Inovação

Ingrid Vanderveldt incentiva empreendedorismo feminino

quinta-feira, 12 de abril | 2018

Ingrid Vanderveldt, empoderamento, empoderamento feminino, mulheres, inovação, empreendedorismo, investimentos, palestra

Foto: Camila Cunha

Ingrid Vanderveldt é fundadora e presidente do projeto Empowering a Billion Women (EBW) by 2020 (Empoderando um bilhão de mulheres até 2020) e foi a primeira Entrepreneur-in-Residence da Dell, onde supervisionava iniciativas de empreendedorismo ao redor do mundo. Em passagem pelo Brasil, a norte-americana visitou o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) no dia 11 de abril, quando realizou uma palestra com foco nas mulheres, empreendedorismo e o futuro da inovação.

Hoje uma empreendedora e investidora de sucesso, Ingrid dividiu com o público o momento mais difícil de sua vida profissional para assegurar, especialmente às mulheres, que falhar faz parte do processo. “Se você não falhar fazendo cosias que não funcionam e tentando descobrir o que funciona, você provavelmente não está inovando o suficiente. Investidores gostam de ver pessoas que não desistem, tentam de novo, seguem em frente.”

Sua vinda à PUCRS foi promovida pelo Consulado dos EUA em Porto Alegre. Ingrid estava acompanhada da cônsul Julia Harlan, do chefe da Seção de Imprensa, Educação e Cultura, John Jacobs, e da relações públicas do Consulado, Kerley Tolpolar.

Falhar faz parte do processo

Ingrid Vanderveldt, empoderamento, empoderamento feminino, mulheres, inovação, empreendedorismo, investimentos, palestra

Líder da área de Impacto Social do Tecnopuc, Gabriela Ferreira (esquerda), e Ingrid Vanderveldt | Foto: Camila Cunha

Para um público maioritariamente feminino, Ingrid iniciou a fala contando sua trajetória. “Enquanto eu construía minha terceira empresa, certa de que encontraria investidores, eu colocava todo o dinheiro que fiz nas minhas empresas anteriores e chegou um momento em que eu não tinha renda para mantê-la aberta. Perdi tudo o que construí, até a casa que eu havia comprado, com tudo dentro. Fui morar no meu carro com meu gato e as poucas roupas que consegui levar. Foi o momento mais sombrio e também o mais extraordinário da minha vida”, revelou.

Ingrid destacou a importância de termos um grande mentor e um bom sistema de suporte. “Se você está com falta de confiança e não acredita em você mesma, ajuda ter alguém que a conheça dizendo que você tem o que é preciso e que vai conseguir. Parte do meu suporte foi uma amiga que hoje trabalha para mim. Ela me viu morando no carro e me disse para morar com ela até me reerguer, que eu poderia fazer de conta que estava tudo bem e que ninguém precisaria saber. Por duas semanas só quis beber vinho e dormir. Então, me forcei a sair da cama, me arrumar e sair para buscar contratos”, continuou.

Como tornar o impossível possível

Ingrid Vanderveldt, empoderamento, empoderamento feminino, mulheres, inovação, empreendedorismo, investimentos, palestra

Foto: Camila Cunha

Um fator crítico para ter sucesso ao seguir em frente é criar um plano, estabelecer prazos e cumpri-los. “Finalmente consegui o primeiro contrato, depois o segundo, o terceiro e logo eu estava de volta. Demorou um pouco, mas consegui.” Nessa tônica, Ingrid falou sobre como tornar o impossível no mundo dos negócios, possível.

Com a visão de colocar um bilhão de telefones nas mãos de mulheres mundo afora para que tivessem acesso à tecnologia e, assim, empoderá-las, procurou a Dell. “Quando você conseguir 15 minutos para vender a sua grande ideia, precisa estar munida de informações quantificadas, números que mostrem como o seu negócio dará certo e que fará os investidores dizerem sim. Esteja preparada para a proposta do investidor e para dizer sim”, indica.

Ingrid ressalta a importância de entender o que é importante para o investidor, o que a empresa precisa, conhecer suas metas. “O que você pode fazer para impulsionar a ideia pela qual você é apaixonada? Pense como a sua inovação pode ajudar uma empresa, um investidor a alcançar seus objetivos”, aponta.

Minther

A EBW constrói inovações tecnológicas que oferecem educação, mentoria, comunidade, parcerias na prestação de contas para mulheres. Uma das ferramentas é a recém-lançada Minther, uma rede de recursos financeiros para mulheres empreendedoras, para ajudá-las a tocar seus negócios. “74% de pequenas e médias empresas falha por falta de educação financeira”, frisou Ingrid. A plataforma gera relatórios que permitem otimizar como o negócio está indo financeiramente, além de conectar empresas, investidores, oportunidades de negócios.

Entrevista

– Quais são os maiores desafios das mulheres no empreendedorismo?

Há três coisas com as quais as mulheres lutam: a primeira é a falta de confiança. A segunda é a falta de acesso a mentores – 80% das mulheres preferem uma mulher como mentora, mas há ainda poucas mulheres que já fizeram o que elas querem fazer. A terceira é a falta de acesso a oportunidades e capital. Temos trabalhado para resolver essas questões na EBW: construir confiança com educação e mentoria; ter grandes mentores que ensinem usando tecnologia; e com a plataforma Minther, oferecer acesso a oportunidades e capital.

 – Além do conhecimento formal, que ferramentas podem ajudar as mulheres a vencer essas barreiras no empreendedorismo? 

Há muitas mulheres nos EUA, por exemplo, que adorariam a oportunidade de trabalhar com mulheres do Brasil, aprender com elas e ajudá-las com mentoria. Seria um benefício para as mulheres daqui e dos EUA. Ao formar relações, se abrem novas oportunidades de mercado. Então a dica é estar on-line e construir conexões. Venham ao EBW 2020, temos comunidades on-line onde mulheres interagem.

ingrid-Ingrid Vanderveldt, empoderamento, empoderamento feminino, mulheres, inovação, empreendedorismo, investimentos, palestra

Foto: Camila Cunha

– De que forma as mulheres empreendedoras brasileiras podem colaborar globalmente?

Uma das razões do consulado americano me trazer foi para abrir oportunidades para mulheres brasileiras e ver como podemos colaborar juntas. Temos escritórios em todo o mundo; a tecnologia nos possibilitou isso. Quando as mulheres perceberem as estratégias que podem usar internacionalmente, isso vai trazer ideias de como crescer.

– Quais são as principais diferenças entre homens e mulheres no empreendedorismo?

São totalmente diferentes. Se os homens veem uma oportunidade que vai melhorar a vida deles, com a qual vão fazer mais dinheiro, eles vão atrás. As mulheres se certificam de que tudo está certo, de que estão com as pessoas certas, se sabem o que estão fazendo. Pode ser mais seguro, mas o que acaba acontecendo é que elas se dissuadem do próprio negócio por não acreditarem. Eu digo: não desistam, vão adiante. Os homens não sabem o que fazem na maior parte do tempo, eles apenas não falam sobre isso.

– Qual o papel da mulher no futuro da inovação?

As mulheres não apenas lideram as inovações do futuro, são a inovação do futuro. Elas tentam novas coisas pela primeira vez. Quer ver inovação? Veja o que as mulheres estão fazendo.

– Qual a importância de universidades terem espaços de desenvolvimento de startups como a Raiar da PUCRS?

Esse é um espaço seguro para começar a tentar ideias. Você faz sob o guarda-chuva de um local que oferece mentoria e como acessar recursos. É uma ótima forma de tentar novas ideias e escalonar.