Mais cores, grafismos, significados, histórias e cultura no Campus da PUCRS. O público que circular pela Universidade poderá admirar dois novos murais artísticos de grande escala, de autorias dos artistas Renan Santos e Paula Plim. Desenvolvido pelo Instituto de Cultura da PUCRS, o projeto Galeria a Céu Aberto iniciou com a obra do artista Kelvin Koubik, concluída no final de março de 2019. Na ocasião, esse grafismo teve como inspiração a missão da Universidade e o Museu da Ciência e Tecnologia (MCT), com localização na parte leste do Prédio 6, em frente à Rua da Cultura.
O projeto Galeria a Céu Aberto vai inserir, em cada um dos três murais, placas de identificação (inclusive em Braile) e QRCodes, que vão remeter ao site desta iniciativa, ainda a ser lançado. A proposta é ser um espaço de aprendizado com conteúdo sobre os murais, com leituras de imagens das obras, textos sobre os artistas, vídeos de processos de criação e detalhes de como foram construídas as artes do Campus.
Com 304 metros quadrados de dimensão, a obra de Renan Santos está situada em uma das paredes do Prédio 8, da Escola de Humanidades. “Sempre gostei de trabalhos em pequena escala, fazer pequenos desenhos em que alguns detalhes precisavam ser feitos com lente de aumento sempre foi uma diversão pra mim. Mas, atualmente, a satisfação maior está em trabalhos de grandes proporções, sair do ateliê para trabalhar em uma parede na rua tem sido muito gratificante”, ressalta o artista.
No lado esquerdo do mural, uma lebre representa o humanismo clássico. O grafismo faz referência aos artistas do Renascimento italiano, Michelângelo e Botticcelli; bem como a obra infantil Alice no País das Maravilhas. É possível também perceber semelhança de posição do corpo com a escultura “O Pensador”, do francês Auguste Rodin; bem como uma pilha de livros que referem aos escritores Esopo, Dante Alighieri, Charles Baudelaire e Fiodor Dostoiévski.
Já no lado direito, a garça é o humanismo contemporâneo. As referências são: o Deus Egípcio Thoth (pela figura representada por uma ave, que simboliza a escrita e o conhecimento), a roupa vestida pela garça é alusiva às três Graças de Sandro Botticelli e os pés descalços, que representam a leveza e o voo alto. Em um dos braços do grafismo estão os livros que mencionam as escritoras contemporâneas Toni Morrison, vencedora do Nobel de Literatura, e Clarice Lispector, que completaria seu centenário em 2020.
Ao lado palco principal da Rua da Cultura, a artista Paula Plim desenvolveu a sua obra no Prédio 5, com a dimensão de 64 metros quadrados. Considerando a vasta e diversa cultura do continente latino americano e a impossibilidade de contemplar todas as culturas existentes na região, Paula optou em focar a pesquisa em uma única cultura marcante.
“Escolhi os incas, porque eles dividem em três mundos: o superior, que se comunica ao mundo terreno através do condor andino; o terrestre, que é mediado pelo puma, e o inferior, que se comunica através da serpente. Então, eu fiz esses três níveis com os animais correspondentes, além de que eles endeusavam a natureza, tinha Deus da Montanha e Deus ou Deusa do Milho, elementos da natureza que eram considerados deuses”, explica Paula sobre a sua arte.
Entre os símbolos no mural, destaques para a figura principal do deus Viracocha, o Sol (importante para as plantações), a chuva (necessária para plantio), o arco íris (unificação do Sol e da chuva para boas colheitas), o condor (comunicação com as estrelas) e os quipos (sistema de contagem muito presente na cultura Inca).
Como o grafismo está perto do palco da Rua da Cultura, foram inseridas a flauta e o kero (copos andinos cerimoniais). Também estão representações de divindades, como Mama Killa, protetora das mulheres e da fertilidade.
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