Atualmente, duas vacinas contra o coronavírus estão sendo aplicadas na população

Até o momento, estão sendo vacinados os trabalhadores da saúde e os idosos com mais de 85 anos / Foto: Bruno Todeschini

Na última semana, a aplicação das vacinas contra o coronavírus no Rio Grande do Sul completou um mês. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúdecerca de 380 mil pessoas já receberam a primeira dose, das quais 14 mil já foram imunizadas com a segunda dose – o que corresponde a 3% do público estimadoAté o momento, estão sendo vacinados os trabalhadores da saúde e os idosos com mais de 85 anos 

Atualmente, duas vacinas contra o coronavírus estão sendo aplicadas na população: a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan; e a vacina de Oxford/AstraZeneca, que está sendo produzida no Brasil pela Fiocruz. Por se tratar de imunizantes recentes, para uma doença ainda nova, é comum haver dúvidas sobre o tema. Para entender melhor o funcionamento e a diferença entre as vacinas, o professor Marcelo Scottada Escola de Medicina, esclarece alguns pontos. Confira: 

Quais as principais diferenças entre as duas vacinas? 

A CoronaVac é composta por vírus inativados, ou seja, mortos.  

Já a de Oxford/AstraZeneca é composta de um vetor viral, sendo esse um adenovírus não replicante. Como este vetor não é patogênico em humanos, na prática ela funciona como uma vacina de vírus inativado. 

Qual o intervalo recomendado entre uma dose e outra? 

Para a CoronaVac, o intervalo é duas a quatro semanas. 

Para a vacina de Oxford/Astra Zeneca, é de oito a 12 semanas. 

A partir de que momento a pessoa vacinada pode ser considerada imunizada? 

Apesar de 14 dias após a primeira dose já ser possível haver uma redução de risco de infecção e da doença grave, o indivíduo é considerado plenamente imunizado 14 dias após a segunda dose. 

Como essas vacinas se comportam em relação às novas cepas do vírus que estão surgindo? 

Existem suspeitas de uma menor eficácia frente às novas variantes, como alguns dados iniciais indicando que a vacina de Oxford/AstraZeneca seria menos eficiente contra a variante sul-africana. Porém, ainda são dados incipientes.  

Cuidados não devem ser deixados de lado

Apesar de trazer esperança, a chegada das vacinas contra o coronavírus não deve resultar na redução dos cuidados para combater a pandemia, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social. “Essas medidas são as únicas formas de conter o vírus além da vacinação, cuja cobertura ainda está em estágios iniciais”, aponta Scotta. Neste dia 23 de fevereiro, o Rio Grande do Sul vive o pior momento da pandemia, com 11 regiões em bandeira preta no Distanciamento Controlado, considerada a de maior risco epidemiológico. 

Segundo o professor, em virtude da disseminação do vírus e da cobertura vacinal ainda pequena, é improvável que possamos retornar à normalidade neste ano. Porém, esse não deve ser um motivo para se descuidar: “É importante que a pandemia seja controlada o quanto antes, pois o surgimento progressivo de mais variantes aumenta a chance de um escape vacinal, ou seja, de a vacina não funcionar”, conclui. 

PUCRS atuante na vacinação contra o coronavírus 

Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) foi pioneiro no Estado para os testes de eficácia da CoronaVac, junto a 15 centros pelo País e, desde o dia 20 de janeiro, passou a integrar a campanha de vacinação, aplicando doses da vacina em profissionais da saúde. Nove dias depois, o Hospital vacinou a milésima pessoa. Além da imunização gradual dessas equipes que atuam na linha de frente do combate à pandemia, os voluntários e as voluntárias que receberam a dose placebo do estudo também já foram imunizados. 

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Estudantes da Escola de Ciências da Saúde e da Vida participam de treinamento para integrar a campanha de vacinação da Secretaria Municipal de Saúde, Enfermagem, Vacina, Coronavírus

Foto: Bruno Todeschini

Em meio às incertezas sobre como será a vida pós-pandemia, a aprovação para o uso emergencial da vacina contra a Covid-19 em grupos prioritários simboliza a possibilidade de dias melhores. Para auxiliar na vacinação, estudantes da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e profissionais da saúde do Centro de Extensão Universitária Vila Fátima (CEUVF) estão atuando em parceria com as equipes volantes da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS) na campanha de imunização. 

Mais de 20 estudantes de 11 cursos da saúde participam da ação, por meio do Programa de Educação Tutorial para Saúde da PUCRS (PET-Saúde), que já integra outras campanhas de vacinação do governo, através de um edital de colaboração. O projeto é organizado pelo Ministério da Educação e conta com supervisão e acompanhamento de docentes da Escola em práticas de campo. 

Neste sábado, 6 de fevereiro, o grupo realizou a imunização a domicílio de pessoas com mais de 60 anos e acamadas, em conjunto com o Exército. Para isso, 11 estudantes do curso de Enfermagem receberam uma capacitação na tarde da última sexta-feira, retomando o protocolo de imunização, procedimentos técnicos e de higienização. “A equipe conta com alunos e alunas que estão no último ano do curso ou inseridos no PET e que já tenham experiência de campo. Estamos prontos e com o treinamento necessário para esse tipo de atividade”, explica a professora Janete Urbanetto, coordenadora do curso de Enfermagem. 

Assistência à saúde para quem mais precisa 

Estudantes da Escola de Ciências da Saúde e da Vida participam de treinamento para integrar a campanha de vacinação da Secretaria Municipal de Saúde, Enfermagem, Vacina, Coronavírus

Foto: Bruno Todeschini

O Centro de Extensão Universitária Vila Fátima (CEUVF) é um programa que, desde 1980, interage com a comunidade de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social das proximidades do Campus da PUCRS. Denise Matos, enfermeira que presta assistência a pacientes do CEUVF, conta que atuar no combate à pandemia é ajudar a escrever a história. 

“Por meio de uma ação colaborativa e articulada com órgãos de saúde participarmos como agentes ativos deste momento tão significativo e transformador de valorização da ciência e da tecnologia, de reconhecimento das ações de saúde comunitária e, acima de tudo, de esperança em um futuro melhor para todos e todas DENISE MATOS.

Um termo de cooperação assinado com o Município de Porto Alegre em 2020 prevê que a equipe de enfermagem do CEUVF atue diariamente junto à equipe volante da Gerência Distrital (GD) Leste/Nordeste (Leno) para a vacinação contra Covid-19. 

Utilizando os aprendizados de sala de aula na prática 

Ao escolher ingressar no curso de Enfermagem, Júlia Luvizon conta que já sabia que estaria na linha de frente de momentos como esse. Ao receber o convite fiquei muito animada. É uma chance de colocar em prática o que estou aprendendo na graduação. Sabemos que o vírus é algo muito sério e sentir medo faz parte, mas por já ter estagiado durante a pandemia e saber do tamanho do cuidado dos nossos professores com os alunos, me sinto segura e extremamente feliz de poder ajudar”, destaca. 

Sobre a importância de a Universidade oferecer assistência qualificada para a população, a professora Andrea Bandeira, coordenadora do PET e da Coordenadoria Ensino-Serviço na Saúde (DAA-Prograd), explica que “o trabalho em equipe e a prática colaborativa contribuem de forma efetiva para o melhor atendimento das necessidades da população, focando no cuidado e na segurança de pacientes. Para Clarissa Rodrigues, aluna do curso de Enfermagem que participará como vacinadora voluntária na imunização, esse é um momento histórico muito feliz: 

Acredito que é extremamente engrandecedor para a formação profissional estar presente e atuando nesse ato tão simples e ao mesmo tempo tão cheio de significado e esperança, que é vacinar. É o reflexo do trabalho árduo da ciência em prol da vida.

A PUCRS é uma das únicas universidades com um campus da saúde completo e estrutura de ensino, pesquisa, assistência e inovação integrados, com diferentes opções de cursos de graduação e pós-graduação. Saiba como estudar na PUCRS! 

Desde o início da pandemia os/as estudantes vêm produzindo materiais informativos com o acompanhamento de docentes. Os conteúdos são divulgados em serviços de saúde e também nas redes sociais. 

Leia também: Covid-19: HSL vacinou hoje a milésima profissional da saúde 

Covid-19: HSL vacinou hoje o milésimo profissional da saúde

Foto: Reprodução/HSL

Na tarde desta sexta-feira, 29 de janeiro, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) atingiu a importante marca de mil profissionais que já receberam a primeira dose da CoronaVac, vacina desenvolvida pela Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, e da qual a instituição participou dos testes clínicos. Além da imunização gradual das equipes que atuam na linha de frente do combate à pandemia, os voluntários e as voluntárias que receberam a dose placebo do estudo também já foram imunizados, obedecendo o distanciamento social e evitando aglomerações. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no dia 17 de janeiro o uso emergencial da CoronaVac e, desde então, os grupos prioritários previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação têm sido chamados em etapas para a aplicação da vacina. 

Para Isabelita da Silva Gouveia, que foi a milésima pessoa a ser vacinada no HSL, fazer parte dessa iniciativa que impacta toda a sociedade é muito significativo. A gente estava esperando há tanto tempo por esse momento, passando por tantas coisas, o medo. Isso mexe muito com a nossa área. Esse momento foi muito esperado e está sendo muito abençoado hoje”, conta com emoção a técnica de enfermagem do HSL. 

Covid-19: HSL vacinou hoje o milésimo profissional da saúde

Isabelita da Silva Gouveia, técnica de enfermagem do HSL / Foto: Reprodução/HSL

“Na primeira fase, estão os trabalhadores da Saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência, população indígena e comunidades tradicionais ribeirinhas. Em um segundo momento, entram pessoas de 60 a 74 anos”, explica a medida divulgada. 

Em Porto Alegre, a pesquisa foi coordenada pelo médico Fabiano Ramos, chefe do serviço de Infectologia do HSL. Ele também conduz e assessora a elaboração de protocolos de prevenção, segurança e tratamento contra a Covid-19. Conheça melhor o seu trabalho na matéria completa da Revista PUCRS (páginas 40 e 41) e confira a homenagem feita pela PUCRS.

Escola de Medicina e HSL se unem para esclarecer temas relacionados à Covid-19A pandemia de Covid-19 tem levado a números trágicos de mortalidade em diversos países, incluindo o Brasil. Além da dificuldade natural no enfrentamento de um agente com rápida disseminação e elevada mortalidade em populações de risco, outro fator tem dificultado o combate à Covid-19: a desconsideração aos princípios da ciência e da medicina baseada em evidências científicas.  

Nesse contexto, no papel de educadores, pesquisadores e profissionais da Saúde de uma Universidade Comunitária e Marista, a Escola de Medicina e o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) firmaram um posicionamento com a intenção de subsidiar tecnicamente as ações do poder público municipal acerca dessas temáticas, além de se colocar à disposição para diálogos e contribuições de toda ordem à sociedade. Confira o texto na íntegra:  

Sobre a vacinação e a eficácia das vacinas:  

  1. As vacinas têm sido, ao longo da história, a intervenção de maior sucesso contra as doenças infecciosas virais. 
  2. Algumas doenças foram erradicadas em alguns países (ex. Varíola, Poliomielite) e muitas tiveram seus efeitos minimizados (ex. Hepatite B, Varicela, Sarampo, Caxumba, Rubéola) pelo desenvolvimento e utilização das vacinas. 
  3. É frequente que algumas vacinas não consigam ter uma eficácia de 100% ou eliminar completamente a doença alvo. Porém, o efeito de reduzir a gravidade e a mortalidade pode ser o resultado mais o relevante para minimizar as consequências da Covid-19. 
  4. As vacinas que estão começando a ser utilizadas no Plano Nacional de Imunizações (Oxford AZ e CoronaVac) já passaram em estudos de Fase I-II e III e deveriam ser utilizadas por todos que puderem recebê-las. 
  5. As vacinas são, portanto, seguras e podem provocar um benefício individual (proteção contra as formas graves) e coletivo (redução da circulação do vírus). 

Sobre os medicamentos de tratamento precoce:  

  1. Não há uma intervenção, medicação ou kit precoce, neste momento, que tenha comprovada eficácia ou seja recomendado a todos os pacientes com Covid-19
  2. As medicações ou intervenções recomendadas atualmente no manejo da Covid-19 sempre consideram os fatores de risco e os sinais de gravidade de cada caso. Dessa forma, o paciente deve ser avaliado por um médico que possa analisar e fazer as recomendações adequadas para o caso específico. 
  3. Dessa forma, não é recomendado o uso de medicações preventivas ou “kits de uso precoce” para grandes grupos populacionais. Reiteramos nosso total interesse em continuar contribuindo com o Executivo Municipal nessa e em outras demandas que envolvam temas da Saúde Pública. 

Assinam o documento o decano da Escola de Medicina e representante dos membros do Colegiado da Escola, professor Leonardo Araujo Pinto, e o chefe do setor de Infectologia do HSL, Fabiano Ramos. Acesse neste link o documento na íntegra.  

Estudo da PUCRS analisa por que alguns pacientes desenvolvem sintomas mais graves de Covid-19

Foto: Unsplash

Apesar de serem delimitados grupos de risco para a Covid-19, pessoas que não fazem parte de nenhum deles podem precisar de internação por agravamento da doença, assim como alguns pacientes de grupo de risco podem apresentar apenas sintomas leves. Motivados por compreender o porquê disso, o Laboratório de Biologia Celular e Tecidual da PUCRS, em parceria com pesquisadores da UFCSPA e da UNIVATES, encontrou uma possível resposta nos níveis de angiotensina II no sangue. A angiotensina (tanto a I quanto a II) é um polipeptídio, ou seja, um conjunto de aminoácidos, responsável, dentre outras funções, por regular a pressão arterial, como explica Léder Leal Xavier, professor de Fisiologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e um dos responsáveis pelo estudo.  

O pesquisador acrescenta que a entrada do vírus da Covid-19 nas células humanas ocorre através de uma enzima que fica na membrana dessas células, chamada enzima conversora de angiotensina II (ECA2), encontrada, principalmente, no pulmão, ela é, portanto, a “ponte” para que o vírus entre no organismo. A angiotensina II, por sua vez, remove a ECA2 da membrana das células e, sem essa “porta de entrada”, diminui a quantidade de vírus que consegue, efetivamente, entrar no corpo. Na hipótese criada pelo grupo de pesquisa, pacientes que conseguem aumentar os níveis de angiotensina II durante a Covid-19, têm uma carga viral menor e ativam o sistema imune de uma forma adequada, tendo, consequentemente, melhor prognóstico. Entretanto, algumas pessoas não conseguem produzir um aumento nos níveis de angiotensina II, com isso, recebem uma carga viral elevada, e, por não ativar o sistema imune adequadamente no início da doença, podem ter sintomas mais graves. 

O estudo, que faz parte da tese de doutorado da aluna Paula Neves, do Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular da PUCRS (PPGBCM), pode auxiliar no entendimento e possíveis tratamentos da COVID-19 e também de outras infecções por outros vírus que venham a ser descobertos e usem a ECA2 como modo de entrada no corpo humano. “É importante conhecermos a biologia básica das doenças para que depois possamos agir”, complementa Léder. 

A pós-doutoranda do PPGBCM, Andrea Wieck Ricachenevsky, por sua vez, comenta sobre a importância de unir cientistas de diferentes instituições de ensino em prol da ciência: “esses pesquisadores têm formações e especialidades distintas. Além disso, oferecem diferentes pontos de vista sobre o tema, proporcionando a multidisciplinariedade, o que é muito importante em um estudo”. 

Os pesquisadores, por fim, afirmam que o estudo é composto de teorias fisiológicas e bioquímicas sobre as respostas do corpo humano à Covid-19 e outras infecções virais e pode servir de base para estudos futuros em busca de tratamentos que atenuem os efeitos dessas doenças, mas salientam que medidas básicas como distanciamento social, uso de máscaras, vacinação e consulta ao médico em qualquer suspeita de Covid-19 são prioridades. Além disso, até o momento, o estudo não altera de forma alguma o tratamento clínico dos pacientes, visto que, por enquanto, não há um remédio “universal” para tratamento da Covid-19, e sim, diversos tratamentos para os sintomas, a serem definidos por um médico. 

O artigo completo, publicado no periódico internacional Frontiers of Immunology, pode ser conferido aqui. 

Estudos buscam entender impacto da pandemia no estresse e o sono

Foto: Shutterstock

Os impactos da pandemia na saúde não são restritos aos contaminados pela Covid-19. O isolamento social e o medo de perder alguém para o vírus são agravados pelas incertezas relacionadas à renda e, também, pelo desemprego.

Por isso, diversas pesquisas estão sendo realizadas para avaliar os impactos da pandemia na saúde pública. Uma delas é a denominada Estresse, trauma e percepção de risco durante e após a pandemia, coordenada pelo pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), Rodrigo Grassi de Oliveira. O estudo contou com 17 mil pessoas, as quais responderam questionários anônimos que visam mapear e monitorar a população brasileira durante e após a pandemia de Covid-19. Para participar da pesquisa, clique aqui.

A insônia subjetiva é um problema frequente: cerca de 20% a 40% das pessoas se queixa de falta de sono ou dorme mal. Esse mal foi agravado durante a pandemia. Por esse motivo, o programa de Pós-Graduação em Pediatria e Saúde da Criança, da Escola de Medicina Como está o seu sono nessa quarentena?. Apesar de já ter resultados preliminares, o estudo continuará até o final do período de quarentena. As informações foram coletadas a partir da sétima semana de quarentena, com enfoque no Rio Grande do Sul e demostram uma piora na qualidade do sono em crianças de 0 a 3 anos.

Para conhecer melhor as pesquisas e verificar demais resultados preliminares, leia a matéria completa na Revista PUCRS (páginas 42 e 43).

Homenagem ao Dr Fabiano Ramos, HSL, Reitoria

À frente do serviço de Infectologia do HSL, médico Fabiano Ramos coordenou na instituição a pesquisa clínica da vacina Coronavac / Foto: Bruno Todeschini

Nesta quinta-feira, 21 de janeiro, a Reitoria da PUCRS, a Diretoria do Hospital São Lucas (HSL), a Superintendência dos Colégios e Unidades Sociais e a Presidência da Rede Marista prestaram uma homenagem especial ao médico Fabiano Ramos. À frente do serviço de Infectologia do HSL, ele coordenou na instituição a pesquisa clínica da vacina Coronavac, produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Ao longo de cinco meses, 1.335 voluntários participaram dos testes do imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para uso emergencial.

No Salão Nobre, o reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, saudou o médico que, além de hoje ser um profissional essencial no trabalho da instituição, é Alumni PUCRS e foi o primeiro residente em Infectologia do HSL. “Além da excelência e profissionalismo na condução do estudo, o reconhecimento para o Fabiano é também pela disponibilidade e clareza com as quais há meses vem compartilhando conhecimento com as pessoas, com a imprensa de todo o País, com a sociedade. Obrigado pelo trabalho cuidadoso, interdisciplinar, dedicado, que sem dúvidas é fonte de inspiração para todos os profissionais que estão na linha de frente contra a Covid-19 em nosso hospital e que nos orgulha por gerar impactos urgentemente necessários neste momento histórico que estamos vivenciando”, destacou.

Leandro Firme, diretor-geral do HSL, agradeceu a coragem e a determinação do chefe do serviço de infectologia do hospital. “Ao Dr. Fabiano e toda equipe que conduziu a pesquisa clínica dentro do HSL, nossa gratidão imensa também pela disposição em ajudar as pessoas. Estamos felizes em poder contemplar um estudo de tamanha relevância em nossa instituição e enalteço a figura do Dr. Fabiano, a sua liderança exímia, incansável, dia e noite, em dias da semana e fim de semana, para que, neste momento, a gente pudesse ter uma vacina com resultados eficazes para todos nós”, ressaltou.

Homenagem ao Dr Fabiano Ramos, HSL, Reitoria

Alumni PUCRS, Fabiano Ramos foi o primeiro residente em infectologia do HSL / Foto: Bruno Todeschini

Junto a outros 15 centros do País, a participação do HSL foi fundamental para a aprovação e início da vacinação em todo o território nacional. A vacina, totalmente segura, comprovou ser eficiente em 100% dos casos graves que podem levar à internação ou morte.

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Apoio incondicional para a presença cuidadosa e responsável

Fabiano, ao receber a homenagem, elogiou e agradeceu a dedicação e esforço de toda a equipe. “Estou muito feliz em ser reconhecido pela instituição em que me formei, que hoje trabalho e que me deu todas as condições para desenvolver esse estudo com toda a nossa equipe responsável pelo desenvolvimento da vacina. Essa vacina que está sendo distribuída para todo o Brasil. Temos orgulho de participar desse desenvolvimento, sabemos das dificuldades, mas é um reconhecimento do esforço não só meu e sim de toda a nossa equipe e da instituição”, afirmou.

O vice-reitor da Universidade, Ir. Manuir Mentges, também participou do ato de homenagem pelo trabalho de liderança e condução dos testes clínicos. Por meio de uma carta, o presidente da Rede Marista, Ir. Inacio Etges, agradeceu em nome de toda a instituição. “Sua determinação em liderar os estudos da Coronavac em nosso Hospital demonstra que sempre precisamos agir com audácia e olhar inovador frente aos desafios que o mundo nos apresenta. A presença significativa, o amor ao trabalho e o espírito de família são mais alguns valores que visualizamos nitidamente na sua atuação junto às equipes de saúde e pesquisa do HSL”, escreveu.

Homenagem ao Dr Fabiano Ramos, HSL, Reitoria

Homenagem foi concedida no Salão Nobre da Reitoria, com a presença do vice-reitor da PUCRS, Ir. Manuir Mentges, do reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e do diretor-geral do HSL, Leandro Firme / Foto: Bruno Todeschini

O Superintendente dos Colégios e Unidades Sociais da Rede Marista, Rogério Anele, manifestou sua gratidão e reconhecimento em nome dos mais de três mil educadores e 22 mil estudantes e educandos. Destacou o apoio incondicional de Fabiano para a implementação de protocolos e cuidados que impactaram diretamente os territórios em que a Rede está presente, em 24 cidades no Rio Grande do Sul, no Distrito Federal e nos seguintes estados da Região Amazônica: Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Roraima.

A serviço da vida

Fabiano foi o primeiro residente em infectologia do HSL, em 2004 e, além do combate à Covid-19, atuou anteriormente frente à epidemia de dengue. Em entrevista à Revista da PUCRS, ele contou que se interessou por essa área da Medicina quando ainda estava na faculdade e participou do projeto Aderência Total, que prezava pela interdisciplinaridade e era realizado com pacientes portadores de HIV. O trabalho fascinou o então estudante que hoje inspira profissionais com sua liderança e resiliência e acredita que a infectologia deve integrar diferentes áreas médicas.

Para conhecer mais sobre a trajetória de Ramos, leia a matéria completa na Revista PUCRS (páginas 40 e 41).

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Profissionais da linha de frente contra a Covid-19 começaram a ser vacinados nesta quarta-feira no Hospital São Lucas da PUCRS / Foto: Matheus Wecki

Chegaram ao Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) nesta quarta-feira, 20 de janeiro, as doses destinadas à vacinação contra o coronavírus. A vacina Coronavac, produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan – e aprovada no último domingo para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) –, começou a ser ministrada às 11h30 no HSL. Cinco colaboradores do grupo prioritário participaram da primeira fase da imunização: profissionais da linha de frente contra a Covid-19, que atuam nas unidades de internação, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Emergência. Os demais funcionários serão chamados para o processo gradativamente, evitando aglomerações.   

Para o diretor-geral do HSL, Leandro Firme, este é um marco para toda a instituição. “É uma mistura de satisfação, gratidão e esperança. Uma alegria poder iniciar o processo de imunização dos nossos colaboradores e médicos que estão há mais de dez meses incansavelmente na linha de frente prestando assistência a tantas pessoas que foram acometidas pelo coronavírus”. Ele ressaltou que o Centro de Pesquisa se consolidou como pioneiro de um dos estudos mais importantes para a humanidade até o momento. “Isso trouxe uma resposta de saúde efetiva para salvar tantas vidas”.  

O início de tempos melhores 

A diretora assistencial do HSL, Simone Ventura, considera este um dia único e repleto de esperança. “Passamos por tempos difíceis e é realmente um gesto importante e muito emocionante. É o início de tempos melhores”. O técnico de enfermagem João Carlos Marques foi um dos primeiros colaboradores da instituição a receberem o imunizante no final desta manhã. “É uma sensação de muita emoção, expectativa, ansiedade. Esperamos que logo todos sejam vacinados para encontrarmos amigos e familiares. Que possamos viver felizes como antes”. Também vacinada, a médica intensivista Alessandra Dorsh não conteve a emoção: “Nós passamos tantos meses intermináveis de angústia e essa vacina traz uma sensação de esperança de tempos melhores. Foi difícil segurar a emoção, pois é um momento muito marcante”.  

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Participantes que receberam a dose placebo do estudo da Coronavac também começaram a receber a vacina / Foto: Matheus Wecki

Participantes do estudo com dose placebo também começam a ser imunizados   

Após a aprovação pelo Instituto Butantan também nesta manhã, os participantes que receberam a dose placebo do estudo da Coronavac também começaram a receber a vacina, garantindo a imunização. O processo de chamada será realizado com a manutenção do distanciamento social e é parte integrante dos testes que reuniram 1.335 voluntários ao longo de cinco meses.  

Fabiano Ramos, chefe do serviço de infectologia do hospital e condutor da pesquisa, afirma estar muito feliz em ver o resultado do trabalho e o esforço de meses desempenhado pelo Hospital São Lucas da PUCRS, em especial com a equipe que está conduzindo o estudo no desenvolvimento desta vacina. “Ver o produto desse estudo chegando à população e, principalmente aos profissionais que estão na linha de frente, é uma grande vitória”.    

HSL foi pioneiro no Estado para os testes de eficácia do imunizante junto a 15 centros pelo país, fundamentais para a aprovação e início da vacinação em todo o território nacional. A vacina, totalmente segura, comprovou ser eficiente em 100% dos casos graves que podem levar à internação ou morte. 

Alguns funcionários seguiram atuando nos bastidores do Campus durante a pandemia

Foto: Camila Cunha

Mesmo com as aulas realizadas na modalidade online ao longo de 2020, muitos funcionários da PUCRS seguiram trabalhando presencialmente, entregando serviços de qualidade, seja no combate à Covid-19 ou prestando serviços ao Campus. Dentre eles estão bibliotecários, pesquisadores, recepcionistas, laboratoristas, higienistas e jardineiros.

Para conhecer o trabalho desses profissionais durante a quarentena, leia a matéria completa na Revista PUCRS (páginas 46 e 47).

Plataforma simula movimento populacional durante a pandemia

LODUS / Foto: Reprodução

Considerando a dinâmica habitual de deslocamentos de pessoas na cidade, inclusive de indivíduos contaminados pela Covid-19, um grupo de estudantes da PUCRS desenvolveu uma plataforma que permite simular a movimentação da população de Porto Alegre. Chamada de LODUS, a tecnologia foi concebida para ser uma ferramenta que auxilie na tomada de decisões na área da mobilidade urbana. A iniciativa conta com a coordenação da professora Soraia Musse, da Escola Politécnica da PUCRS, e o envolvimento dos alunos de Ciência da Computação André Antonitsch (mestrado), Amyr Borges (pós-doutorado), Diogo Schaffer (graduação), Douglas Schlatter (graduação), Gabriel Fonseca (mestrado) e Vinicius Cassol (pós-doutorado).

O projeto para criação da plataforma obteve recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Essa solução é uma das primeiras entre as ações que envolvem o novo Centro de Pesquisa, Ensino e Inovação em Ciência de Dados e Inteligência Artificial da PUCRS que terá também, a partir de 2021, o primeiro curso de bacharelado em Ciência de Dados e Inteligência Artificial (IA) da região Sul do País.

Para realizar projeções a ferramenta dispõe de dados gerados pela empresa In Loco, que possui um sistema de geolocalização; além de informações da Prefeitura de Porto Alegre e do Censo Demográfico do Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A nossa tecnologia apresenta visualmente gráficos, entre eles, um mapa 3D da cidade em que se consegue simular os deslocamentos entre os bairros a partir das movimentações das pessoas via o GPS dos seus celulares. Também pode projetar situações de lockdown, eventos na cidade, estimativas de contágio e alguns dados comportamentais da população”, explica Soraia.

Simulando torcedores da dupla Gre-Nal nos estádios

A plataforma simulou diferentes cenários analisando a presença de torcedores da dupla Gre-Nal nos estádios, caso estivessem sendo frequentados durante a pandemia. Considerando as capacidades da Arena do Grêmio e do Beira Rio e os bairros em que estão localizados, a tecnologia projetou um maior número de contágios em 150 dias (aproximadamente 5 meses) após a realização de uma partida.

Com variações de ocupação dos estádios entre 20% e 80% das capacidades, o simulador analisou exemplos de baixas chances de contato com pessoas distantes, com máscaras e mais cuidadosas e altas chances de contágio, com torcedores sem máscara e se abraçando. Para realizar um parâmetro de porcentagens de contaminações, uma linha base que indica a realidade de infecções em Porto Alegre foi utilizada. Confira os resultados:

ARENA DO GRÊMIO

Ocupação do estádio 20% 80%
 

Alta chance de contágio

 

54 mil pessoas

(100% a mais da linha base)

 

60 mil pessoas

(122% mais da linha base)

 

 

Baixa chance de contágio

 

30 mil pessoas

(11% a mais da linha base)

 

37 mil pessoas

(37% a mais da linha base)

BEIRA RIO

Ocupação do estádio 20% 80%
 

Alta chance de contágio

 

58 mil pessoas

(114% a mais da linha base)

 

61 mil pessoas

(125% a mais da linha base)

 

Baixa chance de contágio 33 mil pessoas

(22% a mais da linha base)

41 mil pessoas

(51% a mais da linha base)

Nos casos simulados, o aumento de pessoas contagiadas, conforme descrito, é avaliado aproximadamente cinco meses depois da realização da partida. Após o dia do jogo, as pessoas que estavam no estádio e se contagiaram, retornam para suas casas e passam a infectar outras que, por sua vez, contagiam outras e assim sucessivamente. “No caso das partidas de Grêmio e Inter, é interessante ver que o jogo no Beira Rio acabou contagiando mais pessoas após 150 dias. Existem algumas possibilidades para isso ter acontecido. Primeiramente, uma diferença na localização dos bairros dos estádios em Porto Alegre. Em segundo lugar, existe uma aleatoriedade na movimentação das pessoas na cidade, uma vez que não conhecemos as origens e destinos dos cidadãos em Porto Alegre. Essas duas questões variam as chances de contágio”, analisa a professora da PUCRS.

A plataforma também mostra a estimativa com maiores e menores chances de contágio e como a movimentação das pessoas na cidade impacta no contágio. Durante a simulação não houve qualquer restrição à movimentação das pessoas, mesmo as que supostamente testaram positivo para a Covid-19. Soraia explica que os resultados de simuladores são dificilmente avaliados como a realidade, pois não se tem detalhes da exata movimentação das pessoas, individualmente, bem como todos os detalhes que envolvem as chances de contágio existentes no dia a dia delas. “O importante das simulações é desenhar cenários e avaliar possíveis impactos, para que pessoas responsáveis possam tomar decisões”, ressalva.

Possibilidades de outros tipos de projeções

O simulador será um legado para a capital gaúcha, pois pode reproduzir diversas projeções de concentração de pessoas, indicando as rotinas padrões de Porto Alegre. “A ferramenta LODUS é adaptável, ou seja, pode ser utilizada para várias situações críticas a serem analisadas”, aponta a professora da PUCRS.

Ainda segundo Soraia, a plataforma pode ser customizada também para outras cidades. “Será possível simular um novo tipo de catástrofe, projetar a abertura ou fechamento de avenidas em determinados horários, as ocupações nas linhas ônibus, entre outras possibilidades que envolvem a mobilidade urbana”, conclui.

Confira a demonstração em vídeo de como funciona a plataforma:

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