Impacto Social

Fique atento aos perigos de ter contato com águas de inundações  

segunda-feira, 27 de maio | 2024

Médico infectologista e professor da PUCRS alerta sobre as possíveis contaminações ao ter entrado em contato com as águas acumuladas 

As doenças mais comuns ocasionadas pelo contato com a água contaminada são: leptospirose, hepatite A e tétano. / Foto: Isabelle Rieger/Sul21

As enchentes que causaram estragos em quase todos os municípios do Rio Grande do Sul deixaram milhares de desabrigados, incluindo famílias inteiras, muitos animais de estimação e crianças.  

Uma das preocupações da população, em relação à saúde pública, é a contaminação por contato direto com regiões alagadas, ou com alimentos contaminados por esta água. Para evitar o contato da água com a pele, existem EPIs como roupas de borracha (trajes de surfe), além de macacões usualmente utilizados para a pesca. Já roupas permeáveis, de outros tecidos que molham, não são uma barreira de proteção eficiente para a pele.  

“Temos algumas doenças infecciosas de transmissão hídrica que sem dúvidas são as que oferecerem maior perigo para as pessoas que tiveram exposição. A que mais chama atenção e é mais comum em alagamentos é a leptospirose. Ratos são os hospedeiros definitivos e a urina e fezes destes animais contaminam a água. Além da leptospirose, precisamos estar atentos a outras contaminações, como a hepatite A, as infecções de pele, a partir de escoriações ou cortes em contato com a água e as doenças diarreicas agudas”, explica o médico infectologista e professor da Escola de Medicina, Diego Falci.  

Saiba os sintomas e, se preciso, procure seu médico/a 

Leptospirose 

  • Icterícia, febre, dor abdominal e/ou nas panturrilhas, vômitos, calafrios e icterícia 
  • Tratamento com antibióticos 

Hepatite A

  • Icterícia, náusea e vômitos 
  • Tratamento de suporte, com hidratação e repouso 

Doenças diarreicas agudas 

  • Diarreia, dor abdominal, náusea e vômitos 
  • Tratamento de suporte, com hidratação  

Infecções de pele  

  • Feridas que não cicatrizam, criam pus ou ficam avermelhadas 
  • Tratamento com antibióticos 

Tétano 

  • Contrações musculares dolorosas, rigidez muscular e febre 
  • Tratamento com cuidados médicos variados e neutralização da toxina tetânica 

O professor da PUCRS também ressalta que roupas permeáveis, de outros tecidos que molham, não são uma barreira de proteção eficiente para a pele. / Foto: Isabelle Rieger/Sul 21

O especialista ainda alerta que o contato com a água pelas vias aéreas aumenta as chances de infecção, principalmente de leptospirose. Já quem teve algum tipo de corte, escoriação ou perfuração, deve reforçar a vacina do tétano, se necessário. Pensando também na situação de temperaturas baixas e aglomeração dos abrigos, é importante estar com as vacinas de Covid-19 e gripe em dia. Ainda é necessário um cuidado com a saúde mental de todas as pessoas, atingidas de diferentes maneiras por esta tragédia. 

“Qualquer situação de sofrimento físico e mental pode aumentar os riscos de outras doenças, principalmente infecciosas. Essas pessoas precisam ter um acolhimento em termos de saúde mental adequado, para que elas não fiquem ainda mais vulneráveis”, ressalta o professor.  

Para contribuir com as iniciativas de acolhimento em saúde mental às vítimas, os professores Christian Haag Kristensen e Caroline Santa Maria Rodrigues, integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (Nepte), da Escola de Ciências da Saúde e da Vida criaram um curso rápido, voltado às pessoas que estão atuando como voluntárias em resgates, abrigos e de outras maneiras.

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