Em meio a um jogo de futebol, as crianças da Associação Santa Rita de Cássia, no bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre, recebem a notícia de que ganharam 612 peças de roupas. A disputa, apelidada pelos alunos de “Copa do Mundo”, tem o intervalo antecipado. Agora, a comemoração é outra. Os times se misturam para agradecer à equipe do Centro de Pastoral e Solidariedade, que arrecadou 11.800 peças na edição mais recente da Campanha do Agasalho da PUCRS, ocorrida entre 16 de abril e 30 de maio. “Aqui, as crianças não falam que precisam das coisas. Não pedem. Elas chegam de chinelos de dedo, sem casaco, no frio. Nós vamos averiguando e descobrindo os motivos. E é muito bom saber que elas vão ter agasalhos”, conta a coordenadora da Associação, Jussara Machado.
Os serviços da instituição se dividem em duas áreas. Na convivência e fortalecimento de vínculos, são 80 alunos. A área de trabalho educativo, que busca preparar os alunos mais velhos para o mercado de trabalho, conta com 24 participantes – 12 pela manhã e 12 à tarde. Mesmo em meio a reformas, a Associação tem a própria padaria (onde também são preparados os alimentos servidos ao longo da semana) e espaço de informática. É lá que conhecimentos técnicos são transmitidos a alunos como Leonardo, Pedro e Kevin, que aprendem noções básicas de computação com a técnica Maria Júlia. Na de culinária, prestes a preparar pizzas e bolos com os colegas, Isabela Oliveira, de 13 anos, comemora a chegada das doações. “Estudo aqui há quatro anos e minha parte favorita é escolher as roupas. É muito legal”, conta a jovem.
As entregas das arrecadações da Universidade tiveram início no dia 12 de junho, na Pequena Casa da Criança e no Hospital São Lucas. No dia 28, após visitas a outras seis instituições, a última leva foi destinada à Associação Santa Rita. Em 2018, a Campanha do Agasalho alcançou número recorde de peças. Além das campanhas específicas, o Centro de Pastoral e Solidariedade recebe doações de roupas e alimentos o ano inteiro, na sala 109 do prédio 1 do Campus (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre/RS).
Tipos de peças | Quantidades |
Infantil inverno | 1.454 |
Feminino Inverno | 3.081 |
Masculino Inverno | 1.620 |
Verão | 3.686 |
Lençol/cobertor/toalhas | 402 |
Calçados (infantil e adulto) | 648 |
Itens diversos | 226 |
Instituições beneficiadas | Número de itens doados |
Pequena Casa da Criança | 1.203 |
Hospital São Lucas | 1.350 |
Paróquia Santa Clara | 2.023 |
Fraternidade O Caminho | 1.220 |
Comunidade Indígena de Maquiné | 280 |
Prefeitura de Porto Alegre | 2.704 |
Casa Madre Giovanna | 580 |
Associação Santa Rita de Cássia | 612 |
Marista Aparecida das Águas | 1.145 |
Diversas pessoas se envolvem no processo de doação. Foi o caso de Ihan Corrêa e Samuel Pinheiro, funcionários do setor de transporte da Universidade. “Neste mês, ficamos responsáveis por ajudar o motorista nas entregas. Mas acabamos nos envolvendo com as ações. Eram ambientes onde nos sentíamos bem”, conta Pinheiro. Por terem feito trabalho comunitário, os dois começaram a participar dos momentos de entrega nas instituições. “Ver a reação deles é o mais legal. Quem doa uma peça de roupa às vezes não imagina como é prazeroso ver a entrega. Vemos esse outro lado, as pessoas recebendo, agradecendo, nos contando um pouco da vida delas. É o mais gratificante”, revela.
Corrêa, que também é estudante do 4º semestre do curso de Educação Física, acabou participando das ações por acaso. As entregas são sempre realizadas com um aluno da Universidade, para fazer dinâmicas com as crianças e idosos. Porém, certo dia, nenhum aluno conseguiu acompanhou a equipe, abrindo a possibilidade ao técnico administrativo e universitário. “Também trabalho com dança, então fiz uma brincadeira envolvendo música. Era com crianças de 5 a 12 anos, então deu super certo. No final, todos estavam dançando, também”, relembra.
Para a agente de pastoral Nathana Fouchy, que participou das entregas, a parte mais gratificante do processo é o aprendizado. “Poder ir até os locais e levar as doações é uma forma de transformação social. Não só levar os agasalhos, mas desenvolver atividades. Para mim, é uma ação humanizadora perceber a realidade do outro e abrir os olhos para as formas com que podemos fazer o mundo ser melhor”, reflete.
Segundo o coordenador do Centro de Pastoral e Solidariedade Leonardo Agostini, a participação da comunidade universitária foi de extrema importância para o êxito da Campanha. “A cada ano, ela tem se engajado, divulgado e colaborado mais. Queremos agradecer e continuar contando com ela para seguirmos construindo a cultura da solidariedade”, comenta.
Para o segundo semestre, estão sendo planejadas outras atividades periódicas. A campanha Doe Esperança, por exemplo, pretende incentivar a doação de roupas, alimentos e sangue.