história de porto alegre

Foto: Flávio Carneiro e Thales Farias

Porto Alegre está completando 251 anos em neste dia 26 de março. Hoje, abordamos a história da cidade, fundada de 1772, com a criação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, um ano depois alterada para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. A fundação da cidade está inserida no processo de conquista e expansão dos domínios portugueses ao sul do Brasil em direção ao Rio da Prata, conforme explica o professor e pesquisador da Escola de Humanidades Charles Monteiro. 

O docente dedica sua trajetória acadêmica para desenvolver diversas publicações e pesquisas em torno da história de Porto Alegre e do estado do Rio Grande do Sul. Em sua tese de doutorado, por exemplo, que resultou no livro Porto Alegre e suas escritas, o Charles propôs uma série de reflexões sobre como a história da capital gaúcha foi escrita por historiadores e literários a partir dos anos 40.

Fundação de Porto Alegre

Em participação no livro Viva o Centro a Pé, Charles apresenta uma breve linha do tempo dos acontecimentos que constituíram a cidade. O pesquisador conta que a província e a população do Rio Grande do Sul foram se formando a partir dos conflitos, das trocas comerciais e dos acordos políticos-militares entre portugueses e espanhóis.

Ambos os países foram polos de conquista e colonização do território meridional e disputavam a região povoada por vários grupos indígenas. Nesse período, em 1752, por conta do Tratado de Madri e do projeto da Coroa portuguesa de assentar colonos no território de Missões Jesuíticas, deu-se início ao processo de povoamento do Porto do Dorneles.

Casais açorianos rumando para as missões foram obrigados a aguardar transporte e a pacificação da região envolvida nas Guerras Guaraníticas. Eles então se instalaram próximos ao Arroio Dilúvio, nomeando a região como Porto de São Francisco dos Casais. Mais tarde então, o povoamento se torna a capital da Província, em 1773, passando a ser chamada Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, que futuramente seria a cidade de Porto Alegre.

história de porto alegre

Foto: Joseph Zakauska e Pedro Cavalheiro

Crescimento industrial e populacional da cidade

Avançando para o período da Proclamação da República, em 1889, o pesquisador Monteiro demarca a data como a fase do fenômeno urbano de reorganização social no espaço urbano, decorrentes das mudanças de estrutura política, social e econômica da sociedade brasileira.

“Porto Alegre era o centro político e o porto comercial de exportação e importação em expansão no fim do século 19. Esta evolução comercial e industrial da cidade acarretou seu crescimento populacional e urbano, na modernização dos espaços e dos serviços e nas mudanças de sociabilidade pública”, destaca o professor.

De acordo com Monteiro, Porto Alegre foi uma das primeiras capitais do país a ter um plano urbanístico voltado a atender o crescimento da cidade. Foram propostos alargamentos das ruas principais e construção de novas avenidas, dando início ao processo de industrialização e expansão populacional da cidade, no começo do Século 20.

Imagens de uma cidade moderna

O pesquisador Charles Monteiro também atua na linha de pesquisa em fotografia realizando ligações com sua formação em história. Um exemplo das publicações de sua autoria se destaca o estudo Imagens sedutoras da modernidade urbana: reflexões sobre a construção de um novo padrão de visualidade urbana nas revistas ilustradas na década de 1950. Com a pesquisa, o docente problematiza a forma como revistas ilustradas nos anos 1950 geriram a imagem de um país em transformação e em acelerado processo de urbanização através da fotografia.

Nos anos 50, no Brasil, aconteceu uma “revolução verde”, ocasionada pela introdução de novas técnicas agrícolas e pelo desenvolvimento capitalista no campo. De acordo com Monteiro, este período foi marcado por migrações em massa das regiões agrícolas para os estados mais industrializados. Um grande exemplo deste movimento foi o deslocamento de populações nordestinas para a construção de Brasília.

Neste período, as revistas ilustradas semanais e quinzenais surgiram como alternativa aos jornais cotidianos. Eram periódicos que ofereciam uma nova abordagem dos acontecimentos com imagens e elementos visuais mais chamativos. Elas desempenhavam um papel social influente na forma como a população brasileira passaria a pensar sobre uma variedade de assuntos – como política, artes, vida de famosos, esportes, opinião e entretenimento.

Na pesquisa realizada pelo docente da Escola de Humanidades, foi analisada a fotorreportagem Porto Alegre cresce para o céu e para o rio, da Revista do Globo, que destaca o processo de modernização da capital gaúcha. As fotos realizadas por Thales Farias ilustram a matéria ressaltando grandes construções civis que surgiram na época, como novos edifícios do centro, obras da Avenida Beira-Rio e a ponte sobre o Guaíba, porém os bairros populares da cidade e os problemas advindos desse crescimento não eram foco da revista.

O pesquisador comenta que ao analisar o discurso das revistas deste período é possível notar um maior engajamento pelo discurso de incentivo pelo desenvolvimento das grandes cidades, como Porto Alegre.

“Os principais periódicos passaram a focalizar essencialmente o processo de transformação e modernização da sociedade urbana, deixando de lado as críticas e as contradições que acompanhavam este processo. Com isso, concretizaram a utopia da cidade moderna numa verdadeira pedagogia social, dando velocidade ao processo de mudança de uma forma positiva”, explica Monteiro.

história de porto alegre

Foto: Flávio Carneiro e Thales Farias

Memórias de uma cidade em transformação

No início dos anos 1970, Porto Alegre continuava seu processo de crescimento e transformação. A população da capital passou de 590 mil habitantes para 1 milhão e 530 mil em 1970, marcando o período por uma evolução dos espaços urbanos da cidade. Em sua pesquisa, intitulada como Duas leituras sobre as transformações da cultura urbana de Porto Alegre nos anos 1970: entre memória e ficção, o professor Charles Monteiro analisa narrativas sobre a década na cidade de Porto Alegre e como estas memórias influenciam os dias atuais.

O docente explica que mesmo com a modernização do espaço urbano, demolição acelerada de prédios antigos e a retirada dos bondes existia outro movimento que buscava preservar a memória da cidade. Cronistas, como Nilo Ruschel eram responsáveis por retratar a cidade do passado, uma cultura urbana que se organizava em cafés, bares e restaurantes. Com isso, foi criado o Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo e foram publicados diversos livros sobre a história da capital gaúcha.

Já os escritores, como Moacyr Scliar abordavam a capital do presente e do futuro, relatando seus problemas e contradições nas crônicas. Naquele período, o processo de crescimento da cidade parecia não ter mais volta. Bairros como Bom Fim, Cidade Baixa e Moinhos de Vento cresciam comercialmente e ganhavam vida noturna. Além disso, Porto Alegre tornava-se palco para grandes eventos, como a missa campal com a presença do Papa João Paulo II, em 1980.

Novas alternativas para problemas urbanos

De acordo com Monteiro, a transformação de Porto Alegre segue acontecendo com o passar dos anos. Entre 1991 e 2000, o IBGE apresentou uma taxa de crescimento populacional de 0,93%. Além disso, foram realizados diversos grandes eventos como o Fórum Social Mundial, que colocou a cidade no mapa político e turístico internacional, e a Bienal do Mercosul, que a cada dois anos promove debates artísticos-culturais e promove a integração entre diversos países.

O último grande evento que aconteceu na cidade foi a Copa do Mundo de Futebol de 2014, que atraiu turistas e hospedou as seleções esportivas da Argentina, Honduras, Alemanha, França, Holanda, Argélia, Nigéria, Coreia do Sul e Austrália. O episódio gerou calorosos debates sobre a infraestrutura da capital, e assim, foram propostos novos projetos de revitalização da Orla do Gasômetro, do Cais Mauá e do 4.º Distrito de Porto Alegre.

“Porto Alegre continua a defrontar-se com os desafios que o passado e o presente lhe deixaram, mas parece haver, mais do que em qualquer outro período anterior, maior consciência e participação da sociedade civil na discussão e na busca por alternativas viáveis para o enfrentamento dos problemas urbanos”, finaliza o docente.

tecnopuc

Foto: Bruno Todeschini

As grandes cidades pelo mundo têm desempenhado historicamente um papel fundamental como catalisadores da inovação e desenvolvimento de novas tecnologias, conhecimentos, métodos de produção e arranjos institucionais, tornando-as centros de riqueza, oportunidade, diversidade e criatividade. Agora, cidades como Porto Alegre, têm o grande desafio de se reinventarem em um contexto em que o principal fator de desenvolvimento são os talentos.

O Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc), professor Jorge Audy, explica que o futuro da capital gaúcha passa por pessoas qualificadas, a inovação, o empreendedorismo e a criatividade. Nesse sentido, o Tecnopuc tem desempenhado, nos últimos anos, um papel central como protagonista na construção do futuro de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, com foco na inovação e no empreendedorismo.

O docente aponta que a diferenciação e competitividade das cidades e territórios requer uma articulação entre os agentes de desenvolvimento como universidades, empresas, governo e sociedade civil organizada. Para isso, as iniciativas devem ter a inovação como base, seja como geração de novas empresas de alto valor agregado e base tecnológica, como startups e spinoffs, na geração de emprego e renda, seja na transformação da gestão pública, na qualidade dos serviços aos cidadãos e na transparência das ações e uso de recursos.

O Tecnopuc como polo de inovação para a cidade

Jorge destaca que as áreas de ensino e pesquisa são a base para a dinâmica de transformação de conhecimento em riqueza e desenvolvimento social, econômico e ambiental. Para o pesquisador, a formação e a capacitação das pessoas tanto no processo de ensino como no processo de pesquisa são fundamentais para criar as condições de criação de novas empresas e, consequentemente, geração de emprego e renda, resultando no desenvolvimento da sociedade.

tecnopuc

Foto: Bruno Todeschini

Com isso, o Tecnopuc atua como um ecossistema de inovação conectado e global. Sendo assim, suas iniciativas são desenvolvidas articuladas com outros agentes de desenvolvimento relevantes da cidade e com o Posicionamento Institucional da PUCRS, de Inovação & Desenvolvimento. Dentre os projetos, se destacam duas estratégias centrais do Tecnopuc e da PUCRS na área de inovação e empreendedorismo na cidade de Porto Alegre, que são a Aliança para Inovação e o Pacto Alegre.

Aliança para Inovação

Em 2018, a PUCRS, a UFRGS e a Unisinos lançaram a Aliança para Inovação de Porto Alegre. Uma união entre as universidades com o objetivo de potencializar ações de alto impacto em prol do avanço do ecossistema de inovação e do desenvolvimento da capital gaúcha. A assinatura desta articulação foi realizada com a presença do prefeito de Porto Alegre no período e do presidente da Associação Internacional de Parques Científicos e Tecnológicos (IASP)

Com a Aliança nasceram diversos projetos que visam transformar Porto Alegre e região em referência internacional no ambiente de inovação, conhecimento e empreendedorismo, para isso, as universidades contam com cinco principais projetos: Pesquisa, Formação, Comunicação, Ambiente e Pacto Alegre.

O projeto Pesquisa é fomentado pela capacidade de produção das três universidades. Entre os objetivos, o projeto visa a realização de trabalhos de pesquisa conjuntos nesta área. Já a iniciativa Formação é garantida pela excelência no ensino a ser compartilhado pelas instituições integrantes, o projeto busca ofertar cursos de especialização e mestrados construídos pelas três instituições.

Com o Comunicação, as universidades se dedicam em divulgação científica, troca de saberes e mobilização da comunidade para se engajar como agente de inovação. E com o projeto Ambiente é realizado um intercâmbio de espaços consolidados das três instituições, como polos de referência e modelo de excelência para ações de inovação. O projeto prevê o compartilhamento de estruturas dos parques tecnológicos, entre as iniciativas.

Pacto Alegre

O Pacto Alegre é o principal produto da Aliança ao integrar o setor da administração pública municipal de Porto Alegre como agente de transformação, amparado pela metodologia e expertise de inovação das três instituições de ensino superior, de pesquisa, de extensão e de inovação. Os esforços partiram da Aliança entre a PUCRS, a UFRGS e a Unisinos com a prefeitura de Porto Alegre para unir forças da cidade, de todos os segmentos, em prol de uma agenda comum.

Na 5ª edição da Mesa do Pacto Alegre, que aconteceu em 2021, estiveram presentes 105 entidades para debater o futuro dos projetos desenvolvidos em conjunto. Em três anos de existência, já foram finalizadas 11 iniciativas, 15 estão em andamento e outras 11 aguardam aprovações. No evento, sete projetos foram aprovados para tornar Porto Alegre mais inovadora. São eles: Cidade Educadora, Centro +, Aprendizados da Pandemia, Territórios Criativos, Poa Digital, Startup City e Porto Alegre que Queremos.

“Atuamos na orquestração de todo o ecossistema de inovação da PUCRS, articulando as iniciavas institucionais com as ações no âmbito municipal, seja com relação à Aliança para a Inovação de Porto Alegre, seja com o Projeto Pacto Alegre”, destaca o Superintendente Jorge Audy.

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porto alegre antigamente

Fundada no dia 26 de março de 1772, Porto Alegre completa seus 250 anos neste sábado. Para marcar a data, ao longo dos próximos dias serão publicados conteúdos desenvolvidos a partir dos estudos de pesquisadores da Universidade sobre diversos temas que envolvem a Capital gaúcha. O tema que abre esta série especial é o 4.º Distrito, região da cidade que vem passando por mudanças.

Assim como outras grandes capitais brasileiras, Porto Alegre é marcada por sua constante transformação. Atualmente, a arquitetura da Capital é exemplo dessa evolução, pois passa por diferentes épocas e estilos, fazendo com que especialistas debatam sobre novas possibilidades e estratégias para permitir o contínuo desenvolvimento da cidade.

O 4º Distrito de Porto Alegre é um exemplo de como a cidade é um organismo vivo: uma região histórica, que já foi o centro da atividade social e industrial da capital gaúcha e sofreu certo abandono. Mas que, nos últimos anos, vem sendo pauta para diversos estudos que buscam revitalizar a região.

A professora e pesquisadora da Escola Politécnica Cibele Vieira Figueira realiza pesquisas desde 2014 referentes aos bairros históricos de caráter industrial. Atualmente atua como líder do grupo de pesquisa intitulado Cidade, Projeto e Gestão e coordena a linha de pesquisa Função da Propriedade Urbana na Cidade Formal, na qual desenvolveu vários estudos com foco na região do 4.º Distrito de Porto Alegre.

“As pesquisas desenvolvidas visam contribuir para a construção de um olhar sobre a cidade e suas possibilidades de resolver os desafios urbanos, que não fique restrito ao mundo acadêmico, mas que se torne do conhecimento da comunidade em geral e dos agentes envolvidos”, comenta a professora.

O 4.º Distrito de Porto Alegre 

O denominado 4º Distrito de Porto Alegre possui uma área de 1.191 hectares, é composta por cinco bairros (Floresta, São Geraldo, Navegantes, Farrapos e Humaitá). A região está no centro de vários debates que acontecem nas últimas décadas por sua riqueza em potencialidades e problemas de naturezas distintas.

porto alegreCom suas pesquisas, Cibele explica que cada um dos bairros do 4º Distrito apresenta peculiaridades bem definidas, porém todos abrangem a mesma situação que demanda por requalificação de grandes zonas em áreas já consolidadas. Questões de mobilidade, habitação social e patrimônio histórico exigem debates constantes de especialistas e órgãos governamentais.

“O primeiro passo é conhecer em profundidade o que ali existe, permitindo uma leitura adequada da área, identificando suas necessidades e possibilidades, para ser possível a definição de estratégias de intervenção que garantam a desejável qualidade do resultado”, ressalta.

A região, antes uma potente zona industrial, ligada ao principal acesso à cidade e muito próxima ao centro urbano, atualmente se encontra abandonada. A área sofreu com o abandono das fábricas e com o afastamento gradativo de residentes, e por conta disso, Figueira comenta que o 4º Distrito clama por mudança. 

Reabilitação e requalificação da região 

Atualmente há um processo espontâneo promovidos por pequenos empresários que apostam no lugar por sua história, patrimônio e localização. Muitos negócios e iniciativas nos últimos anos estão retomando a qualidade da região, como o Hostel Boutique, o Centro Cultural Vila Flores e, mais recentemente, diversos novos bares. Dentro deste contexto, a pesquisadora da PUCRS acredita que as possibilidades de intervenção devem atuar pela reabilitação e requalificação urbana do 4.º Distrito.

“Entende-se que seria necessário para Porto Alegre estimular exemplos que permitam combinar propriedades urbanas dentro de um projeto que reconheça sua capacidade de reabilitação e requalificação, favorecendo sua preservação e integração à vida urbana, em novas dinâmicas. Somando as ações, torna-se possível realizar melhores transformações e desenvolvimento local”, destaca a pesquisadora.

Em 2017, os estudos produzidos para pesquisa resultaram na participação do maior concurso universitário de urbanismo do Brasil, o Urban 21, sendo a proposta apresentada intitulada Reconhecer: olhar o urbano através do detalhe a vencedora da 3.ª edição do concurso. O trabalho foi realizado em conjunto com alunos da Escola Politécnica, Francine Franco, Carol Solaro, Lucas Gomes, Eduarda Rossato, Aloisio Gianesini Junior, Barbara Remussi, Ricardo Rossi e Gustavo Franco. O objetivo da premiação é incentivar e mobilizar os estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo a pensar novas possibilidades sobre transporte, acessibilidade, densidade urbana, geração de energia e outros assuntos relacionados para construir cidades mais vivas e saudáveis.

Atualmente, através da integração dos professores Caroline Kuhn e Jaime Federice, da Escola Politécnica, a pesquisa investiga em profundidade o território, georreferenciando as informações e buscando equações de análise que evidenciem os valores da região. Entende-se que o material produzido possa ser base para traçar novas possibilidades de desenho urbano para o 4.º Distrito em diferentes aspectos como mobilidade, arquitetura e sustentabilidade social.

A professora salienta que, dada a extensão da área analisada, foram fundamentais a integração de estudantes através de diferentes projetos que promoveram conhecimento de softwares e sua aplicação no território.

Importância da noção de patrimônio e da preservação 

Em etapa de finalização, o artigo Metodologia para reconhecimento de áreas de renovação e requalificação em zonas urbanas com tecido histórico. Aplicação em região industrial obsoleta do 4°distrito de Porto Alegre, RS apresentará cenários possíveis que envolvem questões de requalificação e renovação do território. As propostas se dão a partir do patrimônio existente da região, sem demolir ou apagar a história presente na área, com o discurso de vislumbrar o futuro, aprender com o passado e valorizar a memória urbana da cidade.

Esta etapa de recopilação e revisão envolve também os bolsistas de Iniciação Científica Fernando Feitoza e Carolina Rogatti, que estão engajados com o desafio que envolve estudo analítico para o planejamento urbano.

“É de extrema importância a discussão sobre a noção de patrimônio, o valor do espaço construído e a complexidade de gerência de sua preservação, especialmente quando envolve propriedade privada para realmente não desenvolvermos cidades a partir da destruição”, destacaram os pesquisadores na apresentação do projeto.

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Vista da torre da antiga Catedral, na Praça da Matriz, em Porto Alegre

Vista da torre da antiga Catedral, na Praça da Matriz / Foto: Acervo Benno Mentz/Delfos

Em comemoração ao aniversário de Porto Alegre, que neste dia 26 de março completa 247 anos, será inaugurada na próxima sexta-feira, 29, a exposição SobrePOA, que reflete a evolução da Capital através de uma série de fotografias históricas. Imagens do acervo Benno Mentz, abrigadas no Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS (Delfos), integram o projeto. A série de 20 fotos atribuídas ao italiano Luiz Terragno, condecorado por Dom Pedro II como fotógrafo imperial, foram obtidas a partir de um ponto de vista inusitado: as torres da antiga Catedral – no mesmo local da atual, na Praça da Matriz, entre 1865 e a década de 1870. As imagens foram reinterpretadas pelas lentes dos profissionais da Prefeitura de Porto Alegre. A mostra, na Pinacoteca Aldo Locatelli (Paço dos Açorianos, Praça Montevidéu, 10), ficará aberta até 18 de maio. A visitação é gratuita, de segunda à sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 17h30min. Mais informações pelo e-mail, [email protected] ou pelo telefone (51) 3289-3735.

Exposições desvendam e contam histórias

Outra exposição, sob curadoria da professora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bruna Fetter, propõe um Exercício de Convivência” entre nove artistas contemporâneos com diferentes abordagens do fazer artístico. A ideia é perceber o espaço urbano de diferentes maneiras com materiais e simbologias de convivência. As duas exposições se completam ao propor o pensamento do espaço de Porto Alegre com pontos de vista diversos e divergentes, utilizando como ferramentas técnicas artísticas.

Acervo Benno Mentz

O Acervo Benno Mentz abriga coleções de documentos, jornais, almanaques, revistas, fotografias, mapas e materiais diversos que servem como fonte de pesquisa para a compreensão da trajetória dos imigrantes alemães e de seus descendentes no sul do Brasil. Começou a ser organizado na década de 1920, e se estendeu até os anos 60. Os documentos são um fichário genealógico de 25 mil famílias de origem alemã no RS, jornais e almanaques em língua alemã, além de livros, revistas, arquivos pessoais de personalidades da política gaúcha e ainda arquivos de empresas e material iconográfico.

Incluem-se, também, alguns jornais em língua alemã posteriores à Segunda Guerra Mundial editados em São Paulo (Brasil-Post e Deutsche Nachrichten), além de jornais em língua portuguesa de alguma forma ligados ao tema colonização alemã, como Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, e jornais eclesiásticos e de associações diversas. A coleção foi doada à Universidade em setembro de 2009, pelos familiares de Raul de Oliveira Santos – antigo detentor das coleções.  Confira mais informações no site do Delfos.

Exposições

SobrePOA
Exercícios de Convivência

Data: de 29 de março a 18 de maio de 2019
Visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 17h30min
Informações: [email protected] ou (51) 3289-3735
Entrada franca