Saúde

Obesos graves têm prevalência maior de distúrbios emocionais, aponta médico

segunda-feira, 20 de janeiro | 2020

Obesos graves

Foto: VeroVesalainen por Pixabay

O número de obesos no Brasil aumentou 67,8% entre 2006 e 2018, e mais da metade da população (55,7%) tem excesso de peso. Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, do Ministério da Saúde. Os números alertam para a necessidade de a população adquirir hábitos mais saudáveis, relacionados à alimentação, à prática de exercício físico e, também, ao equilíbrio emocional: “Hoje, 80% pessoas que chegam à obesidade têm algum distúrbio emocional, e acabam compensando na comida. A ansiedade está presente na vida da gente, mas é possível controlar e tratar”, afirma Claudio Mottin, chefe do Serviço de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). Mottin também coordena o Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica do HSL – que em 2019 recebeu pela  terceira vez a certificação internacional de Centro de Excelência Internacional em Tratamento Cirúrgico da Obesidade Grave e Síndrome Metabólica pela Surgical Review Corporation (SRC) –  e realiza cerca de 300 cirurgias bariátricas por ano, um terço delas pelo SUS.

O médico lembra a relação da obesidade com a genética: “Nós temos uma genética de 10 mil anos atrás, obesa, pois as pessoas tinham escassez de alimentos e comiam muito, poucas vezes. Os que tinham metabolismo lento acabaram sobrevivendo”, cita. Segundo o especialista, há estudos na área que associam a obesidade à presença de alguns genes “poupadores de energia”. Esses genes eram importantes para nossos ancestrais, já que o alimento era escasso e era importante para sobrevivência poupar energia em períodos de pouca ingestão alimentar. “Na nossa sociedade moderna essa adaptação genética é prejudicial, pois temos fartura de alimentos e não gastamos mais energia para “caçá-lo”, lembra.  A obesidade não tem cura, mas pode ser controlada. Dr. Mottin cita os chamados “mandamentos de controle”. São eles:

1- Reeducação alimentar ajustada às necessidades do indivíduo;

2- Atividade física de manutenção (musculação);

3- Comer proteína adequadamente;

4- Controle emocional;

5- Assumir o próprio controle da alimentação;

6- Manter o balanço calórico (a ingesta calórica deve ser adaptada à queima calórica do indivíduo);

7- Não voltar aos hábitos antigos;

8- Manter controle multidisciplinar.

 Obesidade Mórbida

A obesidade é uma doença metabólica crônica, incurável, de origem genética e desencadeada por múltiplos fatores, mas que tem controle. Provavelmente a exposição dos indivíduos com uma genética poupadora a um consumo de calorias excessivo e ao sedentarismo seja o principal fator desencadeante. É uma doença mundial de prevalência crescente e que adquiriu proporções epidêmicas, sendo atualmente um problema de saúde pública.
A obesidade mórbida é definida quando o paciente atinge um nível mais grave de obesidade em que aumenta muito a incidência de doenças associadas à obesidade. Os pacientes obesos e com obesidade grave têm um risco aumentado em 50 a 100% de inúmeras doenças crônicas e um aumento expressivo da mortalidade (2,5 vezes em relação a pacientes não obesos e 4,5% anuais nos diabéticos tipo 2), além de uma pior qualidade de vida.

* Informações do site do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica

 A importância da atividade física

A pesquisa Vigitel apontou também que a prática de alguma atividade física – pelo menos 150 minutos por semana – aumentou 25,7% (de 2009 a 2018) no Brasil, saindo de 30,3%, em 2009, para 38,1% em 2018. Os dados mostram que a prática de alguma atividade física no tempo livre é maior entre os homens, 45,4%, do que entre as mulheres, 31,8%.

Mottin lembra que os obesos que já foram operados devem praticar exercícios regularmente, de 3 a 4 vezes por semana, principalmente aqueles que exigem força, como musculação, pilates, funcional e yoga. “O exercício físico é fator chave para a manutenção do peso e, especialmente, os que exigem o uso de força colaboram para a manutenção da massa magra”, completa.

No caso de pessoas com obesidade mórbida – que passaram por cirurgia ou não – as atividades físicas orientadas são ótimas opções, pois são desenvolvidas especialmente para este público. Com este objetivo foi lançado o Barifit, um programa que busca a melhoria na qualidade de vida por meio de aulas de treinamento funcional e hidroginástica. As aulas são realizadas no Parque Esportivo da PUCRS, em parceria com o  Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica.

Conheça mais sobre as duas modalidades:

Treinamento físico funcional

– Aulas de 60 minutos;

– Melhora da aptidão cardiorrespiratória;

– Melhora da consciência corporal;

– Exercícios que podem ser transferidos para ações do cotidiano (padrões de

movimento);

-Ganhos de força e massa muscular.

Hidroginástica

-Aulas de 45 minutos;

-Melhora da aptidão cardiorrespiratória;

– Ganhos em amplitude de movimento, coordenação motora, força e resistência muscular localizada;

– Aulas realizadas na piscina térmica.