Reserva Particular do Patrimônio Natural Pró-Mata da PUCRS monitora o estado das florestas para impedir os efeitos negativos no ambiente
A conservação das florestas é uma pauta importante para os pesquisadores do programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) e da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata – parque ecológico da PUCRS. A atual crise climática global preocupa os pesquisadores, pois a estrutura, a dinâmica e a composição de ecossistemas naturais se alteram – causando efeitos no comportamento das espécies locais e mudanças nas propriedades e serviços ecossistêmicos.
Na Amazônia, os dados demonstram uma diminuição na capacidade dessas florestas de acumular biomassa devido ao aumento da mortalidade de árvores grandes. A dinâmica temporal da biomassa é aspecto-chave do sequestro e liberação de carbono pelas florestas, porém o conhecimento sobre as respostas de outros biomas brasileiros às mudanças climáticas ainda é insuficiente.
“A gente identifica as espécies arbóreas no local e mede o diâmetro do caule à altura do peito e esse diâmetro é marcado, vindo a ser medido de novo depois de 5 anos. O que isso nos diz? O quanto aquela árvore cresceu, se desenvolveu e o quanto isso representa em estoque de carbono,” explica Sandra Muller, pesquisadora no Departamento de Ecologia da UFRGS.
O subprojeto Parcelas Permanentes na Mata Atlântica do Sul do Brasil do PELD RPPN Pró-Mata dará continuidade ao monitoramento de parcelas estabelecidas em 2009 e implementará novas parcelas, formando um gradiente na transição entre a Floresta com Araucária e a Floresta Atlântica stricto sensu, a ombrófila densa. Os dois tipos florestais variam em composição de espécies de árvores da Floresta Araucária, que possuem preferências climáticas mais temperadas associadas a temperaturas mais frias e da Floresta Atlântica, com espécies mais tropicais associadas a temperaturas mais quentes.
No total, serão 14 parcelas permanentes implementadas na região nordeste do Rio Grande do Sul ao longo de um gradiente de altitude e temperatura, ideal para monitorar os efeitos das mudanças climáticas.
A biodiversidade do Sul do Brasil é essencial para o estoque de biomassa, que é a capacidade das florestas tem de estocar carbono nas árvores. Segundo a pesquisadora no LEVEG da UFRGS, Kauane Maiara Bordin, a região do Pró-Mata estoca biomassa em valores semelhantes aos da Floresta Amazônica.
“Isso reflete a importância da conservação dessas florestas, especialmente considerando a proporção de árvores grandes. Onde há árvores maiores, o estoque de biomassa é maior,” pontua a pesquisadora.
As coletas são realizadas com o objetivo de um levantamento ecológico das espécies. O destino dessas ações deve ser uma coleção, que no caso das plantas se chama Herbário, um conjunto de plantas desidratadas armazenadas para fins científicos. Além da disposição das folhas, algumas características são importantes constar nessas coletas como as estruturas reprodutivas, geralmente representada por flores e frutos.
O Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS possui um Herbário com mais de 20 mil exemplares, e o Pró-Mata é uma das maiores fontes de coleta depositadas nesse acervo. Saiba mais sobre o Herbário do Museu aqui!
Os processos ecológicos envolvem interações entre organismos, eles são importantes serviços ecossistêmicos porque modificam as condições ambientais, a disponibilidade de recursos, mantem a biodiversidade e promovem interações bióticas. Dentre os processos, é destacada a ciclagem de nutrientes, polinização e a estocagem de carbono.
“Essa ciclagem de nutrientes pode ser influenciada por fatores abióticos, como a temperatura e a pluviosidade, como por fatores bióticos que diz respeito a composição das espécies vegetais e as características dessas espécies,” comenta Rayana Picolotto, pós-graduanda em Ecologia da UFRGS.
Poucas espécies aguentam a oscilação de temperatura, as constantes ondas de frio e de calor são extremamente perigosas para a continuidade da biodiversidade no Sul do Brasil e isso reflete negativamente aos estoques de biomassa. Então, os pesquisadores do Pró-Mata estão trabalhando para manter o máximo de carbono estocado possível com a área de preservação, monitorando diariamente as condições climáticas e os animais que se encontram no ambiente.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata é uma área de preservação adquirida pela PUCRS em 1993 e inaugurado em 1999 com o objetivo de colaborar para a pesquisa científica em Ecologia de Sistemas – conduzido pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) e cofinanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) faz parte do bioma Mata Atlântica e é considerado prioritário para a conservação, contando com a presença de diversos pesquisadores, professores e estudantes ao redor do Brasil em participação ativa no projeto.