Cultura

“Libertação é o que eu busco provocar no leitor com o meu livro”, afirma Carina Luft, autora de obra lançada pela ediPUCRS 

quinta-feira, 02 de maio | 2024

Novo livro da escritora gaúcha aborda seu processo de peregrinação e busca inspirar os leitores 

Foto: Divulgação/Sesc

Os Caminhos de Caravaggio, na Serra Gaúcha, são uma nova rota de peregrinação no Sul do Brasil que se une a outros percursos de fé pelo mundo, como o famoso Caminho de Santiago de Compostela, um atrativo turístico para a prática de hiking e trekking de longa distância. São nestas paisagens que o leitor mergulha ao ler o novo livro da autora Carina Luft, Siga a seta: caminhando até Caravaggio, lançado pela ediPUCRS nesse mês de abril.  

A obra vai além do mero relato prático de uma caminhada turística: busca dar dimensão humana às paisagens percorridas e experiências vividas pela autora. Mostra não somente os belos e pouco explorados marcos dos Caminhos de Caravaggio nos cinco municípios serranos que os abrigam – Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Caxias do Sul e Farroupilha –, mas também a percepção dos moradores em relação aos peregrinos que passam em suas cidades.  

“Peregrinar era um desejo antigo, coisa de adolescente, de sair livre carregando pouca coisa, sem muitas preocupações – o que eu nunca consegui fazer porque precisava honrar protocolos sociais, e não tinha a coragem de largar tudo. Mas a redenção veio aos 50 anos quando me aposentei, então me dei conta de que eu estava fora do meio corporativo e livre da profissão de 30 anos. Foi um ato consciente e de rebeldia também”, conta a autora, sobre a decisão de fazer a viagem. 

Já a ideia de escrever um registro veio durante um passeio em Gramado, quando descobriu os Caminhos de Caravaggio e decidiu marcar a peregrinação. Na ocasião, percebeu que seria a oportunidade perfeita de unir a vontade de escrever crônicas de viagem e “colocar para fora as angústias de uma vida regrada”. Ainda assim, não tinha como principal objetivo a publicação, queria apenas escrever fluidamente.   

O interesse por livros, na infância, nasceu por influência de seus pais e avós, que Carina via lendo e entendia como uma atividade relaxante. Já a escrita surgiu como forma de desabafo na sua adolescência; mas foi na fase adulta, aos 33 anos, que começou estudar Literatura: foi aí que descobriu que precisava estudar muito para escrever um bom texto.  

Nos diversos cursos, oficinas e grupos de criação que participou para aprimorar sua escrita, aos poucos, Carina descobriu sobre o que gostava de escrever. E com a prática e evolução da carreira, foi gratificada com os títulos de Patrona da 13ª Feira do Livro de Montenegro e 9ª Feira do Livro do Vale do Caí, e finalista do Prêmio Açorianos de Literatura de 2011.  

“Fico inquieta e sinto necessidade de colocar para fora as angústias. Devido às violências e suas injustiças, por isso, comecei escrevendo crime fiction. De repente, senti vontade de falar de assuntos mais leves, aqueles que tirassem as pessoas da toxicidade social, então vi uma oportunidade nas crônicas de viagem. Talvez esteja aí uma balança onde eu possa me equilibrar. De um lado está o horror e do outro, a redenção”, reflete a autora.  

Em Siga a seta: caminhando até Caravaggio, o leitor conhecerá mais de perto o rico cenário humano capaz de tornar um caminho de peregrinação em uma experiência transformadora. A autora descreve o livro como uma crônica de viagem com a qual, peregrinos, aventureiros e pessoas sensíveis em busca de transformação vão se identificar ao ler sobre a redescoberta de sua fé interior.  

“Libertação é o que eu busco provocar no leitor com o meu livro. Espero que cada um encontre o próprio ponto de virada para mudar aquilo que gostaria de mudar. Que o leitor possa se desintoxicar à medida que lê, que ele se identifique com a dor, com o humor, com as alegrias, os desafios e as descobertas da autora enquanto caminha ao lado dela. O livro fala dos caminhos como metáfora da vida”, compartilha Carina.  

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