O médico neurologista e pesquisador-associado do Instituto do Cérebro da PUCRS, Cristiano S. Aguzzoli, recebeu financiamento de 250 mil dólares da organização internacional Alzheimer’s Association. O investimento será destinado para a condução de sua pesquisa “Glial Reactivity Marker Predictive Value on Neuropsychiatric Symptoms in Alzheimer’s disease” (Valor preditivo do marcador de reatividade glial em sintomas neuropsiquiátricos na doença de Alzheimer), que visa identificar marcadores inflamatórios no sangue capazes de prever sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com a doença neurodegenerativa de maior incidência no mundo.
O projeto de pesquisa financiado é fruto dos resultados obtidos em recente estudo liderado por Cristiano e realizado na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. O estudo contou ainda com a supervisão do professor Dr. Tharick Ali Pascoal, e a participação de outros dois pesquisadores-associados do InsCer, o neurocientista Eduardo Zimmer e o neurologista Lucas Schilling.
“O estudo revelou que a neuroinflamação medida por neuroimagem contribui substancialmente para o desenvolvimento de sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com doença de Alzheimer. Agora, o projeto proposto que obtivemos financiamento se baseia nos resultados desse estudo anterior e busca investigar se marcadores sanguíneos de inflamação têm associação e podem predizer sintomas neuropsiquiátricos em um estudo longitudinal”, destaca Cristiano.
A proposta do projeto passou por um criterioso e competitivo processo de seleção pela organização internacional Alzheimer’s Association, maior associação de financiamento não governamental dedicada à pesquisa sobre a Doença de Alzheimer e Desordens Relacionadas (DADR). A organização é comprometida com o avanço e financiamento de pesquisas de alto impacto e altamente relevantes para o desenvolvimento de métodos, tratamentos e, por fim, a cura da Doença de Alzheimer.
Leia também: Pesquisa sobre saúde mental busca melhorar a qualidade de vida da terceira idade
O estudo conduzido por Cristiano é original no Brasil. No mundo, pesquisas prévias demonstraram a associação de proteínas beta-amilóide e Tau a sintomas neuropsiquiátricos, mas poucos centros investigam a associação desses sintomas à neuroinflamação nos pacientes com doença de Alzheimer.
“A conquista deste financiamento representa uma oportunidade única de trazer investimento exterior para a ciência brasileira e, desta forma, contribuir para aprimoramento de pesquisas conduzidas no nosso país e na América Latina”, reforça Cristiano.
Segundo Heather M. Snyder, Ph.D., vice-presidente de Relações Médicas e Científicas da Associação de Alzheimer, um dos objetivos é promover a pesquisa de médicos de diversas origens e perspectivas em todo o mundo. “Como maior financiadora mundial sem fins lucrativos da ciência do Alzheimer e da demência, a Associação de Alzheimer tem orgulho de financiar cientistas clínicos. É uma necessidade importante em nossa área apoiar especialistas tanto em pesquisa quanto em atendimento ao paciente”, pontua Snyder.
Leia também: 5 assuntos sobre saúde e bem-estar para ficar atento em 2024
Apesar de não possuir cura, a doença de Alzheimer não é uma sentença. Quanto mais cedo é identificada, melhor é a resposta aos tratamentos. Para aprimorar o diagnóstico assertivo da doença, o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) passa a comercializar de forma pioneira e exclusiva no Brasil o radiofármaco Florbetabeno (18F).
A comercialização do produto foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) neste mês. A produção experimental do radiotraçador teve início em 2020 e desde março de 2021 a produção foi oficializada para fins de pesquisa. Com a permissão da Anvisa, o produto passará a ser distribuído para as regiões Sul e Sudeste.
Demência mais frequente entre a população brasileira, o Alzheimer já atinge mais de 2 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo o IBGE. Capaz de marcar placas beta-amilóide no cérebro, biomarcadores característicos da doença de Alzheimer, o Florbetabeno (18F) torna o diagnóstico mais assertivo. Desenvolvido pela alemã Life Molecular Imaging, o produto foi trazido para o Brasil em uma parceria entre o Instituto do Cérebro e a empresa R2IBF, que atua na produção de radiofármacos, com apoio da FInanciadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Sabemos que o Alzheimer é uma doença que afeta não só a pessoa que é acometida, mas também impacta em muito todos do seu convívio. Fazer um diagnóstico preciso, não só é importante para um tratamento adequado, mas também para melhor preparar a família. Justamente no ano em que completamos 10 anos de história, é uma grande satisfação poder oferecer para a sociedade brasileira um radiofármaco que auxilia em muito no manejo desta doença tão avassaladora. Tudo isso só foi possível graças ao grande empenho de toda a nossa equipe e também dos nossos parceiros Life e Grupo R2IBF”, diz Louise Hartmann, coordenadora de produção do InsCer.
Com a autorização da Anvisa, o InsCer produzirá e fornecerá o radiofármaco para hospitais e clínicas, tornando-se pioneiro na comercialização desse produto. Desde 2014 o produto é aprovado por órgãos regulatórios internacionais, como a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e European Medicines Agency (EMA), da Europa.
Diretor-executivo do Grupo R2IBF, Roberto Vieira destaca a importância da parceria firmada entre o InsCer e o Grupo R2IBF. “Essa cooperação permite que as duas instituições trabalhem na fronteira do conhecimento, trazendo para o Brasil o que existe de mais moderno no mundo na especialidade Medicina Nuclear, possibilitando o acesso da população brasileira a radiofármacos cada vez mais inovadores”, comenta.
Descrita em 1906 pelo médico Alois Alzheimer, a doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência, isto é, de perda das funções cognitivas. Estima-se que, hoje, mais de 55 milhões de pessoas tenham demência no mundo. Desse total, entre 60% e 70% são casos de Alzheimer, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como a enfermidade está relacionada ao envelhecimento, a tendência é que esses números cresçam proporcionalmente ao avanço da idade da população. No Brasil, a quantidade de pessoas acima de 65 anos deve alcançar os 40% até 2100, conforme levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2010, o percentual de idosos no país era de 7,3%.
O diagnóstico do Alzheimer é realizado a partir do exame PET/CT, que utiliza o radiofármaco Florbetabeno para indicar de forma assertiva se há ou não depósitos de substâncias beta-amilóide no cérebro, biomarcadores característicos da doença. O agendamento do exame pode ser feito pelo telefone (51) 3320-5900. Mais informações também podem ser consultadas pelo site inscer.pucrs.br.
Leia também: Quando a memória falha, é Alzheimer?
Apesar de a Doença de Alzheimer não ter cura, o seu diagnóstico não é uma sentença. Quanto mais cedo é identificada, melhor é a sua resposta aos tratamentos. O Instituto Alzheimer Brasil (IAB) estima que mais de 45 milhões de pessoas tenham algum tipo de demência no mundo e que esse número irá dobrar a cada 20 anos.
No País, dentre a população com mais de 60 anos, cerca de 2 milhões têm Alzheimer (a demência mais comum), de acordo com o IBGE, sendo também o grupo de maior incidência.
Para tirar dúvidas sobre o tema e apresentar as novidades na área, no dia 30 de junho, às 15h, acontece o bate-papo online Quando a memória falha, é Alzheimer? pelo canal da PUCRS no YouTube, promovido pela Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati).
O convidado para o encontro é o médico neurologista Lucas Schilling, que também é professor da Escola de Medicina da PUCRS e pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer).
O médico explica que a Doença de Alzheimer hoje é compreendida como um processo biológico progressivo, onde há o acúmulo de proteínas (Beta-Amilóide e Tau) no cérebro de pacientes. Esse processo leva à neurodegeneração e ao comprometimento cognitivo. Segundo o neurologista a ciência tem sido uma importante aliada na busca por soluções:
“Em termos de tratamento, existe a perspectiva de que em um futuro próximo tenhamos medicações específicas para evitar o acúmulo dessas proteínas no cérebro dos pacientes com Alzheimer. Dessa forma, teríamos terapias mais efetivas e promissoras para o tratamento da doença”.
Os biomarcadores (que indicam a presença de alterações características da doença) são um dos grandes avanços na área e vem contribuindo para um melhor entendimento sobre Alzheimer.
Leia também: InsCer lidera projeto para a produção de radiofármaco inédito no Brasil
As demências são sintomas cognitivos e sociais que afetam nas atividades do cotidiano por interferirem em funções do cérebro, como a memória e o discernimento. Lucas ressalta que além da idade, outros fatores podem influenciar no desenvolvimento de Alzheimer e até mesmo no agravamento da doença:
“São questões relacionadas ao estilo de vida, como a prática de atividades físicas, ter uma alimentação adequada, evitar tabagismo e álcool em excesso e controlar os fatores de risco cardiovasculares (como hipertensão, diabetes e colesterol elevado)”.
Um estudo realizado pela UFPEL neste ano mostra que o Brasil pode ter 4 milhões de pessoas com Alzheimer em 2050 e que população negra tem menor acesso ao diagnóstico. Além disso, a doença pode desencadear quadros de depressão, como tristeza e problemas emocionais.
Ative o sininho no YouTube e recebe o lembrete para a live Quando a memória falha, é Alzheimer? que acontece no dia 30 de junho, às 15h, pelo canal da PUCRS:
O Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer) seleciona pessoas com 65 anos ou mais para participar de forma voluntária de um estudo sobre os mecanismos da memória. A pesquisa é realizada em três etapas: primeiro, a equipe do Inscer entra em contato por telefone e faz perguntas gerais sobre a saúde. Após, é realizada uma avaliação cognitiva individual no Instituto. Por último, alguns participantes são selecionados para os exames de imagem. Para participar, é preciso entrar em contato pelo e-mail [email protected].
A pesquisa busca achar uma relação entre os exames de imagem e algumas substâncias do sangue que possam auxiliar no diagnóstico e detectar precocemente a Doença de Alzheimer. O foco principal é em algumas proteínas que se depositam no cérebro, já que alguns estudos sugerem que essas proteínas podem ser encontradas no sangue.
“Num cenário otimista, um exame de sangue poderia ter um valor diagnóstico tão bom quanto um exame de PET, mas com um custo acessível ao sistema de saúde brasileiro”, afirma o pesquisador do Inscer, Wyllians Borelli. Ele lembra que esse estudo é um dos únicos no Brasil envolvendo diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer, antes mesmo de aparecerem os sintomas de esquecimento: “assim, poderemos usar essa janela terapêutica para evitar que a doença avance”.
Nos dias 26 e 27 de junho, o Instituto do Cérebro do RS (InsCer) oferece uma nova edição do ciclo de palestras InsCer para a Comunidade, com assuntos relacionados à área da saúde. Entre os temas estão Depressão: o que sente quem sofre com a doença?; A memória está falhando, pode ser Alzheimer?; e Como ajudar seu filho a se tomar um leitor competente. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected]. O evento ocorre no auditório Irmão José Otão, no 2º andar do Hospital São Lucas (Avenida Ipiranga, 6.690 – Porto Alegre). Para ingressar, é necessário levar 1kg de alimento não perecível. As informações completas sobre a programação podem ser obtidas neste link ou no site do InsCer.
O envelhecimento humano será o foco da 1ª edição da Roda de Conversas: EnvelheSER. A atividade, promovida pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, busca abrir um espaço para discussões sobre o ser humano, sua complexidade e a sociedade em que está inserido. Entre os assuntos abordados estão: Alzheimer; relações entre os ambientes e o envelhecimento ativo; interface profissão-pessoa e o envelhecimento; envelhecimento da população LGBT; aposentadoria e os impactos sociais e econômicos para o idoso; inclusão digital; além de uma experiência prática sobre psicologia positiva e espiritualidade.
O encontro ocorre nos dias 10 e 11 de novembro, das 19h às 21h e das 14 às 21h, respectivamente, no 5º andar do prédio 81 do Campus (avenida Ipiranga, 6690 – Porto Alegre). As inscrições, gratuitas e abertas ao público, podem ser feitas clicando aqui, pelo site www.fijo.org.br, no link Eventos, ou pelo telefone (51) 3205-3139. Outras informações pelo telefone (51) 3353-6031.