Foto: Divulgação

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A Universidade firmou uma parceria com a Defesa Civil do Estado, Secretaria de Governança e Gestão Estratégica do Rio Grande do Sul e a empresa Forjas Taurus, que permite uma maior possibilidade de novas doações para o combate à Covid-19. A empresa doou mil máscaras faciais e o material atenderá as demandas de  profissionais da saúde da PUCRS e de diversas Instituições (hospitais, residências geriátricas, clinicas e entidades sociais), que estão sendo atendidas pelos laboratórios do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), sempre com prioridade para o campus da saúde da Universidade. A iniciativa integra uma das cinco frentes de atuação da PUCRS relacionadas à pandemia.

Até o momento, 90 demandas foram inscritas, cerca de 25 instituições atendidas e 20 em atendimento, somando solicitações de mais de cinco mil máscaras faciais, além de 15 solicitações de apoio ao desenvolvimento de produtos.

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Cláudio Gastal, secretário de Governança e Gestão Estratégica do Rio Grande do Suk, destaca a importância da parceria com a PUCRS e com o Tecnopuc: “Em nome do governo, gostaria de agradecer muito por essa parceria. Uma das nossas grandes preocupações é garantir a infraestrutura hospitalar, que passa por leitos, respiradores, mas também passa pela garantia de segurança aos operadores de saúde que estão na linha de frente de combate a Covid-19”.

A gerente de Captação de Recursos e Projetos do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), Izadora Silveira, salienta que “são iniciativas como essa que nos auxiliam nas ações de prevenção e combate a Covid-19. Importante ressaltar que esse é um momento de união e solidariedade, pois é unindo esforços que vamos conseguir reduzir ao máximo o impacto dessa pandemia. Deixo aqui o nosso muito obrigado”.

Conexões para o combate à Covid-19

Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, reforça a relevância das parcerias para o desenvolvimento desta ação do Tecnopuc, com importante atuação do HSL e do Campus da Saúde. “A conexão com a Defesa Civil do Estado e a Taurus, propiciada pela parceria com a UFRGS, no âmbito da Aliança para Inovação de Porto Alegre, é um importante fator de viabilização de ações da Universidade que buscam a mitigar os efeitos da Covid19 na sociedade”, explica.

Para o diretor do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da PUCRS (Ideia), Eduardo Giugliani, essa parceria, de maior escala, atende demandas de maior volume recebidas no Tecnopuc. “No Tecnopuc Fablab, no Ideia, nós criamos um fluxo muito consistente e capilar para absorver demandas de Porto Alegre e de todo o Estado, e hoje temos um ritmo de atendimento rápido, mas não é uma escala industrial e essa parceria nos permite atender demandas de maior volume, como por exemplo Hospital São Lucas. Isso facilita o atendimento rápido, e permite que o nosso fluxo normal, que também não é pequeno, de atender outros centros e unidades de saúde, continue – principalmente centros geriátricos, que fatalmente ficam mais distantes de acessar essas máscaras”, comenta.

covid,covid-19,covid 19,novo coronavírus,coronavírus,pesquisa,inscer,Instituto do Cérebro,Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul,estresse,ansiedade,depressão,traumaEntender o impacto traumático da pandemia do novo coronavírus é o objetivo principal de uma pesquisa desenvolvida por profissionais da PUCRS. A iniciativa surgiu a partir de integrantes da força-tarefa multidisciplinar criada pela Universidade para buscar soluções para as diferentes questões que envolvem a Covid-19. O professor da Escola de Medicina e pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) Rodrigo Grassi de Oliveira é um dos nomes que compõem o grupo de saúde mental da força-tarefa e que está por trás desse estudo. Segundo ele, a ideia é fazer um mapeamento e um monitoramento das questões relacionadas a estresse e trauma na população brasileira durante e após a pandemia.

Grassi explica que o grupo percebeu a necessidade de se realizar uma pesquisa nesse sentido em função das preocupações que o contexto atual pode gerar, como medo da morte, incerteza sobre o futuro e distanciamento social. Conforme o professor, essas questões podem ser muito estressantes e contribuir para o aparecimento ou piora de transtornos metais, principalmente ansiedade e depressão.

Uma das possíveis explicações para um aumento do estresse nesse período pode ser justamente a rápida disseminação das informações associadas à pandemia. Número de casos confirmados, óbitos, modo e taxa de transmissão podem ser facilmente monitorados por todas as pessoas com acesso à televisão ou à internet – além dos problemas socioeconômicos consequentes do distanciamento social. “Essa ampla cobertura da mídia pode influenciar a percepção cognitiva da população em relação à ameaça da doença, levando a uma maior ou menor proliferação de medo. A partir disso, começam a emergir questões importantes acerca dos impactos que a pandemia pode ter na saúde mental”, aponta.

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Pesquisa é respondida de forma online e não exige identificação

Para que a pesquisa possa atingir o maior número possível de pessoas em todo o Brasil, ela foi desenvolvida para que pudesse ser respondida de forma online e anônima – o que exige uma série de cuidados metodológicos. Ao longo de toda a entrevista, são coletadas informações relacionadas a sintomas de estresse, ansiedade e depressão, além de outros dados que, de alguma forma, possam estar afetando as pessoas, como o uso de mídias sociais e o quanto seu uso influencia ou não no estresse.

A ideia é que o questionário permaneça aberto ao longo de todo o período da pandemia e também no pós-pandêmico. Outro ponto relevante é que a mesma pessoa pode responder a pesquisa quantas vezes quiser, ao longo dos diferentes meses – lembrando sempre de sinalizar, no começo, que já respondeu às perguntas antes. Para se ter esse controle, cada pessoa tem um identificador (CEP e últimos quatro dígitos do celular, únicas informações solicitadas aos participantes).”Assim, teremos como saber quantas vezes alguém respondeu a pesquisa. Além de fazer esse mapeamento transversal, conseguiremos ter diferentes fotografias da população brasileira ao longo do ano”, pontua Grassi.

A meta é que pelo menos 9 mil pessoas respondam à pesquisa nessa primeira onda de coletas e, se possível, que voltem a responder nos próximos meses. “É um desafio a gente conseguir isso. Estamos pedindo para todo participante que nos siga nas redes sociais, pois será lá que faremos o anúncio público da segunda onda de coletas. Mesmo que essas pessoas não voltem a responder, tendo 9 mil respondendo agora, 9 mil daqui a três meses e mais 9 mil daqui a seis meses, a gente consegue generalizar estatisticamente esse diagnóstico do mapeamento de sintomas estressantes e traumáticos”, destaca.

Participantes recebem feedback e orientações em caso de estresse

Ao fim da pesquisa, os participantes têm acesso a um feedback baseado nas suas respostas. Aqueles que manifestaram estar sofrendo com a pandemia recebem orientações sobre como podem buscar ajuda. Se alguém expressar algum tipo de pensamento relacionado à morte ou a suicídio, automaticamente a pesquisa abre uma tela, instrui essa pessoa a ligar para o Centro e Valorização da Vida (CVV) e explica que há como essa pessoa ser ajudada, que o serviço não tem custo. “Tivemos uma preocupação com a pessoa que está respondendo a pesquisa, de forma que ela também seja psicoeducada por onde buscar ajuda”, completa Grassi.

O professor destaca que qualquer intervenção de saúde precisa ter base científica e que, como essa pandemia se desenvolveu de forma veloz, é preciso ser igualmente rápido para gerar bases de dados científicos e, a partir deles, estruturar políticas de intervenção, principalmente de saúde pública. “Investigar trauma ou estresse é importante porque a gente sabe que quanto mais cedo for a intervenção, melhor do ponto de vista de não deixar um adoecimento efetivamente se estabelecer”, reforça.

Outro ponto importante em relação a esse mapeamento é o fato de um aumento do adoecimento mental, em especial da depressão, gerar também questões econômicas importantes: “Uma das maiores causas de afastamento do trabalho é doença mental. Se a gente espera que, após esse período de recessão, o número de doenças mentais aumente, também tem que ficar preparado para tentar prevenir ou contornar essa situação, porque esse eco pós pandemia continuará corroendo a estrutura econômica”.

Ciência que é feita por todos

Grassi relata que o momento atual também é difícil para a ciência, uma vez que cada um está em sua casa e que uma série de materiais de pesquisa não estão podendo ser utilizados nesse momento. Por isso, chama a atenção para a importância de que as pessoas entendam que a ciência não é feita só pelo cientista: “Quem se voluntariar e dedicar de 10 a 15 minutos do seu dia respondendo essa pesquisa, vai estar ajudando a produzir ciência de qualidade no País. E isso é importante para mostrar como está sendo essa experiência de pandemia para o Brasil. A gente precisa medir, mensurar, registrar. É isso que um cientista faz”.

Além de Grassi, integram a equipe de desenvolvimento da pesquisa o vice-reitor da PUCRS e diretor do InsCer, Jaderson Costa da Costa; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, professora Carla Bonan; os professores da Escola de Ciências da Saúde e da VidaChristian Kristensen e Thiago Viola (também professor da Escola de Medicina); e o professor da Escola Politécnica Felipe Meneguzzi, além do pós-doutorando Bruno Kluwe-Schiavon, bolsista do Projeto Institucional de Internacionalização (PUCRS-PrInt) na modalidade Jovem Talento com Experiência no Exterior, e do aluno de Doutorado em Psicologia Lucas Bandinelli.

A pesquisa está disponível neste link.

Populações indígenas e aldeias contra o coronavírus - No Dia do Índio, povos lidam com fontes de renda comprometidas e desafios ambientais históricos

Foto: Deb Dowd/Unsplash

O Brasil é o país com o maior número de contaminados pelo novo coronavírus entre povos originários, segundo dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Mesmo com as ações de contingenciamento dos órgãos oficiais, diversos são os desafios dos profissionais da área da saúde frente à Covid-19. A doença preocupa tanto a população indígena que vive em aldeias afastadas, quanto os grupos que moram próximo aos centros urbanos e sobrevivem com o que conseguem vender, como artesanatos, artes e frutos.

Ao longo das últimas semanas, os principais veículos de comunicação do Brasil só falam sobre um tema: a pandemia provocada por uma família de vírus que causam infecções respiratórias graves e podem levar ao óbito. Seu nome é uma referência à data de descoberta, que aconteceu em dezembro de 2019, na China, e acabou se alastrando pelo mundo inteiro.

Em 48 horas, o número de nativos infectados pelo coronavírus aumentou 156%. Entre os dias 13 e 15 de abril, o total de casos disparou de nove para 23, conforme o Sesai. Três mortes já foram registradas entre as etnias kokama, tikuna e ianomâmi. O Amazonas, estado que concentra o maior número de pacientes, 95% do todo, contabilizou duas delas. Outros 23 casos suspeitos aguardam os resultados dos exames.

“Isso é uma coisa nova para todo mundo. A orientação é o isolamento, mas no Rio Grande do Sul já temos suspeitas dentro das aldeias”, explica Edison Hüttner, professor da PUCRS e coordenador do Núcleo de Estudos em Cultura Afro-Brasileira e Indígena (Neabi). 

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As culturas evoluem para sobreviver

Os nativos retiram os materiais necessários para fazer os artesanatos, como cipó e outras raízes, do mato e das florestas. Porém, nesse período, eles não podem vender sua arte porque correm mais risco de transmissão. “O artesanato é a fonte de renda das aldeias. Com essa situação, os índios ficam dependentes de ajuda. Em alguns casos, os municípios entregam cestas básicas para eles não precisarem sair”, conta Hüttner.

As pessoas doentes são encaminhadas aos hospitais do município, onde pegam os remédios. Porém, outros fatores históricos podem agravar a situação. “Em geral, os indígenas têm muitos problemas respiratórios, principalmente as crianças, causados, em parte, pelos costumes milenares – como fazer fogueiras e utilizar cachimbos nas ocas, com a fumaça dentro de casa, por exemplo” explica o professor.

Saúde indígena

Populações indígenas e aldeias contra o coronavírus - No Dia do Índio, povos lidam com fontes de renda comprometidas e desafios ambientais históricos

Foto: Alexander Paul/Unsplash

Por viverem em isolamento por muito tempo, praticamente durante toda a sua existência, os indígenas não têm imunidade para as doenças das pessoas que vivem na cidade. Conforme informações da Fundação Nacional do Índio (Funai), divulgadas no jornal El País, se uma doença não for tratada, ela pode exterminar de 50% a 90% de um grupo. No caso da Covid-19, esse potencial poderia se intensificar.

Edison Hüttner explica que, mesmo com seis polos de Saúde no Rio Grande do Sul, muitas regiões sofrem com a precarização do sistema e a falta de recursos. Na BR 116, por exemplo, que abrange os municípios de Guaíba, Barra do Ribeiro e Camaquã, encontram-se 13 aldeias, com 749 indígenas Guaranis. “Têm apenas dois enfermeiros que trabalham ali, não têm médicos ou dentistas atuando no momento”, explica.

Conforme os órgãos oficiais de saúde, a população idosa – e indígena – é o principal grupo de risco do coronavírus. Desses 749 indígenas citados, 48 membros têm entre 70 e 80 anos e são os que correm mais risco em caso de contágio. Hüttner destaca que a expectativa média de vida dos nativos no Brasil é de 49 a 59 anos, enquanto a das demais pessoas é de 75 anos, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Atendimento à população

No Brasil, existem espaços criados para prestar atendimento qualificado de atenção à saúde indígena, com uma organização etnocultural, dinâmica e geográfica delimitada. São 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) espalhados pelo território nacional. Sua estrutura conta com unidades básicas de saúde, polos base e as Casas de Saúde Indígena. Na região Sul do País, existe apenas um desses distritos, com sede em Santa Catarina.

Conforme o portal do Ministério da Saúde, os polos são a primeira referência para as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), que atuam nas aldeias. Eles podem ficar em terras nativas (tipo 1), com atividades de saúde, ou no município de referência (tipo 2), com funções técnicas e administrativas. “Os nativos são atendidos pelo SUS desde 1999, pela Lei no 9.836, mas o ideal seria que as referências em saúde estivessem dentro das comunidades, porque são realidades diferentes, que exigem especialistas com experiência na área. Em Manaus, existe a Casa De Apoio à Saúde Indígena, que acolhe e atende os doentes na região. Na Aldeia Kaingang Fág Nhin (Lomba do Pinheiro), em Porto Alegre, existe uma Unidade de Saúde Indígena, por exemplo”, acrescenta Hüttner.

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Povos originários

O nome “indígena” é uma referência aos primeiros habitantes de um território não colonizado. Segundo Julie Dorrico, indígena Macuxi e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Escola de Humanidades da PUCRS, essa é a forma mais adequada de se referir a esses povos. “Os indígenas têm procurado ressignificar as palavras, e indígenas refere-se aos originários, às populações tradicionais que já habitavam este território antes da chegada dos colonizadores europeus. Nossos povos não se veem como ‘tribos’, que é algo do contexto de grupos urbanos. Nós nos vemos como nações. ‘Índio’ é um termo muitas vezes utilizado pejorativamente”, explica.

Julie também é escritora, palestrante do TEDx e ativista pelas causas indígenas, e lembra em seus depoimentos sobre a importância da ancestralidade. “Existe um desafio em descolonizar as visões sobre a população nativa, colocando em xeque a própria história tida como oficial. Esse é um grande enfrentamento social, ideológico e, principalmente, político, onde há uma pequena representação”, destaca.

A autora ressalta a importância do trabalho realizado pelas lideranças indígenas, artistas e da mídia, que têm ajudado a dar visibilidade para o tema. Entre eles, a Rádio Yande, com conteúdo especializado; a ativista e pedagoga Raquel Kubeo; e Iracema Nascimento, a kujá (xamã) kaingang e líder política.

Segundo o levantamento realizado pelo último Censo do IBGE, existem mais de 800 mil indígenas no Brasil. No Rio Grande do Sul, são quase 33 mil e, desses, 23 mil vivem nas aldeias, em 65 municípios. Segundo a Agência France Presse (AFP), são pelo menos 107 povos que vivem em isolamento e “intocados”, ou seja, nunca tiveram contato com o mundo exterior.

Por estarem longe, além de ficarem expostos a diversos perigos, também podem representar riscos – uma vez que costumam reagir violentamente. Mesmo assim, exploradores de recursos naturais representam um perigo ainda maior aos grupos afastados. “O narcotráfico constitui outra ameaça crescente à vida dos povos em isolamento voluntário e contato inicial”, afirma a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em um parecer.

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Descolonizando as visões

Populações indígenas e aldeias contra o coronavírus - No Dia do Índio, povos lidam com fontes de renda comprometidas e desafios ambientais históricos

Foto: Trevor Cole/Unsplash

“No campo da literatura, temos um grande desafio em descontruir a imagem que se formou sobre a figura indígena, ora como bom selvagem ora demonizado, ou com tradições distintas homogeneizadas. Uma grande característica dos indígenas é ter uma formação que possa contribuir com suas aldeias e povos” enfatiza Julie, dando o exemplo de indígenas que se formam em Direito, Medicina e outras profissões para ajudar suas comunidades.

Dario Agustin Ferreira é estudante Psicologia na PUCRS e já estudou Filosofia e Teologia, mas, aos 30 anos, uma das suas paixões é a Linguística. Nascido no Paraguai, cresceu falando guarani e espanhol e, agora, é a principal referência para as traduções do Naebi. “Dependendo do contexto familiar, o guarani paraguaio é muito parecido com o falado nas aldeias indígenas brasileiras, com poucas variações na pronúncia”, conta.

Ele já morou em Buenos Aires e na província de Santa Fé, na Argentina, mas está no Brasil desde 2015 e enfatiza a importância de conhecer a ancestralidade. “Indígenas são pessoas autônomas da terra, muitas vezes marginalizadas. Mesmo após o período de colonização, teve uma miscigenação cultural. Conhecer a cultura indígena é conhecer os nossos antepassados. Eles trazem a nossa identidade e, para tentar preservar a cultura, tentam fechar a sua cultura em si mesmos, vivendo o Tekoa, modo de ser e viver guarani”, conclui.

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Guardiões da terra

Com a suspensão e os rodízios de trabalhadores em diversas áreas, o enfraquecimento da fiscalização é uma das principais preocupações dos nativos. “Pedimos a retirada imediata de todos os invasores das terras indígenas e dos territórios para impedir o avanço do vírus: os garimpeiros, madeireiros, caçadores, narcotraficantes, grileiros, missionários e turistas que são vetores de transmissão”, disse Nara Baré, presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), durante uma entrevista publicada pela agência Reuters.

Esses fatores causam o aumento da exploração ilegal de madeira na Amazônia e, consequentemente, das terras indígenas. A partir de informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o jornal O Estado de São Paulo identificou que as áreas desmatadas dobraram de 2.649 quilômetros quadrados, para 5.076 quilômetros quadrados no período de quarentena.

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Foto: Pixabay

Durante o período de isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus foi registrado, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aumento nos casos de violência contra crianças, adolescentes e mulheres em vários países. Para auxiliar na prevenção e identificação de situações de risco, o grupo de pesquisa em Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas (GPeVViC) do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida lançou a cartilha de orientação Isolamento durante a Covid-19 e violência dentro de casa.

O projeto foi desenvolvido por alunos de graduação, mestrado e doutorado, sob coordenação da professora Luísa Habigzang e da doutoranda Júlia Zamora. De acordo com Luísa, o objetivo da cartilha é auxiliar as pessoas a identificar situações de violência, compreender os efeitos para saúde e qualidade de vida e acessar serviços que possam auxiliar em termos de proteção e atendimento. “O público principal são mulheres em situação de violência pelo parceiro íntimo, mas pode ser útil para familiares e vizinhos de pessoas expostas a violência”, adiciona.

Informação que protege

O afastamento do convívio presencial com outros familiares, amigos e vizinhos, necessário neste momento, bem como acesso reduzido à serviços de saúde, assistência social, segurança e Justiça aumentam o isolamento da pessoa em situação de violência, tornando-se um importante fator de risco para violência doméstica e familiar. “Pode inclusive contribuir para o agravamento da violência, pois gera sensação de impunidade para o autor”, comenta Luísa.

Na cartilha, explicações sobre como a atual situação tem influenciado no aumento de casos, dividem espaço com informações sobre o que configura como cada tipo de violência, assim como exemplos comuns que as caracterizam. Como nas formas na violência contra crianças e adolescentes, que vão muito além do abuso físico, mas também psicológico e sexual. Além disso, ações ou omissões que causem prejuízos à própria sobrevivência, como a negligência, é conceituada no material seguindo as diretrizes internacionais do que configura esses crimes.

Para as mulheres, a cartilha traz as formas de violência sofrida e suas características, conforme determinado na Lei Maria da Penha (Lei Nº 11.340). Para esclarecimento, também se inclui atos que a OMS considera violência contra as mulheres durante a atual pandemia: como disseminar informações falsas como forma de controle ou impedir a correta higienização preventiva das mãos.

A busca pelo apoio

Mecanismos para notificação e denúncia dos casos identificados são disponibilizados na cartilha. “A própria pessoa em situação de violência ou outros familiares e vizinhos podem notificar os casos. Existem diversos serviços que podem atuar na proteção, entretanto, os casos precisam chegar a estes serviços. Pedir ajuda é fundamental! Romper o silêncio é muito difícil pela vergonha, medo de ameaças ou sensação de solidão, mas é o passo inicial para proteção e garantia de direitos”, afirma Luísa.

O grupo também faz questão de discutir algo fundamental na cartilha: a não culpabilização da pessoa que sofre violência. Luísa reforça que a culpa nunca é da pessoa que sofreu a violência. “Isso é importante porque a responsabilização das vítimas pela sociedade é um fator que contribui imensamente para que as pessoas não peçam ajuda. Precisamos mudar essa cultura para promover saúde e garantir direitos de quem está em situação de violência”, completa a docente.

Acesse a cartilha

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Doação de bobinas da Braskem ajudam na impressão de máscaras faciais / Foto: Divulgação

A Braskem e a Grendene estão apoiando o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) em iniciativas contra a Covid-19. A Braskem doará 10 bobinas de 10kg cada com filamento para impressão 3D. O material atenderá as demandas de impressão de máscaras faciais para profissionais da saúde e outras atendidas pelos laboratórios do Tecnopuc, em ação articulada com o Ideia. Já a Grendene firmou convênio com a PUCRS para apoiar no projeto de desenvolvimento do protótipo de ventiladores a partir dos modelos desenvolvidos pela Rice University e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), também disponibilizando equipamentos de injeção de plástico, peça fundamental no desenvolvimento dos produtos.

Primeiras ações contra a Covid-19

A PUCRS, por meio do Tecnopuc, já doou mil máscaras para onze instituições de saúde, atendendo inicialmente as demanda do Hospital São Lucas, Instituto do Cérebro (InsCer) e Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG). As instituições atendidas neste primeiro lote incluem o Hospital de Pronto Socorro, o Hospital Presidente Vargas, o Hospital da Brigada Militar, a Casa Menino Jesus de Praga e a Casa do Excepcional Santa Rita de Cassia. Além disso, o Parque disponibiliza seus laboratórios para iniciativas contra o avanço da Covid-19 por meio deste link bit.ly/labs_tecnopuc.

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Uma das peças de divulgação / Foto: Divulgação

Diferentes instituições enfrentam um dia a dia de grandes mudanças devido à Covid-19, com revisão de protocolos técnicos e fluxos de serviços em uma verdadeira mobilização para manter o atendimento aos pacientes de forma segurança. Pensando nisso, em uma ação inédita, sete hospitais da capital gaúcha se uniram para lançar uma campanha de valorização e reconhecimento aos profissionais que seguem exercendo suas funções pelo bem comum. A iniciativa inicia em 7 de abril, data comemorativa ao Dia Mundial da Saúde.

A campanha vai envolver peças de comunicação em redes sociais e na mídia que serão assinadas de forma conjunta entre os hospitais ClínicasGrupo Hospitalar Conceição, Mãe de Deus, Moinhos de Vento, Santa Ana, São Lucas da PUCRS e Santa Casa de Misericórdia. As ilustrações contarão com imagens reais de técnicos, enfermeiros, médicos, residentes e profissionais do administrativo e operacional.

Gratidão pelos profissionais dos hospitais

O convite é para uma grande mobilização para que a população manifeste a sua gratidão de forma virtual. Outras ações estão planejadas para ocorrer pelo menos até agosto com iniciativas culturais e lançamento de um vídeo institucional.

Arte: PsiCOVIDa

Arte: PsiCOVIDa

Situações de pandemia, como a que estamos vivendo atualmente causada pelo novo coronavírus, geram impactos na vida de todos. Em um contexto de mudança de rotina, distanciamento físico, excesso de notícias e consequências econômicas e sociais, é comum que surjam sentimentos como emoções negativas, como medo, tristeza, raiva, solidão, estresse e ansiedade. Pensando nessa realidade, pesquisadores e estudantes de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS e da PUC-Campinas se uniram com o objetivo de ajudar as pessoas a lidarem com esse desconforto emocional, dando origem à Força-Tarefa PsiCOVIDa.

O grupo surgiu com a missão de contribuir para o bem-estar das pessoas com conhecimento científico durante a pandemia. Para isso, os integrantes desenvolvem produtos de comunicação e orientação, como cartilhas, folhetos, minicursos e vídeos, baseados na ciência da psicologia e de áreas afins.

Ideia surgiu a partir de matéria para o site da PUCRS

Conforme conta Wagner de Lara Machado, professor da graduação e do PPG em Psicologia e um dos coordenadores gerais da FT-PsiCOVIDa, tudo teve início com uma matéria para o site da PUCRS sobre sugestões de cuidados com a saúde mental neste período de pandemia, para a qual foi convidado a ser fonte. Ele e a mestranda Juliana Weide começaram a traduzir conhecimentos teóricos em práticas, fundamentadas na Psicologia Clínica, que poderiam ser acessíveis às pessoas em situação de quarentena/distanciamento social. “Essas sugestões tinham por objetivo a regulação emocional e o controle do estresse. Pedimos uma revisão do material para a professora Sônia Enumo, do PPG de Psicologia e Ciências da Saúde da PUC-Campinas, e, como não conseguimos incorporar todas as sugestões na matéria, decidimos por dar continuidade ao projeto”, conta Machado.

Sônia incorporou mais dois alunos à equipe: Eliana Vicentini e Murilo Araújo, ambos doutorandos em Psicologia na Puc-Campinas. A equipe começou a se reunir de forma online e a conversar para alinhar a proposta. “Reconduzimos a revisão da literatura e localizamos estudos indicando estressores e estratégias de enfrentamento específicos para situações de crise, especialmente a pandemia da Covid-19. Assim, deu-se início à redação da Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia”, pontua o professor.

Cartilha pode ser utilizada por toda a comunidade

Arte: PsiCOVIDa

Arte: PsiCOVIDa

O material é dividido em três grandes seções. A primeira apresenta informações sobre estresse e seu enfrentamento; a segunda aborda a identificação de sinais que indicam que a capacidade de lidar com o estresse pode não estar sendo suficiente; e, a última, fala sobre a identificação de estressores e estratégias de enfrentamento específicas para o contexto da epidemia da Covid-19. Segundo Machado, a ideia do grupo é que, por ser um material acessível, a Cartilha seja compartilhada e utilizada não apenas por profissionais, mas por toda a comunidade neste momento de desafio.

Para o professor, o grande diferencial do material é o embasamento teórico atual, enfatizando o bem-estar psicológico e a saúde mental em tempos de calamidade. “As sugestões de enfrentamento presentes na Cartilha podem prevenir o agravamento de dificuldades no manejo do estresse e promover qualidade de vida neste contexto de pandemia”, conclui.

Material será traduzido e distribuído gratuitamente

A força-tarefa originada a partir do grupo que se reuniu para o desenvolvimento da Cartilha já conta com mais de 100 integrantes de 12 universidades, entre pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação, profissionais de diversas áreas e professores. Dividida em times de trabalho, a equipe está desenvolvendo cerca de 20 novos produtos. A Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia está sendo traduzida para o inglês e para o espanhol e, posteriormente, será distribuída gratuitamente por meio de universidades e entidades científicas.

Clique aqui para acessar e baixar a Cartilha

 

 

Coordenação Jaderson Costa da Costa   

  

Dados/Inteligência (Regis, Brito e Rafael)  

Everton Quadros  

Eliete Hauser  

Guilherme Brito  

Regis Lahm  

Rafael Prikladnicki  

Miriam Richardtz   

Andressa Silva  

Nathalia Esper  

Lori Viali  

Márcio Pinho  

  

Diagnóstico (Saulo 

Saulo Bornhorst  

Ana Ligia Bender  

Clarice Alho  

Ana Paula Duarte  

Samuel Greggio  

Francieli Pedrotti Rozales  

Mariana Pagano Pereira  

Terezinha Munhoz   

  

Molecular experimental (Daniel)  

Denise Cantarelli  

Gabriele Zanirati   

Angela Zanatta   

Guilherme Silva Costa  

Fernando Xavier  

Matheus Grahl  

  

Etapa in silico/in vitro (Allan, Matheus e Osmar)  

Felipe Rodrigues  

Isadora Ghilardi  

Matheus Grahl  

Guilherme Brito   

             Allan Alcará  

Osmar Norberto de Souza  

Ana Paula Perin (UFRGS)  

Rodrigo Braun (UFCSPA)  

Maurício Rigo  

Carlo Moro 
  

Etapa in vivo (Gabriele)  

Gabriele Zanirati   

Pamella Azevedo   

Gianina Venturin   

Samuel Greggio  

Angela Zanatta   

Daniel Marinowic  

Bruno Hochhegger  

Matheus Grahl  

  

Clinical trial (Nathalia e Graciane)  

Jaderson Costa da Costa   

Graciane Radaelli  

Bruno Hochhegger  

Fabiano Ramos   

Nathalia Esper  

Fernanda Majolo  

Guitierre Oliveira   

  

Saúde mental (Rodrigo)  

Carla Bonan  

Jaderson Costa  

Rodrigo Grassi de Oliveira  

Christian Kristensen   

Maurício Reggiori  

Thiago Viola  

Felipe Meneguzzi  

  

LabTecnopuc IDEIA (Jorge Audy)  

Jorge Audy   

Saulo Bornhorst  

Rafael Prikladnicki  

Leandro Firme  

Denis Barbieri   

Eduardo Giugliani   

Ana Von Berger   

Filipe Viana  

Janete Urbanetto  

Flavia Fiorin 
  

             Idosos (Douglas)   

Douglas Sato  

Denise Machado   

Maria Helena da Silva Pitombeira Rigatto   

Moisés Evandro Bauer  

Iná da Silva dos Santos   

Ângelo José Gonçalves Bós  

Gisele Hansel  

Paula Engroff  
  

Impacto nas crianças (Magda)  

Magda Nunes  

Felipe Kalil  

Luís Eduardo Wearick  

Danielle Costa  

Gibsi Rocha  

Augusto Buchweitz  

Rodrigo Grassi  

Thiago Viola 
  

 Cérebro/Neuro (Mirna e Nathalia 

Mirna Portuguez  

Ricardo Soder  

Eduardo Leal-Conceição  

Nathalia Esper  

Zaquer Costa Ferro  

             Wyllians Borelli  

Daniel Marinowic  

Fabiano Ramos  

David Kerber 
  

             Startups (Flávia 

Flávia Fiorin  

Leandro Pompermaier  

Rafael Prikladnicki  

Carlos Klein   

Máscaras são doadas

Máscaras de proteção para os profissionais da saúde produzidas no Tecnopuc FabLab. Foto: Arquivo Tecnopuc

Integrando uma das cinco frentes de atuação da PUCRS que vem desenvolvendo uma série de ações relacionadas à pandemia do COVID-19, o Tecnopuc FabLab finalizou a produção do primeiro lote de máscaras de proteção nesta semana.

 

 

 

 

 

Segundo o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, a PUCRS, além de estar fazendo um esforço importante para manter as atividades acadêmicas, está mobilizada nessa série de iniciativas que buscam contribuir não só com a prevenção e contenção do coronavírus, mas também com soluções que apoiem os profissionais de saúde.

O primeiro lote com cerca de 200 máscaras já foi doado nesta semana para onze instituições de saúde, entre elas: Hospital São Lucas da PUCRS, Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, Hospital Cristo Redentor, Casa do Menino Jesus de Praga, Comando-Geral da Brigada Militar, Clínica Carlos Barbosa, Hospital Militar do Exército e Aeronáutica de Porto Alegre, Santa Casa de Caridade de Bagé, Secretaria da Saúde de Osório e Hospital Materno Infantil Presidente Vargas.

Produzidas e testadas pelo Tecnopuc FabLab, além das máscaras, estão em teste e análise a produção de componentes de respiradores. De acordo com o Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy, “este caso, em especial, é muito relevante, pois contribui com a preservação da saúde dos profissionais que atuam na linha de frente no combate ao coronavírus. Além disto, em fase de prototipação e testes temos as redomas de proteção para intervenções nos pacientes e respiradores de baixo custo, usando impressão 3D, nos modelos MIT e Rice”.

Gerido pelo Centro de Apoio do Desenvolvimento Científico e Tecnológico da PUCRS (Ideia), o laboratório tem capacidade para produzir aproximadamente 800 máscaras por semana. O segundo lote já está em produção. O diretor do Ideia, Eduardo Giugliani, afirma que “foi eleito um foco nesse momento, que é a fabricação, produção e montagem do escudo facial, que nos parece ser a principal e mais urgente demanda da rede de saúde”.

Sobre o laboratório

FabLab: laboratório de criatividade e prototipagem. Foto: Bruno Todeschini

FabLab: laboratório de criatividade e prototipagem. Foto: Bruno Todeschini

FabLab é um laboratório de criatividade e prototipagem, que conta com equipamentos variados de pequeno e médio porte, nas áreas de mecânica, computação e maquetaria. Conta ainda com impressoras 3D e computadores com softwares para modelagem bidimensional e tridimensional de projetos mecânicos, design e softwares para testes.

domingos valladares, covid-19, consumo

Foto: Arquivo pessoal

Thomas Friedman escreveu “o mundo é plano” em 2005. Ele aborda, dentre outras coisas, os efeitos da globalização nos mercados e nas pessoas. Agora, em 2020, estamos vivendo as consequências da propagação de um vírus, o Covid-19, que foi descoberto no outro lado do mundo, na China. Este fato, aparentemente local, acabou se propagando e mudando hábitos de vida e de consumo em todos os continentes.

Em cada país que desembarca, algumas ações se repetem. Algumas pessoas não acreditam, outras acreditam que o mundo acabará, outras apenas fazem o que as autoridades determinaram. Destaco aqui um ponto em comum: o impacto no consumo.

As pessoas saem fazendo compras de insumos como alimentos ou papel higiênico e isto gera a onda de falta de abastecimento: as compras geradas no calor da emoção. Alguns produtos serão consumidos mais rápido do que costumamos consumir e nestes se incluem remédios, álcool gel, máscaras e desinfetantes, pois nos protegeremos mais. Esta onda chamaremos de picos reais.

Após este momento, as empresas tendem a agilizar o reabastecimento destes itens fazendo analise de demanda, de capacidade, mas contando como o mercado nacional. Não existe a possibilidade de importar, pois os outros países já fecharam as portas para compradores de outros mercados. Sabendo disto, os compradores acabam comprando um pouco mais de produtos disponíveis. Assim não terá risco de falta de produtos. Isto gera a onda de sobra de estoque: compras geradas com o efeito chicote.

É claro que produtos sobrarão em empresas que atendem escolas, cinemas, parques e etc. Negócios que sofreram reduções no fluxo de pessoas. Nestes segmentos também será necessária a adequação dos volumes dos estoques e um melhor direcionamento de destinação de produtos e de fornecedores. Alguns serviços poderão se destacar positivamente como streaming de vídeo, aplicativos de entregas, aplicativos de comidas e de transportes, dentre outros.

A boa noticia é que as cadeias de suprimentos podem se adaptar e responder rapidamente, em praticamente todas as situações onde os produtos tenham produção local. Para isto, a colaboração em todos os elos deste mundo plano é fundamental.

Sobre o professor

Domingos Valladares é professor na Escola de Negócios da PUCRS. Possui experiência na área de supply chain e comércio exterior, atuando, principalmente, nos seguintes temas: fast fashion, autoconfiança, reclamação, importância da compra e negociação.