Biblioteca da PUCRS e Editora Cengage liberam e-books para comunidade acadêmica - Alunos de Graduação e Pós, professores e técnicos administrativos podem acessar os livros digitais até 31 de agosto

Foto: Emmanuel Phaeton/Unsplash

Concedido pela Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti é considerado um dos mais tradicionais voltados à literatura no Brasil. Em 2021, a PUCRS tem a honra de anunciar que Jeferson Tenório, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Letras, e os egressos do mesmo PPG Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado foram agraciados em três categorias: Romance de EntretenimentoRomance Literário e Livro Brasileiro Publicado no Exterior 

“O maior prêmio, para mim, é que o meu livro chegue a mais pessoas e que seja lido por elas. Fico extremamente contente em ver que as obras estão sendo utilizadas para iniciar jovens à leitura”, conta Jeferson Tenório, vencedor da categoria Romance Literário com a obra O Avesso da Pele. Nela, o doutorando conta a história de Pedro, um homem que se tornou órfão de pai em uma abordagem policial e que sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.  

Para além do Prêmio Jabuti 2021: como a PUCRS marcou essas trajetórias? 

Samir Machado de Machado, vencedor das categorias Romance de Entretenimento, com o livro Corpos Secos, Livro Brasileiro Publicado no Exterior, com a obra Tupinilândia, iniciou sua história na PUCRS durante a graduação, em 2000:  

“Quando percebi que tinha uma biblioteca como a Biblioteca Irmão José Otão à minha disposição, foi o momento em que, de fato, me tornei um leitor voraz, a caminho de me tornar um escritor – e não imagino que caminho eu teria seguido na vida se não fosse por isso”, relembra.  

Sua trajetória enquanto escritor se iniciou aproximadamente no mesmo período, quando participou da Oficina de Criação Literária do professor do curso de Escrita Criativa Luiz Antônio de Assis Brasil. Foi então que ele teve contato com outras pessoas que também possuíam interesse por Literatura. Com alguns deles, montou uma editora pela qual faziam a publicação dos seus trabalhos, o que ajudou a chamar a atenção de editoras maiores. Em 2021, ele concluiu o seu mestrado em Escrita Criativa pela PUCRS, o que fez com que ele se sentisse “mais seguro em relação a algumas questões teóricas que, antes, eu sentia falta ter como bagagem intelectual”, afirma.  

Já Tenório, além de mestre pela PUCRS, agora está realizando um doutorado em Teoria da Literatura na Universidade, o que considera fundamental para o desenvolvimento de sua escrita: 

“Eu estudo, agora, representações paternas em quatro obras luso-africanas. Compreender a forma como esses personagens são construídos foi fundamental para a criação do Henrique, personagem de O Avesso da Pele”, comenta Tenório.  

Conheça as obras 

Categoria Romance de Entretenimento  

Corpos Secos (editora Alfaguara) | Autores: Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso (doutora em Teoria da Literatura pela PUCRS), Samir Machado de Machado (mestre em Escrita Criativa pela PUCRS) e Luisa Geisler (egressa da Oficina de Criação Literária do professor Assis Brasil).  

Prêmio Jabuti 2021Na obra, uma doença fatal assola o Brasil e o transforma em uma terra pós-apocalíptica: sem governo, sem leis e sem esperanças. Os sobreviventes tentam cruzar o País em busca de um porto seguro. Samir conta que a obra foi escrita em 2018 e que é apenas uma coincidência o fato de ter sido publicada quando a pandemia se instaurou.  

Na história, não se sabe quem foi o primeiro infectado com essa doença, a única certeza é de que o início da epidemia ocorreu no Mato Grosso do Sul. Os doentes tornam-se “corpos secos”: espectros humanos que não possuem mais atividade cerebral, por mais que seus corpos sigam funcionando buscando sangue. Em seis meses, existem poucos sobreviventes, os quais seguirão rumo ao sul do país, buscando um último refúgio. É essa jornada que será narrada.  

Categoria Romance Literário 

O Avesso da Pele (editora Companhia das Letras) | Autor: Jeferson Tenório  

Prêmio Jabuti 2021Identidade, relações raciais, racismo, negritude e violência policial são alguns dos temas que fazem parte da trama dessa obra. Nela, é apresentada a história de Pedro, que perdeu o pai após uma desastrosa abordagem policial. Ele, então, sai em busca sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.  

A história se passa em Porto Alegre e, segundo o autor, a ideia é justamente mostrar a cidade de uma outra perspectiva. “Existe uma segregação muitas vezes não percebida. Policiais se posicionam em locais que são frequentados por pessoas de baixa renda, onde vemos mais negros, enquanto em lugares considerados mais ‘chiques’ isso não é comum”, explica o autor. 

Categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior 

Tupinilândia (editoras Editions Métailié e Todavia) | Autor: Samir Machado de Machado 

Prêmio Jabuti 2021No livro, Tupinilândia é o nome dado a um parque de diversões construído em segredo por um industrialista brasileiro na década de 1980, período marcado pela abertura política do Brasil. Ele celebraria o nacionalismo e a nova democracia que se instaurava. Entretanto, em um final de semana em que o parque realizava testes de suas operações, um grupo de militares invade o lugar e faz funcionários e visitantes de reféns.  

Duas décadas depois, um arqueólogo recebe autorização para mapear o local, que está prestes a ser alagado pela hidrelétrica de Belo Monte. Ao iniciar os trabalhos, ele descobre um segredo terrível que dará início a uma trama que perpassa a História recente do Brasil e a memória dos anos 1980. Segundo Samir, a sua vontade com Tupinilândia era “escrever uma história de cidade perdida, com todos os clichês naturais ao gênero, mas fazendo com que se curvassem diante da realidade cultural brasileira”. 

35 anos da Oficina de Criação Literária: inscreva-se para a turma de 2021

Foto: Pexels

A mais antiga oficina de Criação Literária do País está completando 35 anos em 2020, em funcionamento ininterrupto desde a sua fundação. As aulas são ministradas por Luiz Antonio de Assis Brasil e Silva, escritor e professor da Escola de Humanidades da PUCRS, carinhosamente conhecido como Assis Brasil. 

Pela primeira vez a oficina acontecerá em formato totalmente online, mas com a mesma qualidade e metodologia envolvente da principal referência em Escrita Criativa no Brasil. As inscrições vão até 4 de janeiro de 2021, confira o edital aqui. O gênero literário estudado será, como em outros anos, a narrativa de ficção, excluindo os demais, como poesia, drama e crônica, por exemplo. 

Sintam-se em casa 

“Minhas aulas seguem com normalidade e, penso eu, com proveito para os alunos e alunas. Inclusive para discentes da oficina, que se adaptaram perfeitamente. E como gosto de desafios, sinto-me em casa – literal e metaforicamente – para dar as aulas”, conta Assis Brasil sobre a sua adaptação às aulas online. 

A leitura é o principal meio para adquirir competência literária, assim como atividades práticas de exercício criativo. A distância, nesse sentido, não é um empecilho. “As trocas entre estudantes acontecem em quantidade e qualidade, iguais às das aulas presenciais. Mas concordo que o contato humano é coisa preciosa, que logo teremos de reinventar, com paciência e humildade. Humildade, não: sabedoria”, destaca.

Leia também: Era uma vez, um Assis Brasil e a Escrita Criativa

O legado que fez escola, literalmente 

Lançamento do livro Escrever Ficção, Luiz Antonio de Assis Brasil, Instituto de Cultura

Assis Brasil no lançamento do livro Escrever Ficção / Foto: Bruno Todeschini

A graduação, disciplinas eletivas, cursos de extensão, mestrado e doutorado em Escrita Criativa da PUCRS simplesmente não existiriam se a oficina não tivesse surgido há 35 anos. “Foi uma semente para tudo que veio depois: não só as carreiras de sucesso de estudantes, mas como inspiração para o que egressos fizeram depois. E aí eu me incluo, pois fui aluno da oficina lá em 2006”, recorda Bernardo Bueno, professor, coordenador e co-fundador do curso. 

Cronograma 

Após o período de inscrições, as seleções serão divulgadas nos canais oficinais da Escola de Humanidades, em 22 de janeiro e as aulas começam no dia 11 de março, sempre às quintas-feiras, das 14h às 17h. As atividades são divididas em dois semestres letivos, com 15 encontros cada. 

A oficina visa receber pessoas que revelem intimidade com a literatura. Como forma de desenvolver competência essenciais para quem escreve ficção, são realizados certos jogos, na intenção de mostrar ao aluno e aluna de que são capazes de criar. 

Ao final das aulas é publicada uma antologia que reúne os contos elaborados. São, evidentemente, contos iniciais – mas alguns perfeitos e acabados – e assim devem ser entendidos. Até agosto de 2019 foram publicadas 47 antologias. 

Concurso Literário Rasuras abre inscrições para estudantes de graduação da PUCRSPromover e incentivar a criatividade e a produção literária dentro da universidade: esse é o objetivo do Concurso Literário Rasuras. Organizada por estudantes da disciplina de Empreendedorismo Criativo, do curso de Escrita Criativa da PUCRS, a competição está com inscrições abertas para a sua 6ª edição, até o dia 7 de outubro. Confira o regulamento aqui. 

Podem participar alunos e alunas de todos os cursos de graduação da PUCRS, nas categorias: Conto, Poesia, Crônica e texto Dramático/roteiro. Os textos inscritos devem ser autorais, inéditos, em língua portuguesa e assinados por pseudônimo, procedimento que garante a imparcialidade do julgamento pelo júri convidado. 

“O processo de construção da nova edição é conduzido pela curiosidade de ouvir e por entender que todo mundo tem algo a dizer”, afirma a estudante de graduação em psicologia Marina Severo, integrante da turma que organiza o concurso, sob coordenação do professor Cristiano Baldi. 

A seleção de finalistas de cada categoria será divulgada nas redes sociais do Rasuras (Instagram e Facebook), e a premiação inclui kits de livros e outros mimos para quem vencer, além da publicação em ebook de todos os textos finalistas. 

Tirando os textos da gaveta 

O professor da Escola de Humanidades e escritor Luiz Antônio de Assis Brasil afirma que “é através de premiações que começa a vida literária da maioria das escritoras e escritores do nosso país. Foi o meu caso, por exemplo”. Segundo ele, o Rasuras é “exemplo de um concurso sério, que já revelou muita gente que hoje está aí, enriquecendo a nossa cultura”. 

Cada vez mais, o concurso vem atraindo participantes de diferentes áreas da universidade, o que se reflete na composição dos(as) finalistas: na última edição, foram estudantes dos cursos de Engenharia da Computação, Psicologia, Ciência da Computação, Letras, Escrita Criativa e Produção Audiovisual. 

Opinião de quem venceu 

Vencedora da categoria Poesia da 4ª edição do Rasuras, a estudante Maria Williane relata que decidiu realizar sua inscrição para “ensaiar um maior desapego com os textos, abrindo a gaveta e aprendendo a confiar um pouco mais no trabalho literário. É inútil tentar proteger a palavra que se escreve, ela só existe mesmo quando chega a um outro, sempre virando algo além”. 

Para ela, que hoje cursa mestrado na área de Escrita Criativa, participar de concursos literários “diz mais sobre essa relação de quem escreve com o que escreve, é um caminho pra conquistar certa maturidade, coisa que sempre se ganha, independente do resultado.”   

Para participar do concurso Rasuras, confira o regulamento.

Lançamento do livro Escrever Ficção, Luiz Antonio de Assis Brasil, Instituto de Cultura - Escrita Criativa

Foto: Bruno Todeschini

Após a visita de um amigo jornalista que havia passado por um período no exterior, a luz brilhou: Luiz Antônio Assis Brasil teve uma ideia: produzir uma oficina de Criação Literária. Desde então, as aulas, que começaram em 1985, completam 35 anos, em 2020, e se estabeleceram como a oficina ininterrupta mais antiga do Brasil. Atualmente, o que começou como uma ideia, já é responsável pela formação de alunos também da graduação, mestrado e doutorado. Isso porque além do curso de ensino superior, Escrita Criativa também é ofertada como linha de pesquisa e área de concentração na Pós-Graduação da PUCRS. O pioneirismo do case de sucesso flerta com a contemporaneidade de suas técnicas, utilizadas no mundo todo, conhecidas nos países de Língua Inglesa como Creative Writing.

Em tempos anteriores aos da popularização da internet, Assis Brasil enviava cartas para Universidades de todas as partes do mundo, as quais ele sabia que possuíam cursos parecidos com o seu. Com o retorno das correspondências e a observação de outras práticas de grandes referências, o docente teve uma feliz confirmação: o que fazia em sala de aula, que na maioria eram metodologias de sua autoria, também estavam de acordo com o que o mercado praticava.

Assis Brasil, o Mestre dos Autores

Desde 1975, Luiz Antônio Assis Brasil é professor da PUCRS. Antes disso, cursou Ciências Jurídicas e Sociais, mas resolveu seguir o seu sonho e ingressar na área de Linguística, Letras e Artes. Ao ser questionado se imaginaria fazer algo diferente, responde sem pensar duas vezes: “Nunca, faz parte da minha vida!”. O docente já publicou 21 obras no Brasil, Portugal, Espanha e França. Entre eles, Escrever Ficção, que apresenta ferramentas indispensáveis para a formação de um escritor. Já foi homenageado, em 2015, com a publicação de Festschrift para Assis Brasil, nos 30 anos de funcionamento da Oficina de Criação Literária. Também foi o primeiro coordenador geral do Delfos, Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS.

O professor já foi reconhecido pela imprensa como o Mestre dos Autores e O Inventor de Escritores. Confira algumas reportagens que destacam o trabalho do docente:

Livro Luiz Antonio de Assis Brasil - Escrita Criativa

Livro Luiz Antonio de Assis Brasil

Um mergulho no universo narrativo

Michel Laub, Amilcar Bettega, Daniel Galera, Cíntia Moscovich, Carol Bensimon são apenas alguns de escritores renomados e alunos de Assis Brasil que já publicaram obras. Porém, Escrita Criativa não é apenas para quem quer atuar na área da Literatura, mas para todos que estão dispostos a mergulhar no universo narrativo. O curso possibilita trabalhar com escrita, edição, revisão de texto, redação ou roteiro, entre outros, em diferentes gêneros e linguagens, com meios convencionais ou digitais.

Vários dos alunos do curso de graduação em Escrita Criativa, assim como da oficina de Criação Literária são de áreas diferentes, que podem trabalhar de maneira interdisciplinar, se complementando. “O Jornalismo não deve perder o sentido, ou a sua função, mas é importante ter leveza para falar com o leitor”, exemplifica Assis Brasil.

Uma ideia, muitas histórias

Assis Brasil destaca que o curso de Escrita Criativa é resultado de diferentes histórias de vida que se dedicaram e trabalham para o seu desenvolvimento. Entre eles, destaca os nomes de Bernardo Bueno, coordenador do curso e pesquisador da PUCRS, e Paulo Kralik, pesquisador e professor que, segundo o docente, foi fundamental para a implementação do curso de ensino superior na área.

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Amabile trocou São Paulo por Porto Alegre para ser aluno de Assis Brasil. Foto: Camila Cunha

Cansado da vida de jornalista e do ritmo de São Paulo, Luiz Roberto Amabile encontrou o futuro em uma página de revista. Ao se deparar com uma reportagem que mostrava o escritor e professor da PUCRS Luiz Antônio de Assis Brasil retirando um livro de sua recheada estante e o chamava de forjador de escritores, Amabile soube que era esse o caminho a seguir.

No mesmo período havia ganho, em um concurso de frases de uma companhia aérea, uma viagem à Argentina. Uniu às férias e esticou a estadia em Mendonça por mais uns dias. O distanciamento da realidade em que estava imerso trouxe a certeza dos próximos passos. Ao retornar a São Paulo, pediu demissão do Estadão – por dez anos, vinha trabalhando na grande imprensa paulista em veículos como Folha, Globo e Abril – e o dinheiro que usaria na entrada de um apartamento ganhou novo e derradeiro destino: Porto Alegre.

Não é ficção. É apenas uma entre tantas histórias de brasileiros e até estrangeiros que cruzam fronteiras para estudar Escrita Criativa na PUCRS.

Leia mais na reportagem Celeiro de Escritores, publicada na edição 190 da Revista PUCRS.