Inscrições para o Superamos Juntos podem ser feitas até o dia 9 de agosto

Inscrições podem ser feitas até o dia 9 de agosto / Foto: Pexels

Estudantes da PUCRS podem se inscrever para o programa Superamos Juntos – Edição 2022, iniciativa do Santander Universidades que visa auxiliar na manutenção dos estudos de alunos e alunas de universidades parceiras. Serão oferecidas 20 bolsas com o valor total de R$ 4 mil por pessoa, em parcela única, e deverá ser utilizado para o pagamento de mensalidades, matrículas e a aquisição de materiais de suporte aos beneficiados. As inscrições podem ser realizadas até às 12h do dia 13 de setembro, no site do Santander.

Parte do benefício (R$ 300) será destinado ao investimento em infraestrutura e material didático dos/as estudantes, como pacotes de internet e dispositivos eletrônicos, e será pago diretamente na conta corrente do Banco Santander de titularidade do/a estudante selecionado/a. O restante do auxílio (R$ 3.700) será utilizado para que as Universidades quitem mensalidades e matrículas, quantas forem possíveis.

Para participar, é necessário seguir os seguintes critérios:

Confira no edital de seleção todos os itens solicitados, de acordo com o site oficial do programa, e a documentação necessária para inscrição.

Sobre a iniciativa

O Santander Universidades oferece iniciativas focadas em três pilares: formação, empregabilidade e empreendedorismo. Entre as frentes de atuação estão os programas de bolsas de estudo nacionais e internacionais para estudantes de graduação, pós-graduação e professores universitários.

impactos da pandemia na saúde, máscara, Covid-19

Projetos da PUCRS selecionados pela Capes avaliarão os impactos da pandemia na saúde física e mental / Foto: Igor Bandera

A PUCRS teve dois projetos selecionados no Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) – Impactos da Pandemia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A iniciativa tem o objetivo de apoiar projetos voltados à formação de recursos humanos e ao desenvolvimento de pesquisa acadêmico-científica com foco em estudos sobre os impactos sociais, econômicos, culturais e históricos decorrentes da pandemia da Covid-19 nos diversos segmentos da população brasileira.

Dentre os projetos contemplados estão o Programa de intervenção multiprofissional de redução de danos da pandemia para estudantes, pais e professores: evidências de mapeamento cognitivo, de saúde física e mental, e laboral, coordenado pela pesquisadora e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Rochele Paz Fonseca, e Investigação de Potenciais Danos Neurológicos decorrentes da Infecção Grave pela COVID-19: Aspectos Funcionais, Estruturais, Moleculares e Epigenético, coordenado pelo pesquisador e diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), Jaderson Costa da Costa.

Saúde física e mental durante a pandemia

O programa de intervenção multiprofissional conta com quatro pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, incluindo a pesquisadora Rochele Paz Fonseca que coordena o projeto. Além da PUCRS, participam outras sete instituições de Ensino Superior como a Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Feevale, Santa casa de São Paulo, Mackenzie, Universidade Católica de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal de Minas Gerais.

Ao longo do projeto serão conduzidos cinco estudos multicêntricos e interdisciplinares de formação de recursos humanos mediadores e multiplicadores, com dois eixos: avaliação para mapeamento e intervenção com avaliação pré e pós. A partir disso, sete produtos técnico-científicos serão desenvolvidos, com a participação de mais de 10 programas de pós-graduação de quatro macroregiões, com aproximadamente 30 pesquisadores, estudantes e egressos.

Os cinco estudos multicêntricos e interdisciplinares são:

Danos neurológicos e Covid-19

pós em medicina, neurologia, tomografia

Foto: Bruno Todeschini

Já a pesquisa coordenada pelo pesquisador da Escola de Medicina e diretor do Inscer, Jaderson Costa da Costa, tem como objetivo elucidar os casos de alterações neurológicas após a infecção por SARS-CoV-2, associando esses achados aos desfechos favoráveis e desfavoráveis, para então identificar alterações precoces de sequelas neurológicas decorrentes da infecção.

O pesquisador explica que a presença do SARS-CoV-2 tem sido descrita no cérebro de pacientes e animais experimentais, com predileção pelo tronco encefálico, assim como quimio e mecanorreceptores do centro cardiorrespiratório medular, participando em parte da falência respiratória dos pacientes graves. Assim, para ajudar na compreensão da fisiopatologia da infecção do SNC pelo SARS-CoV-2 em sua fase de apresentação tardia, a melhor metodologia será a avaliação estrutural e funcional do cérebro por meio de técnicas avançadas de ressonância magnética, marcadores séricos associados a danos neuronais utilizando ferramentas de sequenciamento de nova geração.

Com essas etapas será possível identificar marcadores de gravidade para entender a fisiopatologia da doença no contexto atual. Os achados multimodais serão utilizados para compreender o mecanismo subjacente ao processo infeccioso pulmonar e seus efeitos consequentes ao sistema nervoso e suas repercussões inflamatórias sistêmicas. De acordo com Costa, o estudo servirá de base para demais pesquisas com foco fisiopatológico na identificação de fatores de gravidade e indicação de alvos para diagnóstico precoce e acompanhamento terapêutico.

Novas contribuições para a sociedade

O diretor do InsCer explica que as possíveis correlações entre as alterações funcionais e estruturais em ressonância magnética relacionadas à gravidade da Covid-19 e os marcadores séricos identificados em vesículas extracelulares e em ácidos nucleicos circulantes, serão ferramentas utilizadas para compor uma aplicação médica contemporânea conhecida como medicina de precisão, gerando uma estrutura neurobiológica válida para classificar uma doença e propor novas intervenções.

De acordo com o docente, a antecipação de um diagnóstico através da identificação de marcadores, permite atender as necessidades de atenção específica a um dado paciente, prevendo inclusive a necessidade de intervenção ambulatorial, internação hospitalar direcionamento de fármacos através de plataforma de farmacogenética, preparando todo um sistema de absorção e tratamento para possíveis necessidades com base nos resultados desta inovadora ferramenta.

“Esse projeto possui importante papel na sedimentação das instituições envolvidas como centros de pesquisa de ponta na área de neurociências e doenças neurológicas. A continuidade desse trabalho mediada pela aprovação desta proposta, permitirá ofertar uma nova estratégia de direcionamento das condutas médicas e sociais para toda a população”, finaliza o professor.

Leia também: Mestrado e doutorado: ingresse na melhor pós-graduação do Brasil em 2022

saúde mental e covid-19, Christian Kristensen

Christian Kristensen, professor e pesquisador da Escola de CIências da Saúde e da Vida da PUCRS, integrou o comitê da OMS / Foto: Marina Haupenthal

A pandemia de Covid-19 teve um impacto severo na saúde mental e no bem-estar das pessoas em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem atuado com diversos parceiros internacionais para desenvolver e divulgar soluções para mitigar estes impactos da doença à nivel global. Dentre as iniciativas, a OMS realizou o relatório Mental Health and Covid-19: Early evidence of the pandemic’s impact, que contou com a participação do professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Christian Haag Kristensen.

O docente integrou o steering committee (comitê de orientação), responsável por analisar os resultados principais e revisar o escopo geral do relatório. A publicação oferece uma visão geral sobre o impacto da pandemia de Covid-19 nos serviços de saúde mental e sobre a prevalência de sintomas de saúde mental, distúrbios mentais e comportamentos suicidas. Além disso, a pesquisa apresenta apontamentos sobre a eficácia de intervenções psicológicas adaptadas à pandemia de Covid-19 para prevenir ou reduzir estes problemas e manter o acesso aos serviços.

Os impactos da pandemia na saúde mental

O relatório desenvolvido pela OMS aponta que, no primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25%. O estudo destaca que as principais explicações para o aumento de estresses foram causados pelo isolamento social decorrente da pandemia, ligados a isso estavam as restrições ao trabalho, ao se envolver em suas comunidades e ao buscar apoio de entes queridos.

Solidão, medo de infecção, sofrimento, luto e preocupações financeiras também foram citados como fatores que levam à ansiedade e à depressão. Já entre os profissionais de saúde, a exaustão tem sido um importante gatilho para o pensamento suicida, de acordo com o relatório.

Outros dados importantes apresentados no relatório são sobre as graves interrupções nos serviços de saúde mental por conta da pandemia de Covid-19. Durante grande parte da pandemia, os serviços para condições mentais, neurológicas e de uso de substâncias foram os mais interrompidos entre todos os serviços essenciais de saúde relatados pelos Estados Membros da OMS, de acordo com o estudo.

Neste contexto, de difícil acesso ao atendimento presencial, muitas pessoas buscaram suporte online, sinalizando a necessidade urgente de disponibilizar ferramentas digitais confiáveis e eficazes e de fácil acesso. No entanto, a pesquisa aponta que desenvolver e implantar intervenções digitais continua sendo um grande desafio em países e ambientes com recursos limitados.

O relatório sinaliza que essa situação melhorou um pouco no final de 2021, porém atualmente ainda muitas pessoas continuam incapazes de obter os cuidados e o apoio de que precisam para condições de saúde mental pré-existentes e recém-desenvolvidas.

Participação do pesquisador da PUCRS

O professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Christian Kristensen dedica sua trajetória acadêmica nos estudos do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia, destacando-se como um nome de referência na área. Atualmente Kristensen é coordenador do Grupo de Pesquisa Cognição, Emoção e Comportamento e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE-PUCRS). Além disso, atua no Conselho de Diretores (Board of Directors) da International Society for Traumatic Stress Studies (ISTSS).

O convite para contribuir com o relatório da OMS se deu pelo contato com pesquisadores holandeses do World Health Organization Collaborating Center for Research and Dissemination of Psychological Interventions (Vrije Universiteit, da Holanda) em função da experiência e produção científica na área de trauma e estresse traumático. O Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE-PUCRS) é um dos centros mais produtivos na América Latina na área de pesquisa e intervenção em estresse traumático e a PUCRS foi a única instituição convidada do continente.

Dentre as pesquisas desenvolvidas pelo docente na PUCRS destacam-se a Avaliação do Impacto do Estresse Durante e Após a Pandemia de Covid-19 na Saúde Mental e Avaliação de Risco, o estudo em colaboração com outros centros internacionais como o Rastreio Global de Psicotrauma e Avaliação de Resiliência, além do projeto de intervenção e pesquisa TelePSI, financiado pelo Ministério da Saúde, na forma de telepsicoterapia para profissionais de saúde atuando no combate à Pandemia de Covid-19. Kristensen ressalta que a oportunidade, ainda que individual, é um reconhecimento da excelência dos diferentes Grupos de Pesquisa que integram o NEPTE-PUCRS.

Em entrevista ao jornal Zero Hora, o pesquisador destacou os reflexos da pandemia no atendimento das demandas relacionadas à saúde mental. Para ele, é essencial compreender esses impactos em dois polos. “A pandemia levou a uma enorme demanda por questões de saúde mental e impactou na oferta, nos serviços existentes para atender a essa demanda – negativamente, no sentido de afetar o funcionamento da maior parte dos serviços de tratamento para saúde mental no mundo. É a tempestade perfeita: um aumento enorme da demanda e um impacto tão grande quanto na capacidade de atender essa demanda”. Confirma a entrevista completa.

Estudante do curso de enfermagem, Maria Eduarda Bucholz vacinou o amigo na unidade de saúde Bananeiras / Foto: Arquivo pessoal

Desde o início da imunização contra a Covid-19 em grupos prioritários, estudantes de 11 cursos da área da saúde PUCRS atuaram na campanha. E, para contribuir com o avanço da vacinação em adultos e crianças, alunos e alunas do curso de Enfermagem da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, permanecem integrando equipes voltadas para a imunização.

Estudante do 5º semestre, Maria Eduarda Bucholz destaca que a atuação na Unidade de Saúde Bananeiras, no bairro Partenon, tem sido positiva para o desenvolvimento pessoal e profissional. “Estou ajudando na vacinação desde o início do mês e fui muito bem recebida já no primeiro dia. Posso dizer que está sendo uma experiência enriquecedora, pois é nas unidades em que podemos ver a forte autonomia da enfermagem e a importante parecia com os outros profissionais de saúde, como os agentes comunitários e de endemias, por exemplo. Além de orientar sobre a importância da vacinação adulta e infantil, tiramos dúvidas sobre a pandemia”, conta.

Em média, 170 adultos são vacinados diariamente na unidade Bananeiras, e, para Maria, a aplicação da imunização proporcionou um momento especial.

“O mais legal de tudo foi poder ter vacinado um amigo muito querido, que também é aluno do curso de Escrita Criativa da PUCRS. Só tenho a agradecer à Universidade e aos professores pela confiança nos estudantes, e à unidade Bananeiras pelo carinho e acolhida”.

Na Unidade de Saúde Santo Alfredo, no bairro São José, cinco alunas do curso de Enfermagem integram a equipe que realiza a imunização infantil. Diariamente, cerca de 250 crianças estão sendo vacinadas na unidade. “É muito bom poder participar da campanha de vacinação e ter o contato com as crianças e os pais. Além de também poder conversar com eles sobre a vacina para a Covid-19, também conseguimos rever muitas vacinas que estavam em atraso devido à pandemia e, então, conseguimos instruir os pais sobre como seguir com o esquema vacinal das crianças. Também foi muito bom ter o contato com a equipe da unidade Santo Alfredo, nos acolheram muito bem. Foi uma ótima experiência”, ressalta Milena Cardoso, aluna do 9º semestre.

Docente do curso de Enfermagem e coordenadora da ação de vacinação junto à Secretaria Municipal de Saúde, a professora Isabel Hentges salienta o retorno positivo da participação dos estudantes. “As unidades de saúde têm destacado que a contribuição dos alunos e alunas possibilitou, inclusive, a ampliação da imunização pelas equipes”.

Leia também: Por que é importante se vacinar?

infecções respiratórias, Covid-19

Medidas de prevenção para Covid-19 auxiliaram a redução de doenças respiratórias / Foto: Pixabay

Em resposta à pandemia de Covid-19 foram adotadas medidas como o confinamento, distanciamento social, o uso de máscaras pela população e a higienização constante das mãos, incluindo o uso de álcool em gel. Essas intervenções tiveram impacto não só na transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2), mas também em outras doenças de transmissão respiratória, como pneumonia, bronquiolite aguda, influenza e vírus sincicial respiratório (VSR).

Essa conclusão foi destacada em pesquisas realizadas pelo grupo liderado pelo decano da Escola de Medicina, Leonardo Araújo Pinto, durante a pandemia. O docente atua no Programa de Pós-Graduação em Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS e possui uma jornada reconhecida por diversas contribuições científicas nas especialidades ligadas a doenças respiratórias.

Impactos na pneumonia infantil

A pneumonia é uma forma de infecção respiratória aguda que é mais comumente causada por vírus ou bactérias, sendo responsável por 15% de todas as mortes de crianças menores de cinco anos em todo o mundo. Araújo Pinto explica que o momento em que as estratégias de contenção da pandemia de Covid-19 foram implementadas no Brasil coincide com o aumento já documentado de internações por pneumonia no mesmo período de anos anteriores.

O pesquisador desenvolveu o estudo Impacto das intervenções não farmacológicas de COVID-19 nas internações por pneumonia infantil no Brasil, para avaliar o impacto das medidas de contenção da pandemia nas internações por pneumonia em crianças de 0 a 14 anos no Brasil. Foram utilizados dados de internações por pneumonia do banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde no período de 2015 a 2020 e analisados ​​por macrorregiões e faixas etária. Com isso, foram comparados os números de 2015 a 2019 com os números de 2020.

Os resultados apresentaram uma redução de 82% na incidência média de internações de crianças menores de quatro anos; 83% em crianças entre cinco e nove anos; 77% entre os 10 e 14 anos; e 82% para todas as crianças menores ou com 14 anos. Com isso, a pesquisa realizada pelo pesquisador Araújo Pinto, concluiu que as medidas aplicadas para o controle de Covid-19 resultaram na diminuição significativa dos casos de pneumonia de todas as causas em menores de 14 anos.

“Nossos resultados podem fornecer insights sobre maneiras pelas quais as medidas restritivas adotadas também podem ser aplicadas a outras doenças respiratórias”, concluiu o pesquisador.

Bronquiolite aguda

A bronquiolite aguda está entre as principais doenças transmissíveis da infância e é a causa mais frequente de hospitalização em lactentes em todo o mundo. No Brasil, a doença representou aproximadamente 6% do total de internações em crianças com menos de um ano de idade durante o período de 2008 a 2015. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal agente etiológico da bronquiolite aguda e apresenta alta transmissibilidade, principalmente nas estações de outono e inverno.

A pesquisa intitulada Impacto precoce do distanciamento social em resposta à doença do coronavírus nas internações por bronquiolite aguda em bebês no Brasil, também realizada pelo professor Araújo Pinto, utilizou dados das internações pela doença do Departamento de Informática da Base de Dados de Saúde Pública no Brasil para o período de 2016 a 2020.

Com a comparação ano a ano com os números de internação de 2020, foram obtidos os resultados de uma redução de 70% na hospitalização por bronquiolite aguda em crianças menores de um ano de idade no Brasil. De acordo com o decano, os dados sugerem um importante impacto do distanciamento social na redução da transmissão de vírus relacionados à bronquiolite aguda e que este conhecimento pode orientar estratégias de prevenção da disseminação viral. Os estudos tiveram importante colaboração do aluno de doutorado do PPG em Pediatria da PUCRS Frederico Friedrich e de estudantes de iniciação científica vinculados ao grupo.

VSR e Influenza

Outro estudo com a colaboração dos professores Leonardo Pinto, Marcelo Scotta e Renato Stein buscou relatar a detecção de vírus sincicial respiratório (VSR) e influenza durante o período de distanciamento social devido à pandemia de Covid-19 durante o outono e inverno de 2020 em dois hospitais do Sul do Brasil. Foi realizada uma prospecção com adultos e crianças que buscaram atendimento nos hospitais por sintomas de Covid-19.

Foram realizados testes de RT-PCR para SARS-CoV-2, influenza A, influenza B e vírus sincicial respiratório (VSR) em mais de 1.400 participantes suspeitos de Covid-19 entre maio e agosto. Destes testes, 469 apresentaram resultados positivos para o SARS-CoV-2, enquanto influenza e VSR não foram detectados.

Com isso, Araújo Pinto explica que medidas para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2 provavelmente exerceram um enorme impacto na redução da disseminação de patógenos respiratórios alternativos.

“Essa pesquisa contribui para o conhecimento sobre a dinâmica de propagação dos vírus. Além disso, pode ser considerada para orientar as escolhas preventivas e terapêuticas para redução do impacto dos vírus respiratórios”, completa.

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Challenges do TikTok

Coreografias são um dos principais conteúdos produzidos no TikTok/Foto: Pexels

Que o TikTok é a rede social da pandemia todo mundo sabe, mas até quando essa onda pode durar? Qual o segredo por trás do sucesso da rede? O que o público espera da plataforma? Essas são algumas das perguntas que os estudantes do curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS, orientados pelo professor Ilton Teitelbaum, buscaram responder com a pesquisa O Crescimento do TikTok e o Impacto da Pandemia nos Usuários de Redes Sociais. 

Antes de mais nada, é importante entender o que é o TikTok e de onde ele surgiu. Trata-se de uma rede social para o compartilhamento de vídeos curtos, com até três minutos de duração, na qual os usuários contam com diferentes ferramentas de edição e podem incluir filtros, legendas, trilhas sonoras, gifs e efeitos de forma prática e intuitiva.  

Seu conteúdo é baseado em tendências e os usuários realizam challenges (desafios), dublagens, imitações e coreografias. Isso instiga a participação de outras pessoas e atrai, principalmente, o público jovem. Além disso, sua aba explorar possui um apelo para a viralização de conteúdo, fator determinante para o crescimento e o sucesso do TikTok. Foi essa característica que levou a jovem Sofia Müller, que, hoje, possui cerca de 50 mil seguidores na rede social, a produzir conteúdo para o aplicativo. 

“O TikTok oferece chance para pessoas desconhecidas viralizarem. Eu consegui fazer a minha marca de roupas crescer através da rede”, comenta.  

Aplicativo atingiu mais de dois bilhões de downloads no começo da pandemia 

Em 2017, o TikTok, ainda bem diferente do que conhecemos hoje em dia, comprou o aplicativo Musical.ly e a união de ambos é a rede social que conhecemos hoje em dia. O início da pandemia, em 2020, foi um momento marcante na história da rede, pois foi quando ultrapassou dois bilhões de downloads nas lojas de aplicativos. De acordo com levantamento realizado pela Global/WebIndex, já existem cerca de sete milhões de usuários cadastrados no Brasil, que gastam cerca de uma hora por dia no aplicativo.  

Uma das características é a monetização de seus usuários através de rubis, o dinheiro virtual do aplicativo. Os usuários podem recebê-los de sua audiência, durante lives, ou através de tarefas ou indicação de pessoas para que baixem a plataforma 

Por trás do sucesso do TikTok: o que as pessoas pensam sobre o aplicativo?  

Para o influenciador digital Lucas Ruschel, que ingressou no app no período da crise sanitária de Covid-19, o que mais chamou atenção foi o aumento repentino no número de usuários. Com mais de 150 mil seguidores, ele acredita que a pandemia tenha sido o fator decisivo para esse crescimento. Sua hipótese conta com o apoio da psicóloga Mariah Paranhos. Segundo ela, “sempre tem um aplicativo do momento que talvez venha até de uma necessidade da sociedade propriamente”. Para Mariah, a necessidade suprida pelo TikTok é a falta de contato humano durante a pandemia, período em que se popularizou no Brasil. 

Outro número que aumentou durante a pandemia foi o de pacientes de Mariah, que revela que a questão do TikTok sempre acaba se tornando pauta entre os adolescentes. No entanto, ela alerta que as redes sociais são potenciais vícios e que é importante saber de forma clara qual é o seu objetivo com o aplicativo para utilizá-lo sem preocupações.  

O potencial de viralização é outro perigo da rede ao pensar em saúde mental, pois, como apontado pela psicóloga, uma pessoa que é beneficiada pelo algoritmo em algum momento pode, rapidamente, cair no esquecimento. Isso pode gerar frustrações dependendo da personalidade e da forma com que esse indivíduo lida com as redes sociais.  

Veio para ficar?  

Challenge de maquiagem

Os “challenges” convidam usuários a participar da brincadeira/Foto: Pexels

A professora da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos Gabriela Kurtz acredita que sim, o TikTok continuará. Mas, de acordo com ela, pode ser que a rede deixe de ser a “febre” que é atualmente. Isso porque um dos fatores que contribuem para manter as pessoas engajadas na plataforma é o tédio, que tende a se tornar menos frequente à medida que as coisas voltem à normalidade.  

A opinião dos usuários do TikTok sobre sua durabilidade varia muito. Lucas acredita que dificilmente ele deixe de existir, mas que, de fato, há chances de que os números caiam. Já Sofia crê que é uma rede momentânea e, portanto, tem prazo de validade.  

Esse aspecto chamou a atenção dos integrantes do grupo que realizou a pesquisa, incluindo o estudante Rodrigo Ruschel, que afirmou ter sido surpreendente perceber quantas pessoas consideram essa uma rede social momentânea e afirmaram não ter pretensão de utilizá-la após a pandemia.  

O caso dos jovens de Porto Alegre 

Como parte da pesquisa, jovens de 18 a 24 anos de Porto Alegre e região foram convidados a responder um questionário sobre o uso de redes sociais na pandemia. Ao todo, foram obtidas 223 respostas, sendo 63,2% de mulheres, 37,2% de homens e 0,4% de pessoas que se identificaram como outros. A partir das respostas, foi possível ver, em dados, como é o comportamento dessa faixa da população nas redes.  

Enquanto mais da metade dos jovens não alteraram seu consumo de rádio e jornal durante a pandemia, quando se fala em televisão e redes sociais a situação é diferente: aproximadamente quatro a cada dez aumentaram pouco o consumo de televisão e mais de 60% o de redes sociais.  

Dentre as redes favoritas desse público, ocupam o topo do ranking, respectivamente, o Instagram, o WhatsApp e, é claro, o TikTok. Praticamente metade dos jovens afirmou utilizar redes sociais de duas a quatro horas por dia. 

Quando se fala em destaques da pandemia o resultado já é o esperado: Instagram e TikTok foram os aplicativos que mais chamaram atenção no período, além disso, foram apontados como os que fornecem a melhor visibilidade para influenciadores e para usuários comuns, o maior poder de viralização para vídeos e o maior potencial de destaque para o pós-pandemia.  

Período da noite é o favorito dos usuários 

TikTok

Foto: Pexels

Embora a maioria do público utilize o TikTok, quase 40% afirmaram ainda não serem usuários da plataforma. Entre os motivos apresentados para isso, destacam-se a negação de ter mais uma rede social em sua vida, a falta de identificação com o público do aplicativo e o medo de se tornar um usuário excessivamente ativo. No entanto, foi, também, apontado o que faria com que esses jovens ingressassem à rede, sendo os principais atrativos a disponibilidade de conteúdos mais diversificados e a criação de grupos e/ou comunidades dentro do aplicativo.  

Entre os jovens que já utilizam a plataforma, quase todos afirmaram ter realizado o download como forma de distração (94,3%) e uma parcela significativa para pesquisa de referências (21,4%). A rede também mostrou ser mais utilizada durante a noite e com uma participação maior das mulheres do que dos homens, sendo a maior parte deles usuários que apenas visualizam os conteúdos (58,8%) e o menor percentual o que visualiza, posta e interage (apenas 9,2%). 

Eles sugerem, ainda, que, para o sucesso do TikTok ser ainda maior, falta interação entre os usuários, suporte aos criadores de conteúdo e alterações no layout da plataforma. Para eles, a rede social perfeita é formada pela característica “good vibes” do Instagram, pela privacidade encontrada no WhatsApp e pela descompressão apresentada pelo Tiktok.  

Mapeando tendências de comportamento  

O estudo O Crescimento do TikTok e o Impacto da Pandemia nos Usuários de Redes Sociais foi elaborado pelos/as estudantes André Barcellos, Caroline Hennicka, Felipe Paes, Julia Prado, Pedro Tassoni, Rafael Domingues, Rodrigo Ruschel, Thaísa Zilli Batista, Uillian Vargas e Vinicius Mourão, da disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda, ao longo do primeiro semestre de 2021.  

“Essa disciplina foi uma das que mais contribuíram para o nosso aprendizado, pois precisamos gerenciar uma equipe, dividir tarefas, trabalhar com prazos e, além disso, elaborar uma pesquisa completa, com início meio e fim, comparando etapas qualitativas e quantitativas”, relembra Rodrigo.  

Em sua etapa qualitativa, a pesquisa contou com 12 entrevistas em profundidade, sendo oito delas com jovens de 18 a 24 anos da região de Porto Alegre, duas com influenciadores digitais do TikTok (Lucas Ruschel e Sofia Müller), uma com uma psicóloga (Mariah Paranhos) e outra com uma comunicadora social (Gabriela Kurtz). Depois, na fase quantitativa, foram 223 respostas válidas em uma coleta feita por meio de questionário online.  

Rolê da Vacina acontece na Biblioteca da PUCRS no dia 22 de setembroNo dia 22 de setembro, quarta-feira, a PUCRS será sede do Rolê da Vacina, ação promovida pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre com o objetivo de incentivar a vacinação de jovens e adolescentes contra a Covid-19. Na ocasião, poderão receber o imunizante pessoas a partir dos 14 anos (ou a partir dos 12 com comorbidades). Também haverá aplicação da segunda dose de Pfizer, Coronavac e Oxford, além de dose de reforço para idosos e imunossuprimidos (confira os detalhes abaixo).

A vacinação acontecerá das 9h às 17h e, para receber a primeira dose, é preciso apresentar um documento com CPF, comprovante de residência na Capital (que poderá ser no nome dos pais ou responsáveis) e, no caso de haver alguma comorbidade, laudo ou receita que comprove a condição. 

Confira todos os públicos que poderão ser vacinados

Saiba mais sobre o Rolê da Vacina 

A iniciativa teve início no dia 23 de agosto e já passou por diferentes bairros, em espaços como unidades de saúde e quadras de escolas de samba.  

PUCRS presente na campanha de vacinação 

A PUCRS tem feito parte da vacinação contra a Covid-19 em Porto Alegre desde o início da campanha, com estudantes atuando na imunização em parceria com as equipes volantes da Secretaria Municipal da Saúde. Em março, a Universidade passou também a sediar a vacinação, quando o estacionamento do prédio 40 foi escolhido um dos pontos de drive-thruJá em junho, teve início a vacinação dos profissionais da PUCRS, realizada também na Biblioteca Central e concluída em agosto. 

Leia também: Passaporte da vacina: professor da Escola de Direito responde 5 questões sobre o assunto 

Serviço 

O quê: Rolê da Vacina 

Onde: Biblioteca Central da PUCRS (Avenida Ipiranga, 6681) 

Quando: 22 de setembro (quarta-feira), das 9h às 17h 

Quem poderá se vacinar: jovens a partir dos 14 anos de idade e adolescentes acima de 12 anos com comorbidades (primeira dose). Também poderão receber a segunda dose do imunizante os vacinados com Pfizer há 8 semanas; vacinados com Coronavac há 28 dias; e vacinados com Oxford há 10 semanas. Além disso, será aplicada a terceira dose em idosos com 70 anos ou mais vacinados até 21 de março e em imunossuprimidos vacinados até 28 de agosto.

Documentos necessários para receber a primeira dose: documento de identidade com CPF e comprovante de residência em Porto Alegre (pode ser no nome dos pais ou responsáveis). A vacinação só é permitida para moradores da Capital.

Documentos necessários para receber a segunda ou a terceira dose: documento de identidade e carteirinha de vacinação.

No caso dos adolescentes acima de 12 anos com comorbidades e dos imunossuprimidos é preciso, além dos documentos acima, comprovar a condição por meio de receita, laudo de exame ou laudo ou relatório médico.

Passaporte da vacina: entenda o que é

Passaporte vacinal tem sido discutido em diversos países./Foto: Frank Meriño/Pexels

Assim que as vacinas contra a Covid-19 começaram a ser testadas, a discussão sobre a obrigatoriedade do certificado de imunização ganhou força. Impasses éticos e questões sociais dividiram a população de diversos países, inclusive, do Brasil. Hoje, algumas cidades brasileiras já adotaram a utilização do passaporte da vacina, como o Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA). Para quem ainda tem dúvidas sobre a medida, convidamos o professor da Escola de Direito Cristiano Heineck Schmitt para esclarecer algumas questões. Confira! 

1) O que é o passaporte da vacina e como ele impacta no dia a dia das pessoas? 

O passaporte da vacina é uma medida que busca estimular a população a obter a imunização contra a Covid-19. Com um controle maior sobre a contaminação pelo vírus e com a redução de óbitos e internações hospitalares, as cidades brasileiras têm passado a flexibilizar regras sanitárias, permitindo shows, feiras, jogos e maior acesso a bares e restaurantes, por exemplo. 

Outro ponto importante é que ele poderá ser obrigatório em alguns eventos e facultativo em outros. Ao nível mundial, há estabelecimentos que têm garantido benefícios, como descontos àqueles que comprovam terem realizado a vacinação de forma correta.  

Por outro lado, segundo estimativas do Ministério da Saúde, em torno de 8,5 milhões de brasileiros não tomaram a segunda dose da vacina, o que dificulta a imunização coletiva e mantém o risco de contaminação. O ideal, contudo, é que no atual estágio seja preservado também o uso de máscaras. A polêmica se estende também a ramos como o Direito do Trabalho, sobre a possibilidade ou não de demissão por justa causa ao empregado que se nega a fazer a vacina. 

2) Qual a importância, benefícios e possíveis contrapontos a esse tipo de medida? 

A importância do passaporte da vacina é que ele funciona como um estímulo na busca pela vacinação, imunizando as pessoas, especialmente agora quando se pensa em se poder recompor a vida como ela era. Quanto mais pessoas imunizadas, menos chances de propagação da Covid-19. 

Embora os dados mostrem a grande eficácia da vacinação, existem pessoas contrárias à mesma, pelos motivos mais variados, no que se inclui eventual receio de sequelas negativas da vacina. 

Para aqueles que não desejam se vacinar, um dos argumentos mais usados é o disposto no artigo 5º, inciso XV da CF/88, que trata do direito fundamental à liberdade de locomoção dentro do território brasileiro, o sagrado direito de ir e vir. Contudo, no Brasil, não existem direitos absolutos, os quais passam pelo crivo de um juízo de proporcionalidade.  

A vacinação, no caso, é uma forma de preservar a vida, e algo focado no sujeito e no coletivo. E, para participar deste coletivo, há que se adotar medidas que preservem a vida de todos. 

Drive-Thru, vacinação, Covid-19

Foto: Cristine Rochol/PMPA

3) Existem ações que podem complementar essa medida ou alternativas ao passaporte da vacina? 

Para complementar, há que se manter o uso da mascará, assim indicado pela classe médica. No caso da Covid-19, não há remédio milagroso, nem vacina eficiente por completo. São estruturas agregadas de cuidados sanitários que, somadas, vão controlar a dissipação do vírus. Mesmo pessoas vacinadas tiveram registro de óbito, o que mostra que não serve como medida isolada. 

4) Como o Brasil está em relação a outros países nessa questão? 

Estados e municípios têm realizado movimentação parlamentar para aprovar o passaporte da vacina, dispondo quando ele será obrigatório, ou facultativo, acerca de evento e estabelecimentos. 

No mundo, países como Itália, Portugal, França, Israel, Japão e Dinamarca já adotaram o passaporte, o que, a meu ver, serve para mostrar que o Brasil está agindo bem ao cobrar o referido passaporte. 

5) O passaporte da vacina pode se tornar algo permanente? 

Vai depender da permanência da Covid-19 entre nós. A meu ver, foi uma doença repentina, de grande potencial de contaminação, com um poder lesivo bastante elevado, especialmente por, ao afetar vários sujeitos ao mesmo tempo, levar a óbito milhares deles em face da falta de tratamento, diante de hospitais superlotados. 

O coronavírus sofre contínuas alterações, gerando novas cepas, e isso será uma constante preocupação mundial que deve perdurar alguns anos, até se ter melhores informações de combate eficaz ao mesmo. 

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Mobilidade urbana e pandemia

Estudo tem objetivo de analisar como o período de isolamento social influenciou na mobilidade urbana./Foto: Blue Bird/Pexels

Entender os impactos da pandemia de covid-19 na mobilidade urbana é o objetivo da pesquisa Mobilidade e Pandemia, lançada em julho e desenvolvida pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, em parceria com a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga (Vida Urgente). Podem participar do levantamento pessoas com idade entre 16 e 34 anos, que residem em Porto Alegre ou na Região Metropolitana, até o dia 18 de setembro. 

O estudo busca analisar como o período de isolamento social influenciou na forma como as pessoas se relacionam com a cidade, pelo viés da mobilidade. Segundo Ilton Teiltelbaum, coordenador da pesquisa, o objetivo do projeto é fazer um comparativo. “Boa parte do questionário se dedica a entender como as pessoas enxergam a mobilidade antes, durante a pandemia e como se espera que passe a ser após esse período. Estamos coletando percepções individuais para gerar insights coletivos”. 

Para ele, a grande contribuição do estudo para a comunidade porto-alegrense e da região é a possibilidade de identificar as diferentes destes dois momentos, já trazendo uma perspectiva do que é visto como “cenário ideal” pelas pessoas.  

“A partir das respostas poderemos entender se o caminho futuro deve ter mais viadutos ou mais ciclovias; se nesse mundo híbrido que se aproxima as pessoas desejam ver a cidade a pé, de bicicleta e de patinete ou querem que os investimentos sigam sendo feitos nos automóveis? Com esses insights poderemos desenhar uma cidade mais interessante em termos de mobilidade daqui para a frente”, pontua.  

Quero participar da pesquisa

Série de matérias vida pós-pandemia

Pesquisador afirma que o risco para novas ameaças pandêmicas no futuro é real e merece atenção./Foto: Charlotte May/Pexels

Desde que a Covid-19 exigiu medidas de isolamento social e restrições de circulação, o dia a dia das da população sofreu transformações significativas. Os efeitos da pandemia impactaram desde a rotina de trabalho até o lazer, a alimentação e os hábitos de higiene das pessoas.  

Nas últimas semanas, professores da Universidade lançaram um olhar sobre como esse contexto tem influenciado na comunicação e nos negócios; assim como na saúde pública e no bem-estar mental individual e coletivo. Para o encerramento da série Vida pós-pandemia, convidamos dois pesquisadores para refletirem sobre a possibilidade de novas ameaças e a chegada do “novo normal”. Confira! 

A pergunta não é “se”, mas “quando” 

Ao longo da história da humanidade, a sociedade foi acompanhada por eventos semelhantes à pandemia de Covid-19. Em cada época, a crise era causada por diferentes agentes infecciosos. Segundo Cristiano Valim Bizarrocoordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular e Celular, existem estudos os quais sugerem que nas últimas décadas houve um aumento no número de surtos de doenças zoonóticas, aquelas que envolvem a transferência de patógenos de animais para humanos.  

“Precisamos ter em mente que o risco para novas ameaças pandêmicas no futuro é real e merece atenção. Sem dúvida, a questão não é ‘se’, mas ‘quando’ teremos a próxima pandemia”, afirma.  

O professor explica que esse fenômeno pode estar relacionado à expansão humana em ambientes naturais, o que aumenta a exposição a animais selvagens portadores de bactérias e vírus com o potencial de transmissão para seres humanos. Além disso, existem evidências de que as extinções em massa e o desflorestamento, resultantes dessa expansão, aumentem os riscos de novas pandemias. Isso porque as espécies mais aptas a sobreviver e a se disseminar nesses ambientes impactados estão entre aquelas que hospedam os patógenos mais perigosos para os seres humanos. 

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vida pós-covid

Professor afirma que os seres humanos criaram um modus operandi para sobreviver frente às pandemias./Charlotte May/Pexels

Ações voltadas à conservação da biodiversidade e o combate ao comércio e consumo de animais selvagens têm como benefício adicional a diminuição do risco de novos surtos de doenças infecciosas. “Esforços de monitoramento ativo e de ranqueamento do potencial de transmissibilidade de vírus selvagens estão em andamento e poderão permitir ações de vigilância e controle focadas em áreas de maior risco de transmissão zoonótica e surgimento de novos surtos”, destaca Cristiano. 

De acordo com o pesquisador, assim como já ocorreu com outros coronavírus e com vírus de outros grupos que circulam nas populações humanas, é provável que o SARS-CoV-2 se torne endêmico, ou seja, torne-se recorrente no Brasil a ponto de a população conviver com ele. Cristiano afirma ser difícil prever como será a dinâmica dessa interação, mas acredita que envolverá um quadro complexo com regiões do planeta livres de circulação do vírus, com eventuais surtos episódicos; e outras com surtos sazonais.  

“Variáveis como cobertura vacinal, tipo de imunidade conferida por meio da vacinação e evolução de novas variantes serão determinantes nesse processo. Possivelmente teremos programas de vacinação anuais, com vacinas adaptadas para conferir imunidade às novas variantes que surgirem a cada ano”, explica.  

E a normalidade, existe? 

O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Escola de HumanidadesAgemir Bavaresco, explica que o ser humano conviveu com pandemias ao longo da história.  

“Por isso, eu não estou seguro se podemos falar em vida pós-pandemia. E mais ainda, o que é ‘retornar à normalidade’? Pois, qual é o critério para dizermos que algo é normal? Será normal mantermos a desigualdade de oportunidades em saúde, educação e alimentação? É normal continuarmos com assimetrias locais, nacionais e internacionais que submetem quase um bilhão de seres humanos passarem fome”, questiona. 

Para ele, as relações sociais se tornaram complexas e os seres humanos criaram um modus operandi para sobreviver frente às pandemias. O professor afirma que as contradições, assimetrias e desigualdades que estavam escondidas na estrutura das relações internacionais ficaram explícitas. “A pandemia desnudou essa ‘anormalidade’ que reduz os povos a viverem sob a dominação da desigualdade. O caso da distribuição das vacinas contra a Covid-19 é um exemplo”, pontua.   

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