) dos hospitais e unidades de saúde de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul.

Em paralelo a esta atividade, os voluntários do Movimento junto com entidades filantrópicas, universidades e empresas atua também em outras frentes como: compra de materiais de EPIs, coleta e entrega de doações de equipamentos de proteção às unidades de saúde, manutenção de respiradores inoperantes, Impressão 3D de peças para protetores faciais, entre outras ações.

Comitê Científico e Grupo de Trabalho

O Comitê Científico do Governo do Estado, para o acompanhamento multidisciplinar do combate à Pandemia, conta com a participação do professor Ely de Mattos. Este grupo multidisciplinar presta aconselhamento ao Governo do RS, que foca desde questões médicas até orientações gerais. Dentro deste Comitê, existe o Grupo de Trabalho Políticas Sociais e Educação que inclui os professores Ely de Mattos e Izete Bagolin, que trabalham de forma mais concentrada nestes temas, atendendo demandas pontuais como análise de dados ou proposição de ações.

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Foto: Bruno Todeschini

Ajuda a empresas via service learning

A professora da Escola de Negócios e coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS (Idear), Naira Libermann, criou o desafio aos estudantes de ajudar pequenas empresas a rever seus empreendimentos para se adaptarem às mudanças ocorridas devido à pandemia. Atualmente, são 29 estudantes na disciplina de Planejamento de Negócios, trabalhando com seis pequenas empresas, utilizando a metodologia service learning, nas seguintes atividades empresariais: ótica, agência de comunicação, área de entretenimento e na área de alimentação.

Diversos pequenos negócios precisam de orientação para esse momento, tais como: rever custos, organizar a empresa, buscar fontes alternativas de receitas e formas inovadoras de operar. O auxílio dos estudantes é bem-vindo nesse momento.

Nesta disciplina de Planejamento de Negócios é ensinado previamente os estudantes de como se portar perante eventos adversos e, em contrapartida, estão auxiliando pequenas empresas na “saúde” de sua gestão. Desta maneira, os alunos irão aprender o real sentido do que seja empatia e entendimento de solução de problemas complexos e competências fundamentais para este milênio.

Help desk de empresas

Empresas de pequeno a grande porte tem buscado atendimentos sobre renegociação e análise de fluxo de caixa para sobreviver em tempos de pandemia por meio de orientações da Escola de Negócios. Com a coordenação do professor Gustavo de Moraes e envolvimento voluntario de alunos de graduação e mestrado e ex-alunos, esses suportes técnicos foram realizados a empresas de vários segmentos: alimentação, educação, vestuário e transportadoras. “Nesse atendimentos, destacam-se duas empresas do setor de jogos educativos, que resolveram pela fusão mantendo a produção e até pensando em uma nova linha de produtos unindo o expertise de ambas”, destaca o professor.

Esse serviço de help desk tem como premissa estudar reposicionamento da linha de produtos, canais de comercialização, renegociação dos contratos com fornecedores e renegociação de contratos de imóveis.

Atendimento aos associados de sindicato mobiliário

O Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves vem ofertando aos associados uma assessoria gratuita para ajudar a enxergar oportunidades, discutir estratégias e levantar informações. São encontros à distância, conduzidos pela professora da Escola de Negócios, Ana Cristina Schneider, e pelo economista Eduardo Santarossa, que também trabalha junto a equipe. Nestes atendimentos já realizados, as empresas pudem tirar dúvidas sobre a percepção sobre mercado e retomada, a eleição de canais de distribuição e as alternativas de e-commerce nacional e internacional.

Hub de conteúdos de experiências do consumidor

O Laboratório de Experiências do Consumidor (Labex) lançou o Hub de Conteúdos para apoiar o varejo e a sociedade no período durante e pós crise da pandemia. Essa iniciativa é composta de um portal de conteúdo, um espaço para análise de experts e um estudo de mercado. O tripé é baseado na análise de fatores sociais, individuais/humanos e econômicos, que impactam o varejo e a sociedade.

A pesquisa tem como objetivo analisar os impactos no comportamento de consumo decorrentes da pandemia do coronavírus, considerando as dimensões “individual”, “social” e “econômica”, no curto, médio e longo prazos.

Busca de estudantes voluntários para programa SOS-PME

A Escola de Negócios busca alunos voluntários para o programa SOS-PME da UFRGS. A força-tarefa nasceu a partir do cenário econômico que reflete os impactos da Covid-19, com fechamento do comércio, economia em lockdown, e empresas buscando alternativas para enfrentar as consequências disso. Até o momento, 125 empresas estão inscritas, 227 voluntários envolvidos na iniciativa e 70 empresas atendidas. A média de atendimento para cada empresa é de duas semanas.

A ação conta com professores da Escola de Administração da UFRGS, com o apoio do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (CEPA) e do Parque Científico e Tecnológico Zenit da UFRGS. A PUCRS se organiza para tornar-se um hub da ação, por meio da Escola de Negócios e do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc).

Live de Negócios

Com o intuito de trazer conteúdo com temas que orientam empresas a agirem, principalmente neste momento de pandemia, desde o dia 3 de abril, a Escola transmite a Live de Negócios. Toda sexta-feira, às 18h30, um convidado diferente com a participação de professores da casa conversa temáticas da atualidade, trazendo e debatendo dicas e orientações que auxiliem nossos alunos, empresários e comunidade em geral. A live é transmitida por meio do Facebook da Escola de Negócios da PUCRS.

Conversa de Fundamento discute atualidades de forma descontraídaPodcast Conversa de Fundamento

O podcast Conversa de Fundamento nasceu da ideia de levar até os ouvintes os debates sobre o que existe de mais moderno e instigante no mundo da economia e dos negócios. Lançado em 2019, os temas dos episódios do podcast da Escola de Negócios dialogam com outras áreas do conhecimento, como cultura, inovação, comportamento e outros. Os bate-papos, conduzidos pelo professor Ely de Mattos, contam a presença dos docentes Lelis Balestrin Espartel, Stefania Almeida e Osmar de Souza.

Desde o início da pandemia, os episódios envolveram temas diversos relacionados a crise e à situação atual como investimentos, auxílio a empresas, gestão de trabalho e vida privada, etc. Todas as quintas-feiras, o público pode ouvir um assunto novo, nas principais plataformas de streaming, como: Spotify, Deezer, Apple Podcast e Soundcloud. As sugestões de tema podem ser enviadas pelo Facebook da Escola de Negócios.

live reitor

Reprodução de vídeo

Reflexões sobre como a educação e a mente humana tiveram impactos devido à Covid-19 foram temas abordados pela reitoria da PUCRS na última quinta-feira, dia 18 de junho. De forma simultânea, no horário das 17h, o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, e o vice-reitor, Jaderson Costa da Costa, puderam contribuir com os seus conhecimentos para as redes sociais. As transmissões contaram com uma grande interatividade do público, que puderam fazer perguntas aos convidados.

A educação pós-pandemia

Pelo Youtube, o reitor da PUCRS esteve na live A educação na pós-pandemia e seus reflexos na sociedade, promovida pelo Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF/RS). Também participaram do evento Rui Vicente Oppemann, reitor da UFRGS, e Luís Isaías Centeno do Amaral, vice-reitor da UFPel, com a mediação de Willam Peres, conselheiro federal suplente pelo Rio Grande do Sul do CRF/RS.

Em uma das suas explanações, o reitor destacou que, com um problema tão complexo, como é a pandemia, não se pode resolver os desafios de uma forma linear, mas sim por meio de um pensamento adaptativo. “O nosso planejamento era para até 2020 e teremos que repensar tudo isso. Esse cenário fez com que se antecipasse o que era para futuro, tornando algo imperativo no presente. Evidentemente, a nossa responsabilidade é buscar, junto com a comunidade, opções viáveis para o futuro”, comentou.

Teixeira salientou também a mobilização e engajamento das equipes da Universidade. “Confesso que fiquei impressionado e contente, que, apesar dessa crise, tivéssemos respostas eficazes e rápidas; além de um aprendizado de novas ferramentas de ensino e interação. Um outro elemento frente à migração que houve é o empenho para manter a motivação e audiência dos nossos alunos, garantindo, ao máximo, o acompanhamento, a qualidade e a excelência”, enfatizou. Esse encontro virtual do CRF/RS pode ser conferido na íntegra neste link.

live vice reitor

O comportamento do cérebro no coronavírus

Por meio do Instagram, o vice-reitor e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) abordou o tema Como o nosso cérebro se comporta em uma pandemia. A live da série Mentes Transformadoras, do Jornal do Comércio, teve como entrevistadora a jornalista Patrícia Knebel.

Questionado pela repórter sobre a rotina ter a sensação dos dias serem iguais, afetando na vida privada e profissional, o vice-reitor comentou que, se não invade o lar, tendo ambientes, reuniões e tempos definidos, a relação com o trabalho será boa. “Quando começa a misturar a vida doméstica, com a profissional, se trabalha mais. Nas reuniões, é preciso cuidar se não está havendo um ruído ou se alguém não passará atrás do vídeo. O desgaste é muito grande, pois é uma atenção periférica. Nesses encontros, a tensão é maior, se fica preso a uma tela, ao som que pode não estar dos melhores. É uma série questões que deixa mais cansativo, interferindo a dinâmica familiar”, analisou.

Sobre o home office, o diretor do InsCer apontou que as novas gerações não sentiram muitas dificuldades pelo fato de estarem acostumadas com as redes sociais e acredita que todos sairão diferentes em relação ao comportamento no trabalho após a pandemia. “Teremos graus diferentes de experiências com o home office. Uns terão amado, outros nem tanto e outros provei e não gostei. É algo mais emocional do que propriamente relacionado a uma tecnologia”, ressaltou. A conversa completa com vice-reitor pode ser assistida neste link.

 

 

Projeto contemplado pelo CNPq testará método de tratamento para COVID-19 - Pesquisador da PUCRS Marcus Herbet Jones utilizará método com óxido nítrico inalado para tratamentos

Foto: Francisco Venâncio/Unsplash

O projeto de Marcus Herbert Jones, pesquisador e professor da Escola de Medicina da PUCRS, foi um dos contemplados na chamada Pesquisas para enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves, do MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020. Intitulada como Óxido Nítrico Inalado Para Tratamento de Infeção por SARS-CoV-2: um ensaio clínico aberto, paralelo, multicêntrico e randomizado, a pesquisa busca testar a aplicação do gás como possível tratamento para o novo coronavírus.

De acordo com Jones, a infecção pelo Covid-19 promove uma doença respiratória grave em um grande número de indivíduos e a progressão é imprevisível, ocorrendo ao longo de cinco a 10 dias. “Até o momento há apenas uma alternativa de tratamento (Remdesivir) com efeitos modestos e incerteza se o tratamento reduz a mortalidade”, explica o pesquisador. Dados recentes da China e dos Estados Unidos relatam taxas de hospitalização de 13,8% e índices de internação em cuidados intensivos de aproximadamente 6,1%.

Óxido nítrico como tratamento

Esse tipo de gás solúvel (NO) tem efeito vasodilatador pulmonar seletivo e vem sendo usado com sucesso no tratamento de hipertensão pulmonar em adultos e recém-nascidos. “Em doses mais altas o NO tem potente atividade antimicrobiana e antiviral, inclusive contra bactérias multirresistentes. Um estudo mostrou que a inalação da substância reduziu a gravidade da infecção por coronavírus na epidemia de 2002 (SARS-CoV). Vários estudos mostraram efeitos antivirais e antibacterianos tanto in-vitro como em estudos clínicos”, explica Jones.

A partir de agora, o pesquisador testará a hipótese de que o óxido nítrico inalado reduz o número de pacientes que evoluem para doença grave com insuficiência ventilatória. De acordo com ele, caso a inalação de óxido nítrico seja benéfica seria possível reduzir a mortalidade e o número de leitos de cuidados intensivos e de ventiladores necessários para atendimento desses pacientes.

Sobre a chamada

iniciativa é realizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), Ministério da Saúde (MS) e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE).

Docentes da PUCRS integram projeto de atenção em saúde mental por teleatendimento - Iniciativa visa apoiar profissionais de saúde do SUS, oferecendo consultas virtuais com psicólogos

Foto: Marcus Aurelius/Pexels

Profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) que sentem estresse, ansiedade, depressão ou irritabilidade agora poderão contar com apoio psicológico por teleatendimento. O projeto TelePSI é uma iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e tem a expectativa de atender pelo menos 10 mil profissionais da área da saúde. A ação subsidiará o maior projeto de pesquisa desta natureza já realizado no País e um dos maiores do mundo.

Os professores Christian Kristensen, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, e Lucas Spanemberg, da Escola de Medicina, integram o projeto e estão atendendo de forma virtual os profissionais de saúde. Luis Souza Motta, médico psiquiatra e membro do Serviço de Psiquiatria do Hospital São Lucas da PUCRS, também faz parte do projeto.

Avaliação online

As teleconsultas serão feitas por videochamada. No primeiro contato, os casos são avaliados para definir a melhor abordagem e tratamento para os atendimentos. Se identificado algum potencial risco ou sintomas intensos de sofrimento psíquico, os pacientes serão encaminhados para avaliação psiquiátrica.

Os profissionais de saúde terão à disposição materiais e vídeos produzidos pela equipe, em parceria com diversas instituições da sociedade. Os terapeutas contarão com manuais de modelo de atendimento terapêutico desenhados no projeto, videoaulas e sessões simuladas.

Apoio necessário

Kristensen explica que os efeitos adversos à saúde mental dos profissionais que atuam no enfrentamento de pandemias foram bem documentados por conta do surto de SARS-CoV nos anos de 2002 e 2003; e por estudos recentes relacionados à pandemia da Covid-19, publicados neste ano. Problemas relacionados a ansiedade, depressão, reações pós-traumáticas ou mesmo sintomas de exaustão emocional (como caracterizado na síndrome de Burnout) se apresentam de forma frequente nestes profissionais, agravados também pelo distanciamento ou afastamento de seu grupo de apoio.

“Em nosso País, à medida que aumentam os casos de Covid-19 que necessitam hospitalização, cada vez mais será necessária a atenção à saúde mental dos profissionais que atuam na linha de frente no combate à pandemia”, explica o docente.

Spanemberg comenta que, mesmo fora do contexto da pandemia, profissionais de saúde já apresentam uma prevalência aumentada destes transtornos, muitas vezes subdiagnosticados e subtratados, com alta prevalência de afastamento laboral, prejuízo na qualidade de vida e aumento do risco de suicídio. O médico conta que as estratégias de telepsicoterapia ajudam os profissionais a lidar com as ansiedades, os conflitos e os dilemas relacionados a esse momento difícil. “Em geral, a maioria dos participantes considera que as intervenções são muito efetivas, com alívio importante dos sintomas”, comenta.

Sobre o projeto

O projeto também é um grande estudo que randomiza os participantes em diferentes grupos. Dessa forma é possível validar e comparar os tratamentos, como o atendimento remoto ainda é uma modalidade relativamente recente.

A participação dos docentes da PUCRS se iniciou através de um edital para realização de estágio pós-doutoral neste projeto, conciliando as atividades de pesquisa com a atenção à saúde mental pública. O estágio é orientado pelo professor Giovanni Salum.

A central telefônica para primeiro contato funcionará das 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, pelo número 0800 644 6543. Podem acessar o canal profissionais do SUS das 14 categorias de saúde.

Pesquisadores da PUCRS desenvolvem novo teste para coronavírus - Alternativa de exame possibilita diminuir custos e ter resultados mais rápidos,pesquia

Novo teste para Covid-19 / Foto: Divulgação/InsCer

Multidisciplinaridade na área de saúde é quando pessoas de diferentes campos de atuação trabalham no mesmo caso. Durante a pandemia, mais de 50 profissionais e pesquisadores se uniram em uma força-tarefa para combater a Covid-19. Nesse grupo, também está o trabalho realizado no Centro de Pesquisas em Biologia Celular e Funcional (CPBMF), que impacta em diferentes frentes na contenção do novo coronavírus.

“A sociedade moderna está alicerçada em tecnologias que são consequência direta dos avanços científicos. Em meio à uma crise pandêmica, a importância da pesquisa se manifesta de forma dramática: necessitamos o quanto antes de novos medicamentos para tratar pacientes e de vacinas para prevenir a disseminação da Covid-19”, explica um dos integrantes do CPBMF, o professor Cristiano Valim Bizarro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS.

Segundo ele, uma das prioridades no momento é desenvolver novos testes diagnósticos que sejam confiáveis, mais rápidos e de menor custo, possibilitando que a grande população seja testada. “Além disso, a pesquisa e a ciência são fundamentais para que as tomadas de decisão em diferentes esferas públicas e privadas estejam pautadas em dados embasados e atualizados”, destaca.

O trabalho do CPBMF está relacionado a ensaios de atividades de compostos antivirais em culturas do vírus SARS-CoV-2. Ou seja: desvendar a Covid-19 para poder combatê-la. Confira algumas das iniciativas:

A identificação de possíveis medicamentos

Alunos de diferentes laboratórios decidiram agregar seus conhecimentos em prol de um bem maior. Com a orientação de Celia Carlini, professora da Escola de Medicina e pesquisadora do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), os doutorandos Matheus Grahl (PPGMCS) e Carlo Moro (PPGMCS), com a mestranda Paula Caruso (PPGBCM), juntaram-se aos alunos orientados por Jaderson Costa da Costa, diretor do InsCer.

Através de uma pesquisa em ambiente controlado, os estudantes obtiveram resultados positivos quanto ao reposicionamento de fármacos já disponíveis no mercado mundial, identificando possíveis agentes terapêuticos com ação antiviral contra o novo coronavírus. “Essa iniciativa dos alunos da Pós permitiu que o grupo integrasse a força-tarefa”, conta Celia.

Testes moleculares

Dentro da força-tarefa, Grahl foi convidado para integrar o subgrupo liderado por Daniel Marinowic, professor da PUCRS e pesquisador do Hospital São Lucas da PUCRS, que buscava inovar um teste molecular para detecção do SARS-CoV-2. O projeto tem perspectivas de ampliar ainda mais as metodologias de exames e aprimorar a precisão na detecção do vírus.

Inteligência artificial contra a Covid-19

“Nossa proposta visa contribuir para o avanço dos estudos computacionais focados em proteínas alvos para a descoberta de fármacos em potencial para tratar a Covid-19. As abordagens computacionais servirão de base modelos de aprendizado de máquina e previsões”, explica o professor Walter Filgueira, coordenador do Laboratório de Bioquímica Estrutural da PUCRS.

Os resultados obtidos em testes controlados ficarão disponíveis aos membros da rede de laboratórios o que permitirá uma integração. Com a participação da doutoranda Gabriela Bitencourt Ferreira (PPGBCM), este projeto foca nas seguintes etapas: seleção de alvos do SARS-CoV-2; elaboração de modelos de inteligência artificial; e busca virtual. As outras etapas serão executadas por diferentes laboratórios da rede.

O mesmo vírus, diferentes resultados

Biologia molecular: desvendando a Covid-19 através da pesquisa - Trabalho de um dos Centros de Pesquisas da PUCRS impacta em diferentes frentes no combate ao novo coronavírus

Coronavírus / Foto: Unsplash

“Nosso grupo tem experiência na área de imunologia. Mais especificamente, trabalhamos com mecanismos de inflamação. Uma das perguntas que nos fizemos é porque algumas pessoas apresentam uma doença tão grave, enquanto outras exibem uma forma moderada ou até sem sintomas”, conta a professora e pesquisadora Florência Barbe Tuana, do PPGBCM.

Para responder a essa pergunta, Florência estuda a comunicação entre dos tipos celulares importantes na defesa de nosso corpo contra o SARS-CoV-2, macrófagos e neutrófilos. Ao entender como acontece a secreção de mediadores inflamatórios e suas vias de controle no contexto da Covid-19, é possível auxiliar no entendimento dos mecanismos de sinalização e sugerir possíveis alvos terapêuticos.

Único laboratório no Rio Grande do Sul

Além disso, o CPBMF está realizando o cultivo de um isolado do vírus SARS-CoV-2, contando com o único laboratório com nível de biossegurança exigido (NB3) para a manipulação do novo coronavírus em operação no Rio Grande do Sul.

Uma plataforma está sendo construída com compostos de uma biblioteca química do centro de pesquisas para pensar formar de combater o vírus. Alguns desses compostos já se mostraram promissores para o tratamento da tuberculose (TB) e serão avaliados para atacar o novo coronavírus.

Também foi montada uma rede de pesquisadores de diferentes instituições gaúchas que fará uso dessa plataforma para novos ensaios e pensar em diferentes estratégias experimentais e computacionais.

Impacto social da pesquisa

“A pesquisa, a ciência e a educação visam atender as expectativas populacionais que emergem de tempos em tempos e possuem notória importância social”, conta Matheus Grahl. Ao longo da história, o desenvolvimento científico se mostrou essencial para sociedades bem-sucedidas, destaca Carlo Moro. Para ele, isso é mais visível no mundo moderno, que é baseado em tecnologia. “Essa importância às vezes pode passar despercebida para quem não está diretamente envolvido com a ciência, mas fica bastante evidente em momentos de crise, como pandemias”, afirma.

Para Cristiano Valim, é gratificante poder contribuir com esse esforço da comunidade acadêmica internacional para o combate à pandemia. “Estamos seguramente vivenciando a maior crise sanitária das últimas décadas e essa situação demanda um esforço coletivo para a busca das soluções tão necessárias e desejadas por toda a sociedade”, acrescenta.

Leia também: Pesquisadores da PUCRS desenvolvem novo teste para coronavírus

Um grande centro de pesquisa

Com nota 6 pelo conceito Capes, o Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular tem sua excelência reconhecida internacionalmente. Forma profissionais qualificados para elaborar e executar propostas científicas, tecnológicas, educacionais e políticas relacionadas ao estudo de células e moléculas, bem como a caracterização e manipulação de mecanismos celulares e moleculares com fins aplicados.

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Idosos apresentam risco mais elevado de quadros graves / Foto: Freepik

Quando o coronavírus chegou ao Brasil, por ter causado epidemias em outros países anteriormente, já se sabia algumas informações sobre ele. Uma delas diz respeito aos grupos de risco, ou seja, às pessoas mais vulneráveis a manifestar o vírus de uma forma mais grave. Idosos e portadores de doenças crônicas, como as cardiovasculares e respiratórias, diabete melito, cânceres e obesos fazem parte desse grupo.

Estudos na área da saúde que entendam como a doença age nessas pessoas tornam-se muito importantes no combate à pandemia de Covid-19. E, no Programa de Pós Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, da Escola de Medicina da PUCRS, algumas pesquisas já buscam contribuir para este cenário. Uma delas é desenvolvida por um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Universidade, entre eles o professor Douglas Sato, que também é diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) e superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer).

O estudo teve início logo após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. “Os idosos apresentam risco mais elevado de quadros de maior gravidade (especialmente os longevos, com 80 anos ou mais), o que nos motivou a investigar o que explicaria essa frequência bem mais alta de casos críticos e óbitos”, conta Sato.

O professor explica que estão sendo desenvolvidos projetos com idosos para avaliar a situação social, grau de dependência, fragilidade, parâmetros nutricionais, aspectos emocionais e o manejo de outras doenças crônicas durante a pandemia e os impactos da restrição social. “A partir disso, queremos identificar quais destes indivíduos apresentam maior suscetibilidade para desenvolver infecções graves através de diversos biomarcadores celulares e moleculares”, destaca Sato.

Mais de 18% da população gaúcha é idosa

Segundo pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com maior proporção de pessoas acima dos 60 anos. Baseada em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FGV estima que 18,77% da população gaúcha é idosa. Por isso, entender o impacto que a Covid-19 tem nesse grupo é relevante.

Sato ainda lembra que dados de 2018 do Ministério da Saúde apontam que 39,5% dos idosos possui alguma doença crônica e quase 30% sofre de duas ou mais comorbidades, mostrando um grande número de indivíduos suscetíveis para desenvolver a forma grave da doença causada pelo novo coronavírus.

Essa hipótese se fortalece a partir dos números observados na China, onde a mortalidade geral dos pacientes infectados pela Covid-19, até o momento, foi de 0,32% para indivíduos com menos de 60 anos, 6,4% para aqueles entre 60 e 80, saltando para 13,4% entre os acima de 80 anos. “Além disso, a necessidade de internação hospitalar foi menor que 1% na faixa pediátrica, aumentando progressivamente de acordo com a faixa etária, até atingir 18,4% nos indivíduos acima de 80 anos”, diz o professor.

Pesquisas podem contribuir na definição de políticas públicas de saúde

Segundo a doutoranda do PPG Cristina Rabelo, reumatologista do corpo clínico e membro do serviço de Reumatologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), o projeto visa identificar pacientes com Covid-19. “A partir disso, podemos observar as repercussões imunológicas da infecção através de análise de marcadores imunológicos no sangue e da análise do quadro clínico nos pacientes com doenças autoimunes”, afirma.

Para Sato, essas pesquisas, desenvolvidas a partir do conhecimento e utilizando equipamentos de ponta da Universidade, poderão auxiliar na definição de políticas públicas de saúde mais precisas e seguras. “Poderemos identificar os idosos com maior risco de complicações e outros com menor risco. Os resultados permitirão individualizar os cuidados para cada pessoa, tais como modelo de distanciamento social e a intervenção em fatores que podem melhorar a imunidade e a resposta ao Covid-19. Assim, poderemos tentar reduzir a internação hospitalar e a gravidade da doença nesse grupo”, conclui.

Pacientes com diabetes podem ter a saúde mais afetada em situações de crise

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Pessoas com diabetes também são consideradas grupo de risco / Foto: Pexels

Outro grupo considerado de risco para a Covid-19, dentro da categoria de pessoas com doenças crônicas, é o dos pacientes com diabetes. Como ainda não há dados sobre o impacto que eventos da magnitude da pandemia que estamos vivendo no controle glicêmico e em aspectos emocionais em pacientes com diabetes, a professora Gabriela Teló decidiu iniciar um estudo sobre o assunto. O objetivo é avaliar os resultados de uma intervenção de saúde tele-guiada tanto no bem-estar emocional quanto na adesão medicamentosa em adultos portadores da doença durante o período de distanciamento social.

Segundo Gabriela, estudos prévios mostram que intervenções que proporcionam escuta qualificada e suporte psicossocial melhoram significativamente o nível de saúde mental e o controle glicêmico em pacientes com diabetes. “Levando isso em conta, nossa pesquisa permitirá avaliar o impacto de medidas assistenciais envolvendo educação e apoio à distância, evitando o risco de exposição relacionada à necessidade de busca por atendimento”, explica.

A professora conta que o estudo também teve início logo após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a partir do Grupo de Pesquisa em Endocrinologia e Diabetes. Ela ressalta que, em qualquer situação de desastre biológico, temas como medo, incerteza e estigmatização são comuns e podem atuar como barreiras às intervenções médicas e de saúde mental: “Esses desafios, quando enfrentados por aqueles que vivem com uma doença crônica, como o diabetes melito, podem influenciar negativamente o bem-estar mental e a adesão ao tratamento, comprometendo o controle da doença”.

Projeto envolve pesquisadores de diferentes áreas da saúde

O projeto é desenvolvido a partir de um ensaio clínico randomizado, acompanhando pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 em dois hospitais de Porto Alegre. A equipe é composta por 12 pesquisadores de diferentes áreas da saúde, o que estimula a interação entre alunos da graduação e da pós-graduação, médicos residentes e professores de diferentes universidades.

Uma das integrantes é Débora Franco, formada em Educação Física, estudante do último semestre de Medicina da PUCRS e mestranda no PPG em Medicina e Ciências da Saúde. “A pandemia que estamos vivendo gera muitas dúvidas, e participar de estudos como este é uma forma de contribuir para a sociedade, seja esclarecendo dúvidas ou construindo novos conhecimentos que poderão ajudar na prática clínica”, aponta.

Débora conta que se envolveu no projeto desde o início, participando dos treinamentos, da elaboração de intervenções para aplicar aos participantes da pesquisa, do recrutamento e inclusão dos participantes e da coleta de dados, que é feita através de contato teleguiado semanalmente.

Estudo poderá orientar pacientes para o controle da doença

Gabriela explica que a intervenção tem previsão de três meses de duração ou mais, dependendo das orientações de distanciamento social. Apesar de ainda não haver resultados do impacto da estratégia proposta pelo estudo, as análises iniciais indicam alta prevalência de transtornos de saúde mental, como sintomas de ansiedade e depressão e distúrbios alimentares e do sono nos pacientes participantes. Segundo a professora, esses sintomas tendem a ser de duas a quatro vezes mais comuns em pessoas com diabetes em relação à população em geral.

Além disso, parece existir uma relação entre a saúde mental e o controle glicêmico. “Diabetes e transtornos de saúde mental compartilham uma interface mútua: o desafio de conviver e superar o diabetes pode resultar em sobrecarga emocional, assim como a presença de sintomas de depressão e ansiedade pode estar associada à menor adesão ao tratamento, levando a um pior controle glicêmico”, observa.

A professora ainda ressalta que essa associação pode ser exacerbada em um momento de estresse e que o sofrimento psicológico pode aumentar esses sintomas. Entretanto, lembra que a repercussão clínica sobre o controle glicêmico e psicológico do cenário atual nos pacientes com diabetes ainda é hipotética. “A intervenção proposta permitirá disponibilizar ao paciente um ambiente de escuta regular e qualificada, onde possa compartilhar seus medos, ansiedades e frustrações relacionadas à atual pandemia”, pontua. A pesquisa também vai possibilitar que sejam oferecidas orientações regulares em relação à dieta e atividades físicas, por exemplo, que complementem o cuidado clínico do paciente com diabetes nesse período em que o acesso aos serviços de saúde é restrito.

Legado para o futuro

Para a mestranda Débora, pesquisas relacionadas à Covid-19 e aos desafios apresentados pela pandemia são essenciais para se entender e enfrentar o que ainda é desconhecido. “Com projetos nessa área podemos elucidar desde questões relacionadas diretamente à doença até os impactos causados nos indivíduos e no mundo em situações de crise como essa”, defende.

Em relação ao que poderá ficar desses estudos para o futuro, Gabriela acredita que será possível encontrar respostas sobre a melhor forma de suporte a ser oferecido aos pacientes com diabetes durante situações de calamidade pública. “As evidências disponíveis até o momento são limitadas a estudos observacionais, e um estudo experimental como o nosso poderá ter impacto imensurável no planejamento da assistência à saúde em situações semelhantes no futuro”, conclui.

PPG em Medicina e Ciências da Saúde recebe inscrições

Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Clínica Cirúrgica, Clínica Médica, Farmacologia Bioquímica e Molecular, Nefrologia e Neurociências, abrange diferentes linhas de pesquisa. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.

SAIBA MAIS E INSCREVA-SE

Pesquisa busca avaliar o estado de saúde e as condições de vida de nonagenários e centenários durante a pandemiaA pandemia mundial da Covid-19 mudou a rotina de todos, mas impactou especialmente a vida dos idosos, mais vulneráveis à transmissão do novo coronavírus. As pessoas com mais de 90 anos (nonagenárias e centenárias) são a camada da população com maiores chances de desenvolver um quadro grave da doença e, por isso, têm adotado em maior escala medidas preventivas como o isolamento social.  De acordo com dados publicados no periódico Lancet Infect Diseases a mortalidade geral, na China, foi de 0,32% para indivíduos com menos de 60 anos, 6,4% para aqueles entre 60 e 80 anos e 13,4% entre os acima de 80 anos. No Brasil, 77% dos casos são de pacientes com mais de 60. Idade avançada e males como insuficiência respiratória, doença cardíaca, hipertensão e diabetes são importantes fatores de risco.

Mas quais impactos o isolamento tem trazido à vida dos nonagenários e centenários? É o que pretende responder um projeto liderado pelo professor da Escola de Medicina, Ângelo Bós. O estudo, que busca avaliar o estado de saúde e as condições de vida de nonagenários e centenários em Porto Alegre durante a pandemia, é conduzido pelo Grupo de Pesquisa em Saúde Pública e Envelhecimento do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS.

Análise em curso

Os idosos que participam da pesquisa são acompanhados pelo grupo desde 2016 e, neste momento, novas investigações estão em curso para avaliar os impactos da pandemia. De acordo com Bós, o principal objetivo é observar os maiores impactos da restrição social, principalmente sobre a saúde física, cognitiva, emocional e nutricional nessa faixa etária, além de identificar possíveis mecanismos que ajudem a melhorar esses problemas.  A pesquisa ainda está em andamento, mas o professor adianta algumas análises: ele explica, por exemplo, que os idosos em acompanhamento estão seguindo a quarentena, mas estão menos ativos em virtude disso.

Outros participantes ressaltam o menor tempo em companhia da família, apesar de se sentirem amparados através da comunicação por telefone ou mensagem. “Muitos já tinham problema com o sono e percepção de memória ruim, mas quando questionados se repararam se a quarentena mudou as condições de saúde, a maioria afirma que não percebe mudanças”, adiciona Bós.  O acompanhamento destes idosos é longitudinal, buscando observar o impacto a longo prazo. A pesquisa integra o projeto Atenção Multiprofissional ao Longevo (Ampal), que recebeu verba do Fundo Municipal do Idoso de Porto Alegre em 2016 e 2018.

Cuidados com a saúde dos idosos 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância da manutenção das habilidades funcionais para um envelhecimento saudável, o que implica na relação de uma boa capacidade intrínseca em um ambiente que o favoreça. Ou seja, a avaliação e o manejo das saúdes visual, auditiva, locomotora, psicológica e vital, esta por sua vez, onde a OMS prioriza o cuidado alimentar. Seguindo esse raciocínio, o Ampal faz algumas recomendações aos longevos durante a pandemia:

O Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional (CPBMF) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e a empresa Quatro G, que desenvolve e comercializa produtos de biologia molecular, firmaram uma parceria para desenvolvimento de um kit de detecção do coronavírus por PCR em tempo real com produtos e tecnologias nacionais. As duas organizações estão localizadas no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc).

Para o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki, as parcerias entre diferentes setores contribuem para a gerar soluções que atendem aos padrões de qualidade internacional. “Diversos projetos estão surgindo e conectando as empresas, as startups e centros de pesquisa no Parque, em especial no Biohub PUCRS. O projeto entre o CPBMF e a Quatro G é mais um exemplo do que a união entre Universidades, empresas, governo e sociedade é capaz de fazer, gerando um teste de Covid-19 nos mais altos padrões de qualidade internacional”, comenta Prikladnicki.

Segundo o Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy, também estão sendo feitos todos os contatos e esforços no sentido de viabilizar uma parceria com o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) para o desenvolvimento dos testes no laboratório do Hospital.

Laboratório possui alto nível de biossegurança

O Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional é o único no Estado que possui um laboratório com nível de biossegurança 3 (NB3) em funcionamento. Esse nível diminui o risco de contaminação por parte dos operadores, e destina-se ao trabalho com agentes de risco biológico de classe 3, ou seja, com microorganismos que geram elevado risco individual. Diante disso, o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), Odir Dellagostin, convidou o Centro para participar de estudos de virologistas sobre SARS-CoV-2, dando origem a parceria entre o CPBMF e a Quatro G.

Um laboratório com certificação de biossegurança nível 3 (NB3) possui o maior grau de dificuldade para o procedimento de certificação. Isso porque existem muitas particularidades sobre sua operação e estrutura. Uma das obrigatoriedades é a certificação anual para que se possa garantir que essas particularidades sejam continuamente regularizadas. Entre os procedimentos de segurança exigidos para um laboratório com a certificação NB3 estão: controles de engenharia, equipamentos de proteção individuais, integridade do estabelecimento e do sistema, protocolo de operação e procedimento, e controles administrativos. Todos os tópicos anteriores minimizam os riscos biológicos de infecção e contaminação aos seres humanos e ao meio ambiente.

Método utilizará insumos brasileiros

Os pesquisadores do Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional e da Quatro G adaptaram o método do Centers for Disease Control and Prevention (CDC)  dos Estados Unidos, utilizando insumos produzidos pelas empresas brasileiras para detectar o SARS-Cov-2 (agente causador da Covid-19) em amostras clínicas. O protocolo é baseado na técnica de PCR em tempo real. A metodologia utilizada permite que os processos de amplificação, detecção e quantificação do material genético sejam realizadas em uma única etapa, agilizando a obtenção dos resultados.

A farmacêutica Ana Christina de Oliveira Dias, que é responsável técnica na Quatro G, explica que o que está sendo realizado é a padronização de um kit de detecção de SARS-CoV-2 por PCR em tempo real. “A ideia é produzir um teste nacional, com produtos brasileiros, unindo as forças nacionais do CPBMF, Tecnopuc e Quatro G. Com todo o conhecimento e expertise da organização, não podemos deixar de servir em um momento como o atual”, comenta a farmacêutica.

Ana Christina ainda destaca que a equipe envolvida no desenvolvimento dos testes é composta por estudantes e pesquisadores de diversos níveis. “Nós produzimos todos os insumos utilizados na montagem do kit, e temos também a parte de conhecimento e diagnóstico por PCR dentro do nosso quadro de colaboradores, entre doutores, pós-graduandos, alunos de graduação. Existe um enfoque bem marcante em pesquisa. A Quatro G é uma empresa que está há muito tempo no panorama de pesquisa e desenvolvimento de biofármacos”, completa.

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Foto: Gerrie van der Walt/Unsplash

Em fevereiro, os primeiros casos da doença foram registrados no México. Já em março, o governo emitiu um alerta epidemiológico que pedia o fortalecimento da vigilância. Durante o mês de abril, a situação já era considerada uma emergência de saúde pública de importância internacional, com os primeiros casos anunciados nos Estados Unidos. E não, não se tratava da pandemia da Covid-19, mas da H1N1. Comumente conhecida como Gripe Suína, a doença assustou o mundo ao matar mais de 18 mil pessoas em 2009. O alumni Henrique Helms, do Programa de Pós Graduação em História da Escola de Humanidades, analisou, ainda em 2018, a influência da aviação para essa e outras crises globais provocadas por doenças, antes mesmo do planeta saber da chegada do novo coronavírus.  Em A aviação como vetor de disseminação de enfermidades: “As doenças que vêm voando”, Helms explica que mesmo com a importante tarefa da integração nacional e internacional, os transportes aéreos acabam favorecendo a disseminação de doenças. “A história pode levar a uma reflexão de longa distância sobre a evolução das mudanças tecnológicas e o impacto disso na saúde pública, […] que não incorpora uma conotação negativa, […] mas que acrescenta no sentido de ampliar o entendimento sobre as dimensões atingidas a partir do desenvolvimento aeronáutico”, destaca um trecho da tese.

“Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”  

A frase do filósofo Edmund Burke se mantém atual, segundo Cláudia Fay, professora e pesquisadora da Escola de Humanidades da PUCRS e orientadora da pesquisa na época. “Quando uma pandemia como a da Covid-19 acontece, olhamos para o passado e perguntamos: como a História pode nos ajudar a compreender o momento atual? Ela pode nos ajudar? Penso que sim! A História talvez não tenha a mesma função da Medicina na descoberta de uma vacina, por exemplo, mas ela nos dá muitas explicações e entendimento sobre aquilo que um dia fomos”, conta.

Aprendizados históricos

O papel da História é verificar as informações, comparar acontecimentos e mostrar os fatos, ao mesmo tempo em que busca evitar os erros do passado, destaca Cláudia. Para a professora, a humanidade evoluiu em muitos aspectos, principalmente tecnologicamente, mas ainda precisa avançar em outros pontos:

A negação da ciência, a descrença na mídia e em veículos e órgãos internacionais também poderiam ser uma “falha no avanço da sociedade”, segundo Cláudia. Para ela, momentos de insatisfação da população, causadas pelo desemprego e a crise, por exemplo, devem ser períodos de atenção e combate aos retrocessos.

Um panorama das pandemias

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Foto: Kelsey Knight/Unsplash

“É difícil dizer como prever o comportamento das pandemias, pois elas são muito diferentes. Mas o conhecimento histórico de como isso modifica o cotidiano das pessoas ajuda a enfrentar melhor esse período e pensar em alternativas”, conta Helms.   Ele aponta que as principais semelhanças são as preocupações das pessoas e a rapidez com que a rotina muda: “Em um dia é apenas um caso de gripe em uma cidade isolada. Em pouco tempo se torna uma situação internacional e pandêmica”. Foi assim durante a peste negra; a varíola; o sarampo; a cólera; as gripes Espanhola, Asiática e de Hong Kong; entre muitas outras doenças.  Como a capacidade de se comunicar atualmente é muito mais ágil, as pessoas tendem a agir mais rapidamente e se antecipar. “É importante que atitudes coletivas sejam tomadas para que a gente tenha segurança. Imagino que a pior ação é não tomar uma ação”, destaca o pesquisador.

O começo da proliferação das doenças

As populações já foram relativamente isoladas umas das outras. No entanto, o contato entre os povos, flora e fauna foi aumentando de forma significativa. Com isso, o movimento das doenças se revelou uma grande força na formação da história do mundo, e com as guerras, cruzadas e migrações, as infecções acabaram sendo levadas às populações mais suscetíveis, explica o pesquisador.  Leia também: Gripe espanhola pelos registros do acervo Benno Mentz da PUCRS

aviação encolheu as distâncias

Ao reduzir o tempo de percursos, apesar do acesso restrito às pessoas com melhores condições financeiras, andar de avião se tornou uma ferramenta de poder. “Tudo que foi conhecido pela aviação modificou a cultura humana oferecendo chaves, visão de mundo e paisagens, mensagens compreendidas acima da barreira das línguas”, diz a pesquisa.  Com a aviação comercial, essa disseminação ficou ainda mais abrangente, conforme o infectologista Stefan Ujvari, citado na pesquisa. “Na história da humanidade, nunca ocorreu tanta locomoção humana como nos dias atuais. […] O mundo é interligado por pessoas que se deslocam para comércio ou lazer (incluindo o ecoturismo), missionários, refugiados, imigrantes, estudantes e peregrinos. Os continentes são ligados continuamente por embarcações marítimas e, muito mais rápido, pelos aviões”, conta.

Sobre os(as) pesquisadores(as)

Apesar de ter se formado em Ciências Aeronáuticas pela PUCRS e ter atuado como piloto por anos, Henrique Helms sempre gostou de História. Durante seu mestrado estudou O panorama da aviação nacional de 1986 e a quebra da Varig e, posteriormente, sobre as pandemias ao longo do tempo no doutorado. Segundo ele, “as questões da humanidade tendem a se repetir” e, para evitar isso, é preciso olhar o passado.  Além de professora e pesquisadora, Cláudia Fay é coordenadora do Grupo Interdisciplinar de estudos do desenvolvimento científico e tecnológico e do Laboratório de pesquisa em história oral da PUCRS.

Dedicação ao estudo da História

Com nota 5 pela Capes, o PPG em História da PUCRS se destaca por ter docentes com formação acadêmica internacional, trabalhar com temas plurais e atuar de forma interdisciplinar. Com pesquisas sobre imigração, arte, política, cidades, crises, cultura e vários outros temas, as inscrições para novos alunos de mestrado e doutorado estão abertas até 19 de junho. Inscreva-se no programa de Pós-Graduação!

Foto do Centro de Produção de Radiofármacos tem hot-cell, capela revestida de chumbo, onde é feita a síntese do material radioativo com um composto químico

Foto: Arquivo – Ascom/PUCRS

Em tempos de pandemia, a corrida contra o tempo para um tratamento eficaz contra o novo coronavírus é acompanhada em diferentes partes do mundo. Na PUCRS, dezenas de pesquisadores estão trabalhando em diferentes frentes para a luta, prevenção e controle da Covid-19. Mas, afinal, como ocorre uma pesquisa clínica? O que precisa ser levado em conta para classificar um estudo como seguro e eficaz?

A diretora de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e pesquisadora, Fernanda Morrone, explica que uma pesquisa clínica é definida por qualquer investigação em seres humanos, objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacológicos, clínicos e identificar reações adversas ao produto em investigação com o intuito de averiguar sua segurança e eficácia. Estas análises poderão contribuir para o registro ou a alteração deste junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Fernanda e a farmacêutica Chaiane Zucchetti escreveram sobre o perfil da pesquisa clínica no Brasil e explicam que o processo de desenvolvimento de um novo medicamento se dá pela descoberta de uma substância candidata a fármaco. Envolvendo ensaios robustos, a pesquisa tem o objetivo de testar os compostos moleculares; identificar novos alvos e confirmar da sua atuação na doença através da pesquisa pré-clínica que geralmente é realizada primeiramente in vitro e posteriormente em animais.

Ética em foco

De acordo com as pesquisadoras, de cada 10 mil moléculas analisadas, somente uma transforma-se em medicamento. “Sabe-se que o processo de inovação de fármacos e medicamentos demanda, além de tempo e recursos, centenas de milhões de dólares e em média 10 anos de pesquisa”, afirma Fernanda.

No caso do novo coronavírus, a professora de farmacologia Maria Martha Campos, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, explica que existem alternativas quanto ao desenvolvimento de fármacos em situações como essa que estamos vivendo. “Há uma modalidade de desenvolvimento que é chamada de ‘accelerated’, onde algumas etapas podem ser avançadas mais rapidamente, quando outra terapia anterior não existe para determinada doença e o risco de morte é iminente”, explica.

O estudo deve ser, obrigatoriamente, realizado de acordo com os princípios éticos que têm origem na Declaração de Helsinque. A declaração estabelece normas éticas para a condução das pesquisas envolvendo seres humanos, baseando-se nos direitos, na segurança e no bem-estar dos mesmos. No Brasil, todos os ensaios clínicos são avaliados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição onde a pesquisa é realizada, além de, se necessário, haver uma segunda avaliação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A aprovação pela Anvisa, através de sua Gerência de Medicamentos Novos, Pesquisa e Ensaios Clínicos (GEPEC) também se torna necessária para pesquisas com medicamentos e produtos para a saúde que precisam de autorização para importação.

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Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Fases das pesquisas clínicas

O ponto de partida caracteriza-se pela descoberta de uma nova molécula ou seleção de uma molécula já existente, seguido da fase pré-clínica, onde ocorrem testes in vitro e posteriormente in vivo, a fim de verificar se a molécula é segura o suficiente para ser testada em humanos. Com a aprovação dos órgãos regulatórias, a nova substância passa a ser testada em ambiente clínico em três fases de ensaio.

A fase 1 tem como objetivo de verificar a segurança e eficácia, a fase 2 busca avaliar a eficácia e investigar efeitos colaterais e, por fim, na fase 3 busca-se confirmar a eficácia e monitorar reações adversas. Após a última fase, são realizadas novas revisões através dos achados clínicos e pré-clínicos. Somente após essa fase ocorre a comercialização do produto. A fase 4 é caracterizada pela comercialização do produto em investigação e a pesquisa sobre um novo medicamento é mantida mesmo após a aprovação.

Equipe envolvida no processo

A estrutura de um estudo clínico requer uma equipe multidisciplinar, formada por um médico investigador, médicos sub-investigadores, coordenadores do estudo clínico, pacientes, CEPs, patrocinador, órgãos regulatórios do Ministério da Saúde e a indústria farmacêutica ou Organizações Representativas de Pesquisa Clínica, ORPC (em inglês Clinical Research Organizations, CROs).

Na PUCRS, o Centro de Pesquisa Clínica (CPC), localizado no Hospital São Lucas, atua como um dos atores essenciais na condução de pesquisas clínicas. O CPC além de acolher o pesquisador que coordenará e conduzirá a pesquisa, é o elo entre a indústria patrocinadora, os CEPs e CONEP, pois é aquele que fornecerá a estrutura para o pesquisador e é o ponto de referência do sujeito voluntário da pesquisa.

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Foto: Bruno Todeschini

Em busca de soluções para a Covid-19

De acordo com os números mais recentes divulgados pela Conep, órgão ligado ao Ministério da Saúde, a comunidade científica já se mobiliza na realização de pelo menos 76 estudos com seres humanos para entender o comportamento da Covid-19. A maioria deles (21) é de ensaios clínicos de possíveis tratamentos para a infecção. O balanço mostra pesquisas com antibióticos, corticoides, plasma convalescente (de pessoas recuperadas) e até células-tronco mesenquimais.

Para Maria Martha, além da estratégia de pesquisa mais acelerada, ainda há outra possibilidade de estudos clínicos que vem sendo bastante explorada para a Covid-19. É o caso da testagem de fármacos que já estão no mercado para o tratamento de outras doenças (como é o caso da cloroquina) ou que avançaram em diferentes etapas de desenvolvimento para outras doenças virais (como é o caso do Remdesevir), com possibilidades de resultados mais rápidos.

“Esse processo é definido como reposicionamento de fármacos, tendo ampla divulgação. Obviamente, uma indústria farmacêutica pode estar desenvolvendo alguma molécula nova para o tratamento da Covid-19, tendo o direito de proteção de patente e exploração do produto. Entretanto, ela deve garantir que o produto chegue a todos os indivíduos afetados pela doença, garantindo a produção e distribuição do fármaco em larga escala”, explica a pesquisadora.

O compartilhamento de informações também atua como aliado na busca por soluções. De forma interessante, Maria Martha conta que os estudos clínicos para a Covid-19 estão registrados no clinical.trials.gov (EUA), permitindo avaliar os estágios dos diferentes ensaios. As melhores revistas científicas internacionais também publicam periodicamente os dados dos estudos clínicos, como é o caso do New England Journal of Medicine, permitindo à toda a comunidade atualização constante dos avanços no combate ao novo coronavírus. O maior sítio de buscas de literatura médica, o PubMed, também está disponibilizando um link direto para as atualizações.