formação de lideranças hsl

Foto: Divulgação Hospital São Lucas

Com o intuito de impulsionar o protagonismo e a autonomia dos colaboradores do Hospital São Lucas (HSL), a PUCRS iniciou a segunda edição do Programa de Desenvolvimento de Lideranças, um curso voltado para diretores, gerentes e coordenadores da instituição. O programa, desenvolvido para apoiar a aplicação dos conhecimentos técnicos pelos times de trabalho do Hospital, contou a expertise do corpo docente da Universidade, envolvendo docentes das Escolas de Negócios, Humanidades e Politécnica.  

Esta edição do curso iniciou em maio deste ano e segue em atividade até novembro. Em 2022, o foco do Programa foi desenvolver competências estratégicas, como tomada de decisão; orientação para o cliente e para o mercado; gestão de pessoas e conflitos; e capacidade para compreender a cultura organizacional da empresa. Para 2023, o objetivo é aprofundar e expandir ainda mais os conhecimentos dos colaboradores e lideranças: segurança psicológica, comunicação, gestão ágil de processos, fundamentos sobre finanças e temáticas sobre a jornada dos agentes envolvidos com a instituição são o foco. 

“O Programa de Desenvolvimento de Lideranças é uma das principais ferramentas que o São Lucas oferece como forma de dar protagonismo às lideranças, o que nos possibilita a qualificação para proporcionar um melhor atendimento aos nossos pacientes e também a todos os liderados da instituição”, ressalta o diretor-geral Saulo Mengarda. 

Para a Educação Corporativa essa parceria entre unidades de negócio é fundamental para impulsionar o ecossistema de ensino, inovação e saúde da PUCRS. “A Universidade está à frente no que diz respeito à ensino e educação. O Hospital São Lucas vive os desafios da área e da gestão da saúde. Assim, unimos prática e ciência para fazermos mais e fazermos melhor”, pontua a Gestora de Educação Corporativa da PUCRS, Lica Marques. 

Projetos de liderança personalizados para cada organização 

Por ser um curso periódico, o Programa de Formação de Liderança desenvolve não somente as competências técnicas, mas também as habilidades comportamentais, chamadas soft skills. Para uma atuação cada vez mais estratégica e humanizada, a Educação Corporativa da PUCRS propôs um curso sob medida para atender o Planejamento Estratégico do Hospital. Lica explica que os conteúdos, atividades, projetos, e até mesmo o corpo docente do curso foi escolhido pensando no modelo de gestão e cultura organizacional do Hospital. 

“Um dos diferenciais dessa formação é que ela foi customizada e pautada na compreensão do posicionamento estratégico do Hospital São Lucas, considerando os objetivos organizacionais da instituição”, explica.  

formação de lideranças hsl

Foto: Divulgação Hospital São Lucas

Esse olhar personalizado é uma premissa dos cursos de Educação Corporativa. Os Projetos de Liderança da Universidade são oferecidos para diversas empresas e organizações, mas sempre alinhados às necessidades de cada negócio.  

“Sempre que uma empresa quiser contratar esse programa de formação da PUCRS, será realizada uma análise das necessidades dessa organização para, assim, termos um escopo alinhado com o que a empresa irá pautar. Cada formação oferecida é única”, destaca Lica.

Cursos In Company são possibilidade de formação com excelência universitária 

No início deste ano, a PUCRS firmou uma parceria com a Tramontina, empresa centenária de atuação nacional e internacional. Em um modelo de Cursos In Company, a Universidade está promovendo, para 70 gestores da companhia, um MBA em Tecnologia para Negócios. Assim como a formação para o HSL, o curso foi desenvolvido para atender às demandas da empresa, respeitando as peculiaridades do negócio e o perfil dos participantes.  

A especialização desenvolvida para a Tramontina conecta diversas áreas de conhecimento e conta com professores tanto da Escola de Negócios, como da Escola Politécnica e Escola de Ciências da Saúde e da Vida.  

Leia mais: PUCRS irá promover curso de especialização para colaboradores da Tramontina 

Para saber mais ou contratar um curso sob medida para sua organização, entre em contato pelo e-mail [email protected].

Foto: Bruno Todeschini

A XX mensagem da Comissão Internacional de Missão Marista intitulada “A saúde integral das jovens gerações – Um compromisso educacional Marista” aborda o desafio da missão educativa Marista ao cuidado integral das jovens gerações. E exorta aos “herdeiros do legado de Champagnat” a serem “promotores da vida, e vida em abundância, frente à multiplicidade de conflitos, situações de abandono, vulnerabilidades e sofrimentos que geravam doenças de toda ordem e mesmo a morte de crianças e jovens”.  

A mensagem, elaborada pelo pró-reitor de Identidade Institucional da PUCRS, Ir. Marcelo Bonhemberger, Patrícia Espíndola de Lima Teixeira e Luiz Gustavo Santos Tessaro, do Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista, em nome da Comissão Internacional, destaca a importância de conhecer “os dramas aprisionados na interioridade” das crianças e jovens de hoje, para “oportunizar ambiências cotidianas mais saudáveis.” A mensagem indica que é preciso “o abandono do entendimento individualista de saúde, que leva a conclusão de que a única saída é esperar e encaminhar quando as situações se tornam graves (reforçando uma concepção de adoecimento como vivência privada e isolada do contexto)”.  

Da mesma forma, o texto menciona que “se o compromisso é com a saúde juvenil através da educação, há também, a exigência de clareza em nossos discursos e práticas conjuntas”. E destaca que os espaços educativos e formativos – com todos os atores envolvidos, as relações estabelecidas, as normas e políticas, as estruturas físicas – por si só já configuram um ambiente favorável ou não ao florescimento da saúde.  

A mensagem enfatiza a necessidade de “construir laços promotores e preventivos em saúde”; identifica as principais iniciativas presentes nos espaços maristas, e, paralelamente, propõe 12 ações “para (co)criação de ambientes educacionais e laborais emocionalmente saudáveis”.  

Através desta XX mensagem, a Comissão Internacional sublinha que “a pauta da saúde socioemocional não deve ser fechada em si, mas dialogada e zelada por nós Maristas. Em conjunto com nosso Superior-Geral do Instituto Marista, somos encorajados a olhar além através da sistêmica do cuidado, visto que ‘a nossa missão educativa, junto dos jovens e dos mais necessitados, assume um valor fundamental nesses tempos’”.  

Para ler a mensagem completa acesse:  English | Español | Français | Português 

 Leia também: Curso de Psicologia foca em desenvolvimento de competências e empreendedorismo social

 

espaço cuidar

Foi inaugurado o Espaço Cuidar, ambulatório do Hospital São Lucas destinado ao atendimento de colaboradores/ Foto: Divulgação | HSL

Já está em funcionamento no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) o Espaço Cuidar, um ambulatório que oferece atendimento com consultas e exames a preços diferenciados para colaboradores e estagiários/as da Universidade, do HSL, do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul e do Parque Esportivo. O objetivo é possibilitar um campo de prática para estudantes da área da Saúde com foco na humanização e a oferta de cuidado integral aos pacientes, integrantes da comunidade universitária.  

A iniciativa que começou com a atuação do hospital e de docentes e estudantes de graduação da Escola de Medicina, no segundo semestre deve contar também com o reforço de estudantes de graduação e da residência multiprofissional da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Com avaliação multidisciplinar, o Espaço Cuidar está localizado no 3º andar do HSL, no conjunto 317, e conta com ambulatórios de clínica geral, doenças renais, hipertensão, doenças do coração, diabete, obesidade, tabagismo e doenças pulmonares. Os exames solicitados em consultas serão realizados no Laboratório Clínico e no Centro de Diagnóstico por Imagem da instituição. 

“O Espaço Cuidar do HSL será mais um benefício muito importante para os colegas da PUCRS, em especial para aqueles que precisam de um atendimento especializado e terão isso a passos de distância, no nosso hospital que é uma referência em saúde no Estado e no País. Contar com o atendimento de nossos estudantes de Medicina e a supervisão direta de médicos renomados será uma oportunidade também para cuidarmos da nossa saúde – cada vez mais – de maneira preventiva, pensando no futuro. Uma oportunidade para cuidarmos da nossa saúde e do nosso bem-estar, destaca Isabel Degrazia, gerente de Gestão de Pessoas da PUCRS.  

Para agendar consultas, interessados/as devem entrar em contato pelo WhatsApp (51) 3320-3354, por meio do ramal 3354 ou presencialmente no Espaço Cuidar. O pagamento tanto das consultas quanto dos exames poderá ser feito por meio de PIX, cartão de débito e crédito e desconto em folha de pagamento (exclusivo para colaboradores). 

Integração entre ensino e a promoção da saúde 

Integração entre ensino e serviço possibilita o desenvolvimento da educação interprofissional/ Foto: Divulgação | HSL

De acordo com o decano da Escola de Medicina, Leonardo Araújo Pinto, a integração entre o ensino e a assistência irá proporcionar benefícios ao aprendizado em temas importantes como diabetes, hipertensão e tabagismo. “Além do benefício para colaboradores, é um espaço de ensino em que professores médicos prestam assistência aos colaboradores ao mesmo tempo que ensinam estudantes, uma prática importante para a formação de médicos clínicos gerais”, explica.  

Andrea Bandeira, decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, destaca que essa integração entre ensino e serviço é muito relevante para a promoção da saúde e cuidado integral de colaboradores, além de possibilitar o desenvolvimento da educação interprofissional por meio do encontro e compartilhamento das diferentes profissões da área da saúde. 

“Acreditamos que juntos poderemos qualificar muito a atenção a saúde dos colaboradores além de fortalecer o trabalho colaborativo na área da saúde e a educação interprofissional, pois à medida que os estudantes têm a oportunidade de compartilhar conhecimentos e construir projetos terapêuticos conjuntos, quem ganha com isso é o colaborador que recebe uma atenção à saúde integral e mais segura”, afirma.  

A estudante de Medicina, Carolina Boff Comiran, afirma que o novo espaço possibilita a prática para um atendimento de excelência. “Aqui os estudantes atendem sem a presença de residentes, mas com a supervisão dos professores, e eu acho que é muito importante, pois isso nos deixa mais preparados e experientes para atender nossos pacientes com a qualidade que eles merecem”, completa. 

Referências na área da Saúde 

O diretor geral do Hospital São Lucas, Saulo Mengarda, destaca que a iniciativa visa uma entrega de excelência com um olhar voltado à comunidade universitária: “Teremos o acompanhamento de excelentes profissionais da área, que são referências em seus campos de atuação e também para os estudantes que estarão aprendendo enquanto cuidam da saúde de quem atua no dia a dia do hospital e da Universidade”, ressalta. Confira alguns dos profissionais que já são referência no Espaço Cuidar:  

Daniele Escouto: doutora em Medicina e professora da Escola de Medicina. Realizou programa de Doutorado Sanduíche no King’s College London e desenvolve projetos de pesquisa com ênfase em doenças hipertensivas gestacionais e epidemiologia. 

Andres Ferrari: doutor em Medicina, Tecnologia e Intervenção em Cardiologia e coordenador da área de Estimulação Cardíaca do Laboratório de Eletrofisiologia do Serviço de Cardiologia do HSL. Possui residência médica em Emergência Clínica, especialização em Clínica Médica pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Clínica Médica e especialização em Cardiologia pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cardiologia. 

André Zanella: doutor em Endocrinologia e membro da Sociedade Latino-Americana de Tireoide e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Contempla o corpo clínico do Serviço de Endocrinologia do HSL, atuando como preceptor no ambulatório de tireoide. 

Gustavo Chatkin: médico pneumologista, membro do Serviço de Pneumologia do HSL e habilitado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia em Prevenção e Tratamento do Tabagismo. É coordenador do Módulo de Emergências Respiratórias do curso de Pós-graduação da Sociedade Brasileira de Pneumologia. 

Leia também: PUCRS integra Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde

Diagnóstico da doença pode acontecer antes dos 50 anos. Foto: Envato

A Doença de Parkinson é uma condição progressiva do sistema nervoso central, que atinge cerca de 200 mil brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Apesar de aparecer com mais frequência em pessoas com mais de 65 anos, existem diagnósticos em faixas etárias mais jovens. Estima-se, ainda, que 4% das pessoas que vivem com a doença são diagnosticadas antes dos 50 anos. O neurologista e especialista em distúrbios do movimento pelo Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas da PUCRS, Yuri Felloni, explica que o Parkinson é uma doença neurológica crônica, associada à perda de células cerebrais (neurônios) produtoras de um neurotransmissor chamado dopamina. 

De acordo com o médico, essa neurodegeneração ocorre a longo de vários anos. Porém, inicialmente, é mascarada por alguns mecanismos compensatórios do cérebro. Quando aproximadamente 80% dos neurônios estão comprometidos, os sintomas motores clássicos começam a aparecer.   

“Cera de 25% dos pacientes com essa doença apresentam pelo menos um familiar de primeiro grau também afetado, porém apenas cerca de 15% de todos os pacientes de fato apresentam uma causa genética, que pode ou não ser transmitida para as próximas gerações, de acordo com o tipo de mutação”, destaca Felloni.   

Impactos na vida do paciente acometido pela doença  

A Doença de Parkinson é muito heterogênea, por diversos fatores, podendo provocar apresentações clínicas leves com relativamente pouco impacto na qualidade de vida e funcionalidade das pessoas. Mas também pode apresentar sintomas muito graves e incapacitantes, em que as pessoas acometidas pela doença necessitam de auxílio para todas as atividades diárias. Felloni conta que os sintomas motores são os mais amplamente conhecidos pela população geral, envolvendo lentidão dos movimentos associada à rigidez muscular e/ou tremor de repouso, porém existem casos da doença sem manifestação de tremor.  

Outros sintomas motores, que podem ser mais tardios, envolvem dificuldade para engolir, desequilíbrio e alterações da fala, postura e marcha. Os sintomas não-motores são principalmente as alterações do sono, memória, humor, disfunção sexual, ansiedade, depressão, comprometimento da visão de cores, comportamento, olfato, controle da pressão arterial, controle da bexiga e constipação intestinal. Alguns desses sintomas não-motores podem iniciar até 15 a 20 anos antes da instalação das manifestações motoras.   

O professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Régis Mestriner explica que nos estágios iniciais, as alterações funcionais podem ser mais facilmente superadas com o devido acompanhamento profissional e costumam envolver apenas um lado do corpo (unilateral), sem instabilidade postural evidente. Já nas fases intermediária e avançada da enfermidade, as dificuldades começam a ser maiores e frequentemente bilaterais (dos dois lados do corpo).   

“Uma visão puramente biológica ou mecanicista da enfermidade não é capaz de explicar completamente todos os impactos da doença na vida das pessoas. Existem também fatores contextuais, pessoais e ambientais que podem ser facilitadores ou barreiras no enfrentamento da doença, a depender das características de cada pessoa. Por isso, é necessária uma avaliação interprofissional apropriada antes da realização de qualquer indicação dos tratamentos específicos e colaborativos”, enfatiza Mestriner.  

Formas de tratamento que melhoram a qualidade de vida  

Avaliação de especialistas possibilita tratamento mais eficazes.  Foto: Envato

O neurologista Felloni esclarece que todas as medicações utilizadas agem apenas no controle destes sintomas, sem interferir na progressão da doença. Porém, ainda assim podem promover um bom controle dos sintomas por vários anos, possibilitando que o paciente desfrute de uma boa qualidade de vida, mantenha sua funcionalidade e até atividade laboral.  

O médico alerta que, além do tratamento medicamentoso, é extremamente importante que o paciente mantenha o acompanhamento com especialista adequado, tente manter uma vida ativa, com atividade física regular, evite uso de álcool e tabagismo, e mantenha o controle de outras doenças que possam contribuir para dano neuronal, como hipertensão, diabetes e dislipidemia.  

De acordo com o pesquisador Mestriner, para garantir o melhor enfrentamento da doença, é essencial que haja um adequado conhecimento da enfermidade, tanto por parte da pessoa que convive com ela quanto de sua rede de apoio. Segundo o professor, a doença envolve um contexto amplo de questões que impactam na funcionalidade e na qualidade de vida dos indivíduos. Por isso, é fundamental que o tratamento seja individualizado e leve em conta a qualidade científica das evidências disponíveis, a experiência técnica do profissional de saúde e as preferências da pessoa em relação às opções terapêuticas disponíveis para cada queixa e/ou problema.  

“Além de tratamentos médico farmacológicos, a doença de Parkinson geralmente requer abordagens não-farmacológicas, como suporte psicológico, participação em grupos de apoio, atividades de manutenção do bem-estar geral, nutrição adequada e a realização de exercícios físicos. A prática regular de exercícios físicos, por exemplo, pode ajudar a retardar a progressão motora da doença, melhorar sintomas não-motores e aliviar alguns efeitos musculoesqueléticos secundários à imobilidade”, complementa.   

Dentre as intervenções, o docente cita Tai Chi, yoga, exercícios aquáticos e de resistência, de força muscular, de equilíbrio e de flexibilidade, que podem ser indicados conforme as necessidades individuais. Estratégias compensatórias de marcha (como o uso de pistas visuais ou auditivas), musicoterapia, dança e intervenções fonoaudiológicas também podem ser úteis a depender de cada caso.  

Protagonismo da PUCRS frente à doença  

No âmbito da reabilitação da doença, a PUCRS se destaca com pesquisas em prol da melhora na qualidade de vida de pacientes acometidos pela doença de Parkinson. Os estudos nesta área vêm investigando o uso de exercícios de força, resistência e equilíbrio como formas de tratamento e também propõem avanços na terapia orientada à tarefa, no uso da realidade virtual e no uso de intervenções físicas inovadoras, como a caminhada Nórdica.   

Mestriner conta que o diagnóstico fisioterapêutico deve considerar, além das alterações neurológicas clássicas das estruturas e funções do corpo, as limitações de atividades funcionais e de participação, com base na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) da Oranização Mundial da Sáude (OMS). A partir desse diagnóstico funcional, o profissional pode indicar intervenções fisioterapêuticas específicas para cada caso, como exercícios terapêuticos, terapia orientada a tarefas específicas, estratégias compensatórias de facilitação da marcha, equilíbrio estático e dinâmico, entre outras.  

A pesquisadora e fisioterapeuta Anelise Ineu Figueiredo, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da PUCRS, sob orientação de Mestriner, publicou um conjunto de exercícios terapêuticos domiciliares para a doença de Parkinson, que tem como base os princípios do Mat Pilates. A cartilha publicada pela Editora da PUCRS foi desenvolvida e distribuída gratuitamente para ajudar pessoas com Parkinson a praticar alguns exercícios simples em casa, com o objetivo de auxiliar pessoas no enfrentamento da doença. O Centro de Reabilitação da PUCRS também oferece programas de saúde específicos e individualizados para pessoas com as mais variadas afecções neurológicas, incluindo a doença de Parkinson.  

Além disso, o grupo de Neuromodulação em Distúrbios do Movimento do Hospital São Lucas da PUCRS é um dos poucos do Estado que oferece tratamento cirúrgico (principalmente a Estimulação Cerebral Profunda) para casos moderados a avançados em que as medicações não estão sendo suficientes. O grupo é composto por uma equipe multidisciplinar altamente especializada em Doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento, incluindo neurologistas, neurocirurgiões, neuropsicóloga, fonoaudióloga e psiquiatra. De acordo com o médico Felloni, essa avaliação multidisciplinar pré-operatória rigorosa possibilita uma indicação cirúrgica acurada e, consequentemente, melhores desfechos pós-operatórios. 

Leia também: Pesquisa da PUCRS aponta os benefícios do exercício físico no tratamento da doença de Parkinson

I Simpósio Estadual de Saúde Única do RS integra saúde humana, animal e ambiental

O evento irá abordar ações sustentáveis necessárias para abordar a Saúde Única no Estado/ Foto: CDC/Unplash

Nos dias 31 de maio e 1º de junho, acontece o I Simpósio Estadual de Saúde Única do Rio Grande do Sul, promovido pela Rede Saúde Humana, Animal e Ambiental (Rede Saúde Única – Fiocruz Rio Grande do Sul). A PUCRS integra a rede juntamente com outras nove instituições de ensino superior do RS, além de órgãos públicos. A rede tem como objetivo difundir os conceitos e práticas da “Saúde Única”, enfatizando a importância da colaboração interdisciplinar e transdisciplinar na tomada de decisões para prevenir e combater doenças transmissíveis, especialmente zoonoses, e alcançar bons resultados em saúde pública. 

O evento acontecerá na modalidade presencial, no Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICBS/UFGRS), em Porto Alegre, e também contará com transmissão ao vivo pelo YouTube. O encontro reunirá profissionais, pesquisadores, tomadores de decisões, legisladores, estudantes e outros interessados para discutir a interação entre saúde humana, animal e ecossistemas na emergência, reemergência e controle de doenças transmissíveis, contribuindo para o bem-estar e o desenvolvimento das comunidades.  

O simpósio irá abordar ações sustentáveis necessárias para abordar a Saúde Única no Rio Grande do Sul, desde conceitos teóricos até reflexões científicas, políticas, de gestão e de comunicação de risco em Saúde Única. Além disso, serão apresentadas a experiência do Estado no enfrentamento da Covid-19, riscos e ameaças da gripe aviária e outras doenças transmissíveis, com ênfase na vigilância ativa em saúde, ensino e pesquisas, determinantes sociais, políticas e boa governança relacionadas com Saúde Única.  

O evento contará com sete mesas redondas, coordenadas por instituições parceiras, compostas por profissionais multidisciplinares com diferentes perspectivas e experiências em saúde humana, saúde veterinária e ambiental. O simpósio é gratuito e aberto ao público, no entanto é preciso realizar uma inscrição prévia. Para acessar o cronograma completo do evento, clique aqui. 

Sobre a Rede Saúde Única 

A Rede busca fortalecer e integrar processos de apoio a produção de ciência, tecnologia e inovação em Saúde Única, que beneficiem integralmente a população do RS por meio de troca de conhecimentos técnico–científico as instituições-membro nas áreas de pesquisa de desenvolvimento, produção e prestação de serviços em saúde pública, tais como vigilâncias ambiental e epidemiológica e fortalecimento dos sistemas de pesquisas e respostas as doenças em especial as infecciosas. 

A Rede é formada pela Secretaria Estadual da Saúde do RS, Fundação Oswaldo Cruz, Secretarias da Agricultura, da Inovação, Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente do RS, Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS/RS), Fundação de Amparo à Pesquisa do RS (Fapergs), Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), Grupo Hospitalar Conceição e 9 universidades: PUCRS, UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) , Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e Universidade de Cruz Alta (Unicruz).  

Leia também: Entenda a importância da vacinação para a saúde coletiva

Odontologia, novos equipamentos

PPG de Odontologia da PUCRS investiga relação de doenças bucais com o surgimento de outros males no corpo humano/ Foto: Bruno Todeschini

Ao longo da infância, pais costumam lembrar seus filhos constantemente de escovar os dentes, passar fio dental e ir ao dentista. Normalmente, esses bons hábitos são recomendados para evitar cáries, gengivites e outras complicações dentárias. Porém, o que tem sido evidenciado por pesquisadores no mundo inteiro é que a manutenção da boa saúde bucal está associada à redução do risco de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como aterosclerose, doenças cardiovasculares, diabetes e até mesmo mortalidade.  

Doenças crônicas não transmissíveis são aquelas que se desenvolvem ao longo da vida, muitas vezes de forma lenta, silenciosa e sem apresentar sintomas. Segundo números da Organização Mundial de Saúde (OMS), estas são responsáveis por 63% das mortes no mundo e são a causa de 74% dos óbitos no Brasil. No Programa de Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS, pesquisadores buscam entender de que forma as infecções e doenças de origem bucal se associam com o agravamento de outras doenças no organismo humano.  

Um estudo de meta-análise realizado em parceria entre a PUCRS e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) evidenciou que cerca de 50% das pessoas adultas no mundo tem pelo menos um dente com lesão endodôntica ao longo da vida, destacando esta doença como uma das mais comuns da humanidade. Conforme explica o coordenador e professor do PPG em Odontologia, Maximiliano Schunke Gomes, estes dados revelam que as doenças bucais são mais prevalentes que muitas outras mais conhecidas como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.  

“Precisamos cada vez mais debater sobre saúde bucal, com mais ações de conscientização e políticas públicas para que a sociedade entenda que as patologias bucais vão além da presença de cáries ou de questões meramente estéticas, mas possuem relação importante com a saúde do organismo como um todo”, destaca o pesquisador.  

Doenças bucais e cardiovasculares 

mestrado e doutorado em odontologia, PPGO

Surgimento de doenças cardiovasculares e AVCs estão associados à presença de doenças bucais/ Foto: iStock

Análises realizadas por pesquisas da PUCRS revelam que as cáries e as infecções endodônticas, gengivais e periodontais têm influência não apenas a nível dentário, bucal ou gengival, mas também impactam a circulação sanguínea do indivíduo. De acordo com Gomes, isso acontece porque as bactérias de origem bucal podem transitar pela corrente sanguínea, além das repercussões imunológicas oriundas da presença de infecções e inflamações bucais, que modificam mediadores das vias inflamatórias de todo o organismo.  

Há alguns anos atrás, um estudo publicado pela equipe do Professor Maximiliano Gomes em parceria com a University of Maryland (EUA) apresentou análises longitudinais com até 40 anos de acompanhamento em um grupo de pacientes norte-americanos, com o objetivo de entender o impacto da presença de infecções endodônticas a longo prazo. 

A pesquisa evidenciou que os pacientes que apresentavam maior carga de doenças endodônticas no início do estudo apresentaram um risco 77% maior de desenvolver complicações cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio ou até morte por razões cardiovasculares) a longo prazo, independentemente de idade, sexo, ou mesmo da presença de comorbidades como obesidade, dislipidemia, diabetes, entre outros fatores. 

Em outros estudos conduzidos na PUCRS, foram analisados pacientes do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas, acometidos por Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVC). A doença acontece quando há uma alteração súbita do fluxo sanguíneo cerebral, ocorrendo comprometimento de circulação de sangue na região do encéfalo, podendo causar desde efeitos reversíveis até sequelas irreversíveis como alterações na fala e nos movimentos e até morte. 

Em sua tese de doutorado realizada no PPG em Odontologia da PUCRS, a professora Thayana Leão analisou mais de 400 pacientes acometidos por AVCs, buscando compreender a associação entre a presença de doenças bucais e as sequelas causadas pelo acidente. Três estudos recentes oriundos de sua tese foram publicados em periódicos científicos internacionais, evidenciando que os indivíduos que tinham menos dentes naturais e piores condições de saúde bucal apresentaram risco significativamente aumentado de ter AVC e de apresentar pior desfecho na recuperação. 

“Frente aos resultados das pesquisas que vem sendo realizadas na PUCRS, em conjunto com outras evidências de outros estudos realizados em centros de pesquisa no mundo, podemos relacionar a presença de problemas bucais com maio risco de ocorrência de doenças cardiovasculares, independentemente dos fatores de risco já conhecidos como obesidade, tabagismo e outros. Um aspecto inédito que os resultados de nossos estudos sugerem é que pacientes com AVC e que possuem maior carga de complicações bucais, estão associados a sequelas mais severas do acidente vascular, incluindo risco de óbito”, ressalta Gomes.  

Saúde bucal e condicionamento físico 

Odontologia, Novos equipamentos

Presença de lesões bucais também afeta o condicionamento físico/ Foto: Bruno Todeschini

Outra relação estudada pelo pesquisador e seu grupo de pesquisa é a possível associação entre saúde bucal e aptidão física. Estudos que estão atualmente em andamento no PPG em Odontologia da PUCRS vêm analisando se existe alguma relação entre a presença de lesões bucais e o condicionamento físico. Resultados preliminares de estudos em modelos animais conduzidos no Cembe sugerem que ratos com lesões bucais não se condicionam fisicamente da mesma forma que os animais sem lesões, mesmo treinando pelo mesmo período de tempo. Desta forma, como explica o professor Maximiliano Gomes, outros estudos estão em andamento a fim de investigar a hipótese de que as lesões bucais reduzem ou mesmo anulam os efeitos benéficos do condicionamento físico aeróbio e também do treino anaeróbio.  

Dois estudos anteriores do grupo de pesquisa, que analisaram um grupo de policiais militares, demonstraram estatisticamente que aqueles indivíduos que tinham mais carga de doenças bucais não atingiam níveis tão altos no teste de aptidão física (TAF), mesmo que treinassem regularmente, independentemente de outros fatores como idade ou índice de massa corporal. 

“São resultados iniciais que apontam para afirmar que estas lesões silenciosas bucais possivelmente afetam o condicionamento físico. Não por acaso, atualmente cirurgiões-dentistas atuam em delegações esportivas de alto nível, justamente para prevenir essas infecções e inflamações de origem bucal”, finaliza Gomes. 

Conheça o curso de Odontologia da PUCRS

Combate ao câncer

Vários fatores devem ser considerados ao definir o melhor tratamento para cada paciente/ Foto: Giordano Toldo

No começo de 2023, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. As informações são da publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil e destacam que as regiões Sul e Sudeste concentram cerca de 70% da incidência. A pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Fernanda Bueno Morrone explica que o câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado e anormal de células em qualquer parte do corpo. 

De acordo com a docente, essas células crescem e se dividem mais rapidamente do que as células normais e podem invadir tecidos e órgãos próximos. O câncer pode se espalhar para outras partes do corpo através do sistema circulatório ou linfático, o que é conhecido como metástase. Ao todo, foram estimadas as ocorrências para 21 tipos de câncer mais comuns no Brasil, sendo eles o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%). 

A professora Fernanda atua com pesquisas reconhecidas internacionalmente pelo seu impacto na proposição de novas estratégias para o tratamento farmacológico e combate aos mais diversos tipos de câncer. Ela conta que vários fatores são levados em consideração ao definir o melhor tratamento para cada paciente com câncer.  

“O objetivo dos tratamentos é eliminar o câncer ou controlá-lo por um período de tempo. Alguns fatores para definir a melhor estratégia incluem o tipo e estágio do câncer, a idade e estado de saúde geral do paciente, bem como a presença de outras condições médicas. Os tratamentos mais comuns para o câncer incluem cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal e imunoterapia”, destaca.  

Busca por novos tratamentos 

Combate ao câncer

Imunoterapia, terapia-alvo, terapia gênica e radioterapia de precisão estão entre os mais promissores tratamentos contra o câncer/ Foto: Giordano Toldo

No mundo, atualmente se discute muito sobre os avanços na ciência e na busca por novos tratamentos, incluindo novas abordagens de imunoterapia, terapia gênica, terapia com células CAR-T (células T modificadas), radioterapia com prótons, terapia de ondas sonoras e nanotecnologia. Fernanda ressalta que também há pesquisas em andamento para identificar novos alvos terapêuticos e desenvolver novos medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais. 

Mais recentemente, houve avanços significativos no desenvolvimento de novos tratamentos para o câncer, e alguns dos mais promissores incluem: imunoterapia, terapia-alvo, terapia gênica, radioterapia de precisão. Esses novos tratamentos estão ajudando a melhorar as taxas de sobrevivência e qualidade de vida dos pacientes com câncer e continuam a ser desenvolvidos e refinados para melhorar ainda mais os resultados do tratamento. 

Na PUCRS, o grupo de pesquisa em Farmacologia do Câncer e Inflamação: aspectos bioquímicos e moleculares, coordenado pela pesquisadora, é responsável por desenvolver pesquisas para encontrar novos tratamentos para várias neoplasias. Em estudos anteriores do grupo, foram encontrados resultados promissores realizando a injeção de células de gliomas com uma enzima que quebra o ATP para diminuir o tamanho do tumor. Conforme salienta a professora, essas descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias farmacológicas para o tratamento dessas neoplasias. 

Atualmente, dois estudos estão em andamento. Uma pesquisa em colaboração com o grupo do professor da Universidade de Harvard Simon Robson, com foco na investigação da resistência do câncer à radioterapia e a resposta imunológica em modelos de tumores cerebrais.  

Além disso, devido à alta prevalência do câncer de esôfago no Rio Grande do Sul, o grupo de pesquisa também está realizando estudos para identificar genes presentes nesse tipo de câncer. Esses estudos são feitos em amostras de pacientes e utilizando grandes bancos de dados internacionais, com a avaliação dos dados obtidos por inteligência artificial. O grupo tem uma parceria com o Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (ICGEB), ligado à Organização das Nações Unidas, na África do Sul, onde também há muitos casos de carcinoma de esôfago.  

Leia também: Câncer de boca: cuidados e hábitos que ajudam a prevenir a doença

Autoexame é fundamental para a prevenção da doença

Mais de 80% dos casos de câncer de boca estão relacionados a hábitos do paciente. / Foto: Bruno Todeschini

O câncer de boca é um tumor maligno que acomete os lábios e estruturas da boca como língua, céu da boca, gengiva, amígdalas e glândulas salivares. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2022, mais de 15 mil pessoas foram acometidas pela doença, afetando principalmente homens acima dos 40 anos.  

A Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que o câncer de boca pode ser prevenido de forma simples, por meio da promoção da saúde bucal, da ampliação do acesso aos serviços de saúde e do diagnóstico precoce. A PUCRS é referência na área de Saúde Bucal: o Serviço de Atendimento Odontológico do curso de Odontologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e o Serviço de Estomatologia e Prevenção do Câncer Bucomaxilofacial do Hospital São Lucas (HSL) oferecem assistência odontológica em diversas especialidades para a comunidade em Porto Alegre.  

Além disso, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS desenvolvem diversos estudos nas áreas de concentração em Clínica Odontológica e Biologia Oral. A professora Fernanda Salum, que atua na área de Estomatologia, explica quais são as causas do câncer de boca e quais hábitos saudáveis podem ser adotados para evitar a doença. 

Consumo de álcool e cigarro contribui para o aparecimento da doença 

Autoexame é fundamental para a prevenção da doença. / Foto: Pexels

Conforme a docente, mais de 80% dos casos de câncer de boca estão relacionados a fatores externos, ou seja, os hábitos do paciente. Fernanda alerta que o principal fator associado é a exposição ao sol (câncer de lábio), o consumo de tabaco (cigarros, cachimbo, charuto, palheiro e fumo de mascar) e o consumo de álcool.   

Nos últimos anos, o alto número de jovens utilizando cigarros eletrônicos também influenciou os registros de pessoas acometidas pelo câncer de boca, pois o hábito é tão ou mais prejudicial quanto o consumo do cigarro convencional. 

Em 2020, o Atlas de Mortalidade por Câncer relatou que o número de mortes pelo câncer de boca atingiu em sua maioria homens, totalizando 4.767 casos, enquanto o número em mulheres foi de 1.425 casos. A professora explica que o HPV (papiloma vírus humano) também pode causar a doença, podendo então provocá-la principalmente nas regiões mais posteriores da cavidade oral. 

Com isso, além de evitar o consumo de tabaco e álcool, recomenda-se o uso de filtro solar labial para a prevenção do câncer de boca. Outra forma de combater a doença é o autoexame, pois sempre que o paciente perceber feridas (úlceras) bucais que não cicatrizam, placas brancas ou manchas vermelhas na cavidade oral, deve procurar um especialista. Fernanda destaca que, com o diagnóstico ainda nos estágios iniciais, as chances de cura são altíssimas, sem necessidade de cirurgias mutiladoras. 

Como manter a saúde bucal em dia 

Entre as principais doenças da cavidade bucal estão também a cárie e a doença periodontal (doença da gengiva e dos tecidos de suporte dos dentes). Fernanda pontua que as boas práticas de cuidados bucais para a prevenção destas enfermidades envolvem higiene bucal adequada. Isso inclui escovação com pastas de dentes fluoretadas e uso diário de fio dental, além de visitas regulares ao dentista, determinadas de acordo com as necessidades do paciente.  

“Além de manter adequada higiene bucal, o paciente deve estar ciente dos malefícios do tabaco e do álcool. Manter uma dieta adequada também é importante, assim como a hidratação da mucosa com ingestão frequente de água. Evitar bebidas ou alimentos muito quentes e eliminar qualquer fator traumático bucal como próteses mal adaptadas é fundamental”, conscientiza a professora.   

Leia também: Conheça a importância da vacinação para erradicar doenças

O reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e seu relações institucionais, Solimar Amaro, em visita ao dr. Yukio Moriguchi e sua esposa, Lia Moriguchi/ Foto: Nicole Almeida Flores

Aos 97 anos, Yukio Moriguchi acumula um extenso legado de contribuições tanto à PUCRS quanto à Medicina na América Latina. Recentemente, o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, se encontrou com o médico e ex-professor, fundador do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, o IGG. A visita foi feita como forma de agradecimento neste ano em que a PUCRS completa 75 anos de existência. 

O professor Moriguchi deu contribuições grandiosas não apenas à PUCRS, mas à Medicina e à saúde no Brasil. Visitar alguém que no alto dos seus 97 anos é capaz de nos receber com alegria, saúde e de maneira acolhedora, é também uma maneira de ter mais esperança na vida e no futuro. A PUCRS completa 75 anos em 2023 e queremos ressaltar e agradecer às pessoas que contribuíram com essa história, ele é uma delas”, destacou.

Uma carreira memorável 

Considerado o pai da Geriatria, Moriguchi dedicou quase 60 anos de sua vida ao estudo da longevidade e do envelhecimento saudável. O docente, que lecionou na Escola de Medicina da PUCRS até 2015, quando se aposentou aos 89 anos, implantou aqui a primeira disciplina de geriatria em uma faculdade de medicina na América Latina. Em 27 de novembro de 1973, fundou o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da PUCRS, que completa 50 anos em 2023.  

Entre as muitas atividades realizadas no Instituto, está a recente pesquisa Avaliação do Programa de Incentivo à Atividade Física Para Idosos (PIAFI), que visa investigar os fatores que podem contribuir para o envelhecimento saudável. “O trabalho de investigação científica motivado pelo Dr., que nestas cinco décadas inspirou centenas de pesquisadores da PUCRS na busca por descobertas capazes de promover o envelhecimento saudável, não apenas se justifica, mas é louvável”, acrescenta o Ir. Evilázio. 

Entre os feitos memoráveis do ex-professor, estão seu período como conselheiro médico do Papa Paulo VI, de 1964 a 1967; além do recebimento da Comenda de Serviço Médico Humanitário, entregue a ele pelo próprio Imperador do Japão, seu país natal. Quem destaca – e se orgulha – da trajetória de Yukio é sua filha, Cristina Moriguchi. Seguindo os passos do pai na saúde e no ensino, ela é professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Ela conta que, nos primeiros anos do IGG, o nome era apenas Instituto de Geriatria – o “Gerontologia” foi introduzido mais tarde – até porque o tema era pouco discutido na época. 

Yukio Moriguchi

O dr. Yukio Moriguchi atuou como docente na Escola de Medicina da PUCRS/ Foto: Bruno Todeschini

“O conceito de prevenção para um envelhecimento bem-sucedido foi sendo introduzido aos poucos, num trabalho de ‘formiguinha’, com aceitação de muitas pessoas, mas sob olhares céticos de outros”, relata ela.

As raízes japonesas permanecem 

A trajetória de Yukio Moriguchi não teve um começo fácil: sua infância foi marcada pelo falecimento precoce da mãe, além dos horrores da guerra. Mais tarde, já na Universidade de Keio, em Tóquio, onde se formou em Medicina, também auxiliou seus irmãos mais novos em suas formações profissionais. “Após se formar médico em Keio, fez o doutorado na mesma universidade com um período de doutorado “sanduíche”, como chamamos agora. Nesse período, em Milão, conheceu pessoas que tiveram grande significado para ele, tanto pessoal quanto profissionalmente”, conta Cristina. 

Depois de concluir seu doutorado, Yukio fez uma viagem ao Brasil, a fim de se encontrar com um egresso da Universidade de Keio, já que era uma tradição visitar alguém formado na mesma instituição. Esse egresso era ninguém menos do que o avô materno de Cristina.

“Foi lá que ele conheceu a minha mãe, que morava em São Paulo. Ela se formou em História Natural na USP e trabalhava no Instituto Oceanográfico. Ela o levou para conhecer a cidade no carro dela e, assim, tudo aconteceu”, narra a professora. 

Após se casarem em Tóquio, Yukio e a esposa, Lia, moraram no Japão por cerca de dez anos e, então, decidiram se mudar definitivamente para o Brasil. O plano deles era se radicarem em São Paulo, para poderem ficar junto dos pais de Lia. No entanto, o Dr. Moriguchi precisaria fazer a revalidação de seu diploma para poder exercer a medicina no Brasil, o que, na época, era oferecido apenas nas universidades de Recife e Porto Alegre.

Eles visitaram as duas cidades e, no fim, decidiram vir para Porto Alegre, onde planejavam passar quatro anos e depois voltar para São Paulo. Porém, decidiram ficar depois que o Ir. José Otão convidou o Dr. Yukio, ao final de sua revalidação, para criar uma disciplina de Geriatria no curso de Medicina da PUCRS. “Os planos de Deus e os nossos, às vezes, são diferentes. E só entendemos depois, muito tempo depois”, reflete Cristina. 

Para a docente, a origem japonesa e a época vivida pelo pai em sua terra natal influenciaram tanto sua vida pessoal quanto a profissional – sua filha o descreve como um homem sério, rígido e trabalhador. Sua personalidade, segundo ela, não agradava a todos.  

“O meu pai é uma pessoa muito espiritualizada, católico, e sentia que quando estava sozinho, ou estava estudando ou rezando. Eu mesma fui aluna dele na pós-graduação e, apesar das aulas muito boas, imaginava quantos colegas deviam achar estranho certas exigências e atitudes dele. Nesses momentos, via ali um choque de culturas e de gerações. Eu poderia entender, mas ou outros não. Agora, acho que ele teve muita coragem e obstinação. Tenho muito orgulho pelo seu feito”, conclui.

Aos 97 anos, Moriguchi esbanja saúde 

Yukio e Lia Moriguchi com a neta, Clara, e a empregada, Sayuri/ Foto: André Ávila | Agência RBS

Em seus ensinamentos, Moriguchi sempre apontou três aspectos como fundamentais para garantir uma vida longa. O primeiro é a alimentação saudável, que deve ser balanceada e não conter consumo excessivo de gordura, sal e açúcar. O segundo, o repouso – recomenda que o necessário para um descanso adequado são oito horas de sono por dia. Por fim, atividade física é fundamental, pelo menos uma hora por dia. 

O professor, aos 97 anos, segue à risca suas próprias recomendações, mantendo uma rotina regrada. Acorda todos os dias às 6h30, toma um copo de leite morno e sintoniza no canal da NHK para acompanhar as notícias do Japão, das 7h às 9h.

O café da manhã, que vem logo em seguida, costuma ser uma tigela de arroz, de natto (alimento tradicional japonês feito de soja fermentada) ou um sanduíche. No almoço, também tem o costume de consumir pratos típicos de sua terra natal. À noite, come apenas uma maçã ou uma pera – segundo ele, deve-se passar um pouco de fome à noite para que se possa comer bem pela manhã. No tempo livre, lê livros e jornal, enquanto sua esposa, Lia, faz palavras-cruzadas e sudoku. Vai dormir às 22h, mas já está na cama desde as 20h. 

Os exercícios físicos não ficam de fora de sua rotina: além de caminhadas diárias de uma hora pelo apartamento onde mora, ele e Lia fazem fisioterapia duas vezes por semana com a neta, Clara Takako Moriguchi, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em entrevista à GaúchaZH, ela diz que o objetivo do tratamento é manter a força e a funcionalidade dos avós.  

Yukio e Lia, apesar da idade, são muito independentes: preparam as refeições sozinhos e conseguem realizar sozinhos tarefas como lavar a louça e tomar banho – é o que diz Sayuri Maruyama, que trabalha com o casal desde 2013, também em entrevista à GaúchaZH. Além de tudo, os dois tomam apenas remédio para pressão e vitaminas, a fim de evitar problemas de saúde.  

Legado na Medicina é hereditário 

Clara e Cristina não são as únicas descendentes de Moriguchi a continuar seu legado e seguir carreira na área da saúde. O filho mais velho do professor, Emilio Moriguchi, seguiu à risca os passos do pai e é geriatra assim como ele. Ele e Cristina têm outros dois irmãos, Inácio e Vicente, porém ambos seguiram na área da engenharia. “O assunto ‘saúde’ era recorrente nas conversas diárias e, naturalmente, Emilio começou a se interessar pela Medicina. Eu, que gostava muito de Química e Biologia, na época não me via trabalhando como médica e escolhi ser farmacêutica”, relata a professora. 

Emilio Moriguchi, filho mais velho de Yukio, continua o legado do pai na Geriatria/ Foto: Júlio Cordeiro | Agência RBS

Formado em Medicina pela UFRGS, Emilio concluiu o doutorado em concentração em geriatria na Universidade de Tokai, no Japão – onde nasceu e morou até os dez anos. Hoje, ele é professor de Geriatria na UFRGS e também é chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Além disso, também é diretor do Instituto Moriguchi, que fica em Veranópolis. 

O Instituto Moriguchi surgiu a partir de uma missão da qual Emilio foi incumbido por seus mentores na época em que retornou de seu pós-doutorado em Geriatria em Fellowship, nos Estados Unidos, em 1994. A missão era encontrar o local de maior longevidade no Brasil a fim de pesquisar o que é necessário para um envelhecimento saudável. A partir de dados do IBGE, descobriu que o município mais longevo do país era Veranópolis, no interior do Rio Grande do Sul. Lá, juntamente com outros especialistas, desenvolveu vários trabalhos de pesquisa na área da Geriatria e, em 2018, o Projeto Veranópolis, com o ficou conhecido, ganhou o reconhecimento do Ministério da Saúde para que fosse construída uma sede para o Instituto Moriguchi. 

Emilio contou, também em entrevista à GaúchaZH que sua escolha pela Geriatria ocorreu de forma natural, quando estava se formando na faculdade. Na época fazia residência em medicina interna, e percebeu que muitos dos pacientes internados eram idosos em condições difíceis e doenças concomitantes.  

“Naquela época, seus ensinamentos ainda eram inovadores e desafiadores. Ele foi o fundador da geriatria preventiva no Brasil, e também nos países africanos de língua portuguesa, por meio de programa da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Foi ele quem lançou a ideia de que a geriatria não era só atender aos idosos doentes, mas também – e ainda mais – trabalhar com as pessoas desde jovens e educá-las para um envelhecimento com saúde e qualidade de vida.”    

Integrantes do Programa Corrida Orientada, do Parque Esportivo da PUCRS, participaram de mais uma edição do POA Night Run, evento de corrida de rua noturna, que conta com música, projeções de luz e vídeos. A equipe do Parque venceu duas categorias nesta edição, com Sérgio Barcellos (75), na modalidade Masculino 75 a 79; e Ana Luísa Suqueno (18), na modalidade Feminino 18 a 19. 

O esporte une gerações, e Ana Luísa e Sérgio são a prova que isso é real. Ana participou da competição por influência do seu colega de corrida. 

“O POA Night Run foi minha primeira corrida noturna, e a segunda corrida de rua que participo. Eu me inscrevi mais porque o Sérgio me motivou a isso. Pensei que seria divertido, e realmente foi”, conta. 

Para Sérgio, a vitória contribui para uma nova motivação nessa fase da vida. “Aos 75 anos, vencer uma prova na faixa-etária do veterano, é remoçar. Sentir-se um jovem idoso atrás de mais resultados”.  

Ele explica a importância de treinar com profissionais experientes e com o suporte necessário para o benefício da saúde, evitando possíveis dores e lesões. 

“No Grupo de Corrida do Parque, você tem a segurança de ter profissionais qualificados. Eles nos passam orientações corretas, com o objetivo de melhorar a performance, diminuir os riscos de lesões e aperfeiçoar a passada. Dessa forma, gastar menos energia nas corridas”, comenta. 

Ana ingressou recentemente no grupo. A estudante da Escola de Medicina afirma que a motivação dentro do grupo auxilia na superação individual. 

“É como participar de um encontro de amigos. Na corrida, um motiva o outro e cada um vai evoluindo seu condicionamento, no seu ritmo. Acordar de manhã e encontrar esse pessoal animado para correr e dar umas risadas não tem preço! Faz meu dia mais feliz. E falando somente da corrida, sempre tem algum desafio e isso é bem animador!”, celebra Ana. 

Programa Corrida Orientada  

A corrida é uma atividade que começou nas ruas da Inglaterra no Século 19 e hoje é um dos esportes mais praticados no mundo. De acordo com a Escola de Medicina de Harvard, uma corrida de baixa intensidade diariamente, por 5 a 10 minutos, proporciona diversos benefícios a saúde.  

O programa sistematizado de Corrida Orientada visa essencialmente o desenvolvimento da capacidade aeróbica e das técnicas de corrida, buscando o bem-estar e os níveis saudáveis de condicionamento físico. 

As aulas são oferecidas para os públicos iniciantes e avançados, por meio da prescrição de alongamentos, exercícios educativos e períodos de corrida. A intensidade do treinamento é constantemente monitorada através do controle da frequência cardíaca por meio de relógio frequencímetro, de uso individual e obrigatório.  

Saiba mais sobre a atividade do Parque Esportivo: 

GRUPO DE CORRIDA ORIENTADA