Foto: Bruno Todeschini

Foto: Bruno Todeschini

Somos 7,8 bilhões de pessoas vivendo em um mundo globalizado. Apesar da desigualdade social abissal de nossas sociedades, somos todos iguais, compartilhamos e dependemos da mesma arca chamada Terra. Porém, o crescimento explosivo da nossa população nas últimas décadas tem provocado uma exploração insustentável da natureza. Entre as inúmeras agressões ambientais que cometemos, a degradação dos ecossistemas naturais e a caça, captura, aprisionamento, venda, uso como pets e consumo de animais selvagens nos põem em contato com vírus e bactérias que viviam em harmonia com seus hospedeiros silvestres. Como o nosso corpo não foi treinado para lidar com esses microrganismos estranhos, corremos o risco de que eles sejam bastante agressivos para nós. Vírus que atacam o aparelho respiratório e que são transmitidos de uma pessoa para outra podem ser espalhados rapidamente pelo globo terrestre por viajantes infectados. É exatamente isso que está acontecendo com o coronavírus causador da Covid-19.

Assim como adoecemos ao entrarmos em contato com esses novos microrganismos, também levamos a morte para os animais silvestres quando deixamos os nossos patógenos nos ecossistemas naturais que invadimos. Esse é um sério problema, inclusive, dentro da nossa própria espécie. Indígenas que nunca tiveram contato com a maioria das nossas doenças são muito mais sensíveis do que as pessoas de nossa cultura. Infelizmente, a história da humanidade está repleta de exemplos de culturas tradicionais dizimadas ao redor do mundo por doenças levadas pelos “colonizadores”.

A covid-19 nos ensina muitas lições. Uma delas é que a única maneira de reduzirmos o risco de novas pandemias é a construção de uma sociedade que respeite a natureza acima de tudo e na qual todo ser humano tenha uma vida digna. Como quase sempre somos os únicos responsáveis pelos nossos problemas de saúde, está na hora de vivermos um “novo normal” e escrevermos uma história que, finalmente, faça jus ao Homo sapiens (“homens sábios”).

Home Office, Dia do Trabalho

Professor Eugênio Hainzenreder Júnior / Foto: TRT4

Nunca se imaginou que o Dia do Trabalho pudesse fazer tanto sentido para o mundo, como acontece neste momento que vivemos a pandemia da Covid-19. Com ela, além de todas as angústias e receios sobre a nossa saúde, passamos a viver incertezas também no mundo do trabalho. Da noite para o dia, sentimos a necessidade de expandir a tecnologia, entender a economia de compartilhamento e até mesmo reformular nosso setting de trabalho.

Estamos vivendo tempos antes impensáveis, com crise sanitária, população desamparada, trabalhadores com seus ofícios ameaçados e empresas com suas receitas comprometidas. Todas essas questões graves suscitaram um esforço coletivo. Pode parecer ambivalente: embora isolados, em pleno confinamento, nunca estivemos tão próximos uns dos outros, repensando a solidariedade e a nossa própria condição humana.

No universo do trabalho, o contexto pandêmico veio como um terremoto. As fissuras que se abriram colocaram o Direito do Trabalho a criar soluções jurídicas com a finalidade de mediar os interesses de seus protagonistas: empregado e empregador. Ademais, a problemática dos autônomos e informais é outra resultante dessa atividade sísmica.

Neste momento de crise, novas discussões sobre ideias de proteção social e do trabalho surgiram, e o Estado foi obrigado a repensar programas para garantir a renda básica, preservar os empregos e as empresas. Trata-se de um momento de reinvenção e de superação nos mais diversos âmbitos de nossas vidas: o home office deixou de ser um fantasma; muitas famílias ressignificaram sua convivência; as pessoas passaram a temer menos o encontro consigo mesmas; e, principalmente, nunca se viu uma corrente de solidariedade tão forte.

Nos últimos anos se chegou a cogitar a extinção da Justiça do Trabalho, e inúmeros foram os comentários no sentido de que o Direito do Trabalho não tinha mais utilidade. Porém, essa doença veio nos lembrar de seu inquestionável papel como regulador da sociedade. Assim como os profissionais da saúde estão sendo expoentes no front de combate à pandemia no que diz respeito à saúde fisiológica e mental das pessoas, o Direito do Trabalho tem se mostrado indispensável no sentido de zelar pela saúde econômica do país, harmonizando seus pilares de sustentação: valor social do trabalho e livre iniciativa.

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Éder Henriqueson, decano da Escola de Negócios. Foto: Camila Cunha

As profissões se contornam no exercício dos trabalhos e nas mudanças dos arranjos trabalhistas, envoltos em questões políticas, econômicas e culturais. A introdução de novas tecnologias vem há séculos modificando as relações de trabalho. Modificações essas que no contemporâneo podem ser pensadas em termos de força, de processamento de grandes volumes de dados, automação e centralização de sistemas automatizados em tempos cada vez mais acelerados.

Devemos pensar que as transformações que vivemos impactam no contorno das profissões e modificam profundamente as relações de trabalho e de produção, com efeitos no modo como nos relacionamos entre nós e com a vida. Prospectar sobre o futuro do trabalho, das ocupações e das formações exige, então, refletir sobre o atravessamento das tecnologias e das relações humanas nisso.

“Os sistemas técnicos, por mais incríveis, “inteligentes” e promissores que sejam, não substituirão algumas capacidades humanas, tais como a criatividade e a intuição.”

O certo é que os sistemas técnicos, por mais incríveis, “inteligentes” e promissores que sejam, não substituirão algumas capacidades humanas, tais como a criatividade e a intuição, entre tantas outras. Muito vem se discutindo sobre o trabalho repetitivo e alienador, bem descrito no filme Tempos Modernos, estrelado por Charlie Chaplin. Todavia, precisamos ter cuidado com o discurso que prega que as novas tecnologias vêm libertar o sujeito dessa alienação para promover afazeres mais complexos. O processo em que as vagas de trabalho são substituídas por máquinas não acompanha a formação dessas pessoas para ingressarem em outras modalidades de ocupação em um país desigual como o nosso. Daí a importância de políticas educacionais sérias e consistentes, buscando congregar as novas profissões que estão surgindo com investimento rigoroso na educação. Do mesmo modo, nunca se necessitou tanto de profissões vinculadas ao cuidado de humanos, à educação, à filosofia e às artes, que dificilmente perderão espaço para máquinas num futuro próximo.

“Nunca se necessitou tanto de profissões vinculadas ao cuidado de humanos, à educação, à filosofia e às artes.”

A formação superior sempre foi orientada para o desenvolvimento humano e para o pensamento crítico, sendo que a técnica sempre esteve e estará presente no currículo, mesmo numa profissão que derive do ensino universitário. Porém, é necessário reconhecer que as técnicas são efêmeras: as ferramentas, as formas de fazer, os princípios e os propósitos se modificam. A ação de ensinar e de aprender, de mobilizar conhecimentos para conhecer, fazer, conviver e se constituir como sujeito – ou seja, a formação – é a grande questão requerida hoje e amanhã na universidade e em suas relações com o trabalho e as profissões. A potencialização do humanismo é uma tendência nas grandes instituições de ensino superior pelo mundo.
Vivemos um apagão de empregos que, alguns dizem, pode se acentuar em tempos de “uberização” do trabalho. Mas ainda temos muito a fazer, quando pensamos em nossa reponsabilidade com o Planeta, com a batalha contra a fome, a miséria, a violência e a indignidade de milhares de pessoas, encontrando um caminho sustentável para seguir adiante no curso da vida. Ainda há e haverá muito trabalho, e continuamos formando para profissões existentes e ainda inexistentes. As universidades podem ser pensadas como lugar atento a essas modificações e responsável por pensá-las de forma mais colaborativa. A formação de futuros empreendedores deve funcionar dentro de um discurso que os construa para uma profunda responsabilidade social, econômica e ambiental, problematizando, inclusive, o consumismo e as desigualdades.

“A ação de ensinar e de aprender, de mobilizar conhecimentos para conhecer, fazer, conviver e se constituir como sujeito – ou seja, a formação – é a grande questão.”

Podemos afirmar que há escassez de empregos, que as profissões ganham novos contornos, que ainda há muito trabalho a ser feito, e que, mais do que formar profissionais que dominam técnicas, as universidades precisam formar gente.

 

 

Jorge Audy, superintendente, inovação, desenvolvimento, pucrs 360, pucrs

Jorge Audy – Foto: Bruno Todeschini

Estamos em plena transformação do modelo de sociedade que vivemos. Não estamos mais falando sobre o que acontecerá e, sim, o que já está acontecendo. O futuro chegou, os desafios estão postos e muitos países, como o Brasil, não se prepararam minimamente para essa realidade. Agora, correm atrás do prejuízo. O susto, a preocupação, as dúvidas com relação ao emprego e ao trabalho são fruto da falta de planejamento, de uma visão de futuro de lideranças que não souberam ler as dinâmicas que estavam transformando a sociedade desde o final do século passado.

Neste ano, quando milhões de jovens iniciarem seus cursos de graduação em todo o mundo, teremos a primeira geração de estudantes universitários que nasceram neste milênio. Estudos mostram que mais de 60% deles trabalharão em áreas que não existem hoje. Atuarão sob os paradigmas da quarta revolução industrial, na qual as tecnologias em diferentes áreas criam um novo modo de viver e trabalhar, rompendo as barreiras entre os mundos físicos e virtuais.

Evento no Tecnopuc debate o futuro do trabalho

Esse processo de mudança potencializa um crescimento exponencial das tecnologias e suas aplicações, que envolve a interação entre as tecnologias, as novas abordagens de sistemas inteligentes (smart systems) e o uso intensivo de inteligência artificial e machine learning. É essa conjunção de fatores que está mudando a forma de trabalho que conhecemos. Muitas tarefas, pessoais e profissionais, repetitivas e previsíveis, serão substituídas por artefatos e processos gerados por tecnologias. Isso representa milhões de vagas de trabalho que seguirão desaparecendo em ritmo crescente, mesmo que de forma assimétrica no mundo todo.

“Muitas tarefas, pessoais e profissionais, repetitivas e previsíveis, serão substituídas por artefatos e processos gerados por tecnologias. Por outro lado, milhões de novas oportunidades surgirão, envolvendo a criação e o avanço dessas mesmas tecnologias.”

Por outro lado, milhões de novas oportunidades surgirão, envolvendo a criação e o avanço dessas mesmas tecnologias. E aí está a grande oportunidade. Oportunidade para pessoas talentosas e qualificadas. Para os profissionais da sociedade do conhecimento do século 21. Pessoas que desenvolvam continuamente suas capacidades de aprender a aprender e suas habilidades e atitudes empreendedoras. Se o que marca a sociedade moderna é o conhecimento, cada vez mais a capacidade de aprender se tornará um diferencial competitivo relevante, tanto para as pessoas como para as organizações.

As habilidades que emergem nesse cenário envolvem mais do que conhecimentos técnicos e específicos. Os soft skills tornam-se fatores determinantes do desenvolvimento profissional. Habilidades como resolução de problemas complexos, visão sistêmica, trabalho em equipe, inteligência emocional, negociação, aprendizagem ativa, expressão oral e escrita, pensamento crítico, flexibilidade cognitiva, criatividade e pensamento lógico e matemático despontam como algumas habilidades importantes a serem desenvolvidas e aprimoradas. A educação continuada se torna um imperativo.

“Esse mundo das startups e da alta tecnologia se desenvolve, no mundo todo, em ecossistemas de inovação em que a qualidade do trabalho é parte de uma visão mais ampla de qualidade de vida, preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade.”

O presente do trabalho (não o futuro) já mostra com clareza que estamos vivendo uma transição no mundo empresarial com consequências imediatas e crescentes no mercado de trabalho. São novas dinâmicas geradas por um novo contexto das empresas em processo de transformação. As grandes companhias estão sendo desafiadas e superadas por menores, muitas delas startups de alto impacto, atuando em rede em projetos compartilhados.

ideias para o futuro,tecnopuc,grupo RBSEsse mundo das startups e da alta tecnologia se desenvolve, no mundo todo, em ecossistemas de inovação em que a qualidade do trabalho é parte de uma visão mais ampla de qualidade de vida, preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade, com a necessária diversidade que gera a criatividade que os profissionais do século 21 incorporam como valores relevantes nas suas vidas. Basta observar atentamente: são pessoas talentosas, cidadãs de um mundo global e colaborativo.

Esse mundo existe em segmentos da sociedade brasileira, em nichos de desenvolvimento pleno em todos os rincões de nosso país. Mas são exceções, são a expressão mais clara da assimetria gerada por uma sociedade que mantém 16% de seus jovens entre 18 e 25 anos na educação superior, que demostra pouca ou nenhuma preocupação efetiva em propiciar uma educação básica de qualidade à totalidade dos jovens. Mudar essa realidade está nas nossas mãos, investir em educação de qualidade e excelência, para formar jovens autônomos e globais, que tragam o país diretamente do século 19, onde aparentemente estamos hoje, para o século 21. Jovens preparados para uma nova sociedade, global, conectada e repleta de oportunidades. Que possam oferecer mais sentido, propósito, para as pessoas e redefina não só o conceito de trabalho, mas também o de vida e o papel de todos em um processo de desenvolvimento menos assimétrico e mais justo a todos.

Esse artigo integra o projeto Ideias para o Futuro, do portal Gaúcha ZH. No dia 24 de abril, a PUCRS e o Grupo RBS promovem evento sobre o futuro do trabalho, no Tecnopuc Crialab.

Angelo Brandelli

Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

A discussão em torno do suposto jogo Baleia Azul levantou a necessidade de abordar o tema da saúde mental de jovens, especialmente no contexto escolar. O que se observou foi a desmedida divulgação de imagens e relatos de situação de vulnerabilidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) possui um guia para profissionais da mídia no qual pede cautela sobre como são tratados casos de suicídios de forma a evitar situações de contágios.[1] A recomendação da OMS vai ao encontro de evidências na literatura científica que identificaram que a espetacularização de casos suicídio pode levar a um aumento da prevalência desse agravo.[2] No contexto das mídias sociais, em que cada um de nós se torna produtor de conteúdo, tais recomendações se tornam ainda mais importantes. Segundo a OMS, a sociedade deve estar atenta para: não publicar fotografias explícitas ou cartas suicidas; não informar detalhes específicos do método utilizado; não fornecer explicações simplistas; não glorificar o suicídio ou fazer sensacionalismo sobre o caso; não atribuir culpas.

Alguns dados chamam a atenção para a importância do debate sério e comprometido a respeito deste tema. A região Sul é a que apresenta os maiores índices de suicídio do Brasil, 9.3 casos por 100,000 habitantes contra 4.4 – 5.7 por 100,000 habitantes nacionalmente.[3] Além disso, no período de 1980-2000 ocorreu um aumento de 1900% nas taxas de suicídio em jovens de 15-24 anos no Brasil, tornando essa faixa etária a mais vulnerável.[4] O aumento nesta faixa etária também foi maior na região Sul do País.[5]

O suicídio é um fenômeno complexo. Dificilmente pode ser atribuída a uma única causa, no entanto, experiências de violência e discriminação relacionadas à orientação sexual, gênero, deficiência, raça/cor/etnia e status socioeconômico podem atuar como fator de risco. [6]

É por essa razão que a atenção à saúde mental de jovens é fundamental. Familiares, professores e profissionais de saúde devem estar atentos para necessidade de acolhimento desse grupo. O encaminhamento para redes de atenção psicossocial e profissionais de saúde mental, tanto no âmbito público quanto privado, deve ser considerado sempre que necessário. Gestores de políticas públicas, instituições de saúde e de ensino também devem fomentar campanhas e ações na direção da prevenção, identificação e tratamento destas situações.

 

[1] http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/67604/7/WHO_MNH_MBD_00.2_por.pdf?ua=1

[2] Stack, S. (2003). Media coverage as a risk factor in suicide. Journal of epidemiology and community health, 57(4), 238-240. https://dx.doi.org/10.1136/jech.57.4.233

[3] Lovisi, Giovanni Marcos, Santos, Simone Agadir, Legay, Letícia, Abelha, Lucia, & Valencia, Elie. (2009). Epidemiological analysis of suicide in Brazil from 1980 to 2006. Revista Brasileira de Psiquiatria31(Supl. 2), S86-S93. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462009000600007

[4] Mello-Santos, Carolina de, Bertolote, José Manuel, & Wang, Yuan-Pang. (2005). Epidemiology of suicide in Brazil (1980 – 2000): characterization of age and gender rates of suicide. Revista Brasileira de Psiquiatria, 27(2), 131-134. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462005000200011

[5] Souza, Edinilsa Ramos de, Minayo, Maria Cecília de Souza, & Malaquias, Juaci Vitória. (2002). Suicide among young people in selected Brazilian State capitals. Cadernos de Saúde Pública18(3), 673-683. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2002000300016

[6] Costa, A. B., Pasley, A., de Lara Machado, W., Alvarado, E., Dutra-Thomé, L., & Koller, S. H. (2017). The experience of sexual stigma and the increased risk of attempted suicide in young Brazilian people from low socioeconomic group. Frontiers in psychology, 8. https://dx.doi.org/10.3389/fpsyg.2017.00192.

Fachada Igreja Igreja Universitária Cristo MestreEstamos nos aproximando de mais um final de ano, que descortina um novo que ainda aguarda para nascer. Tanto o Natal quanto o ano-novo se complementam como tempo de espera e de esperança. Não celebramos propriamente um nascimento, tampouco um retorno no tempo, como espécie de um passado de inocência que não volta, um romantismo que busca seu alento no consumo de muitas coisas superficiais ou uma forma de compensação para minimizar a ansiedade.

O Natal, na verdade, é a festa da proximidade de Deus, desde a fragilidade e despojamento de uma criança, que se manifesta como cuidado e delicadeza para conosco, humanos. Emerge a consciência de que também nós somos seres frágeis, como o crepúsculo matutino escurecido pelas nuvens das nossas decepções e fracassos. Nossa humanidade é vestida de fragilidade e a levamos em nossas rugas e nos sinais de nossas limitações…

A única coisa que podemos tomar como certeza é de que tudo muda. Nossas necessidades básicas, no entanto, continuam as mesmas: de pertencer, de estar próximo, de ser cuidado e querido, e de um pouco de amor! O ser humano é, por sua natureza e essência, um ser de cuidado. Sente a predisposição de cuidar e a necessidade de ser, ele também, cuidado. O mesmo acontece com o amor. Todos necessitamos amar e sermos amados. O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim e eu me disponho a participar de seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de suas conquistas.

Cuidar significa, então, desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato. Não habitamos o mundo apenas pelo nosso trabalho, onde interagimos e intervimos, tornando nosso modo de viver mais cômodo, adaptando o meio ao nosso desejo e conformando nosso desejo ao meio. Somos no mundo também pelo cuidado, que confere ao nosso trabalho uma modalidade diferente. Pelo cuidado, deixamos de ver como objetos a natureza e tudo que nela existe. A relação passa a ser de convivência e não de domínio, de comunhão e não de pura intervenção.

O grande desafio para o ser humano é combinar trabalho e cuidado. Eles não se opõem, mas se compõem. Dois terços da humanidade, na verdade, são condenadas a uma vida insustentável. Perdeu-se a visão do ser humano como ser-de-relações ilimitadas, ser de criatividade, de ternura, de cuidado, de espiritualidade, portador de um projeto sagrado e infinito.

O Natal e o novo ano se descortinam como proposta e promessa. Podem ser um convite para nos voltarmos para nós mesmos e descobrir nosso modo de ser-cuidado. Desacelerar para cuidar melhor… talvez seja disso que precisemos.

Reitor Joaquim Clotet na Biblioteca Central

Foto: Arquivo – Ascom/PUCRS

O planeta Terra, nossa casa comum, está sob pressão. A educação ambiental, ação já incorporada em escolas e universidades, é mais uma etapa da formação para a cidadania que deve ser permanentemente aperfeiçoada ao longo da vida.

A restrição ao uso de combustíveis fósseis, o respeito à natureza, o consumo de alimentos orgânicos e a reciclagem de produtos descartáveis são indissociáveis da responsabilidade social do cidadão do século 21. Mas também são necessárias ações que ultrapassem a responsabilidade individual, por exigirem amplos investimentos em tecnologia.  A ousadia e a heroicidade dos pilotos Bertrand Piccard e André Borschberg os levaram a dar a volta à Terra numa aeronave movida a energia solar. Trata-se de uma prova eficaz do uso de energias renováveis e do poder das tecnologias limpas, já utilizadas em projetos menos audaciosos que contribuem para a qualidade de vida de muitas comunidades, tais os parques eólicos que vêm transformando a paisagem de diversas regiões do Brasil.

Sobre o impacto do homem no meio ambiente, Paul Josef Crutzen, prêmio Nobel de Química, denomina Antropoceno o novo período geológico no qual os humanos vêm substituindo a natureza como força ambiental dominante na Terra, conceito que aprofunda a discussão sobre as questões ecológicas relacionadas à sustentabilidade global. Nessa linha, é oportuno mencionar países, como a Dinamarca, que se destacam pela prioridade dada ao meio ambiente. A indispensável taxa verde exigida para a circulação de um carro, assim como as exigências econômicas e o tratamento aplicado ao material descartável refletem o compromisso desse país, cuja população assumiu com responsabilidade o desafio ecológico.

Perante as mudanças ambientais, difíceis de prever com exatidão, entende-se que diversas organizações internacionais sintam necessidade de abordar o tema em profundidade. O carismático Papa Francisco manifesta abertamente a urgência de uma nova solidariedade universal. Nesse sentido, a PUCRS, sensibilizada, está implementando seu projeto Campus Verde, que inclui, dentre outras ações, um seminário internacional para discutir a sustentabilidade e a importância do ensino e da prática do compromisso ecológico em escolas, universidades e centros sociais, reconhecendo que a casa comum é, também, uma causa comum.

 

Joaquim Clotet

Reitor da PUCRS

4ª Conferência Internacional sobre Avanços em Computação, Controle e Redes

Foto: Arquivo pessoal

O artigo Hardware Dedicado para Detecção de Ataques de Hackers à Segurança de Sistemas de Computação, dos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da PUCRS (PPGEE) Fabian Vargas e Letícia Bolzani Poehls, e do aluno do PPGEE Raphael Segabinazzi Ferreira, recebeu o prêmio de melhor trabalho na 4ª Conferência Internacional sobre Avanços em Computação, Controle e Redes. O evento ocorreu em Bangkok, na Tailândia. O trabalho foi realizado no Laboratório de Excelência em Eletrônica, Automação e Sistemas Embarcados de Alta Confiabilidade da Feng.

Segundo Vargas, é possível observar com frequência notícias de que computadores pessoais ou de grandes empresas e governos são alvos de ataques cibernéticos. O objetivo dessas invasões, explica, é corromper o funcionamento das máquinas ou roubar dados importantes (informações bancárias, por exemplo). “A pesquisa, neste cenário, resultou no desenvolvimento de um hardware conectado a placa-mãe do computador, cujo objetivo é a detecção e prevenção em tempo real de ataques de hackers que degradam a segurança de computadores”, explica.

Liana Gross Furini

“É importante entendermos que, quando publicamos ou compartilhamos informações falsas, contribuímos para o caos generalizado”
Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

A informação é uma arma poderosíssima e, como toda arma, deve ser manuseada com cuidado. A internet permite que qualquer usuário seja capaz de produzir seu conteúdo e compartilhá-lo sem barreiras geográficas, dando voz a uma audiência que antes era entendida como passiva, e esse empoderamento é muito legal! Mas será que todos entendemos nosso papel enquanto “detentores da informação”?

Liana Gross Furini

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

O poder que os usuários têm de criar e compartilhar conteúdo na internet, sem depender exclusivamente das grandes empresas de mídia, é bom, mas também perigoso se não tivermos cuidado. Se o conteúdo da internet é construído pelos próprios usuários, como saber se aquilo que vemos na internet é verdade? Precisamos cada vez mais nos preocupar com isso, principalmente frente ao cenário político que vivemos hoje. Os tempos são difíceis, a política do País está em crise (falo do sistema político como um todo, e não apenas um ou outro partido político), e é muito difícil entender o que está acontecendo. Sabemos que as empresas de mídia não são imparciais (situação agravada pela não-obrigatoriedade de diploma para exercer a prática jornalística) e que depender exclusivamente da informação transmitida por um único veículo é um tiro no pé. É uma ironia que, enquanto estamos cercados por tanta informação, ir atrás da informação correta seja uma tarefa difícil.

O País está em crise política. É importante entendermos que, quando publicamos ou compartilhamos informações falsas, contribuímos para o caos generalizado. Esse é o ônus que vem junto com o bônus da democratização da produção de conteúdo: todos somos responsáveis pelo conteúdo que compartilhamos. Comunicadores ou não, chegar à veracidade da informação antes de fazer com que ela chegue a mais pessoas é papel de todo mundo.

É importante ler muito e se informar bem sobre todos os lados e nuances. Vamos buscar sair da nossa zona de conforto e ler, assistir e ouvir conteúdos que contradizem aquilo o que pensamos, e não apenas os que endossam o nosso posicionamento frente ao cenário político. A desinformação é muito inconveniente, principalmente agora! Se muitas vezes condenamos a grande mídia por achar que a transmissão da informação de forma parcial é um desserviço, vamos tentar não fazer o mesmo?

 

Liana Gross Furini

Mestre em Comunicação Social

Professora da Famecos/PUCRS

 

* Este artigo expressa a opinião pessoal do seu autor.