Foi lançada neste mês a obra A distribuição de peixes e invertebrados no lago Guaíba como subsídio para o licenciamento ambiental, de autoria dos pesquisadores Nelson Ferreira Fontoura (diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS e professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida), Thaís Paz Alves e Thiago Cesar Silveira. Thaís e Thiago foram orientandos de doutorado de Fontoura no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade e responsáveis pelos programas de amostragem como parte das respectivas teses.
O livro, da editora ediPUCRS, busca apresentar informações relevantes para dar subsídio ao processo de licenciamento de mineração de areia no lago Guaíba. A obra foi elaborada em atendimento a uma solicitação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam), com objetivo de identificar os padrões espaciais e temporais de distribuição da fauna de peixes e invertebrados no local, de forma a subsidiar o zoneamento ambiental para a atividade de mineração de areia.
Esta é a primeira obra que analisa, de forma padronizada e sistemática, a distribuição das espécies mais abundantes de peixes e invertebrados aquáticos no Lago Guaíba, servindo de ponto de referência para estudos futuros que queiram acompanhar a evolução da qualidade ecossistêmica do local. “Ao mesmo tempo, esse livro é fundamental para que a Fepam possa conduzir o processo de licenciamento de mineração do lago com base em informações técnicas abrangentes e de qualidade”, explica o pesquisador Nelson Fontoura.
Os estudos da foram baseados em levantamento de dados decorrentes do projeto de pesquisa Contribuições para a gestão pesqueira e licenciamento ambiental do lago Guaíba e Laguna dos Patos (RS), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O desenvolvimento da obra envolveu um programa de amostragem que teve duração de dois anos, de fevereiro de 2012 até fevereiro de 2014, com 59 pontos amostrais distribuídos entre o extremo norte do Delta do Jacuí e a Laguna dos Patos, empregando redes para coleta de peixes e dragas para coleta de invertebrados.
Entre os destaques do estudo está a identificação da presença do bagre-branco, espécie ameaçada de extinção, a qual encontra-se presente em maior abundância no extremo Sul do Guaíba, especialmente nos meses mais quentes do ano. O livro também sugere quais seriam as áreas mais indicadas para uma potencial mineração de areia, e quais deveriam ser mantidas íntegras, tal como em até um quilômetro das margens e em um raio de 10 quilômetros das unidades de conservação.
A obra é voltada tanto para o corpo técnico de licenciamento ambiental, como para pesquisadores, estudantes e público leigo que queira se familiarizar com a distribuição de peixes e invertebrados no lago Guaíba. A publicação está disponível para acesso gratuito.