Auxiliar no desenvolvimento de microempresas e microempreendedores individuais é um dos objetivos do Negócio a Negócio. Elaborado pelo Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o projeto trabalha nacionalmente para que as ideias dos empresários prosperem ao enfrentar as dificuldades diárias. No Rio Grande do Sul, entre 2010 e 2014, foram atendidas 156 mil empresas, com o apoio de 12 instituições de ensino. A PUCRS é uma das parceiras, e atendeu nos últimos cinco anos 35 mil profissionais. Para a gestora de atendimento especializado do Sebrae, Daiana da Silva Porto, unir forças com a academia foi a melhor forma de colocar o projeto em prática no Estado. “O Sebrae entra com a metodologia e a Universidade com todo o conhecimento sobre a comunidade e com os agentes que recebem capacitação”, avalia. A Universidade contribui desde o início do projeto, atendendo a região metropolitana de Porto Alegre, com o envolvimento de alunos e professores dos cursos de Administração de Empresas, Ciências Contábeis, Economia, Nutrição e Arquitetura e Urbanismo, que atuam como tutores, agentes de gestão e inovação.
O Negócio a Negócio funciona em duas etapas: gestão e inovação. A fase de inovação é voltada a estabelecimentos já consolidados nos setores de comércio e serviços, atuantes nos segmentos de beleza, vestuário, construção civil, minimercado e alimentação. Nessa fase, os alunos dos cursos de Nutrição e Arquitetura e Urbanismo trabalham com os empresários as práticas para o preparo de alimentos e design de interiores, a fim de tornar o ambiente mais atrativo e acolhedor ao público. Na etapa de gestão, os estudantes da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia são capacitados pelo Sebrae para fazerem acompanhamentos. A Universidade recebe uma demarcação do mercado geográfico que aponta as empresas da região. Todas são visitadas nessa marcação, desde que se enquadrem em microempresa e/ou microempreendedor individual.
O primeiro contato tem como objetivo apresentar o projeto e, se aceito pelo empresário, um diagnóstico empresarial sobre a situação geral do local é elaborado, identificando as carências de gestão. O coordenador do projeto na PUCRS, professor Elvisnei Camargo Conceição, explica que um grande número de empresas fecha por falta de conhecimento e falhas de administração. “Muitas vezes o empresário se envolve na operação do negócio, principalmente na microempresa, onde, no início, até por uma carência de recursos, ele é mão de obra, deixando de ser o planejador para ser o executor”, avalia. Com o levantamento do déficit, os agentes lançam os resultados em um software disponibilizado pelo Sebrae, que indica quais as ferramentas de gestão aquele estabelecimento precisa. “O projeto oferece recursos básicos, como cadastro de clientes, formação do preço de venda, controle do fluxo de caixa, entre outros. São vários itens que o empresário não observa por achar que não tem capacidade. É aí que entra o agente, para orientar e ajudar”, explica a gestora da etapa de atendimento empresarial, Marcia Peracchi.
Posteriormente, o aluno apresenta sugestões e explica cada uma, ficando sob responsabilidade do empresário colocá-las em prática. Cerca de um mês após a exposição das ferramentas, é feita mais uma visita para saber se está havendo aproveitamento dos conselhos. “De um lado, o estudante tem a possibilidade de, na prática, exercer os conhecimentos adquiridos em sala de aula, deparando-se com o dia a dia do empresário e as dificuldades enfrentadas. Por outro lado, ajudamos a comunidade empresarial a manter-se com um maior número de estabelecimentos saudáveis”, acredita Camargo. O estudante do 7º semestre de Administração Felipe Bueno está há quatro meses no projeto e o vê como uma oportunidade de atuação no mercado de trabalho. “É uma área de que eu sempre gostei, mas não tinha uma vivência real. Estando em campo, conseguimos olhar as carências do mercado, o que nunca saberíamos se não estivéssemos convivendo com ele”, afirma.
Dê olho no futuro
A aluna do primeiro semestre de Administração Cíntia de Oliveira Castro participa há dois meses das atividades e pensa em montar um negócio próprio no futuro. A universitária enxerga essa experiência como um espaço para conhecer o mercado e a situação das empresas. “Você vê o pessoal batalhando pelo seu negócio, é disso que eu gosto. Para o meu aprendizado, é bom visualizar como os empresários administram, e trabalhar com eles as falhas”, conclui Cíntia.
Sebrae-RS
O Sebrae é uma entidade privada que fomenta a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte, através do redirecionamento estratégico, capacitação e promoção do crescimento. O projeto Negócio a Negócio é uma das portas de entrada do Sebrae, promovendo melhorias nos empreendimentos por meio de orientação presencial continuada, customizada e gratuita. “Queremos mostrar que o Sebrae existe, o que ele pode fazer por aquela empresa e tentar trazê-la para dentro da entidade para que ela tenha melhores condições de desenvolvimento”, avalia Daiana.