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Qual é o impacto do PIB na vida das pessoas? Entenda além dos números 

segunda-feira, 17 de junho | 2024

Pesquisador da Escola de Negócios explica o indicador de desempenho econômico 

Foto: Giordano Toldo

O Produto Interno Bruto (PIB) representa o valor total dos bens e serviços produzidos em um país durante determinado período, geralmente um ano ou um trimestre. É uma medida crucial para avaliar a saúde econômica de uma nação e sua capacidade de crescimento. Também é um indicador utilizado para refletir a qualidade de vida de um país já que, em teoria, quanto mais riqueza é gerada mais os cidadãos se beneficiam. Todavia, considera somente fatores econômicos e deixa de lado elementos importantes de desenvolvimento, como a escolaridade da população.  

O professor da Escola de Negócios e do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento, Ely José de Mattos, explica que a análise isolada deste indicador pode não ser condizente com a realidade.  

“É comum considerarmos que o crescimento é sinônimo de desenvolvimento, pois está associado ao aumento de circulação de renda, maior consumo, etc. Porém, esta relação não é direta – pelo menos não para todos. Para que o crescimento econômico agregado reflita em melhoria de vida para a totalidade da sociedade, uma série de condicionantes precisariam ser atendidos – e nem sempre o são”, destaca o professor.  

O reflexo do aumento do PIB na qualidade de vida das pessoas, citado pelo professor, depende de fatores como distribuição de renda, investimentos em educação e saúde, redução da desigualdade social e preservação do meio ambiente. Entretanto, o somatório do PIB é influenciado essencialmente pelo consumo das famílias, investimentos empresariais, gastos do governo e saldo da balança comercial, refletindo a dinâmica econômica e política de um país.  

O pesquisador indica que fatores como o impacto ambiental das atividades econômicas devem ser considerado nessa equação.  

“Um crescimento do PIB baseado em exploração de recursos naturais e altamente intensivo em combustíveis fósseis é algo que, apesar da insistência ainda presente, precisa ser repensado”, explica Ely.  

De acordo com informações do IBGE, o PIB ajuda a compreender um país, mas não expressa a totalidade: em teoria, um país pode ter um PIB pequeno e apresentar alto padrão de vida, como registrar um PIB alto e padrão de vida relativamente baixo. O segundo cenário pode ser representado por um país com informalidade elevada, inflação excessiva nos alimentos e a alto índice de inadimplência.   

“Um país pode experimentar bom crescimento econômico em função de uma atividade econômica específica, que não gera tantos empregos e concentra renda em poucos agentes econômicos. Países muito desiguais, aliás, seguidamente tem mais dificuldade em fazer o crescimento econômico gerar benefícios para todos”, elenca Ely. 

Confira alguns fatores que impactam na qualidade de vida da população: 

  • Distribuição de renda: o crescimento do PIB não é suficiente para garantir uma boa qualidade de vida se a renda for concentrada em uma pequena parcela da população. 
  • Educação e saúde: aumentos no PIB devem ser acompanhados por investimentos em educação e saúde para melhorar a qualidade de vida das pessoas. 
  • Serviços e tecnologia: o desenvolvimento de serviços e tecnologia são fundamentais para melhorar a eficiência e a qualidade de vida da população. 
  • Meio ambiente: preservação do meio ambiente precisa ser priorizada. Assim como citou o pesquisador, “um crescimento do PIB baseado em exploração de recursos naturais e altamente intensivo em combustíveis fósseis precisa ser repensado”. 
  • Redução da desigualdade: o crescimento do PIB deve ser acompanhado por esforços para reduzir a desigualdade social e econômica, garantindo que a melhoria econômica seja compartilhada por todos. 
  • Investimentos em infraestrutura: investimentos em infraestrutura, como transporte, habitação e serviços públicos também são essenciais. 

No site do IPEA é possível conferir o desempenho do PIB do Brasil, separado por trimestres, desde 1997. 

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