Pesquisa

Pesquisador da PUCRS fala sobre estímulos que provocam a felicidade

segunda-feira, 20 de março | 2023

Foto: Igor Bandera

O Brasil já foi mais feliz: de acordo com o ranking World Happiness Report (WHR), uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) criado em 2011, o país caiu 11 posições no ranking que mede a felicidade da população. A pesquisa é atualizada a partir de triênios, e o Brasil que ocupava a posição 38º no último ranking (2019 a 2021), se encontra agora na 49ª posição com dados referentes ao triênio de 2020 a 2022.  

Para chegar nesses resultados, o Relatório Mundial da Felicidade é medido a partir de sete indicadores principais, tendo a pergunta “qual nota, entre 0 e 10, você daria a sua vida?” como indicador principal. O estudo também leva em consideração as realidades de cada país, como PIB per capita, apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade e percepção de corrupção. 

A partir da apresentação do Relatório Mundial da Felicidade ao primeiro-ministro do Butão Jigmi Y. Thinley e ao economista norte-americano Jeffrey D. Sachs, a ONU decidiu proclamar o dia 20 de março como o Dia Internacional da Felicidade. Como uma forma de promover a felicidade e a alegria entre os povos, a criação da data está alinhada a uma agenda global que busca proporcionar felicidade a todos os povos do planeta. 

O pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Wagner De Lara Machado destaca que a felicidade é um fenômeno complexo que envolve nosso cérebro e a experiência subjetiva.  

“A felicidade está associada à modulação emocional e ao melhor funcionamento das células de defesa do corpo humano, por exemplo. Da mesma forma, a felicidade quando relacionada à autorrealização, se mostra associada a uma melhor regulação neuroendócrina, isto é, menos indicadores inflamatórios e aumentos dos neurotransmissores que geram bem-estar, como a serotonina, endorfina, dopamina e outros”, explica.     

Quais estímulos provocam a felicidade? 

Foto: Igor Bandera

A felicidade com frequência é descrita por especialistas como um estado de alegria, contentamento, satisfação, euforia entre outros afetos. Wagner explica que essa parte mais emocional da felicidade possui disparadores conhecidos como atividades prazerosas, eventos de vida positivos, e estados internos que possuem grande influência da personalidade.  

Nos casos em que a felicidade é concebida através da autorrealização, isto é, a expressão máxima do potencial pessoal, ela depende mais do engajamento em atividades que geram sentido e desenvolvimento contínuo alinhadas aos propósitos de vida de cada um.  

O docente da PUCRS conta que existem vários circuitos cerebrais envolvidos na experiência da felicidade. Por exemplo, as atividades que geram envolvimento profundo e sensação de significado, tendem a se associar com uma atividade do córtex pré-frontal e frontal. Já a felicidade advinda de estados emocionais mais intensos está associada a uma atividade do córtex orbitofrontal e do sistema límbico.   

Durante a pandemia de Covid-19, pesquisas evidenciaram o papel da felicidade na resiliência individual frente ao enfrentamento ao momento. De acordo com Wagner, nesses casos, a felicidade é tanto antecedente como consequência do processo de resiliência, dependendo do aspecto observado e da dinâmica do indivíduo.  

“Por exemplo, pessoas com uma percepção mais nítida do seu sentido e propósito de vida conseguiam lidar melhor com adversidades, mantendo seus níveis de motivação. Já os afetos positivos eram tanto resultado deste processo quanto antecedentes, uma vez que pessoas que experimentam mais afetos positivos podem ter uma melhor autorregulação emocional, mesmo frente a novos estressores”, finaliza o professor.