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Psicologia do esporte: o que é e como se preparar para atuar na área

quarta-feira, 09 de agosto | 2023
psicologia do esporte
O trabalho do psicólogo esportivo é fundamental para ajudar os atletas a lidar com a derrota. Foto: Thais Magalhães/CBF

Atribuir o fracasso de um atleta ou de uma seleção esportiva a fatores emocionais é um movimento comum. Recentemente o Brasil foi eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo Feminina (2023), assim como a seleção masculina na Copa do Mundo (2022). A diferença é que no quesito psicológico, para lidar com suas emoções, as atletas receberam suporte profissional de psicólogos preparados, algo que não aconteceu com os jogares na edição do Catar.    

A presença da psicóloga Marina Gusson na equipe brasileira foi essencial para preparar as atletas para lidar com o abalo emocional após essa derrota. O trabalho de Marina com a equipe brasileira iniciou em 2019, visando a preparação da equipe para os Jogos Olímpicos de 2021. Essa abordagem contribuiu para quebrar paradigmas sobre a atuação do psicólogo como um profissional distante, visto que o trabalho do dia a dia com as atletas colabora para a criação de vínculo e confiança. 

A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Para a professora dos cursos de Educação Física e Psicologia na Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Fernanda Faggiani, a psicologia do esporte é tão importante para a preparação dos atletas quanto a física, pois se trata do treinamento mental e regulação mental dos mesmos para a prática esportiva. 

Nós trabalhamos no sentido de psicoeducar os atletas para compreender as suas emoções e para melhorar seus comportamentos. O objetivo é também compreender as suas manifestações no esporte, para lidar melhor com as adversidades e assim tenha um desempenho melhor sob pressão a partir de uma regulação emocional. Para isso utilizamos rotinas psicológicas”, destaca a professora. 

Afinal, o que é psicologia esportiva?   

A principal função da psicologia esportiva é oferecer contribuições para o rendimento e o resultado de atletas e equipes. Nela, o profissional analisa as emoções e as estruturas mentais dos indivíduos para zelar pela saúde psíquica dos praticantes em sua rotina de treinos. No Brasil, a especialidade na área existe desde 1979, mas a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP) só foi criada em 2006. Atualmente essa associação tem como presidente a psicólogo Rodrigo de Vasconcellos Pieri. 

O profissional que se interessar pela área de esporte pode trabalhar em diversos segmentos da profissão:  

Esportes de alto rendimento: esporte competitivo de base e profissional;  

Práticas de tempo livre: exercícios físicos como manutenção da saúde e do bem-estar pessoal; 

Esporte escolar: práticas esportivas no ambiente escolar, inclusive, nos níveis superiores;  

Iniciação esportiva: atividades esportivas, pedagógicas e competitivas com crianças e jovens; 

Reabilitação: recuperação psicológica de praticantes de esporte lesionados, e com pessoas que praticam exercícios físicos como meio para reabilitação, promoção e prevenção da saúde;  

Projetos sociais: visa desenvolver o esporte como meio de educação e socialização de crianças e jovens de comunidades pobres. 

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A sintonia da saúde mental com a física contribui para que a equipe seja bem sucedida. Foto: Chris Simpson/ Flickr

Na PUCRS os alunos são incentivados a buscar novas possibilidade por meio da vivência dos docentes. A aluna do curso de Psicologia Laura Neuhaus conta que além de seus interesses pessoais, o estímulo dos professores foi determinante para que ela desejasse estudar e pesquisar sobre o assunto.  

“Na graduação não tivemos disciplinas dedicadas a essa área, porém o professor Lucas Rosito, das disciplinas de Terapia Cognitivo Comportamental, que também é Psicólogo do Esporte e trabalha com diversos tipos de performance, contava nas aulas de TCC sobre algumas de suas experiências”.  

Essa influência contribuiu para que a aluna buscasse por conta própria cursos e especializações sobre a prática.  

Durante a produção do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Laura foi orientada pela professora Fernanda. Por causa de sua pesquisa focada na importância do vínculo dentro do esporte, exclusivamente entre o treinador e o atleta, a docente percebeu seu interesse sobre a temática e lhe apresentou ao Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO), da faculdade de Educação Física da PUCRS.  

“No GPEO foi onde tudo fez sentido para mim, e eu tive a oportunidade de trabalhar na prática com a Psicologia Esportiva. Estamos fazendo um estudo, validando uma ferramenta que avalia a saúde mental de atletas.  A pesquisa me faz ter certeza de que eu quero seguir atuando na área, para oferecer um olhar mais atento e cuidadoso com os atletas, desenvolvendo a saúde mental dos mesmos, que estão sempre vulneráveis a diversos tipos de estressores”, afirma Laura.  

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Para Fernanda Madalozzo estudante do curso Psicologia na Escola de Ciências da Saúde e da Vida, a área ligada ao esporte apresenta novas perspectivas de atuação. Além disso, o trabalho em conjunto de psicólogos e educadores físicos no GPEO beneficia seu crescimento pessoal e profissional.  

“O grupo me possibilita entrar em contato com uma área ainda pouco explorada no mercado e com um vasto campo de atuação, já que diversos clubes e atletas poderiam se beneficiar do psicólogo do esporte e ainda não despertaram para essa necessidade e para a importância da figura desse profissional nesses meios”, conta. 

Depressão e saúde mental: corpo e mente precisam estar em sincronia  

Estudos afirmam que os índices de transtornos mentais dos atletas de elite são equivalentes ou superiores aos da população geral. O artigo Saúde mental no atleta de elite: revisão sistemática de artigos nacionais e internacionais, da Revista Brasileira de Psicologia, aponta que lesões podem aumentar a incidência de sintomas de depressão em até 80%. Na PUCRS diversos estudos sobre a importância da psicologia para a saúde mental das pessoas já foram publicados na PSICO, a revista científica do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. 

O Brasil é o país com maior prevalência de depressão na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa doença afeta muitos atletas no mundo inteiro, principalmente os que praticam esportes com alto rendimento. O professor do Curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e especialista em psicologia esportiva, Lucas Rosito, relembra o impacto da sua participação nas Olímpiadas de 2012 e 2016, quando fez parte da comissão técnica de iatismo da Seleção Brasileira.  

“O trabalho da psicologia, assim como das outras áreas, não se dá exclusivamente no momento da competição, ele acontece durante toda a preparação”, declarou Lucas. 

70 anos de um dos melhores cursos de Psicologia do Brasil  

Este ano o curso de Psicologia da PUCRS completou 70 anos, com um currículo em constante atualização sempre alinhado às demandas da sociedade. Os estudos acerca da saúde mental dentro da Universidade crescem a cada dia, principalmente no PPG da Escola. No último Seminário Avaliação Quadrienal: presente, passado e futuro, divulgado pela CAPES a Universidade recebeu da nota máxima (7) para a psicologia. Outro ponto a se destacar é que o curso conta com docentes inseridos dentro do mercado de trabalho, alinhando a prática profissional com o conhecimento acadêmico e científico, possibilitando no final do curso competências voltadas para diferentes campos de atuação.  

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