Professor do curso de Nutrição da PUCRS comenta os cuidados com a alimentação e a importância do acompanhamento adequado
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A preparação de um atleta para uma competição da dimensão dos Jogos Olímpicos envolve diversos segmentos da saúde e anos de disciplina em muitas áreas. Dentre os cuidados com o corpo, com preparadores físicos, técnicos e fisioterapeutas, e com a saúde mental, contando com auxílio psicológico, outro ponto fundamental é a alimentação, que permite que o esportista tenha disposição para os treinos e um corpo preparado para o esforço.
A dieta do atleta, preparada por um profissional da Nutrição, é o que faz com que o esportista consuma os nutrientes necessários para ter saúde, energia para atividades físicas e um equilíbrio calórico. Além da reposição energética pós-treino, para garantir a recuperação muscular e mental do esportista.
“Se a nutrição não está adequada em atletas olímpicos, que tem um nível de rendimento muito alto, o atleta não se recupera o suficiente e o corpo pode acabar dando sinais de alerta. Essa deficiência pode trazer algumas complicações, inicialmente em rendimento e depois pode chegar à saúde, desde complicações hormonais ou teciduais, mas podendo levar até mesmo a uma lesão que poderia ter sido evitada”, explica Giuseppe Potrick Stefani, professor do curso de Nutrição da PUCRS e especialista em nutrição esportiva.
Os Jogos Olímpicos deste ano, em Paris, têm como ideal e premissa serem o mais sustentável da história. Com isso, a alimentação oferecida pelo Comitê Organizador é 1/3 vegetal, e há um espaço 100% vegetariano. Esta preocupação nutricional comentada pela docente também foi estudada pelo Comitê Olímpico Brasileiro, que criou um espaço de alimentação especial destinado aos atletas do Time Brasil na Vila Olímpica. Este espaço serve pratos típicos e caseiros, não apenas para os esportistas terem uma nutrição adequada, mas para a comida ser afetiva.
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O requerimento energético em algumas modalidades é muito alto, podendo chegar a mais 3.000 kcal durante o exercício físico. Há ainda os atletas que competem em categorias de acordo com seus pesos, e para isso não podem ultrapassar 5% de alteração corporal durante uma competição, como os Jogos Olímpicos. Os atletas passam os dias anteriores as competições treinando na Vila Olímpica e nas respectivas arenas, e assim precisam repor a energia gasta de maneira adequada.
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Outro aspecto essencial para a manutenção da saúde e do funcionamento pleno do corpo é a hidratação. Ainda mais quando se trata de esportes de alto gasto calórico e/ou longa duração, é preciso um cuidado grande para repor os níveis de hidratação do praticante. E a desidratação pode ainda causar confusão mental, tontura e outros efeitos imediatos que levam o atleta a ter que se retirar do treino ou da competição, para tomar um isotônico ou outro tipo de reposição rápida e eficaz.
“Das inovações mais recentes, gostaria de destacar os sensores de hidratação. O atleta usa para um treino ou para uma competição e esse adesivo aponta por meio de um aplicativo o quanto ele perdeu de sódio no suor, responsável pelo método que no nosso corpo mais usa durante o esforço físico na tentativa de esfriar o corpo para não superaquecer. Ainda é bastante caro para o bolso do público, mas em um ano ou dois anos, isso começará a ser inserido de uma forma mais direcionada”, comenta o nutricionista.