O contador de histórias e escritor premiado, Cristiano Wapichana, de origem indígena, apresentou a palestra de encerramento do 31º Seminário Brasileiro de Crítica Literária, do 30º Seminário de Crítica Literária do Rio Grande do Sul e do 4º Encontro Nacional de Escrita Criativa na última quinta-feira, 25 de outubro, na Escola de Humanidades. O painel de Wapichana, o lançamento do Ebook Revista Partenon Literário e a mesa Partenon Literário: Tempo e Espaço em Diálogo marcaram o término das atividades do Seminário.
Com a proposta de gerar reflexões sobre a cultura indígena no Brasil e a necessidade de valorização desse nicho literário, Wapichana exibiu suas obras, narrou histórias de sua infância e explicou seus processos de produção. O encontro, mediado pelo professor da Escola de Humanidades, Luiz Antônio de Assis Brasil e Silva, reuniu estudantes e profissionais ansiosos para absorver as lições do autor. Em um discurso tranquilo, determinado e espiritualizado, o contador de histórias destacou o poder das obras. “Não somos nós os autores, o mérito não é nosso. As histórias já existem, elas simplesmente procuraram pessoas dispostas a ouvi-las e escreve-las. Têm muita força. ”, defendeu.
A literatura produzida pela etnia ganhou destaque na fala do escritor. Para Wapichana, o reconhecimento destinado aos esses produtores de conteúdo ainda é escasso. “Não valorizamos aquilo que vem do índio. A sociedade quer vê-lo no mesmo lugar de sempre, mas precisamos aceitar que culturas evoluem. Nós também podemos entregar resultados”, afirma. Numa conversa descontraída, o autor respondeu às perguntas do público e salientou a importância de manter a parte artística da literatura viva, ainda que seja preciso abrir mão das normas técnicas.
A professora, crítica literária e escritora espanhola Anna Caballé Masforrol, da Universidade de Barcelona, realizou a conferência de abertura dos eventos na terça-feira, 23 de outubro. A autora abordou o tema Biografia, feminismo e mulher. Reconhecida por seus estudos neste campo, a pesquisadora apresentou uma trajetória literária e teórica sobre a presença da mulher na literatura. De acordo com Anna Caballé, a presença da figura feminina na biografia é recente. “Diante da complexidade feminina, por muitos anos as mulheres caíram em silêncio absoluto”, apontou. Para ela, é importante a contínua discussão do feminismo, para que haja uma igualdade entre obras que retratem personalidades de ambos os sexos.
Com o tema Travessias Literárias: Tempos e Espaços em Diálogo, o evento fez uma homenagem aos 150 anos da Sociedade Partenon Literário e reuniu estudantes, professores e pesquisadores brasileiros e estrangeiros de Crítica Literária, Literatura Brasileira, Linguística e Teoria da Literatura e campos afins, como Cinema, Artes, Música e Teatro. A programação contou com oficinas, mesas redondas e palestras acerca de temas como histórias de mulheres, escrita criativa de poesias, autoria e crítica literária na contemporaneidade.