Uma parceria inédita e inovadora entre a PUCRS, por meio do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) e a empresa Repsol Sinopec Brasil (RSB), desenvolverá um novo projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com o objetivo de remover gás carbônico já existente na atmosfera e, assim, abater emissões de CO2 que já ocorreram. Com um investimento inicial estimado em R$ 60 milhões, este será o primeiro projeto que avaliará o desempenho de uma planta em escala experimental de captura direta do ar (DAC – sigla em inglês para Direct Air Capture) na América do Sul.
Batizado de DAC.SI (sigla em inglês para Direct Air Capture System Integration), o projeto foi concebido pelo IPR em conjunto com a RSB e irá avaliar de forma integrada o processo de remoção de dióxido de carbono direto da atmosfera e posterior armazenamento do CO₂ em reservatórios geológicos. Neste caso, em rochas basálticas, como estratégia de mitigação de efeitos climáticos.
O IPR, reconhecido pela pesquisa de ponta em CCS (sigla em inglês para Carbon Capture and Storage), será responsável pela: validação do desempenho da tecnologia de captura direta do ar (DAC) em condições de temperatura e umidade brasileiras, avaliação da reatividade do CO₂ nas rochas basálticas, bem como da possibilidade/potencial de mineralização e indicação de áreas no Brasil onde esse processo poderá ser realizado de forma a ser validado como uma tecnologia de emissão negativa (NET – sigla em inglês para negative emission technology).
O novo projeto, assinado na última semana, visa um importante retorno ambiental, uma vez que atua como uma ferramenta que possibilita a neutralização de emissões já realizadas de CO2 e possibilita a descarbonização de alguns setores de mais difícil abatimento. “Atualmente, temos tecnologias e ferramentas convencionais focadas na redução da emissão, especialmente relacionadas aos métodos de CCS e mudanças sociais. Porém, os métodos convencionais de mitigação das mudanças climáticas não se mostraram suficientes para combater os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente, sendo necessário desenvolver um conjunto complementar de tecnologias de remoção de dióxido de carbono da atmosfera (CDR – sigla em inglês para carbon dioxide removal)”, comenta o diretor do IPR Felipe Dalla Vecchia.
Nesse contexto, de acordo com Dalla Vecchia o grande diferencial deste projeto é o potencial de validação de uma tecnologia de emissão negativa, ou seja, que promove a remoção de emissões que já ocorreram. Dessa forma, ao reduzir o CO₂ na atmosfera, o projeto DAC.SI contribuirá para a redução dos impactos ambientais a partir da validação uma alternativa tecnológica NET, complementarmente às demais estratégias de abatimento de emissões de gases do efeito estufa.
Além do projeto de PD&I, também está sendo executado um projeto de infraestrutura no campus da PUCRS. O diretor do IPR conta que três obras estão em planejamento, sendo elas: 1) a preparação de uma área para receber uma planta experimental de captura direta do ar (DAC), com capacidade nominal para remoção de 300 tonelada por ano de CO2 da atmosfera, 2) a instalação de um sistema de energia solar de 10.000 kwh/mês para o fornecimento de energia de fonte renovável ao sistema DAC, evitando assim novas emissões durante o processo de remoção de CO₂ da atmosfera e 3) a implementação de um novo laboratório para a caracterização e validação de materiais para processos de captura CO₂ direto do ar (DAC). A estimativa é que a unidade de DAC esteja implementada e operacional em três anos.
Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da PUCRS Carlos Eduardo Lobo e Silva o novo projeto é motivo de orgulho e confirma o trabalho de qualidade que vem sendo realizado no IPR. “Este é um caso exemplar da excelência da pesquisa da PUCRS que traz melhorias diretas para a sociedade. Nossa excelência, reconhecida nacionalmente e internacionalmente, não deve ser vista como fim em si, mas como uma riqueza no melhor sentido da palavra, que deve transbordar para a sociedade e para todos os níveis de ensino da PUCRS, transformando a vida das pessoas”, adiciona.
“Este é o projeto de pesquisa e desenvolvimento mais ambicioso lançado pela Repsol Sinopec Brasil, tanto em termos econômicos, como de impacto futuro esperado, como parte do processo de transição energética”, destaca José Javier Salinero, gerente de P&D da Repsol Sinopec.
“Como acreditamos que a colaboração é essencial para a inovação, e a inovação tecnológica é um dos pilares essenciais para a transição energética, nos aliamos à PUCRS, que possuiu um longo histórico na execução de projetos de PD&I na área de CCS (Carbon Capture and Storage), profissionais com competência no assunto e uma infraestrutura excelente, além de possuir um modelo de inovação aberto e flexível que se adequa à estrutura que um projeto desse porte necessita”, complementa Cassiane Nunes, pesquisadora da Repsol Sinopec e coordenadora do projeto DAC.SI.
Sobre a Repsol Sinopec Brasil
Presente no Brasil desde 1997, a Repsol Sinopec é pioneira na abertura do mercado de E&P e na exploração no pré-sal brasileiro. Hoje, é a quarta maior produtora de petróleo e gás do país, com uma média diária de produção em torno de 80 mil barris por dia, provenientes dos campos Sapinhoá, Lapa e Albacora Leste.
A RSB também é responsável pela descoberta do campo BM-C-33, ativo com capacidade de ser uma das principais fontes de fornecimento de gás natural do país. Desde 2010, a empresa forma uma joint venture entre o Grupo espanhol Repsol (60%) e o Grupo chinês Sinopec (40%). Desta forma, é uma sociedade controlada que adota os padrões de atuação do Grupo Repsol, que opera em toda a cadeia de valor da energia.