O consumo de energia da PUCRS, durante o ano de 2015, foi equivalente ao de toda a população da República da Guiné Bissau, na África, a qual gira em torno de 1 milhão e 900 mil pessoas. Com o objetivo de administrar a energia desse “país universitário” e incentivar boas práticas quanto ao uso da energia, o Projeto USE – Uso Sustentável da Energia, desenvolvido desde 2008 no Laboratório de Eficiência Energética da Universidade (Labee), promove ações para a transformação do Campus em um ambiente mais verde e sustentável.
O Centro de Demonstração em Energias Renováveis da PUCRS (Ceder), localizado no subsolo e terraço do bloco D do prédio 30, é um dos laboratórios que integram as pesquisas e ações do USE. No primeiro semestre deste ano, o local abrigará um chimarródromo com água aquecida por painéis solares. O espaço pode ser visitado pela comunidade e é referência para o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como para a capacitação de alunos e profissionais interessados pela área de energias renováveis.
Nas mídias sociais, a campanha Nem Tão Frio, Nem Tão Quente, está em circulação com a finalidade de conscientizar sobre o uso correto do ar-condicionado nos dias mais quentes do verão. Nas Unidades da PUCRS, o grupo explica que o sistema de climatização é responsável pela maior parte do consumo de energia e promove visitas com a proposta de capacitar sobre o uso correto das faixas de temperatura de conforto. Ainda neste ano, o Projeto USE fará a avaliação da quantidade de desperdício e do potencial de economia das Escolas de Humanidades, Negócios, Direito e da Faculdade de Comunicação Social.
O estudo já foi realizado em outras Unidades e está em desenvolvimento no Instituto do Cérebro (InsCer), onde mais de 1.400 equipamentos já foram analisados. Após o levantamento, o grupo apresenta laudos e propõe ações adequadas para aumentar a eficiência energética. O objetivo é que o InsCer/RS possa prestar os mesmos serviços, mas consumindo menos energia.
Em 2016, o Projeto USE implementou 42 ações técnicas na Universidade. Estudos solicitados pelo Parque Esportivo, por exemplo, demonstraram que a substituição de lâmpadas convencionais pelas de tecnologia LED, na área externa do local, podem gerar uma economia de energia de mais de R$ 40 mil por ano. Segundo o coordenador do Labee, Odilon Duarte, as ações técnicas são importantes, mas não suficientes. “Não é o prédio que faz a Universidade, são as pessoas. Portanto, é imprescindível investir na educação”, completa.
Nesse sentido, para sensibilizar a sociedade, o projeto atua ativamente na promoção de palestras, cursos e capacitações para a comunidade universitária, para alunos das escolas maristas, além de órgãos como o Tribunal de Justiça do Estado, por exemplo. Mais de 6.600 mil pessoas já foram sensibilizadas para o uso sustentável de energia ao longo do período no qual o USE foi implementado.
Empresas da Capital também podem solicitar a consultoria do projeto que, atualmente, tem contato e relacionamento com mais de 35 organizações da iniciativa pública e privada. “O sucesso do projeto o levou para além dos muros da Universidade”, comemora Duarte. Cecília Freitas, que trabalha no local, relembra o caso de um funcionário da Biblioteca Central que participou de uma capacitação do Projeto USE e implementou no local, ações de aproveitamento da luz natural.
“Ao longo de um ano, mais de mil lâmpadas deixaram de ser acesas, gerando uma economia em torno de R$ 35 mil em energia”.
Segundo Carolina Braga, uma das técnicas integrantes do Projeto, as ações educativas promovem um sentimento de pertencimento nas pessoas. “Elas sentem que são as responsáveis por ajudar a manter a Universidade”, reflete.