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Foto: Camila Cunha

Épocas de crise são oportunidades férteis para gerar inovações disruptivas. E as inovações disruptivas tem o poder de transformar nossas vidas. Os computadores, a energia nuclear, a Internet, até mesmo a barrinha de chocolate são inovações que surgiram em períodos de grandes crises mundiais. Assim como a Comunidade Europeia, a ONU e a própria OMS (Organização Mundial da Saúde).

Nestes períodos emergem muitas oportunidades para inovar, transformar nossas vidas e a sociedade que vivemos. Não será diferente nesta crise sanitária global que vivemos, muitas oportunidades estão surgindo e ainda irão surgir. Temos uma bela oportunidade para nos transformarmos em duas áreas, como pessoas e sociedade. Para melhor. Apesar do sofrimento em tantas dimensões, talvez estivéssemos mesmo precisando de um empurrão para repensarmos o nosso papel no mundo.

A primeira área está relacionada ao papel e à importância da Educação e da Ciência. Há décadas nosso maior desafio no Brasil é a Educação. Tanto em termos de qualidade como em termos de inclusão. Por que a educação é tão importante? Porque é a base de um processo de formação para a cidadania, um eixo estratégico para promover o desenvolvimento humano e social, além de ser o maior patrimônio de um povo.

E também porque promove um fluxo contínuo que começa na Educação e evolui para o reconhecimento e o fomento da Ciência, da Tecnologia e da Inovação. É este fluxo que gera a elevação dos indicadores de desenvolvimento de uma nação (social, ambiental e econômico). E esta crise está mostrando de forma inequívoca a importância da Ciência para combater o Covid-19.

Igualmente, a educação formal vem sendo desafiada para repensar seus paradigmas, com a adoção massiva das tecnologias de informação e comunicação, como mediações que anunciam novos modelos de educação. Uma nova educação para uma nova sociedade. As duas partes iniciais deste contínuo, Educação e Ciência, possuem importância estratégica e são estruturantes de uma nação no século XXI; não somente para enfrentar pandemias, mas também para incidir nas desigualdades sociais ainda existentes, permitindo que o conhecimento possa ser acessado por todos e, igualmente, capaz de criar novas formas para superar os históricos problemas da sociedade, de modo a promover um desenvolvimento mais justo, igualitário e sustentável (fome, mudanças climáticas, energia, etc.) Temos que aprender isto de uma vez por todas. Não podemos esperar mais.

A segunda está relacionada com a oportunidade de reflexão sobre o real significado das nossas vidas que o distanciamento físico, e não social, nos possibilita experimentar. A necessária busca de uma nova relação com as pessoas e o coletivo. Com as tecnologias que passam a ser vistas como ferramentas a serviço das pessoas.

Pode emergir um novo humanismo. Humanismo como atitude frente aos desafios. Uma nova forma de estar no mundo. Humanismo como uma nova forma de cuidarmos uns dos outros. Pensar o coletivo antes do individual. A volta das pessoas para casa, também, é um convite para nos reconectarmos com o nosso interior, aos nossos sentimentos e às nossas relações.

Mas, também, estabelece novas formas de estarmos no mundo, de trabalharmos e nos relacionarmos com familiares, amigos e colegas. É inegável o potencial humanizador desta crise que, vista como oportunidade, pode favorecer a revisão de valores, a renovação do cuidado (de si e do outro), o senso de bem comum e a responsabilidade pela coletividade.

Educação, Ciência e a busca de um novo Humanismo. Áreas clamando por Inovação em nosso país. Inovação Disruptiva. Transformadora. Social.

Foto: Labelo/PUCRS

Foto: Labelo/PUCRS

Os Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica, Calibração e Ensaios da PUCRS (Labelo) estão participando da Rede de laboratórios e organismos de certificação de produtos para apoio ao combate à Covid19. O objetivo do projeto é unir esforços para ajudar aos órgãos oficiais de saúde e à sociedade no desenvolvimento de equipamentos eletromédicos e de produtos de proteção individual, como máscaras e acessórios. A infraestrutura foi disponibilizada sem custos.

A iniciativa é organizada por Israel Dulcimar Teixeira, diretor do Labelo e vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), que também participa do projeto, bem como o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

“A Abrac percebeu que diversos de seus associados estavam sendo procurados por empresas interessadas em desenvolver ventiladores pulmonares. Por termos um longo histórico na área da saúde, o Labelo foi um dos mais consultados, e assumimos a coordenação da criação da rede juntamente com o Laboratório Eldorado, de Campinas”, explica o diretor.

Confira alguns dos serviços de assistência à saúde que beneficiarão pacientes com coronavírus:

Contribuições do Labelo à rede

O Labelo está oferecendo ensaios de desenvolvimento em ventiladores pulmonares e aparelhos de suporte ventilatório de emergência. Como o grande número de iniciativas em andamento, baseadas em diferentes construções e projetos, é importante que cada fabricante conheça as características funcionais e de desempenho dos seus protótipos. Isso possibilita que eventuais ajustes necessários sejam identificados prontamente e em fase ainda intermediária da construção, o que gera uma economia tempo – recurso importante neste momento.

Como são produtos críticos, de suporte à vida, a confiabilidade dessas medições é de extrema importância. Todos os ensaios simulam a utilização normal do aparelho, expondo-o a condições reais, porém controladas e conhecidas. O pulmão artificial, por exemplo, permite ajustes de parâmetros que variam de pessoa para pessoa, como a complacência e a resistência – características do órgão relacionadas à eficiência pulmonar do paciente.

Critérios de qualidade

Há diversas etapas a serem cumpridas para que equipamentos médicos e produtos de proteção individual sejam colocados em uso, com o objetivo de garantir a qualidade destes. “Como a gama de atuação dos componentes da rede é bastante ampla, temos condições de auxiliar desde questões regulatórias e de sistemas de gestão, até a realização de ensaios de desenvolvimento”, destaca Israel Teixeira.

O equipamento deve ser fabricado por empresa regularizada junto à Anvisa; ou por empresa com certificação Medical Device Single Audit Program (MDSAP); ou deve possuir certificação do Sistema de Gestão da Qualidade; ou seguir as boas práticas de fabricação (BPF).

Também é necessário apresentar as pesquisas e validações clínicas, bem como os registros da avaliação da usabilidade do equipamento. Ensaios de desenvolvimento, mesmo que utilizando normativas e métodos reconhecidos não substituem os ensaios para certificação, uma vez que suas finalidades são diferentes. Enquanto o primeiro visa à implementação de melhorias e verificações técnicas para identificar potenciais falhas e inconsistências de funcionamento do produto, o segundo tem por objetivo evidenciar que o produto atende aos requisitos técnicos aplicáveis ao produto.

 

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A logoterapia interpreta o ser humano e a vontade de sentido / Foto: Pixabay

Lembranças e vontades. Simples atos, como abraçar, ter contato familiar, praticar um esporte coletivo, confraternizar com amigos, viajar a destinos desconhecidos. Muitos são os desejos compartilhados pelas pessoas, principalmente nas redes sociais, diante da quarentena provocada pela Covid-19. Essa falta de liberdade, em razão do isolamento social, tem afetado a saúde mental da população, gerando ansiedade e depressão. Muitas reflexões têm sido realizadas neste período crítico, e uma abordagem psicoterapêutica se propõe a analisar o sentido da vida: a logoterapia.

Leia também: PsiCOVIDaconhecimento científico a favor do bem-estar   

Segundo o professor da Escola de Humanidades da PUCRS, Luciano Marques de Jesus, a logoterapia, fundada pelo neuropsiquiatra austríaco Viktor Frankl, é também conhecida como a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia. O médico ficou mundialmente conhecido depois de descrever a sua experiência dramática em quatro campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em seu best-seller internacional Em Busca de Sentido. “Frankl preconiza que a chave interpretativa do ser humano é a vontade de sentido, diferentemente da vontade de prazer de Sigmund Freud (Psicanálise) e da vontade de poder de Alfred Adler (Psicologia Individual)”, comenta o docente da PUCRS.

Autor do livro Qual é o sentido?: reflexões sobre o sentido da vida a partir de Viktor Frankl, da editora Edipucrs, o professor da Universidade aborda a pandemia e a logoterapia.

Viktor Frankl passou por vários campos de concentração, experimentando o que de pior a humanidade foi capaz de produzir. Nessa experiência, constatou que as perspectivas freudiana e adleriana se mostraram insuficientes. O que caracteriza o ser humano é a sua vontade de descobrir um sentido na vida. Encontramos sentido sempre pela realização de valores. Valores criadores ou criativos, por exemplo, o que fazemos pelo mundo, como o nosso trabalho ou uma ação de voluntariado. Valores vivenciais ou experienciais, aquilo que recebemos do mundo: a amizade, o amor, a arte ou a música. Também valores atitudinais, que é a nossa atitude diante do sofrimento inevitável; não podendo modificar a realidade que nos circunda, está nas nossas mãos mudar a nós mesmos.

Em logoterapia, temos a tríade: Liberdade da Vontade, Vontade de Sentido e Sentido da Vida. Para Frankl, o ser humano é incondicionalmente livre, é o ser que constrói a câmara de gás e também o que entra na câmara de gás, de cabeça erguida, com um Pai Nosso ou um Shemá Israel nos lábios.

A questão da busca e da descoberta do sentido da vida é uma tarefa personalíssima e indelegável, compete a cada ser humano e varia de pessoa para pessoa e em cada momento da vida.

O momento no qual vivemos nos desafia, a cada dia, descobrir um novo sentido. Podemos ajudar o mundo e fazer nossa parte ficando em casa e, quando não conseguimos mudar a realidade externa, podemos mudar a nós mesmos.

Ansiedade e depressão no Brasil

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. Já em relação à depressão, são 5,8% da  sociedade brasileira -, taxa acima da média global, que é de 4,4%. Essa porcentagem significa que quase 12 milhões de brasileiros sofrem com a doença.

Mais sobre o professor

Um dos maiores especialistas do Brasil em Viktor Frankl e logoterapia. Filósofo, professor e palestrante, Luciano Marques de Jesus atua principalmente nos seguintes temas: Introdução à Filosofia, Ética e Cidadania, Antropologia Filosófica, Descartes e Filosofia Moderna, Viktor Frankl, Logoterapia e Sentido da Vida. É autor do livro A questão de Deus na Filosofia de Descartes.

O professor também faz parte do quadro docente de seis pós-graduações do PUCRS Online:

Leia também: Hábitos podem ajudar na saúde mental em tempos de crise

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Sabão e álcool são alguns dos produtos mais eficientes no combate ao vírus / Foto: Pixabay

“Lave bem as mãos com água e sabão ou higienize-as com álcool gel”. Essa é uma das recomendações que mais se tem escutado desde o início da pandemia da Covid-19. Mas você já parou para pensar como esses simples hábitos são capazes de evitar a contaminação tanto desse quanto de outros vírus?

Por trás dessas recomendações, está uma verdadeira aliada da nossa saúde: a química. Existem vários agentes químicos usados para combater diferentes tipos de micro-organismos, sejam eles vírus, fungos ou bactérias. Eles fazem parte de processos como o de desinfecção, que elimina agentes infecciosos de superfícies e artigos hospitalares; e de esterilização, que extermina todas as formas de vida de um material ou ambiente. O Museu de Ciências e Teconologia da PUCRS (MCT) desenvolveu um conteúdo aprofundado sobre o assunto, que você pode conferir na íntegra clicando aqui.

Outra ação importante é o uso de antimicrobianos, que são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de algum microrganismo patogênico específico. Trata-se dos antibióticos (usados contra bactérias), antifúngicos (contra fungos) e antivirais (contra vírus).

E onde entram o sabão e o álcool gel?

Diferentes tipos de sabão e de álcool estão entre alguns dos agentes químicos comumente utilizados – e são os mais eficientes no combate à Covid-19. Conforme o conteúdo divulgado pelo MCT, os Coronaviridae são uma família de vírus patogênicos, que possuem uma camada lipídica que os envolve. Essa camada é chamada de envelope e tem como função protegê-los do ambiente e reconhecer as células hospedeiras que costuma infectar.

O sabão se mostra eficaz no combate à doença porque sua molécula possui uma parte hidrofílica, que tem afinidade com a água, e outra parte hidrofóbica, que prefere se ligar a óleos e gorduras. Quando lavamos as mãos, a parte hidrofóbica se liga com o envelope lipídico dos vírus, rompendo-a. Assim, eles perdem sua proteção e são eliminados.

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Álcool recomendado para higienizar as mãos é o etanol 70% / Foto: Pexels

Já os álcoois etílico e isopropílico na concentração de 70% a 92% desidratam os vírus quase que imediatamente. Porém, esses agentes químicos não têm nenhuma ação residual e ressecam a pele se utilizados em excesso. Além disso, para uso como antisséptico (para higienizar as mãos e outras superfícies do nosso corpo), apenas o etanol 70% é recomendado.

Outra alternativa bastante eficaz contra o coronavírus é o hipoclorito de sódio, produto obtido a partir da reação do cloro com uma solução de soda cáustica. Frequentemente usado como desinfetante e agente alvejante, ele faz com que as proteínas do vírus se “desmontem”, eliminando-os. Entretanto, este composto deve ser utilizado apenas para a desinfecção de ambientes e superfícies inanimadas, e nunca como antisséptico.

Química como aliada da saúde

A química é uma área ampla, e uma das possibilidades de atuação do profissional pode estar profundamente relacionada com a área da saúde. Conforme explica a coordenadora do curso de Química da Escola Politécnica, professora Lisandra Catalan do Amaral, associada à Medicina, por exemplo, a química possibilita o estudo e o reconhecimento da estrutura dos tecidos do corpo, dos ossos e de líquidos internos, como a composição do sangue. Interligando‐se com a Biologia (bioquímica), possibilita o estudo de doenças, formulação e análises de medicamentos e vacinas, que nos permitem combater as doenças e epidemias.

Quanto à higiene e prevenção, a química é responsável pela formulação dos produtos de limpeza e de cuidado pessoal, como os citados acima. Ainda nesse campo, profissionais da área realizam pesquisas voltadas para o desenvolvimento de exames e vacinas, para a manipulação de equipamentos e para a detecção de vírus, bactérias e fungos, no mapeamento das doenças.

“Também há estudos para buscar materiais para o desenvolvimento de equipamentos como máscaras, testes e protetores para os profissionais da saúde”, complementa Lisandra. Segundo professora, as áreas de análises clínicas e toxicologia são relativamente novas no mercado de trabalho para o químico, mas estão crescendo.

O que muda com o coronavírus?

Lisandra acredita que, com a pandemia de Covid-19, o campo de trabalho para as pesquisas na área será ampliado em todo o mundo. “Assim, o mercado para pesquisa estará bastante aquecido. Da mesma forma, as empresas privadas estão cada vez mais investindo no departamento de pesquisa e desenvolvimento. A situação é complexa e ampla, e é emocionante perceber que nossa profissão pode contribuir de diversas maneiras e que há tantos profissionais da química envolvidos no combate à pandemia”, diz a professora.

Graduação oportuniza conhecimento de todas as áreas

No curso de graduação em Química Bacharelado – Linha de Formação em Química Industrial da PUCRS, os estudantes têm a oportunidade de conhecer todas as áreas. “Leva-se em consideração que um químico que trabalhará com materiais também precisa conhecer um pouco de química ambiental, por exemplo”, pontua Lisandra.

O curso tem duração de oito semestres e habilita os estudantes para as atividades químicas da indústria, dos centros de pesquisa e dos órgãos públicos; além de preparar para atividades em caráter individual e autônomo, como consultoria, assistência e correspondente responsabilidade técnica, entre outras possibilidades.

Ficou interessado? Acesse o site Estude na PUCRS e saiba mais sobre o curso.

Na peça de teatro do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1882), a ação passa-se numa pequena cidade na costa meridional da Noruega cuja maior fonte de renda advém de sua estação balneária. O Dr. Stockmann identifica que a água está poluída, aparentemente devido a lançamentos de impurezas dos curtumes da cidade. Médico dedicado à ciência, sente-se no dever de levar a verdade ao povo, mas a denúncia representará o encerramento do balneário, o que causaria um transtorno para a cidade, que deixaria de lucrar com o turismo. E então ele é apontado como inimigo do povo! Inimigo do povo! Inimigo do povo!

Há espaço para equilibrarmos as ações promotoras da vida com as necessidades econômicas?  Nesta pandemia, enfrentamos um inimigo invisível que dizima populações. Não é de hoje que as decisões duras impostas pelo dilema da preservação da vida e as repercussões econômicas vêm ao debate público. Todos admitimos que o princípio sagrado da preservação da vida prevalece sobre qualquer outro. Mas também todos concordamos que o caos econômico pode se tornar letal à vida até então preservada. A despeito das questões ideológicas, os interesses mesquinhos e particulares, devemos entender que a pandemia do novo coronavírus é única, com padrões de transmissão, distribuição etária e viabilidade no meio externo desconhecidos de todos nós. Ainda que o curso dessa pandemia seja impossível de prever, sabemos que a fase inicial é o momento  adequado de agir com celeridade.

Como na prática médica em geral, por vezes, os tratamentos são realizados em etapas ou ciclos e estes ocorrem em tempos diversos. A primeira etapa envolve a conscientização da população e a forte participação dos meios de comunicação, da academia e de toda a sociedade para o preparo e entendimento da gravidade da pandemia, acompanhado de medidas restritivas severas com repercussões na vida de cada cidadão e na economia. O distanciamento social nunca é popular. O objetivo não é conter a doença, mas atenuar seus efeitos para reduzir a mortalidade e o número de indivíduos que necessitará de atendimento hospitalar, mormente de tratamento intensivo. E, assim, evitar a falência do sistema de saúde e as escolhas de Sofia!

Não podemos “matar da cura”, mas temos que evitar de apontar o Inimigo do Povo. Infelizmente com custos para a vida e para a atividade econômica, pois sabemos que tais consequências são inevitáveis, embora trabalhemos para minimizá-las. Mas, para isso, temos que passar pelo primeiro ciclo do tratamento e evoluir para o seu aprimoramento contínuo.

Não há caminhos mágicos, mas a prevenção no tempo certo é a melhor escolha para salvaguardar a vida e, ao mesmo tempo, uma economia voltada a sustentar uma casa compartilhada por todos.

Sobre Jaderson Costa da Costa

O professor Jaderson é graduado em Medicina, tem especialização em Neurologia, mestrado em Ciências Biológicas (Fisiologia e Neurociências), doutorado em Ciências Biológicas (Fisiologia) e Research Fellowship em Neurologia (Neurofisiologia Clínica) na Harvard Medical School. É docente da PUCRS há 48 anos. Atualmente é professor titular da Escola de Medicina, professor adjunto associado da Universidade de Miami, além de vice-reitor da PUCRS e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer).

Quatro projetos de pesquisadores da Universidade foram contemplados através do resultado preliminar, no Edital Emergencial Ciência e Tecnologia no combate à Covid-19, lançado no início do mês de abril pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Ao todo, são 36 projetos aprovados.

O edital emergencial contemplou pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e buscou propostas de pesquisa aplicada, com potencial para dar um retorno a curto prazo. O período de execução dos projetos será de 12 meses, com um investimento total estimado em R$ 5 milhões de reais.

Para a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Carla Bonan a participação dos pesquisadores em editais relacionados ao enfrentamento da pandemia de Covid -19 tem sido expressiva, resultando em um ótimo desempenho da universidade nós editais relacionados a este tema. “Isso reforça o compromisso da universidade com a busca de soluções envolvendo todas as áreas do conhecimento no sentido de minimizar o impacto da pandemia na sociedade, comenta.

Conheça os projetos aprovados

sono, covid-19, inscer, instituto do cérebro, insôniaVerificar os impactos do confinamento domiciliar como medida de contenção, em função da pandemia de Covid-19, na qualidade do sono de adultos e de seus filhos, é o principal objetivo do estudo liderado pela vice-diretora do Instituto do Cérebro (InsCer) e professora na Escola de Medicina da PUCRS, Magda Lahorgue Nunes. O estudo faz parte de uma força-tarefa multidisciplinar, da universidade, que reúne mais de 50 profissionais e pesquisadores, de diversas áreas, na busca por soluções envolvendo a pandemia.

É nesse sentido que, o estudo pretende, ainda, levantar dados de georreferenciamento para identificar possíveis efeitos regionais do confinamento domiciliar, bem como a presença de sonolência excessiva diurna e avaliar se, nos casos em que os indivíduos respondentes sinalizarem uma piora da qualidade do sono durante o confinamento domiciliar, se estas são modificações permanentes ou transitórias. Esses dados partem de uma iniciativa mais ampla que pretende, também, estudar o impacto da Covid-19 e da quarentena em aspectos cognitivos e comportamentais das crianças, com especial interesse nas crianças com transtornos do desenvolvimento, durante e após a pandemia.

Participação online e de forma anônima

O grupo, liderado pela vice-diretora do InsCer, é constituído por neurologistas infantis, psiquiatras, psicólogos e educadores e as atividades previstas versam sobre diversos temas, que vão desde pesquisas a nível molecular e de marcadores de estresse, alterações acadêmicas e comportamentais a questões de influência no sono.

Por se tratar se tratar de um estudo de base populacional, o questionário, que avalia os impactos do confinamento domiciliar, devido à pandemia de Covid-19, no sono, foi desenvolvido para que os respondentes pudessem participar de forma online, com anonimato opcional, intentando atingir o maior número de pessoas possível, em todo o Brasil. O questionário está disponível neste link.

Leia também: Sonhando demais ou dormindo de menos? Entenda os efeitos da pandemia no sono

Podcast da PUCRS aborda o coronavírus e novos desafios - O Conversa de Fundamento, da Escola de Negócios, debate sobre inclusão digital, economia, saúde e mais

Foto: William Iven/Unsplash

Uma das principais formas de combater uma pandemia é a informação: ter acesso a orientações corretas e conteúdo de qualidade e confiável. O Conversa de Fundamento, podcast da Escola de Negócios da PUCRS, discute temas da atualidade de forma despojada, mesclando comportamento, inovação e muito mais. Durante a quarentena causada pelo coronavírus, uma das preocupações do projeto foi manter os ouvintes atualizados sobre o que está acontecendo.

As pessoas às vezes se incomodam por receber muitas informações sobre o mesmo tema. Para não ser repetitivo, o professor Ely Jose de Mattos – âncora do programa, explica que tudo é uma questão de abordagem. “Da mesma forma que pode parecer cansativo falar da pandemia e da quarentena, também é complicado não fazer. Então, temos tentando abordar o assunto a partir de diferentes óticas, como padrões de consumo, questões políticas e economia, por exemplo. A Covid-19 acaba virando um fio condutor, mas não necessariamente é o foco central”.

O papel de informar

Debater, conversar com base em dados, levar informações apuradas e se informar. Estes são os objetivos do podcast, que mesmo falando de assuntos sérios e importantes, aposta em manter a leveza a descontração.

“Acredito que não falar da pandemia seria um erro. Como universidade, é importante darmos uma contribuição ao debate neste momento. O coronavírus tem afetado praticamente todos os aspectos da nossa vida, é impossível ignorá-lo”, destaca Mattos. O Conversa de Fundamento já tratou de temas sobre:

Confira os novos episódios

Todas as quintas-feiras, o público pode ouvir um assunto novo, nas principais plataformas de streaming, como SpotifyDeezerApple Podcast e Soundcloud. Os bate-papos também contam a presença dos docentes Lelis Balestrin EspartelStefania Almeida e Osmar de Souza.

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Técnica foi criada a partir da disciplina de Ecologia de Indivíduos e Populações, do curso de Ciências Biológicas da PUCRS

Na disciplina de Ecologia de Indivíduos e Populações, do curso de Ciências Biológicas da PUCRS, são estudados modelos simples de crescimento populacional. Estes não envolvem estatística bayesiana (avaliação de hipóteses pela máxima verossimilhança), o uso de redes neurais ou os sistemas de Inteligência Artificial. Entretanto, servem para criar simulações compreensíveis, assim como o desenvolvimento de modelos mentais de relação causa-efeito. “Por meio da técnica, que pode ir sendo atualizada, decidi aplicar estes mesmos modelos para analisar a evolução da Covid-19 no Brasil. Os dados foram obtidos na European Centre for Disease Prevention and Control”, destaca o diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS, Nelson Fontoura.

Permanecendo as condições atuais, o modelo, que cruzou dados e realizou cálculos em situação média em todo o país, identifica uma redução gradativa da taxa de expansão da doença, com um número de novos infectados de cerca de 2 mil por dia para os próximos dias, e caindo gradativamente. “Ou seja, estaríamos no pico agora ou em futuro muito próximo, se mantido o isolamento social nos mesmos termos e sem relaxamento”, indica o professor. Essa mesma tendência de números pode ser aplicada para os casos de óbitos.

A análise ainda prevê uma estabilização do número de casos em julho, com cerca de 100 mil infectados, com redução considerável em agosto. “Contudo, considerando que apenas 20% dos infectados apresentam sintomas graves e acorre ao hospital, e levando em conta que nem todos são testados, este número pode ser muito maior, de cinco a dez vezes, ou seja, de 500 mil a um milhão de infectados”, frisa.

Segundo Fontoura é preciso destacar que o número de casos positivos devem aumentar nos próximos dias, acima do previsto no modelo, não em função da expansão da doença, mas devido à ampliação da cobertura de testes. “O modelo está limitado não apenas pela qualidade do dado disponível, mas também em função de alterações da política de isolamento e da cobertura de testes”, pontua.

As projeções realizadas se baseiam na manutenção do isolamento social. “Enquanto não houver vacinas, ou uma parcela relevante da sociedade já imune por ter se recuperado de uma infecção, basta relaxar as medidas de distanciamento que uma nova onda de infecções se estabelece”, pondera Fontoura.

Resultados positivos com o isolamento social

O isolamento social trouxe frutos importantes, pois reduziu a taxa de ampliação da pandemia em níveis significativos. Se o isolamento é necessário, também não necessita ser uniforme em todo o território brasileiro. “Uma grande cidade com sistema de saúde colapsado, talvez necessite medidas de isolamento ainda mais rígidas, enquanto que um pequeno município, sem casos registrados, talvez precise apenas testar e isolar os casos suspeitos”, pontua o professor.

 

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Nós sonhamos todas as noites, e não há nada de errado nisso / Foto: Pexels

Desde que a pandemia do novo coronavírus se iniciou e, especialmente, quando o distanciamento social causado pela quarentena se tornou uma realidade, muitas pessoas têm observado mudanças no sono. Sonhar e lembrar dos sonhos – muitas vezes mais perturbadores do que de costume – com uma frequência maior do que a normal é uma delas. Outra questão bastante comentada é a dificuldade para dormir. Se você se enquadra em um desses casos, pode ter certeza de que não está só. E há explicações para isso.

Primeiramente, é importante dizer que todos nós sonhamos todas as noites – e não há nada de errado nisso. Pelo contrário. Segundo a professora da Escola de Medicina e vice-diretora do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) Magda Lahorgue Nunes, sonhar é uma atividade benéfica para o cérebro, demonstrando que sua função está normal. “Existem várias teorias em relação à função dos sonhos, entre elas a de que ajudam a consolidar memórias, a regular o humor e a treinar comportamentos não apresentados quando estamos acordados”, explica.

O motivo de nem sempre lembrarmos do que sonhamos é que essa recordação depende da transferência de conteúdo da memória recente para a remota, e isso só é possível quando existe algum grau de despertar (chamado de microdespertar) após o sonho ter acontecido.

Do ponto de vista da psicanálise, sonhar também é algo positivo e até mesmo importante – principalmente em um contexto de pandemia. Conforme a professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Carolina de Barros Falcão, trata-se de uma atividade elaborativa, uma via por meio da qual podemos significar o que estamos vivendo.

Mas o que é o sonho, afinal?

O sonho é uma atividade mental que acontece enquanto estamos dormindo. Ele é consequência da ativação cortical que ocorre na fase REM (rapid eye movement, ou movimento rápido de olhos) do sono. Esse estágio chega após três outras fases: N1 (transição da vigília para um sono mais profundo, mas ainda leve), N2 (desconexão do cérebro com os estímulos do mundo real) e N3 (sono profundo, com descanso da atividade cerebral).

No estágio REM, o cérebro volta a ficar ativo, tanto quanto o de uma pessoa acordada. Por isso, conforme Magda, a atividade fásica que ocorre nessa fase se relaciona com a imagética visual dos sonhos, permitindo que tenhamos sonhos complexos, semelhantes a histórias. Em uma noite, podemos ter entre quatro e seis ciclos de sono, incluindo os estágios não-REM e REM, sendo que cada um deles dura cerca de 90 minutos.

Conforme a professora Carolina, a psicologia tem muitas teorias diferentes para o sonho – algumas que coincidem mais com o olhar médico, outras que se afastam um pouco. “A psicanálise vai trabalhar com uma leitura e com um modelo de psiquismo que não descarta o corpo e o orgânico, mas que pensa que os processos psíquicos não estão apenas relacionados com os processos biológicos”, ressalta.

Para a leitura psicanalítica, o sonho é uma produção psíquica muito importante. “Temos, no sonhar, uma atividade muito privilegiada de trabalho psíquico, porque estamos ‘protegidos’ da realidade. E é por isso que podemos sonhar as coisas mais malucas que existem”, destaca Carolina.

Por que estamos sonhando mais?

Segundo a vice-diretora do InsCer, os sonhos são construídos com base em experiências remotas e em preocupações atuais. E a vivência intensa do tema coronavírus e de tudo o que essa pandemia implica pode ser uma explicação para estarmos nos lembrando mais dos sonhos. “As restrições de convívio social, a quebra de rotina, questões financeiras, o medo e a ansiedade sobre a gravidade do que está acontecendo já são motivos fortes o suficiente para sonharmos mais”, aponta Magda.

Carolina complementa dizendo que a pandemia da Covid-19 fez com que todos precisassem mobilizar suas vidas de forma muito rápida, fazendo adaptações no modo de viver e tolerando perdas muito contundentes na rotina. “Um motivo para que tantas pessoas estejam sonhando mais pode ser porque estão recorrendo a todas as possibilidades de trabalhar psiquicamente. O sonho tem sido uma forma muito importante de descarga dessas intensidades que estamos vivendo, do psiquismo encontrar uma forma de dar conta e de elaborar tudo isso”, diz.

A professora de Psicologia ainda aponta que, além dos acontecimentos atuais, na hora de se analisar um sonho e tentar entendê-lo, é preciso levar em consideração todo o contexto da pessoa que o sonhou: “Não sonhamos só por causa do coronavírus, da pandemia ou das restrições que estão impostas. Sonhamos porque essas situações de hoje tocam naquelas que já eram as nossas questões, nossos conflitos. Quando sonhamos, resolvemos essa dupla mobilização: a interna, do nosso mundo psíquico; e a externa, daquilo que nos invade – nesse caso, o tema da morte, do adoecimento”. Carolina conclui reforçando que o fato de as pessoas estarem sonhando significa que estão metabolizando as situações traumáticas que estão vivendo nesse momento de pandemia, e que isso é algo muito positivo.

Insônia pode ser consequência da quebra da rotina

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Seguir uma rotina ajuda a manter um sono saudável / Foto: Pexels

Em relação à dificuldade para dormir, Magda destaca que as mudanças na rotina podem ser um dos causadores. “Queixas de insônia estão sendo muito frequentes durante a quarentena. Isso certamente é decorrente de quebras nas rotinas, da falta de necessidade de cumprir horários, além do relaxamento nos aspectos de higiene do sono, como variações no horário de dormir e de acordar e o uso excessivo de telas”, afirma.

Para manter a saúde do sono, apesar de todas mudanças e das preocupações causadas pela pandemia, é importante tentar seguir uma rotina. “Ter um horário para dormir e acordar, evitar o uso de telas pelo menos 30 minutos antes de dormir, não fazer uso excessivo de álcool, optar por refeições leves à noite e evitar bebidas com cafeína podem ajudar”, sugere Magda.

Pesquisa vai avaliar sono da população durante a quarentena

O InsCer desenvolveu uma pesquisa para avaliar como está o sono da população brasileira durante a quarentena. O participante, de acordo com sua idade e/ou a idade de seus filhos, é direcionado a um questionário específico para fazer essa avaliação. Ao fim, será redirecionado a uma página com informações sobre como é o sono normal nas diferentes faixas etárias e receberá dicas, conforme a idade, de como dormir bem. A pesquisa está disponível neste link.

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