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Foto: Camila Cunha

No início do mês de maio, atividades do Instituto de Cultura em parceria com o FestiPoa Literária se propuseram a refletir sobre a literatura e analisar o lugar da arte na sociedade – tanto para os autores quanto para os públicos. No Encontro com Conceição Evaristo e Regina Dalcastagnè, as escritoras apresentaram textos sobre pensamentos acerca da literatura e da representatividade. O encerramento do evento contou com apresentação do rapper angolano Kanhanga, que mantém o canal SportRap no YouTube. Já o poeta Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte) fez um périplo poético, lendo poemas e conversando com os participantes do evento. Confira os momentos mais marcantes dos eventos a seguir.

“A literatura é uma arma de empoderamento”

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Foto: Camila Cunha

Para a professora da Universidade de Brasília Regina Dalcastagnè, o momento exige uma análise social e política da literatura ainda mais urgentemente. “A literatura reflete sobre o nosso lugar no mundo, e o do outro. Permite pensar junto”, defende. Ela destaca que o meio acadêmico não pode deixar de refletir sobre as desigualdades da área. “Ser indiferente não me parece uma opção hoje”, afirma. Regina enxerga a literatura como um meio de reflexão e como uma arma de empoderamento, dependendo de como é utilizada. “Cabe ao universo acadêmico definir o que será feito. A discussão precisa estar em programas de pós, também – ou vamos apenas aguardar e ver no que dá”, desafia, fazendo uma analogia com fotos antigas que ficavam borradas, por levarem muito tempo para serem tiradas. “Respirar gera movimento. Este, para mim, é o mais corajoso gesto de resistência.”

“Se escrever é um ato político, ler é um ato político”

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Foto: Camila Cunha

Conceição Evaristo conciliou os estudos com o trabalho de empregada doméstica. Mais tarde, passou num concurso público para magistério e estudou Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Recentemente, foi a grande homenageada da 11ª FestiPoa Literária e é preferida para ocupar a cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras, vaga desde a morte de Nelson Pereira dos Santos.

Mas, apesar do reconhecimento, Conceição ressalta que o campo da literatura ainda é extremamente homogêneo. “A entrada das mulheres na cena literária brasileira se dá apenas no modernismo. Para as mulheres negras, é muito mais tarde. A maioria continua desconhecida”, explica. Ela cita o caso de Carolina Maria de Jesus, escritora negra que publicou o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada na década de 60, mesmo período em que nomes como Clarice Lispector e Jorge Amado se destacaram. “Eles escreviam na mesma época, mas Carolina sofreu um apagamento. Além disso, por que estudiosos percebem que Clarice está falando de um drama humano mais profundo e não percebem o mesmo movimento em Carolina?”, questiona, relacionando a fome à qual Carolina se refere ao longo da obra com algo muito mais profundo.

Para a autora, o primeiro passo para transformar este cenário é uma mudança nos próprios hábitos de leitura da sociedade. “Se escrever é um ato político, ler é um ato político. A gente escolhe quem vai ler”, conclui.


Conflitos internos e de estilos

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Foto: Camila Cunha

Chacal fala com a voz, com o corpo e com o silêncio. No sétimo andar da Biblioteca Central, o poeta compartilhou com uma plateia cheia a trajetória de sua carreira, que teve início na década de 70. Mas a publicação de seu primeiro livro, Muito Prazer, caracterizou conflitos internos pelos quais passou muito antes. “Minha adolescência foi em meio à ditadura. Era uma época conflitante, pois queria uma coisa e encontrava outra nas ruas”, relembrou, durante o périplo poético. A abertura do evento ficou a cargo do poeta Diego Grando. Tímido, Chacal conta que lia com frequência e não conseguia expressar sentimentos. Daí o hábito de enxergar a literatura como catarse. Com influências como o Tropicalismo, Oswald de Andrade e Bob Dylan, ele carrega uma visão expandida da poesia, não se limitando apenas à escrita. Os minutos finais da apresentação foram dedicados à leitura performática de suas obras.

Com a promoção de palestras, encontros, minicursos e périplos poéticos, o Instituto de Cultura da PUCRS contribui para a meta de transformar a Universidade em um polo cultural. A programação do mês de maio está recheada de opções para quem se interessa pelo assunto. Confira um resumo da primeira semana a seguir.

Palestra – O Rumor da Vida: Sobre Escrita, Afetos e Revolução, com Regina Dalcastagnè

Palestra, Instituto de Cultura, Regina

No dia 2 de maio, às 17h, o Instituto de Cultura promove a palestra O Rumor da Vida: Sobre Escrita, Afetos e Revolução, ministrada pela professora da Universidade de Brasília Regina Dalcastagnè. Participantes que não têm o cartão PUCRS devem apresentar documento de identidade na recepção da Biblioteca para acesso ao local do evento. Mais informações estão disponíveis aqui.

Local: 7º andar da Biblioteca Central Irmão José Otão, prédio 16

Inscrições: Gratuitas e abertas ao público, podem ser realizadas através deste link. Vagas limitadas.

 

Em Obras – Palestras Performáticas, com Paloma Vidal, Elisa Pessoa e Veronica Stigger

Palestra, Instituto de Cultura

Também em 2 de maio, às 19h30min, Paloma Vidal, Elisa Pessoa e Veronica Stigger ministram o evento Em Obras – Palestras Performáticas. Trabalhando em torno de pesquisas pessoais, cada uma apresenta ao público uma obra na qual vida, arte, biografia e ficção se entrelaçam. Participantes que não têm o cartão PUCRS devem apresentar documento de identidade na recepção da Biblioteca para acesso ao local do evento. Mais informações estão disponíveis aqui.

Local: 7º andar da Biblioteca Central Irmão José Otão, prédio 16

Inscrições: Gratuitas e abertas ao público, podem ser realizadas através deste link. Vagas limitadas.

 

Encontro com Conceição Evaristo e Regina Dalcastagnè

Palestra, Instituto de Cultura

Às 14h do dia 3 de maio, ocorre um Encontro com Conceição Evaristo e Regina Dalcastagnè. As escritoras apresentam textos sobre pensamentos acerca da literatura. Em seguida, será aberto um espaço para perguntas e conversa com o público. Mais informações estão disponíveis aqui.

Local: Auditório do prédio 9

Inscrições: Gratuitas e abertas ao público, podem ser realizadas através deste link. Vagas limitadas.

 

Minicurso Palavra e Imagem na Literatura Contemporânea, com o professor Kelvin Falcão Klein

Palestra, Instituto de Cultura, Minicurso

O minicurso Palavra e Imagem na Literatura Contemporânea ocorre no dia 4 de maio, às 10h. Ministrado pelo professor Kelvin Falcão Klein, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, o objetivo principal da atividade é refletir acerca das relações entre palavra e imagem dentro de um recorte específico da literatura contemporânea, definido pelas obras de três escritores: o alemão W. G. Sebald, o estadunidense Ben Lerner e o brasileiro Silviano Santiago. O evento, que busca um modo crítico de exposição em um contexto mais amplo de questionamento dos protocolos que regulam a história da literatura e da crítica, é dividido em quatro módulos:

1 – Breve histórico da relação entre palavra e imagem na literatura do século 20;

2 – Contextualização da obra de W. G. Sebald e exposição de seus procedimentos;

3 – Apresentação de Ben Lerner e seus dois romances, Estação Atocha e 10:04;

4 – A obra recente de Silviano Santiago, Machado, e sua absorção do paradigma sebaldiano.

Participantes que não têm o cartão PUCRS devem apresentar documento de identidade na recepção da Biblioteca Central para acesso ao local do evento. Mais informações estão disponíveis aqui.

Local: Sétimo andar da Biblioteca Central Irmão José Otão, prédio 16

Inscrições: Gratuitas e abertas ao público, podem ser realizadas através deste link. Vagas limitadas.

 

Périplo Poético (poesia escrita, falada e calada), com o poeta Chacal

Palestra, Instituto de Cultura

Em parceria com o FestiPoa Literária, o Instituto de Cultura promove o evento Périplo Poético (poesia escrita, falada e calada) no dia 4 de maio, às 17h. Com a mediação de Diego Grando, o poeta Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte) fala sobre seu périplo poético, fazendo a leitura de poemas e conversando com os participantes do evento. Participantes que não têm o cartão PUCRS devem apresentar documento de identidade na recepção da Biblioteca Central para acesso ao local do evento. Mais informações estão disponíveis aqui.

Local: Sétimo andar da Biblioteca Central Irmão José Otão, prédio 16

Inscrições: Gratuitas e abertas ao público, podem ser realizadas através deste link. Vagas limitadas.