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Sabão e álcool são alguns dos produtos mais eficientes no combate ao vírus / Foto: Pixabay

“Lave bem as mãos com água e sabão ou higienize-as com álcool gel”. Essa é uma das recomendações que mais se tem escutado desde o início da pandemia da Covid-19. Mas você já parou para pensar como esses simples hábitos são capazes de evitar a contaminação tanto desse quanto de outros vírus?

Por trás dessas recomendações, está uma verdadeira aliada da nossa saúde: a química. Existem vários agentes químicos usados para combater diferentes tipos de micro-organismos, sejam eles vírus, fungos ou bactérias. Eles fazem parte de processos como o de desinfecção, que elimina agentes infecciosos de superfícies e artigos hospitalares; e de esterilização, que extermina todas as formas de vida de um material ou ambiente. O Museu de Ciências e Teconologia da PUCRS (MCT) desenvolveu um conteúdo aprofundado sobre o assunto, que você pode conferir na íntegra clicando aqui.

Outra ação importante é o uso de antimicrobianos, que são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de algum microrganismo patogênico específico. Trata-se dos antibióticos (usados contra bactérias), antifúngicos (contra fungos) e antivirais (contra vírus).

E onde entram o sabão e o álcool gel?

Diferentes tipos de sabão e de álcool estão entre alguns dos agentes químicos comumente utilizados – e são os mais eficientes no combate à Covid-19. Conforme o conteúdo divulgado pelo MCT, os Coronaviridae são uma família de vírus patogênicos, que possuem uma camada lipídica que os envolve. Essa camada é chamada de envelope e tem como função protegê-los do ambiente e reconhecer as células hospedeiras que costuma infectar.

O sabão se mostra eficaz no combate à doença porque sua molécula possui uma parte hidrofílica, que tem afinidade com a água, e outra parte hidrofóbica, que prefere se ligar a óleos e gorduras. Quando lavamos as mãos, a parte hidrofóbica se liga com o envelope lipídico dos vírus, rompendo-a. Assim, eles perdem sua proteção e são eliminados.

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Álcool recomendado para higienizar as mãos é o etanol 70% / Foto: Pexels

Já os álcoois etílico e isopropílico na concentração de 70% a 92% desidratam os vírus quase que imediatamente. Porém, esses agentes químicos não têm nenhuma ação residual e ressecam a pele se utilizados em excesso. Além disso, para uso como antisséptico (para higienizar as mãos e outras superfícies do nosso corpo), apenas o etanol 70% é recomendado.

Outra alternativa bastante eficaz contra o coronavírus é o hipoclorito de sódio, produto obtido a partir da reação do cloro com uma solução de soda cáustica. Frequentemente usado como desinfetante e agente alvejante, ele faz com que as proteínas do vírus se “desmontem”, eliminando-os. Entretanto, este composto deve ser utilizado apenas para a desinfecção de ambientes e superfícies inanimadas, e nunca como antisséptico.

Química como aliada da saúde

A química é uma área ampla, e uma das possibilidades de atuação do profissional pode estar profundamente relacionada com a área da saúde. Conforme explica a coordenadora do curso de Química da Escola Politécnica, professora Lisandra Catalan do Amaral, associada à Medicina, por exemplo, a química possibilita o estudo e o reconhecimento da estrutura dos tecidos do corpo, dos ossos e de líquidos internos, como a composição do sangue. Interligando‐se com a Biologia (bioquímica), possibilita o estudo de doenças, formulação e análises de medicamentos e vacinas, que nos permitem combater as doenças e epidemias.

Quanto à higiene e prevenção, a química é responsável pela formulação dos produtos de limpeza e de cuidado pessoal, como os citados acima. Ainda nesse campo, profissionais da área realizam pesquisas voltadas para o desenvolvimento de exames e vacinas, para a manipulação de equipamentos e para a detecção de vírus, bactérias e fungos, no mapeamento das doenças.

“Também há estudos para buscar materiais para o desenvolvimento de equipamentos como máscaras, testes e protetores para os profissionais da saúde”, complementa Lisandra. Segundo professora, as áreas de análises clínicas e toxicologia são relativamente novas no mercado de trabalho para o químico, mas estão crescendo.

O que muda com o coronavírus?

Lisandra acredita que, com a pandemia de Covid-19, o campo de trabalho para as pesquisas na área será ampliado em todo o mundo. “Assim, o mercado para pesquisa estará bastante aquecido. Da mesma forma, as empresas privadas estão cada vez mais investindo no departamento de pesquisa e desenvolvimento. A situação é complexa e ampla, e é emocionante perceber que nossa profissão pode contribuir de diversas maneiras e que há tantos profissionais da química envolvidos no combate à pandemia”, diz a professora.

Graduação oportuniza conhecimento de todas as áreas

No curso de graduação em Química Bacharelado – Linha de Formação em Química Industrial da PUCRS, os estudantes têm a oportunidade de conhecer todas as áreas. “Leva-se em consideração que um químico que trabalhará com materiais também precisa conhecer um pouco de química ambiental, por exemplo”, pontua Lisandra.

O curso tem duração de oito semestres e habilita os estudantes para as atividades químicas da indústria, dos centros de pesquisa e dos órgãos públicos; além de preparar para atividades em caráter individual e autônomo, como consultoria, assistência e correspondente responsabilidade técnica, entre outras possibilidades.

Ficou interessado? Acesse o site Estude na PUCRS e saiba mais sobre o curso.

Nora Volkow, Nida, EUA

Foto: Divulgação

No dia 2 de outubro, às 16h, a PUCRS promove uma videoconferência a diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA (Nida, na sigla em inglês), Nora Volkow. A atividade ocorre no auditório térreo do prédio 50, com o tema Addiction as a brain disorder, em inglês, sem tradução. Inscrições gratuitas pelo site do evento.

A neurocientista e psiquiatra nascida no México e naturalizada norte-americana é pioneira no uso da tomografia para investigar o efeito das drogas. Seus estudos documentaram mudanças no sistema de dopamina, afetando, entre outras, as funções das regiões frontais do cérebro envolvidas com a motivação e o prazer. Também fez contribuições para a neurobiologia da obesidade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e envelhecimento.

Nora Volkow participa da videoconferência a convite do professor Rodrigo Grassi de Oliveira, da Escola de Medicina e do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. Nos últimos 30 anos, Nora Volkow publicou mais de 770 artigos revisados por especialistas, além de 95 capítulos de livros, editou quatro livros sobre imagens cerebrais e dependência química e coeditou uma enciclopédia sobre Neurociência. Ela recebeu vários prêmios, incluindo a participação na Academia Nacional de Medicina, em 2000, e o Prêmio Internacional de Ciência do Instituto Francês de Saúde e Pesquisa Médica, em 2009. Foi nomeada uma das Top 100 Pessoas que moldam o nosso mundo, da revista Time, em 2007.

Parceria internacional

No mesmo dia, mais de 20 especialistas brasileiros em estresse precoce e drogadição participam de um simpósio pela manhã. Uma comitiva vem dos EUA como parte do acordo de cooperação internacional entre a PUCRS e a Universidade do Texas para um estudo inédito sobre dependência à cocaína tipo crack, liderado por Grassi e pelas professoras Joy Schmitz e Consuelo Walss Bass e com recursos do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (2,6 milhões de dólares). Além delas, estarão na Universidade Nicholas Gilpin (Universidade de Louisiana) e Gabriel Fries (Universidade do Texas).

Acompanhado de Grassi, o grupo irá a São Paulo conhecer a cracolândia e presenciar o uso coletivo de drogas, a convite da professora Clarice Madruga, da Universidade Federal de São Paulo. Da PUCRS, também irão o professor Thiago Viola e a aluna Aline Zaparte. 

Foto: kaicho20/pixabay.com

Segundo a literatura, o estilo parental ideal é o autoritativo, que monitora, dá regras, mas ao mesmo tempo é afetivo. Foto: kaicho20/pixabay.com

Investigar a relação entre o comportamento dos pais e o uso de drogas por parte dos filhos foi o objetivo da professora Irani Argimon e da doutoranda Fernanda Cerutti do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Humanidades da PUCRS. As pesquisadoras identificaram, durante o mestrado de Fernanda, que 81,7% dos adolescentes gaúchos já experimentaram álcool. O estudo avaliou também o efeito das atitudes familiares no uso de outras substâncias como maconha e tabaco. Dos 487 participantes da pesquisa, 44,3% tinham entre 15 e 16 anos, a maioria estava frequentando o Ensino Médio e 85,4% estudavam em escola pública. Os resultados da dissertação estão no artigo A implicação das atitudes parentais no uso de drogas na adolescência, disponível no link. A pesquisa integra o Grupo de Pesquisa Avaliação e Intervenção no Ciclo Vital, coordenado por Irani.

As pesquisadoras ressaltam que o comportamento dos pais pode representar uma proteção ou um risco ao adolescente. Um dado do estudo revelou que os parentes mais afetivos têm filhos com mais chance de se tornarem dependentes da substância. De acordo com Fernanda, uma permissividade maior pode ter sido interpretada pelo adolescente como um excesso de afeto, mas geralmente essa abertura não está acompanhada de um monitoramento adequado, o que pode resultar no envolvimento problemático do filho com as bebidas alcoólicas.

O objetivo de Fernanda no doutorado é propor uma intervenção nessa relação, para melhorá-la. “Vemos muitas intervenções voltadas apenas para os adolescentes que estão envolvidos com drogas e a proposta da nossa pesquisa é incluir os pais ou responsáveis”, explica Fernanda. O trabalho tem como base a adaptação e aplicação de uma intervenção breve desenvolvida nos Estados Unidos, que é composta por quatro sessões, duas com a previsão da participação dos pais. “O que encontramos na literatura atual sobre o tema é que a participação dos pais no tratamento dos filhos auxilia para mantê-los motivados para a mudança de comportamento em relação ao uso de drogas”. Assim, a intervenção busca orientar e treinar os pais a encontrarem uma maneira de se comunicar com o filho, para que ambos os lados possam falar e escutar. “Queremos ajudar os pais a monitorarem os filhos adolescentes de uma forma adequada, sem serem rígidos ou permissivos”, ressaltam as pesquisadoras. Nesse sentido complementam que, segundo a literatura, o estilo parental ideal é o autoritativo, que monitora, dá regras, mas ao mesmo tempo é afetivo.

A orientadora Irani alerta: “Pai e mãe têm que ser pai e mãe. Serem próximos, mas não se tornarem amiguinhos dos filhos, porque eles precisam de limites e de pessoas que na hora do perigo sabem que podem contar”. A professora esclarece que, desde que nasce até mais ou menos 24 anos, o cérebro do indivíduo está em maturação e por isso ainda vulnerável para avaliar as situações e tomar decisões. “Ele precisa de acolhimento, de alguém que o ajude e o oriente para que saiba dizer não às drogas”, salienta.