Provavelmente você já ouviu falar em consumo consciente ou sustentável – mas você realmente sabe o que isso significa e por que é importante colocá-lo em prática? Desde 1970, há um índice que mede o Dia de Sobrecarga da Terra, data em que todos os recursos naturais que o planeta pode renovar durante todo o ano se esgota. Em 2019, isso aconteceu no dia 29 de julho – mais cedo que em todo o histórico do índice. Neste ano, segundo a Global Footprint Network, organização internacional que calcula a pegada ecológica, contabilizando quanto de recurso natural é usado para as necessidades de um indivíduo ou população, será em 22 de agosto.
Apesar de em 2020 entrarmos em défice ecológico quase um mês mais tarde que no ano passado (há 15 anos essa data não chegava tão “tarde”), não há motivos para comemorar: certamente isso se deve à crise gerada pelo coronavírus, que acabou impactando nos hábitos das pessoas em todo o mundo. Porém, existem formas de manter e de melhorar a marca do Dia da Sobrecarga. Uma delas é justamente praticar o consumo de uma forma consciente.
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Segundo a professora da Escola de Negócios Maira Petrini, o conceito de consciência para consumo sustentável é definido como um estado de preocupação em consumir de maneira a melhorar a qualidade de vida a longo prazo. “Estamos falando de um movimento social global que se baseia no aumento da conscientização sobre o impacto das decisões de compra no meio ambiente, na saúde e na vida dos consumidores em geral”, explica. A docente coordena o Grupo de Pesquisa sobre Sustentabilidade e Negócios com Impacto Social, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Administração.
Maira destaca que, consumindo dessa forma, problemas como o desperdício, a poluição e a desigualdade social se agravam. “Nesse contexto, o consumo e produção sustentáveis tratam de dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental, aumentando a eficiência dos recursos e promovendo estilos de vida sustentáveis”, pontua.
Apesar de parecer um conceito complexo e distante da realidade, a professora reforça que essa mudança está em nossas mãos. Para isso, adaptar pequenos hábitos, todos os dias, é o caminho para nos tornarmos consumidores conscientes, contribuindo para uma grande mudança.
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Para inspirar quem deseja começar a praticar o consumo consciente, a professora Maira dá algumas dicas:
1. Preste atenção no que você compra: consumir produtos orgânicos é bom para o meio ambiente e para a saúde. Comece substituindo os hortifrútis convencionais por orgânicos. Uma vez por semana, experimente substituir a carne por alimentos com alto teor de proteínas, como feijão, grão de bico, soja, tofu, quinoa, aveia. Com isso, mantém sua ingestão nutricional de proteína e reduz sua pegada de carbono, uma vez que a pecuária tem um forte impacto na produção de gases efeito estufa, além de demandar uma grande quantidade de água para a criação de animais.
2. Observe de quem você compra: privilegie o produtor e as marcas da sua localidade, promovendo o desenvolvimento da economia local e apoiando pequenas empresas. Você reduzirá as emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas ao transporte de mercadorias e embalagens e aumentará o senso de comunidade.
3. Prefira empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável: que medidas a empresa toma para, por exemplo, reduzir o impacto ambiental de suas operações ou desenvolver a comunidade local? Qual a origem dos produtos? Algumas empresas já são reconhecidas pela alta incidência de trabalho infantil e escravo. Há muita informação disponível: com uma pesquisa rápida na internet, é possível descobrir marcas e empresas éticas. A partir do momento que as empresas com propósito passarem a vender mais, as outras seguirão.
4. Fuja do plástico de uso único: leve sua caneca reutilizável com você em vez de usar copos de plástico ou papel para café e água. Outra ação simples é levar sempre sacolas reutilizáveis quando for fazer compras. Assim, você ajuda a reduzir a quantidade sacos plásticos no lixo e nos oceanos. Reciclar a enorme quantidade de resíduos que produzimos é um grande desafio. Mundialmente, somente 7% do lixo plástico é reciclado. Portanto, a melhor solução é tentar não produzi-lo.
5. Compre menos: comece repensando se você realmente precisa de algo ou apenas deseja os produtos que consome. Compras impulsivas nos fazem ter muitas coisas que mal usamos. Mas, se você realmente precisa desse item, opte por comprar produtos de qualidade que durem mais, não quebram com facilidade e reduzem a produção de resíduos.
E volte à primeira dica.