Pelos próximos quatro anos Augusto Buchweitz, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), integrará a equipe da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE). A nomeação, que aconteceu no dia 11 de julho, ao lado de sete novos conselheiros que integrarão a equipe já existente, é um reconhecimento ao trabalho de anos com pesquisas no âmbito das neurociências, da alfabetização e da aprendizagem.
Com a missão de assessorar o Ministério da Educação, o CNE é responsável por formular e avaliar a Política Nacional de Educação, zelando pela qualidade do ensino no País. “Pretendo contribuir com a (Neuro) Ciência da Leitura e levar uma abordagem científica para as propostas, especialmente na alfabetização e aprendizagem dos anos iniciais”, conta Buchweitz.
Uma das principais propostas do pesquisador é que crianças tenham acesso ao ensino das relações entre letras e sons desde a idade pré-escolar, a denominada instrução fônica, prevista na Política Nacional de Alfabetização. “Há comprovações científicas de que essa é a melhor maneira – mais eficaz e mais efetiva – de se alfabetizar”, afirma.
A neurociência também contribui para a evolução da discussão sobre o processo da leitura. Estudos recentes mostram que a ativação do cérebro para linguagem oral (dos sons) e para a leitura são mais semelhantes naquelas pessoas que leem bem. Ou seja, se mesclam no cérebro a linguagem oral e a escrita (letras e sons). “A instrução fônica e o ensino de habilidades fundamentais, juntos, aumentam em muito a probabilidade de um resultado melhor na alfabetização. Existem evidências científicas sobre isso desde a década de 60”.
Além disso, o pesquisador explica que a aprendizagem da leitura não é um processo natural. “Ela depende de adaptações das nossas redes neurais e não se dá por adivinhação ou hipóteses. O que se defende é a instrução clara de um conjunto de habilidades e conhecimentos fundamentais e das relações entre letras e sons. E esse ensino pode e deve ser lúdico”.
Augusto Buchweitz também é membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia, Medicina e Letras da PUCRS, além de atuar como pesquisador no InsCer e professor na Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. No InsCer, criou e coordena o ambulatório de aprendizagem do projeto de Avaliação de Crianças em Risco de Transtornos de Aprendizagem (Acerta), que, desde 2013, já avaliou mais de 800 crianças.
Coordenou o projeto Vida e Violência na Adolescência (Viva), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Universidade Autônoma de Honduras, onde, pela primeira vez, se estudou os efeitos da violência na cognição e no funcionamento do cérebro de adolescentes. É também pesquisador afiliado do Haskins Laboratories, Universidade Yale e do Haskins Global Literacy Hub.
O CNE tem por missão a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade. Mais informações sobre o conselho aqui.