Saúde

Por que as pessoas precisam parar de praticar a automedicação

quarta-feira, 01 de abril | 2020

Por que as pessoas precisam parar de praticar a automedicação - Brasil é um dos países que mais consomem remédio no mundo, podendo ficar em quinto lugar até 2023

Foto: Kendal James/Unsplash

Dos países que mais consomem medicamentos no mundo, o Brasil é o sétimo. Se seguir no atual ritmo, o País deve se tornar o quinto até 2023. É o que mostra o levantamento realizado em 2018 pelo IQVIA Instituto, que trabalha com ciência de dados humanos.

A automedicação é um hábito que se tornou comum para 77% dos brasileiros, que afirmam ter consumido medicamentos durante os últimos seis meses. Desses, quase metade (47%) tem o costume de fazer isso uma vez por mês; e um quarto (25%), toma remédio todos os dias ou pelo menos uma vez por semana. O estudo também aponta que mais da metade (57%) das pessoas não usa os fármacos conforme receitados. Outros 22% têm dúvidas sobre a dosagem e demais informações presentes na bula.

Outro agravante é que um terço dos participantes do levantamento afirmou não procurar esclarecer as dúvidas sobre o produto e, a maioria, diz ter parado de consumir sem dar sequência aos tratamentos. Segundo a professora Liamara Andrade, do curso de Farmácia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, a orientação correta faz toda a diferença. “Determinados medicamentos não podem ser ingeridos com suco ou refrigerante, por exemplo, somente água”, destaca.

Países como Austrália, Canadá, Espanha e Reino Unido, incentivam a ampliação da atuação clínica do farmacêutico como estratégia para promover o consumo consciente de medicações e melhorar os resultados de tratamentos. No Brasil, os problemas relacionados ao uso incorreto dessas substâncias são responsáveis por cerca de 9% a 24% das internações de urgência nos hospitais, segundo o Datasus. Estima-se que cerca de 70% desses casos poderiam seriam evitados com a atuação do clínico farmacêutico, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Inversão da pirâmide

“A expansão das atividades clínicas do farmacêutico ocorreu, em parte, como resposta ao fenômeno da transição demográfica, relacionado ao envelhecimento populacional, ao incremento da prevalência de condições crônicas e, por consequência, ao aumento do uso contínuo de medicamentos”, explica Liamara. A inversão da pirâmide etária é uma realidade em países como Canadá e Estados Unidos, mas também no Brasil. Esse é um fator de atenção, como durante a pandemia do coronavírus, os idosos são o principal grupo de risco.

Um em cada quatro brasileiros fará parte da população com mais de 65 anos em 2060, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até 2034, essas pessoas representarão uma fatia de 15% do total, sendo mais de 20% em 2046, o que em 2010 era apenas 7,3%.

Um mercado aquecido

No Brasil, existem mais de 220 mil farmacêuticos e aproximadamente 95 mil farmácias e drogarias, entre privadas e hospitalares, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF). Com o alto índice de pessoas que consomem medicamentos sem orientação ou possuem doenças crônicas, o profissional de Clínica Farmacêutica se torna um agente importante nesse contexto. Entre suas atribuições, estão: educação em saúde, descarte correto dos medicamentos, monitoramento terapêutico, conciliação, revisão e acompanhamento dos tratamentos dirigidos ao paciente, à família ou à comunidade.