Pesquisadores dos cursos de Ciência da Computação e de Arquitetura e Urbanismo fazem pesquisa colaborativa
sexta-feira, 24 de maio | 2024Pesquisadores dos cursos de Ciência da Computação e de Arquitetura e Urbanismo fazem pesquisa colaborativa
Abrigo alocado no Parque Esportivo da PUCRS. / Foto: Giordano Toldo
As enchentes que causaram estragos em quase todos os municípios do Rio Grande do Sul deixaram milhares de desabrigados, incluindo famílias inteiras e muitos animais de estimação. Neste momento de calamidade, a PUCRS é um dos abrigos emergenciais acolhendo pessoas atingidas pelas chuvas em Porto Alegre. Com estrutura montada no Parque Esportivo, o espaço conta com o apoio de professores e estudantes voluntários mobilizados a levar ao público informações relevantes sobre o contexto, perspectivas e ações práticas que possam ajudar.
Os cursos de Ciência da Computação e de Arquitetura e Urbanismo da Universidade convocaram estudantes e se uniram com o objetivo de avaliar as dimensões das enchentes, os deslocamentos populacionais, as condições dos abrigos emergenciais, as perspectivas de continuidade, analisando o espaço físico e demandas para projetar alternativas futuras. O trabalho colaborativo, liderado pelas professoras Soraia Musse e Cibele Figueira, também conta com doutores, doutorandos e graduandos do VHLab da PUCRS e outras instituições de ensino, pesquisadores da UFRGS e o arquiteto Rodrigo Marsillac, da prefeitura de Porto Alegre.
“Utilizando-se modelos computacionais de dinâmica populacional, pretende-se simular o cenário atual e cenários futuros que ainda possam ocorrer em decorrência de aumentos de chuvas, novos bairros alagados e evacuados, ou ainda imigração de pessoas de fora de Porto Alegre para os abrigos”, explica a professora de Ciência da Computação, Soraia Musse.
O simulador LODUS, criado por Gabriel Fonseca, doutorando orientado por Soraia no Programa de Pós–Graduação em Ciência da Computação (PPGCC), foi utilizado para simular situações reais e que ainda não ocorreram, tanto da dinâmica de movimentação das populações, quanto dos seus perfis, em caso de bairros afetados. Também é possível estimar as necessidades de provisões por pessoa, no tempo e no espaço, estimar necessidades de abrigos que precisam ser abertos e até simular pessoas nos abrigos.
“Fazemos projeções com base em dados reais e abertos, disponibilizados no site AbrigosRS, criado por voluntários, prevendo futuros que esperamos que não aconteçam. Quero ser otimista e dizer que nossas projeções estão sendo pessimistas”, ressalta a professora.
Os dados fornecidos pelo site também permitem que os pesquisadores realizem um trabalho de simulação de deslocamento, nos casos de pessoas que precisam ir para um abrigo ou mudar de local, por exemplo. Os mais de 100 abrigos da cidade estão no mapa, com sua taxa de lotação indicada, e última data de atualização disponível.
Outra frente deste amplo trabalho de pesquisa é observar e relatar a situação atual dos abrigos de Porto Alegre, como um primeiro foco, para que fique de registro para eventuais cenários que possam voltar a acontecer no futuro. Pensando que muitos dos locais que servem de abrigo funcionando normalmente, como escolas, clubes, igrejas e outros, o grupo também pensará alternativas de acolhimento para quem não conseguir sair do abrigo até o prazo de reabertura de atividades.
Nesta parte, os pesquisadores de Arquitetura e Urbanismo também pensam em como adaptar construções para que sirvam ao propósito de receber centenas de pessoas. Um dos objetivos é criar um guia para construção de abrigos, contendo as necessidades mínimas para ocupação de pessoas, assim como previsão de insumos necessários para a população abrigada. Com a evolução da pesquisa, a ideia é apresentar os resultados ao poder público.