O doutorando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da PUCRS Felipe Vilanova de Gois Andrade recebeu o International Bridge Building Award, importante reconhecimento concedido pela Society for Personality and Social Psychology. A premiação foca em pesquisadores da Psicologia que trabalham em prol da internacionalização da produção científica da área – especialmente os de regiões sub-representadas na Psicologia globalmente. Felipe foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio, criado em 2021.
O doutorando em Psicologia celebra sua conquista, cujo foco é direcionado a ferramentas de popularização e aperfeiçoamento da ciência. A iniciativa não é um projeto de pesquisa voltado à investigação de um tópico específico, e sim encontrar a forma mais eficaz de implementar o paradigma da ciência aberta nos países latino-americanos.
“Ciência aberta é um movimento recente que busca incrementar a transparência do processo de pesquisa científica. Ele consiste na adoção de iniciativas como disponibilização dos bancos de dados frutos de pesquisas científicas e disponibilização dos materiais utilizados na pesquisa em repositórios abertos, que qualquer pessoa pode ir lá e acessar a qualquer momento. Um dos repositórios mais utilizados atualmente é o Open Science Framework”, explica.
Felipe Vilanova, juntamente com seu grupo de pesquisa Preconceito, vulnerabilidade e processos psicossociais (PVPP) liderado pelo professor e pesquisador do PPG em Psicologia, Angelo Brandelli, trabalha com o conceito de ciência aberta há três anos. Algumas inciativas, como a tradução do manual para outros idiomas sobre como usar Open Science Framework, foram encabeçadas pelo PVPP. Além disso, o grupo também já publicou um capítulo de livro sobre como usar ferramentas da ciência aberta no Brasil e como esse conhecimento pode auxiliar na produção do conhecimento científico.
Leia mais: Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS completa 50 anos
Uma das razões que motivaram Felipe Vilanova a trabalhar com esse assunto foi a falta de transparência do processo científico. O doutorando conta que muitas vezes pesquisadores não conseguem verificar e reproduzir os achados de uma pesquisa porque o banco de dados de algum artigo não está disponível. Soma-se a isso a dificuldade de se comunicar com os autores originais.
“Paradoxalmente na América Latina somos pioneiros na produção do conhecimento de forma aberta e transparente com as nossas revistas, sendo que ninguém precisa pagar nada nem para publicar ou ler os artigos. Infelizmente, a transparência das nossas revistas não é reconhecida internacionalmente, então penso que a minha proposta premiada tem a ver com essa tentativa de popularização e aperfeiçoamento da ciência na américa latina a partir do uso de ferramentas contemporâneas da ciência aberta”.
Na esteira das atividades da premiação, o doutorando realizou uma visita à Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP). Lá foram realizados seminários com pesquisadores peruanos sobre ferramentas que aumentam a transparência e a visibilidade das pesquisas na América Latina. A iniciativa é apontada como valiosa não só para a promoção da ciência latino-americana globalmente, mas também para o fortalecimento de parcerias entre pesquisadores no sul global. Felipe também conduziu no país seminários sobre suas pesquisas desenvolvidas no âmbito do doutorado realizado na PUCRS, focadas nos fatores que influenciam o desenvolvimento ideológico do ser humano.
Angelo Brandelli, que também atua como orientador de Felipe no doutorado, comemora mais essa conquista para o Programa de Pós-Graduação em Psicologia. O curso, que tem a nota 7, apreciação máxima concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), é conhecido por sua relevância dentro e fora do Brasil.
“A internacionalização é um dos pontos fortes do nosso PPG e nosso eixo de trabalho central para o quadriênio. Nesse sentido, para nós, é fundamental que ela ocorra não só entre docentes, mas sobre discentes. Além disso, no caso do Felipe, é um projeto que ocorre em parceria com colaborações Sul-Sul que são muito relevantes para visibilidade e impacto do programa em nível local”, finaliza.
Leia também: Preciso saber falar outro idioma para ingressar no mestrado ou doutorado?