As universidades têm papel substancial na formação de profissionais competentes e na potencialização da produção científica. Porém, sua atuação não deve parar por aí. É importante que esses espaços sejam fonte inesgotável de impacto e transformação na sociedade.
Para isso, muitas universidades do Brasil conectam a aprendizagem ao contexto social durante a formação – o que favorece a prática dos estudantes e o acesso da comunidade a serviços essenciais. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), por exemplo, os alunos e alunas das Escolas de Ciências da Saúde e da Vida e Medicina atuam diretamente com a população local.
“Um dos diferenciais dos cursos da saúde da PUCRS é a intensa carga horária de disciplinas teórico-práticas e práticas assistidas, que começa logo nos primeiros semestres e dá robustez à formação. Ela prepara o estudante para o estágio profissionalizante ou curricular e para os desafios do mercado de trabalho, sem deixar de lado o comprometimento com as demandas da sociedade”, conta a decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, Andrea Gonçalves Bandeira.
A Escola de Ciências da Saúde e da Vida foi criada para aproximar conhecimentos diferentes da área da saúde e resulta da união de 10 cursos: Biomedicina, Ciências Biológicas (Bacharelado e Licenciatura), Educação Física (Bacharelado e Licenciatura), Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Gastronomia, Nutrição, Odontologia e Psicologia – além dos programas de pós-graduação em Biologia Celular e Molecular, Ecologia e Evolução da Biodiversidade, Odontologia e Psicologia.
De acordo com Andrea, os diferenciais da Escola estão pautados em um ambiente voltado à interprofissionalidade e à intensa cooperação entre as áreas, com foco em excelência em ensino, pesquisa e extensão. Para isso, professores e estudantes têm acesso a uma estrutura completa de laboratórios, espaços diferenciados de aprendizagem e serviços escolares de atendimento à comunidade. Tudo isso possibilita o desenvolvimento de habilidades e competências em cada área de atuação – além de estimular pensamento crítico e raciocínio clínico.
Essas dinâmicas também se estendem ao dia a dia dos estudantes da Escola de Medicina da PUCRS. Principalmente nos campos de prática qualificados, como o Hospital São Lucas e a Unidade de Saúde Vila Fátima.
“Os alunos atendem famílias e, após a discussão dos casos com os professores, ambos dão atenção aos pacientes para definir as condutas e as recomendações a seguir. Isso garante um ambiente de aprendizado na prática ao mesmo tempo que oferece assistência mais qualificada para a comunidade local”, explica o decano da Escola de Medicina da PUCRS, Leonardo Pinto.
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A Unidade de Saúde Vila Fátima foi criada pela PUCRS como um Centro de Extensão e já existe há mais de 30 anos. Mais recentemente, um convênio foi firmado entre a universidade e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Além dos cursos da área da Saúde, outros também realizam atividades práticas lá, como os da Escola de Humanidades e da Escola de Direito. A atuação da PUCRS no Vila Fátima contempla aproximadamente 20 mil pessoas, número estimado de moradores que têm essa US como referência para atendimento.
“Os estudantes começam como observadores e vão se inserindo a rotinas, necessidades e demandas de serviço, por meio de disciplinas nas áreas de Medicina de Família e Comunidade, Pediatria, Gineco-obstetrícia, Psiquiatria e Fisiatria. Enquanto frequentam a US Vila Fátima, os acadêmicos conhecem o SUS, a Atenção Primária à Saúde (APS) e a realidade de famílias em vulnerabilidade social, bem como aprendem a trabalhar em equipe e desenvolvem expertise em doenças frequentes, casos complexos, multicomorbidades e pacientes acamados”, destaca a professora do Núcleo de Saúde Coletiva da Escola de Medicina da PUCRS, Lisiane Pérez.
Com essa atuação, a PUCRS visa formar profissionais que, além de qualificação técnica, tenham senso de responsabilidade social e acesso a experiências que os permitam humanizar a assistência à saúde. Andrea comenta que essa combinação é um dos fatores mais complexos em termos de treinamento, mas um ambiente como o da US Vila Fátima tem muito a contribuir.
“Esse tipo de atuação tem como objetivo a integração ensino-serviço-comunidade. É um olhar para os determinantes sociais de saúde e para a formação integral dos estudantes, que se manterão comprometidos com as necessidades da população não apenas como profissionais, mas também como cidadãos”, completa a professora.
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*Texto publicado originalmente em GZ08