mulheres na ciência

Foto: Bruno Todeschini

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é lançado um novo projeto aproximando PUCRS, UFRGS e a  King’s College London, do Reino Unido, com o objetivo de incentivar e inspirar mais mulheres na ciência. O avanço da presença feminina nas mais variadas áreas acadêmicas é notável nos últimos anos. Porém, o desafio de uma maior representatividade nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) ainda persiste.

A inclusão de mulheres em STEM faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da UNESCO, com uma nova visão sobre questões sociais e econômicas atuais. Da perspectiva científica, a inclusão de mulheres “promove a excelência científica e impulsiona a qualidade dos resultados em STEM, uma vez que abordagens diferentes agregam criatividade, reduzem potenciais vieses, e promovem conhecimento e soluções mais robustas” de acordo com o material disponibilizado no portal oficial da organização.

Financiado pelo British Council, o programa Mulheres na Ciência (Women in Science) busca o fortalecimento de vínculos em torno de mulheres na ciência no Brasil e no Reino Unido nos âmbitos individual e institucional para transformar padrões de influência e fortalecer esquemas de liderança e gênero nas ciências exatas.

O projeto une a King’s College London, PUCRS e UFRGS em um projeto que visa incentivar mulheres e meninas na ciência, além de fornecer mentorias, eventos e oportunidades de desenvolvimento.

Por que apostar nessas áreas?

mulheres na ciência

Foto: Bruno Todeschini

Oportunidade é o que define. As áreas STEM representam um dos setores da economia e do mercado de trabalho que mais cresce no mundo. Dados do Bureau of Labor Statistics (EUA) prevê que os negócios de estatística, desenvolvedor de software e matemática crescerão 34%, 31% e 30% até 2026, respectivamente.

Já um estudo conduzido pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) aponta que o Brasil deve ter uma demanda por 797 mil profissionais de tecnologia até 2025.

Por que precisamos de mais mulheres?

Para promover o desenvolvimento sustentável, impulsionar a inovação, o bem-estar social e o crescimento inclusivo. Empresas com maior diversidade de gênero têm 21% a mais de chances de apresentarem produtividade. Quando há também diversidade étnica, o índice sobe para 33% (dados da consultoria McKinsey and CO, 2O18).

O lançamento oficial do projeto está programado para o mês de abril com a publicação do website que apresentará a trajetória de mulheres cientistas das três instituições, abertura das inscrições para o programa de mentoria e início dos eventos promovidos pelo projeto.

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Elas chefiam famílias, empresas e países. Elas aprendem, ensinam e pesquisam. Elas geram vidas, conhecimento e soluções. Elas trabalham, cuidam e inovam. E, por serem tantas e tão diversas, jamais caberiam apenas em uma data. Neste 8 de março, a PUCRS inicia um mês em homenagem a todas as mulheres contando parte da história e da contribuição de algumas delas que inspiram, transformam e impactam a realidade de muitas outras.

Instituído em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional da Mulher marca as lutas e conquistas  na busca por igualdade de direitos e equidade de gênero em todos os âmbitos sociais. Empoderar mulheres que fazem a diferença para outras mulheres é fortalecer não só a elas, mas à toda sociedade.

A cada segunda-feira de março, a PUCRS trará em seus canais um recorte da trajetória de algumas mulheres que representam as muitas pesquisadoras, professoras, alunas, colaboradoras e gestoras que fazem parte da Universidade. Ao longo do mês, uma série de matérias contará parte da contribuição delas em áreas como a pesquisa científica, a promoção da saúde e da cultura. Independente da forma de atuação, o nosso respeito, carinho e agradecimento são direcionados para todas as diversas mulheres!

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Mulheres que empoderam, conheça Izete Bagolin

O protagonismo da mulher na sociedade ainda enfrenta barreiras sociais como a violência, a desigualdade de salários e a sobrecarga de trabalhos domésticos não remunerados. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as mulheres realizam três vezes mais trabalhos domésticos que os homens.

Apesar do excesso de jornadas de trabalho, são elas que conseguem gerar maior bem-estar para as famílias. De acordo com um estudo desenvolvido pela professora e pesquisadora da Escola de Negócios da PUCRS Izete Bagolin, as mulheres chefes de lares de famílias de baixa renda conseguem apresentar um melhor Indicador Multidimensional de Bem-Estar (Imbe).

O Imbe foi desenvolvido por Izete, com uma metodologia inspirada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A pesquisadora analisou condições envolvendo saúde, estilo de vida e felicidade, considerando que os indicadores variam da renda à satisfação com determinados aspectos da vida.

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Docente titular do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento, Izete se dedica à pesquisa científica nas áreas de Economia da Pobreza, Desigualdade, Abordagem das Capacitações, Educação e Desenvolvimento Humano. Para a pesquisadora, a atuação científica pode inspirar outras mulheres.

“Acredito que podemos gerar inspiração de forma explícita e intencional, por meio das pesquisas e projetos desenvolvidos, ou movimentos, redes e organizações que participamos. Mas também podemos ser inspiração de forma não intencional, pelo exemplo de atuação, de dedicação, de produção acadêmica e de empatia. Ambas as formas são valorosas e a Universidade é um ambiente propício para isso”, destaca.

A pesquisadora também comenta sobre a importância de redes que fortaleçam, empoderem e deem visibilidade para o trabalho e a produção das mulheres em áreas que historicamente predominam homens, como é o caso da economia. “Com o passar do tempo, fui percebendo que as estudantes, tanto da graduação quanto da pós-graduação, manifestavam algumas das mesmas angústias e necessidades que eu tinha vivido na minha trajetória acadêmica. A partir disso, fui me tornando mais atenta e mais ativa. No ano passado, junto com alunas, ex-alunas e colegas de outras instituições, nós criamos uma rede chamada Conexão Mulheres e Economia. A iniciativa tem o objetivo de dar visibilidade ao trabalho das economistas, ser um espaço de compartilhamento de conteúdo, de experiências, de informações, e fortalecimento da profissão”, ressalta Izete.

Mulheres que lutam, conheça Patrícia Grossi

Uma das populações mais vulneráveis na sociedade brasileira, 75% da comunidade quilombola vive em situação de extrema pobreza, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. Dados da Fundação Palmares ainda destacam que 76% da população dessas comunidades não dispõem de coleta de esgoto, 63% vivem em casas com piso de terra batida, 62% não têm acesso a água encanada e 24% não sabem ler e escrever.

O projeto de pesquisa Mulheres quilombolas e acesso aos direitos de cidadania: desafios para as políticas públicas, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência (NEPEVI) e coordenado pela professora e pesquisadora da Escola de Humanidades da PUCRS Patrícia Grossi, propõe estratégias de enfrentamento frente à violação de direitos de cidadania a partir da perspectiva das mulheres quilombolas.

Além de artigos sobre diferentes perspectivas do tema, o projeto desenvolveu o App Quilombola, aplicativo com guia de políticas públicas para ampliação de acesso aos direitos de cidadania e promoção de equidade de gênero em quilombos de Porto Alegre e da região metropolitana.

Professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Patrícia concentra seus estudos nas áreas de violência de gênero e políticas públicas, as interseccionalidades de gênero, raça/etnia, classe social e geração; violência contra idosos, violência nas escolas, bullying, práticas restaurativas e cultura de paz.

Para a pesquisadora, o trabalho e a ação das docentes podem inspirar a trajetória de muitas mulheres. “Nós, como professoras da PUCRS, podemos contribuir para que nossas estudantes se sintam acolhidas, respeitadas em suas singularidades. Isso também favorece que elas possam acreditar no próprio potencial para alcançar seus objetivos e metas, enfrentando os medos e desafios e praticando o verbo esperançar, como nos ensina o Paulo Freire”, afirma Patrícia.

Reconhecimento e carinho para todas

Alguma mulher que atua na Universidade te inspira? Deixe sua mensagem de carinho para ela na caixinha dos stories do perfil da PUCRS no Instagram (@pucrs).