Segundo o último censo da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), realizado em 2011, só em Porto Alegre 1.347 pessoas vivem em situação de rua. Todavia, estudos indicam que, atualmente, este número já tenha ultrapassado 4.300. Com o intuito de ouvir esse grupo e fazer com que a sociedade escute sua voz, a estudante do 6º semestre do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS (Famecos) Helen Raphaelli criou o projeto MargensPOA. A ideia é desenvolver ações para expor de forma impactante e reflexiva a realidade das pessoas que vivem na rua, além de auxiliar essa parcela da população a compreender os direitos básicos de todos os cidadãos. Participam da iniciativa 20 pessoas, sendo que nove, incluindo a idealizadora, são alunos da PUCRS. Entre eles estão Ellen Baldissera, Guilherme Oliveira, Ingrid Barreto, Letícia Tonelo, Lorenzo Tedesco e Natalia Pegorer, do curso de Publicidade e Propaganda da Famecos, Álvaro Carvalho, do curso de Hotelaria, e Natália Salvador, do curso de Psicologia.
Hellen conta que a ideia surgiu de uma repulsa à desigualdade social observada na cidade. Por isso, o projeto pretende alertar a população para a existência de um grupo de pessoas que não tem casa e que não é ouvido. As ações serão realizadas em diversos meios, como exposições de fotografias, campanha do agasalho, distribuição de frases de impacto pela cidade e entrega em residências de cartas baseadas em entrevistas com pessoas em situação de rua. Além disso, outra ação consiste em diminuir a temperatura de um cinema para mostrar aos presentes o que sentiriam se morassem na rua. No final do ano, o grupo disponibilizará uma árvore de natal em algum ponto da cidade para que as pessoas doem presentes.
Durante ato realizado no Parque Farroupilha neste mês, uma declaração chamou a atenção do grupo. Os integrantes estavam escrevendo em papelões frases, como “e se essa fosse a sua cama hoje?”. Enquanto isso, um homem em situação de rua parou para observar e disse “eu só queria ouvir um eu te amo”. A frase emocionou os participantes do MargensPOA, que viram um dos objetivos do projeto ser alcançado em uma das primeiras iniciativas. Mas, além de impactar as pessoas com ações como a descrita, o grupo também quer escutar esta parcela da população, para que eles relatem seus problemas. Uma ação planejada pela equipe é informá-los sobre direitos básicos, como atendimento médico no SUS.