As inscrições para ingresso no G+1 estão abertas até o dia 8 de março. / Foto: Giordano Toldo

Guilherme Schoeninger, ainda na graduação na Escola de Direito, começou sua trajetória de pesquisa ao participar do Programa de Iniciação Científica. Nesta oportunidade, pôde conhecer o professor Eugenio Facchini Neto, seu orientador. O desenvolvimento acadêmico estabelecido fez com que Guilherme entendesse a ciência como um espaço de oportunidades únicas. E, aproveitando as oportunidades oferecidas pela Universidade, embarcou no Programa G+1 durante a graduação.  

O programa oportuniza que alunos de graduação tenham a experiência de aprofundar seus conhecimentos dentro dos Programas de Pós-graduação (PPGs) da PUCRS, participando de disciplinas de mestrado e doutorado e integrando os créditos cursados nas duas formações. Para ele, essa oportunidade foi decisiva para compreender quais os próximos passos em sua carreira.

“Quando conheci o Programa G+1, não tinha certeza em cursar a pós-graduação. Então, no final da graduação, o G+1 foi determinante para o interesse no mestrado. Foi a oportunidade de otimizar a inclinação para a pesquisa acadêmica com a estrutura ímpar da pós-graduação em Direito”, destaca. 

O programa oportuniza que os estudantes de graduação antecipem os créditos da pós-graduação, possibilitando a conclusão do mestrado em um ano após a formatura. “Durante meu último ano da graduação, cursei todas as disciplinas do mestrado, deixando o ano de 2023 para a escrita e revisão da dissertação. Assim, pude otimizar a dedicação aos estudos, além de entrar em contato com a pesquisa acadêmica de alto nível”, elenca Guilherme sobre a qualidade desta oportunidade.  

A banca foi composta pelos professores Fábio de Andrade, Jayme Neto e Lisiane Ody. / Foto: Giordano Toldo

Em seu mestrado, pesquisou sobre o uso judicial do Direito Comparado, tema que já vinha estudando desde a Iniciação Científica e, então, em seu TCC. A banca ocorreu nesta segunda-feira, dia 26 de fevereiro, com a presença dos professores Fábio de Andrade, Jayme Neto e Lisiane Ody.  

Para seu professor orientador, Eugenio Facchini Neto, Guilherme é um aluno singular.

“Ao defender sua dissertação, ele demonstrou todo o seu talento de pesquisador, enveredando por temas pouco tratados entre nós – direito comparado, epistemologia jurídica, análise crítica. Assim, foi um privilégio ter podido testemunhar seu crescimento acadêmico nos últimos anos. Guilherme é um daqueles alunos que motiva e inspira professores. Certamente esperar por ele um futuro acadêmico muito promissor, como recompensa pela sua dedicação ao estudo científico, espírito crítico e trabalho sério. Um aluno que, sobremodo, honra a PUCRS”, destaca Neto. 

Agora, depois da defesa da dissertação no Programa de Pós-Graduação em Direito, planeja seguir em contato com a academia.

“Seguimos ainda mais convictos para o curso de doutorado. Com a bagagem da pesquisa científica desenvolvida desde a Iniciação Científica, passando pelo TCC, e alcançada com o mestrado, agora, a meta será o estudo do doutorado em Direito também pela Escola de Direito da PUCRS. Aliás, se tudo der certo, em cotutela com a Universidade de Granada, na Espanha”, ressalta o aluno.  

Guilherme Schoeninger começou sua trajetória de pesquisa ao participar do Programa de Iniciação Científica. / Foto: Giordano Toldo

Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, Carlos Eduardo Lobo e Silva, a primeira defesa no escopo do Programa G+1 é motivo de celebração.

“O programa G+1 permite ao estudante da graduação avançar e acelerar a sua formação com rigor e qualidade acadêmicas. Além disso, os alunos que participam do programa se aproximam do mundo da pesquisa e, assim, podem usufruir de uma experiência rica que hoje é um diferencial da nossa Universidade”, comenta. 

PARTICIPE DO G+1 EM 2024 

As inscrições para ingresso no G+1 estão abertas até o dia 8 de março por meio do site do Integra Pós. Neste mesmo site, você pode conhecer todos os programas de pós-graduação participantes. Para se inscrever, os candidatos deverão preencher a ficha de inscrição, inserir uma carta de apresentação do candidato e link do currículo Lattes.

Após a análise da documentação, os candidatos passarão por entrevistas nos PPGs. O resultado dos selecionados serão divulgados até o dia 13 de março e as matrículas ocorrem durante o período de complementação. 

acesse e inscreva-se

Foto: Tribunal Regional Eleitoral

O professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política da PUCRS Augusto Neftali Corte de Oliveira publicou o artigo Political Institutions, Electoral Systems, and Party Stability in 40 Democracies: Including Brazil, onde destaca as principais características institucionais do sistema político brasileiro, comparando com outras 40 democracias. Em sua pesquisa, o professor aponta que o sistema partidário do Brasil – um dos mais instáveis do mundo – correspondem muito adequadamente ao que seria esperado de um sistema eleitoral proporcional com distritos eleitorais grandes (em que competem muitos candidatos ao mesmo tempo, pelas mesmas cadeiras). Isso quer dizer que apesar da iniciativa de minirreformas eleitorais recentes, o Brasil tende a continuar com partidos socialmente fracos e centrados em personalidades. 

O estudo desenvolveu um teste para a hipótese do cientista político italiano Giovanni Sartori.

“Alguns cientistas políticos acham que o sistema eleitoral ‘determina’ o número de partidos, outros pensam que um sistema eleitoral frouxo, como o brasileiro, permitiria uma correta representação na política da diversidade dos interesses presentes na sociedade. Sartori contesta essas opiniões. Para ele, os sistemas eleitorais podem apenas influenciar o ritmo da transformação nos partidos. Pode desincentivar o surgimento de novos partidos e a fragmentação, mas as causas das mudanças não estão nas regras eleitorais. Estão no contexto político e nas instituições informais da cultura e da sociedade”, explica Oliveira. 

Sistemas eleitorais fortes, fracos e moderados 

Foto: Envato

No artigo publicado no Brazilian Policial Science Review, a estabilidade partidária é analisada por meio do indicador Variação Partidária Eleitoral (EPV), baseado no Número Efetivo de Partidos Eleitorais (ENEP). As instituições políticas e eleitorais de interesse incluem a magnitude eleitoral, a fórmula eleitoral e uma abordagem derivada de Sartori (sistemas eleitorais fortes, fracos e moderados). 

Para o pesquisador, a sociedade brasileira não apresenta uma estrutura política firme, que restringira a instabilidade partidária mesmo com regras eleitorais frouxas. Esse pode ser o caso de Portugal, Dinamarca e Austrália, países muito menores do que o Brasil.  

“Embora a instabilidade partidária do Brasil nas últimas 8 eleições seja a segunda mais alta entre 40 países democráticos, ela não é esdrúxula. Ela está muito próxima ao que seria de se esperar de um país federalista, com uma grande e heterogênea população, e que optou por um sistema eleitoral radicalmente proporcional, incapaz de moderar as estratégias de suas lideranças políticas”, adiciona. 

Para Oliveira, os resultados permitem lançar algumas interpretações. Para o pesquisador, não devemos esperar que o sistema partidário brasileiro encontre um ponto de equilíbrio estável no qual representaria adequadamente a diversidade das opiniões e interesses de sua sociedade. “Considero, também, que remendos tais quais a cláusula de desempenho e o quociente do candidato não irão alterar a característica do sistema eleitoral que é favorável à instabilidade. As estratégias individuais dos políticos tendem a continuar preponderando sem muitos freios”, adiciona. 

Leia também: Eleições dos Estados Unidos: pesquisador explica como funciona

Manoela Piran Frigeri faz parte do Programa de Iniciação Científica pelo segundo ano consecutivo. / Foto: Arquivo pessoal

O Programa Aristides Pacheco Leão de Estímulo a Vocações Científicas é uma iniciativa da Academia Brasileira de Ciências (ABC), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O objetivo deste programa é permitir que estudantes de graduação atuem por um breve período em instituição de pesquisa, sendo recebidos por pesquisadores membros titulares da ABC. O programa promove o intercâmbio de 50 alunos que realizam iniciação científica (IC) em diferentes universidades, estabelecendo vínculos de pesquisa entre diversas instituições e pesquisadores.   

A aluna de Biomedicina, Manoela Piran Frigeri, faz parte do Programa de Iniciação Científica pelo segundo ano consecutivo, com a orientação da professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e dos programas de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular, Medicina e Ciências da Saúde e Odontologia, Maria Martha Campos.  

Em estágio de pesquisa desde janeiro de 2024 na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) na Escola Paulista de Medicina, a aluna estará participando de projeto de pesquisa intitulado “Avaliação de mecanismos moleculares de resistência de Candida resistentes a fluconazol em amostras de hemoculturas de diferentes hospitais terciários no Brasil”. O estágio acontece sob orientação do professor Arnaldo Lopes Colombo, renomado na área de micologia e infectologia. 

Experiências que enriquecem a formação 

Manoela destaca o valor desta experiência tanto para o seu desenvolvimento quanto pesquisadora, mas também os contatos e a rotina que está inserida.

“Essa experiência está sendo muito valiosa tanto pessoal quanto academicamente, superando as minhas expectativas e dando uma maior motivação que faltava nesta reta final da graduação. Aprendo muito todos os dias com profissionais e pesquisadores excepcionais que não medem esforços para me ensinar e integrar nos trabalhos do LEMI, acompanhando e participando da rotina do laboratório e dos projetos em andamento”, elenca. 

Manoela Piran Frigeri é estudante de Biomedicina na Escola de Ciências da Saúde e da Vida. / Foto: Arquivo pessoal

Para a bolsista, a iniciação científica é uma oportunidade de desenvolvimento acadêmico e pessoal.

“A Iniciação científica está sendo a porta de entrada para conhecer e fazer novas descobertas, além de aperfeiçoar tudo o que aprendi durante a graduação. Uma oportunidade e experiência que todos deveriam aproveitar durante a jornada acadêmica. Com a IC pude perceber que o sonho que tinha quando criança de fazer ciência ainda vive dentro de mim, que a pesquisa é uma das minhas maiores paixões e pretendo seguir na área acadêmica. aprendi muita coisa nesses anos que valeram também para a minha vida pessoal!”, destaca. 

Além disso, a aluna destaca a atualidade dos projetos científicos desenvolvidos em seu espaço de atuação, estando envolvida em pesquisas de impacto nas políticas governamentais. “Meu estágio é na UNIFESP, no Laboratório Especial de Micologia (LEMI). O laboratório é referência do Ministério da Saúde para o estudo de espécies emergentes de Candida com potencial resistência a antifúngicos, recebendo amostras destas leveduras isoladas de pacientes hospitalizados em centros médicos de todo país”, destaca Manoela.  

Para a orientadora da estudante, professora Maria Martha Campos, iniciativas como essa enriquecem a trajetória acadêmica dos estudantes, permitindo vivências que aproximam teoria e prática.

“Essa é mais uma evidência da importância que a iniciação científica pode ter na formação dos alunos ao longo da graduação, abrindo novas possibilidades para a carreira de pesquisa”, destaca a professora”, completa. 

Participe da Iniciação Científica 

O programa de iniciação científica estabelece a oportunidade de alunos de graduação estarem envolvidos em projetos de pesquisa, desenvolvendo maior conhecimento e capacidade técnica para a produção de atividades científicas. As oportunidades estão disponíveis em diferentes áreas do conhecimento, com renomados pesquisadores da PUCRS.   

 seja um bolsista de iniciação científica

Mudanças ambientais provocam aumento de águas-vivas no litoral gaúcho/ Foto: Envato

No verão de 2024, o litoral gaúcho teve um aumento de 734% nos registros de queimaduras por água-viva em comparação ao ano anterior. Para o professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade e diretor do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Nelson Fontoura, este aumento pode estar relacionado com as mudanças da cadeia alimentar ocorridas por conta das alterações no ecossistema pela ação humana, mas também nas mudanças marítimas naturais.  

“Isto pode acontecer devido a alterações do sistema de correntes, trazendo mais nutrientes de águas profundas, por exemplo, favorecendo o desenvolvimento de plâncton. Mais plâncton presente na água pode permitir o desenvolvimento de populações mais densas de águas-vivas. O mesmo pode ocorrer devido ao aumento de nutrientes causados pela atividade humana, como adubos nitrogenados ou esgoto doméstico chegando em águas oceânicas”, destaca ao professor. 

Além disso, uma das principais causas para maior aparecimento crescente de águas-vivas no litoral gaúcho se dá também pelos ventos e pela temperatura da água. “As águas-vivas são trazidas para as praias principalmente quando ocorrem dias sucessivos de ventos do quadrante sul, que, por meio da Força de Coriolis, fazem com que águas superficiais quentes e translúcidas do mar aberto se aproximem da praia, trazendo as águas vivas”, explica Fontoura. 

Esses animais são importantes para a configuração do cenário de vida marinha e terrestre, pois são predadoras de espécies planctônicas e de pequenos peixes. Por outro lado, servem de alimento para tartarugas marinhas, mas também raposas, crocodilos e onças. Por isso, alterações na abundância de alimentos podem causar pressões no equilíbrio das cadeias alimentares. 

As temidas “queimaduras” 

A água-viva, na verdade, não causa queimaduras, mas quando seus tentáculos tocam a pele, é liberado um líquido tóxico urticante, causando a falsa sensação de queimadura. Esse líquido é parte fundamental do processo de alimentação da água-viva, pois é responsável por injetar substâncias tóxicas que auxiliam na captura de presas, além de ser um mecanismo de defesa. Para além das “queimaduras”, os impactos também são percebidos pelas populações locais que sobrevivem do turismo e pesca.  

“Um excesso de águas-vivas diminui a atividade pesqueira, pois elas predam pequenos peixes. Podem também se acumular nas redes de pesca, tornando-as mais visíveis aos peixes, que podem evitá-las, e também representando trabalho adicional para a limpeza das redes. Em alguns balneários, podem representar uma experiência negativa para os turistas, que podem optar por não retornar em novas temporadas”, elenca o diretor do IMA. 

Sítio PELD Pró-Mata realiza pesquisas ecológicas com aracnídeos/ Foto: Divulgação MCT

Com o planeta em constante mudança devido à ação humana, entender e mensurar esses impactos é de extrema importância, sendo este uma das principais metas inclusas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para isso, é fundamental o desenvolvimento de pesquisas ecológicas de caráter sistemático e permanente. Neste contexto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) lançou, em 1999, o programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), que também é cofinanciado por agências estaduais. Há vários sítios PELD em todo o Brasil, sendo um deles localizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata, uma área de conservação ambiental da PUCRS na serra gaúcha e conduzida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA). 

Um dos grupos de seres vivos que são objetos de pesquisa no PELD Pró-Mata são as aranhas. Elas são classificadas como aracnídeos, assim como os ácaros e os escorpiões. Os aracnídeos, juntamente com os insetos, centopeias e crustáceos, formam o grupo dos animais artrópodes, o maior do mundo, com mais de um milhão e espécies conhecidas. Os aracnídeos, apesar de serem mal-vistos pela maioria das pessoas por serem considerados pragas agrícolas e vetores de doenças, possuem diversas funções nos ecossistemas, muitas delas benéficas e até mesmo essenciais para a vida humana. Muitos deles são polinizadores e predadores de outras espécies que constituem populações de pragas. 

Nesse quesito, o destaque vai para as aranhas, que estão entre os maiores predadores de outros artrópodes. O professor Renato Augusto Teixeira, do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ecologia e Evolução da Biodiversidade, explica o foco da pesquisa realizada no PELD sobre os aracnídeos: o que acontece com a comunidade de aranhas em ambientes fechados, isto é, florestais, em contrapartida ao que acontece com essas comunidades em ambientes campestres, ou seja, em áreas abertas. 

“Uma vez que estamos passando por mudanças climáticas e o aquecimento global, será que a floresta não serviria como um buffer? Serviria para tamponar um pouco essa mudança e reduzindo essa temperatura em relação ao campo, que é uma área aberta e que ganha e perde calor com mais facilidade. Se for o caso, nossa expectativa é que as comunidades nos dois tipos de ambientes mudem de forma diferente. Que mude pouco ou nada nas florestas e muito nos campos, devido às mudanças climáticas”, pontua.  

Outras pesquisas 

Amostras coletadas fazem parte da coleção do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS/ Foto: Divulgação MCT

Devido aos seus comportamentos de caçadoras, as aranhas são responsáveis por ajudar a manter as populações de artrópodes numericamente estáveis. No entanto, uma boa parte desses comportamentos depende de seus habitats permanecendo sem grandes alterações. Esses ambientes costumam ser dinâmicos, porém parte deste dinamismo está ligado a fatores antropogênicos, ou seja, relacionados à ação humana. E, até o momento, pouco se sabe sobre o impacto que isso pode causar em alguns organismos. “Um dos outros projetos que temos no PELD é o de entender a sucessão da comunidade de aranhas no espaço e ver como elas recolonizam o ambiente uma vez que forem retiradas de lá”, conta Renato. 

Tiffany Maroco da Silva, aluna do PPG em Ecologia e Evolução da Biodiversidade que atua nas pesquisas do PELD, explica que o objetivo deste projeto é testar se as aranhas conseguem recolonizar um espaço em um período curto, de aproximadamente cinco horas. 

“Em várias trilhas nos campos do Pró-Mata, em um trecho de 150 metros, retiramos as teias para testar se as aranhas conseguem refazê-las nesse período, e no trecho subsequente retiramos as próprias aranhas. Com esse tratamento, tentamos responder a algumas perguntas: ‘as aranhas conseguem estabelecer novas teias nesse período?’, ‘se sim, foram feitas por indivíduos das mesmas espécies que já estavam lá ou são novas espécie que vão se aproveitar desse nicho vazio e recolonizá-lo?’”, comenta Tiffany. 

Durante as saídas para as trilhas, os pesquisadores coletam dados importantes para entender esse processo de recolonização, como altura das teias, distância da trilha e do início dela, o tipo de teia (se são irregulares ou orbiculares, já que são feitas por grupos diferentes de aranhas). Depois de recolhidos, os materiais com esses dados são levados ao laboratório para triagem. 

O professor Renato acrescenta, ainda, que os pesquisadores do PELD trabalham com uma terceira linha de pesquisas, o DNA Barcoding. Nesta linha, são retiradas pequenas amostras de tecido das aranhas que são coletadas a fim de criar um banco de informações genéticas das espécies que habitam o sítio do Pró-Mata. “Identificação por meio de DNA requer que tenhamos um referencial para comparação. Quanto mais espécies fizermos o barcoding, mais fácil será para identificá-las”, ressalta. 

“O DNA Barcoding também se liga a outros projetos do PELD, como o de DNA Ambiental. Todo o material coletado nas outras pesquisas será armazenado na coleção de aracnídeos e miriápodes do Museu de Ciência e Tecnologia (MCT) da PUCRS. Nos laboratórios do PELD, o material é separado entre as diferentes espécies ou morfoespécies de aranhas e depois utilizado para diferentes trabalhos, como a listagem de espécies presentes no sítio do Pró-Mata ou para outros estudos ecológicos, como o da sucessão das aranhas”, finaliza Renato. 

Sobre o Pró-Mata 

Pró-Mata é um sítio de conservação e pesquisa PELD/ Foto: Divulgação IMA

Nelson Ferreira Fontoura, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e diretor do IMA, destaca a importância do PELD na realização de pesquisas ecológicas que contribuem para o entendimento das consequências da ação humana no planeta. 

“Nós temos vário grupos trabalhando no PELD Pró-Mata, incluindo alunos de pós-graduação a nível de doutorado, de mestrado e alunos de graduação fazendo sua iniciação científica. Hoje temos grupos trabalhando com aves, mamíferos, anfíbios, abelhas, aranhas e também com DNA ambiental, incluindo florestas e campos. Esses projetos em conjunto, de forma continuada, podem nos fornecer, em um futuro de médio a longo prazo, uma ideia muito clara de como esse ambiente está evoluindo, se a diversidade segue constante, aumentando ou diminuindo em função dos impactos humanos”, explica. 

O sítio PELD Pró-Mata foi estabelecido em uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo, e por isso é considerado prioritário para conservação. Foi adquirida em 1993 pela Universidade e convertida em RPPN em 2019, garantindo a perpetuidade do compromisso da PUCRS com a conservação da biodiversidade, bem como a mitigação do impacto das atividades humanas 

Fernanda Marrone, docente da Escola de Ciências e Saúde da Vida da PUCRS, irá atuar como professora visitante na Alemanha. / Foto: Giordano Toldo

A professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Fernanda Morrone foi contemplada no Programa Cátedra Tübingen, uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Universidade de Tübingen, por intermédio do Baden-Württembergisches Brasilien- und Lateinamerika-Zentrum. Fernanda conduzirá uma pesquisa na área de Farmacologia, com abordagem multidisciplinar, que investiga o efeito de moléculas inibidoras de proteínas quinase na resposta de tumores cerebrais à radioterapia. A pesquisadora acredita que seu trabalho pode resultar em novas estratégias de tratamento para os tumores, baseadas na descoberta de alvos terapêuticos. 

Fernanda explica que o Centro Tübingen para Descoberta e Desenvolvimento Acadêmico de Medicamentos (TüCAD2) é reconhecido como um centro de excelência na descoberta acadêmica de fármacos. “Acredito que essa experiência será um marco significativo em minha carreira de pesquisadora, proporcionando aprendizado, colaborações internacionais e contribuindo para o avanço da ciência no Brasil”, celebra.  

Para a pesquisadora, a bolsa concedida pelo Programa Tübingen Cátedra em Farmácia e Farmacologia representa uma oportunidade única para aprimorar e expandir as pesquisas e as colaborações nestas áreas.  

“A natureza interdisciplinar da proposta é particularmente empolgante, permitindo também a participação e mobilidade de outros docentes e alunos dos Programas de Pós-Graduação da PUCRS em projetos de pesquisa”, completa. 

Parceria consolidada 

As atividades na Universidade de Tübingen estão previstas para ter início em março deste ano, e a pesquisadora mantém uma forte colaboração com a instituição alemã, tendo publicações em parceria nas áreas de farmacologia e química medicinal. A parceria com o Centro Tübingen para Descoberta e Desenvolvimento Acadêmico de Medicamentos (TÜCAD2), liderado pelo professor e pesquisador Stefan Laufer, é especialmente importante, considerando sua vasta experiência na pesquisa e desenvolvimento de fármacos.  

“O TÜCAD2 é reconhecido como um centro de excelência na descoberta acadêmica de fármacos. Essa colaboração fortalecerá os laços internacionais entre as Universidades, promovendo avanços significativos na pesquisa, especialmente nas áreas cruciais de oncologia e doenças inflamatórias”, adiciona Fernanda. 

Sobre a pesquisadora 

Graduada em Farmácia pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atualmente é bolsista de Produtividade do CNPq, professor titular da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS, onde ministra as disciplinas de Farmacologia e Farmácia Clínica. É membro da Sociedade Brasileira de Farmacologia Terapêutica e Experimental e membro do Clube Brasileiro de Purinas. É consultora e revisora de periódicos científicos nacionais e internacionais e atua como consultor de várias instituições. Tem experiência na área de Farmacologia, com especial interesse no estudo do sistema purinérgico, ATP, receptores purinérgicos e radioterapia em gliomas, e outros tipos de câncer. 

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A capacitação aconteceu entre os dias 15 e 19 de janeiro. / Foto: Giordano Toldo

Entre os dias 15 e 19 de janeiro a PUCRS ofertou o curso Enfoque cognitivo, socioemocional y metodológico de la Educación Superior para docentes da Universidad Marcelino Champagnat (UMCH), localizada em Lima no Peru. A formação foi realizada por meio de atuação conjunta entre a Coordenadoria de Internacionalização do Stricto Sensu da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesq) e a Diretoria de Educação Continuada da Pró-Reitoria de Graduação e Educação Continuada (Prograd). 

O grupo foi acolhido pelo vice-reitor da Universidade, Ir. Manuir Mentges, que no primeiro dia do curso lhes deu as boas-vindas e apresentou a Universidade. Na ocasião, ele também manifestou a importância da vivência da comitiva peruana na PUCRS para o aprimoramento de ações educativas no nível da graduação e da pós-graduação, bem como para a prospecção das próximas ações conjuntas. 

O programa fundamentou-se em capacitar os participantes a aplicarem práticas pedagógicas atualizadas que conectem educação, tecnologia, gamificação, considerando questões neurocognitivas, linguísticas e socioemocionais a partir de evidências das neurociências. O curso foi ministrado por sete professores da PUCRS, de diferentes áreas do conhecimento: Karen DelRio Szupszynski, Aline Fay, Asafe Cortina, Francisco Kern, Bettina Steren e Luis Carlos Martins. 

Dentre as diferentes temáticas abordadas, os participantes puderam compreender sobre estudos dos elementos cognitivos e metacognitivos fundamentais para a aprendizagem no ensino superior; examinar paradigmas de ensino e de aprendizagem; estudar diferentes procedimentos técnicos para organização do ensino com a intenção de uma prática pedagógica instigante, crítica, emancipatória e humanizadora. Os participantes peruanos são professores de graduação e pós-graduação de diversas áreas, além de estudantes de pós-graduação e de egressos da UMCH. 

A coordenadora de Internacionalização do Stricto Sensu da Propesq, Lilian Hubner, explica que o curso foi organizado a partir de uma solicitação da coordenação dos programas de pós-graduação da UMCH para oferecer ao seu quadro de professores e estudantes a atualização pedagógica.  

Foi uma semana de práticas intensas, pautadas em aprofundado conhecimento teórico oferecido pelos nossos docentes, além de visitas a importantes setores da nossa Universidade que dão suporte às nossas práticas de docência e de pesquisa. Foi possível igualmente prospectar parcerias de pesquisa entre nossos cursos de Pós-Graduação e a UMCH”, destaca.  

Além de diversas discussões, aprendizados e apresentações, os docentes puderam explorar e conhecer alguns espaços da PUCRS, como o IDEAR, Crialab, Centro de Apoio Discente, Museu de Ciência e Tecnologia, Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e a Escola de Humanidades. Essa oportunidade também gerou maior aprofundamento dos laços já existentes entre as universidades, expandindo as possibilidades de colaboração, desenvolvimento de pesquisas e práticas de ensino. 

Sobre a Universidad Marcelino Champagnat 

A UMCH é uma universidade com aproximadamente 2.000 alunos e em 2019 recebeu a certificação da Superintendência Nacional de Educação Superior Universitária, juntando-se à seleta lista de universidades peruanas com eximia qualidade acadêmica. Além disso, a universidade, como a PUCRS, faz parte da Rede Marista Internacional de Instituições de Ensino Superior, agregando 27 diferentes organizações com o objetivo de criar conexões de sinergia e atuar em seus espaços de missão. 

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Eleições dos Estados Unidos

As eleições presidenciais nos Estados Unidos já começaram, mas há um longo caminho a ser percorrido até o resultado do pleito. / Foto: Giordano Toldo

A democracia representativa faz com que países como Brasil, Índia, Reino Unido e Estados Unidos realizem eleições periódicas para escolher novos representantes da nação ou manter aqueles que já estão no poder. Apesar de 2024 ser um ano de eleições em vários países (no Brasil, elas são municipais e acontecem em outubro), a que gera a maior impacto no mundo e nas relações internacionais é a norte-americana. O pesquisador da Escola de Humanidades da PUCRS, Augusto Neftali Corte de Oliveira, que está atuando como professor visitante na Université Libre de Bruxelles, explica que o mundo todo está de olho nesta disputa eleitoral.  

“O mundo todo espera o resultado da eleição americana, especialmente no caso de uma disputa polarizada com candidatos com pautas tão diferentes quanto Joe Biden (Democrata) e Donald Trump (Republicano). No momento estou na Bélgica como professor visitante e a eleição dos Estados Unidos é uma preocupação central no meio acadêmico e entre interlocutores da União Europeia”, explica o docente que é cientista político.  

Neste ano, o dia da eleição acontece no dia 5 de novembro (terça-feira), mas a disputa eleitoral começou no dia 15 de janeiro, com as eleições primárias e os caucus. Mas como este sistema funciona? Como o presidente é realmente escolhido? O que são eleições primárias, caucus, delegados e colegiados? Para entender este cenário complexo do sistema eleitoral dos Estados Unidos, conversamos com o professor Augusto Neftali. Confira! 

Eleições primárias e caucus: qual a diferença? 

Antes de as pessoas decidirem entre dois candidatos para a presidência dos Estados Unidos, acontecem as eleições primárias e os caucus. Tanto as primárias como os caucus são formas democráticas pelas quais os partidos políticos dos EUA decidem quem serão seus candidatos nas eleições, visto que as decisões são tomadas por cidadãos interessados e não pelas cúpulas partidárias. 

As primárias são eleições normais, nas quais os eleitores comparecem em filas para depositarem votos em uma urna. Nos caucus também ocorrem votações, mas precedidas de assembleias entre os eleitores. Como participar de um caucus é mais trabalhoso do que participar das eleições primárias, os caucus restringem o número de participantes e favorecem o comparecimento de pessoas mais interessadas na política. O professor Augusto Neftali explica que quem decide o sistema (de primárias ou caucus) não é apenas o partido, mas sim a legislação de cada estado e cada um dos 50 estados e alguns territórios podem realizar primárias, caucus ou os dois sistemas. 

“Isso acaba tornando o sistema muito diversificado. Atualmente existe a tendência em alguns estados de aprovarem legislação para favorecer as primárias e não os caucus. Quem vota nas primárias também muda de estado para estado. Em alguns casos, apenas os eleitores registrados em um partido podem participar da primária ou do caucus (no partido em que é registrado). Outras primárias são abertas, ou seja, todos os cidadãos podem participar da primária republicana e da democrata”. 

Quem são os delegados nas eleições prévias e qual a sua importância na eleição? 

Eleições dos Estados Unidos, bandeira dos Estados Unidos

Para ganhar a eleição e ser nomeado presidente dos Estados Unidos, o candidato precisa ter o apoio de no mínimo 270 eleitores no colégio eleitoral. / Foto: Pxhere

Nas primárias e caucus, o eleitor escolhe qual pré-candidato prefere que o partido indique para a eleição geral. Essas preferências são traduzidas em delegados, que irão participar da convenção nacional de cada partido que são encarregados de votar no nome do pré-candidato que recebeu apoio dos eleitores. A escolha desses delegados varia entre partidos e estados, mas eles podem ser membros ativos do partido, líderes partidários, cidadãos comuns. Também existem os superdelegados, que não são eleitos e possuem um peso maior no Partido Democrata. Os delegados reunidos nas convenções nacionais dos partidos Democrata e Republicano escolherão os candidatos oficiais de cada agremiação à presidência. 

Como funciona a eleição final e o colégio eleitoral?  

O colégio eleitoral é formado por 538 eleitores. O colégio eleitoral elege o presidente dos Estados Unidos, depois das eleições gerais que ocorrem simultaneamente em todos os 50 estados da federação e no Distrito de Colúmbia. A eleição presidencial no Brasil é direta, ou seja, cada voto é contado diretamente para definir o resultado. Nos Estados Unidos a eleição é indireta: os eleitores escolhem o colégio eleitoral e é o colégio eleitoral que elege o presidente.  

Com exceção do Nebraska e do Maine, a eleição norte-americana adota a prática “Winner takes all” (o vencedor leva tudo), na qual o candidato com maioria de votos fica com todas as vagas relativas ao estado. . Ou seja, o candidato que fizer mais votos na Califórnia conquista todas as 55 vagas do estado no colégio eleitoral. Augusto Naftali explica que isso faz com que exista uma eleição diferente em cada estado.  

“Sendo assim, existem 51 diferentes eleições com resultados independentes em cada estado e é a justaposição desses resultados que forma o colégio eleitoral e escolhe o presidente dos Estados Unidos.” 

Para ganhar a eleição e ser nomeado presidente dos Estados Unidos, o candidato precisa ter o apoio de no mínimo 270 eleitores no colégio eleitoral. Na eleição de 2020, Joe Biden conquistou 306 eleitores enquanto Donald Trump ganhou 232. 

Democratas, Republicanos e Swing States 

Nas eleições dos EUA existem dois tipos de estados: aqueles que são sólidos do Partido Democrata e os que são sólidos do Partido Republicano. Existe, também, uma terceira categoria, chamada swing states, que representam estados competitivos em que os dois partidos têm chances de ganhar. 

Os estados da Califórnia e Nova Iorque são dois estados sólidos do Partido Democrata, nos quais uma vitória republicana é muito pouco provável.  Já o Partido Republicano é sólido em pequenos estados e no Texas, por exemplo. Os partidos políticos acabam não investindo muito nesses estados durante a campanha eleitoral, pois é muito difícil ultrapassar o partido dominante.  O professor Augusto explica ainda que durante a eleição o investimento partidário se concentra nos swing states, pois é neles que a eleição é definida. 

“Nestas eleições os principais swing states devem ser os do “cinturão da ferrugem” – Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Eram estados favoráveis ao Partido Democrata, mas desde a eleição de Donald Trump, em 2016, tornaram-se estados competitivos. Georgia e Arizona são outros estados que podem ser decisivos em 2024. Alguns estados tornaram-se menos competitivos nos últimos anos, como Flórida e Ohio, nos quais uma vitória democrata tornou-se menos factível. O Texas, que tem um peso muito importante no colégio eleitoral, costuma ser disputado pelo Partido Democrata, mas tem se mantido solidamente republicano.”

Dia da eleição 

Eleição dos Estados Unidos

Cada estado norte-americano define o seu próprio sistema de votação e contagem dos votos. / Foto: Pexels

O dia da eleição nos Estados Unidos acontece sempre na primeira terça-feira depois do dia primeiro de novembro e, em 2024, será no dia 5. No entanto, os cidadãos têm a possibilidade de votar antecipadamente, como explica o professor de Relações Internacionais da PUCRS e, cada estado dos EUA, pode definir quais as regras dessa votação (que tem o mesmo peso daquelas que são feitas no dia 5 de novembro). 

“Alguns estados podem adotar formas de votação antecipada, por exemplo, pelo correio ou por meio de urnas instaladas em espaços públicos nos quais os eleitores podem depositar os votos antes do dia da eleição. O peso do voto é o mesmo. Cada estado possui suas próprias regras sobre a forma e os prazos nos quais esses votos antecipados podem ser aceitos. A prática existia anteriormente, mas foi difundida em função da pandemia de Covid-19. A votação por correspondência trouxe complexidade adicional para as eleições nos Estados Unidos.”  

Contagem de votos e nomeação presidencial  

Nos Estados Unidos, cada estado define o seu próprio sistema de votação e contagem dos votos. Existem estados que empregam urnas eletrônicas e outros a votação manual em cédulas de papel. A contagem também pode ocorrer manualmente, por leitura humana, ou pode empregar alguma automatização.  

“Este sistema gera muita preocupação e insegurança, pois alguns estados demoram para divulgar os resultados. Como recontagens também são frequentes, alguns estados podem demorar semanas para divulgar os resultados oficiais finais”, salienta o professor.   

Conforme os resultados das sessões vão sendo divulgadas pela Justiça, a imprensa começa a projetar o vencedor. O anúncio final será feito apenas no dia 6 de janeiro do próximo ano pela vice-presidente Kamala Harris e o candidato escolhido toma posse no dia 25 de janeiro de 2025. 

O impacto da eleição nos EUA e no mundo 

Como a eleição começa com as primárias em janeiro e só termina em novembro, todo o processo eleitoral impacta diretamente na vida da sociedade norte-americana e também em outros países da Europa e América Latina.

“O resultado da eleição possui um grande e profundo impacto sobre o governo, a sociedade e a economia do país. Portanto, é natural que os grupos de interesse se mobilizem para apoiar e financiar as candidaturas preferidas”, finaliza o professor.  

Repositório institucional da Biblioteca Central Ir. José Otão abriga a pesquisa científica e acadêmica da Universidade/ Foto: Bruno Todeschini

Muito além do ensino, a pesquisa acadêmica e científica também é um dos pilares fundamentais de uma universidade. E tão importante quanto os resultados destas pesquisas é o armazenamento e a disponibilização deles para que o conhecimento produzido esteja a serviço dos mais diferentes desafios da sociedade. Para isso, a Universidade possui uma plataforma especialmente destinada a este fim: o Repositório Institucional da PUCRS. Clarissa Selbach, bibliotecária responsável pelo Setor de Tratamento da Informação da Biblioteca Central Ir. José Otão, explica que se trata de um ambiente de armazenamento digital de acesso aberto que abriga e organiza a produção acadêmica, científica e cultural gerada.  

“A ferramenta possui arquivos digitais de artigos, trabalhos em anais, livros, capítulos de livro, teses, dissertações e os documentos institucionais de cunho público produzidos e selecionados pela Administração Superior da PUCRS como, por exemplo, estatutos, anuários, relatórios, entre outros”, explica ela.

O que um material precisa para entrar no repositório? 

O volume de conteúdo armazenado no repositório não é pouco: atualmente, a plataforma possui mais de 60 livros em texto completo, dez mil teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós-Graduação (PPGs) da PUCRS, 500 capítulos de livros, nove mil artigos de periódicos e 3.500 trabalhos publicados em eventos. No entanto, há alguns requisitos necessários para que um material seja incluído no repositório: 

Qual a importância de um repositório institucional? 

O repositório é uma possibilidade de garantir a preservação da memória da produção acadêmica e científica da Universidade em formato digital, por tempo indeterminado. Além disso, é um ambiente seguro e controlado, independentemente de término de vínculo do autor com a instituição ou extinção da área de atuação. O software do repositório garante a estabilidade dos trabalhos, tornando a citação a ele tão confiável quanto um jornal acadêmico.  

Clarissa destaca que o repositório é fundamental para uma instituição como a PUCRS, em termos de visibilidade e acessibilidade, pois os trabalhos são disponibilizados de forma on-line e com acesso aberto, permitindo que sejam facilmente encontrados por meio de ferramentas de busca e bases de dados (no Google Scholar, por exemplo), contribuindo para a utilização destas informações pela comunidade

“Nossa ideia é fomentar esta ferramenta para que os professores e pesquisadores disponibilizem seus trabalhos em acesso aberto para que possamos incluir no Repositório. Quanto mais trabalhos publicados nele, melhor também a posição da PUCRS em rankings universitários. São diversos benefícios para a pesquisa acadêmica e a comunidade científica no geral”, pontua Clarissa.

Leia mais 

André Salata/ Foto: Giordano Toldo

Em 2022, a população com seis anos ou mais no Rio Grande do Sul enfrentava uma taxa de pobreza de 15,9%. Para as crianças de até seis anos, no entanto, esta taxa era praticamente o dobro, alcançando 30,2%. No caso da pobreza extrema, para aqueles acima de seis anos a taxa era de 2,5%, enquanto para as crianças até essa idade o patamar ficava em 4,7%. Em termos absolutos, em 2022, havia 244 mil crianças pobres e 37,9 mil em extrema pobreza. Segundo André Salata, professor da Escola de Humanidades da PUCRS, “as taxas de pobreza maiores para as crianças até seis anos, em comparação com a população total acima desta faixa etária, se explicam, em grande parte, pela maior concentração de crianças em domicílios com renda mais baixa.” 

Estes números fazem parte do relatório Pobreza infantil no Rio Grande do Sul entre 2012 e 2022”, lançado pelo PUCRS Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho. Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo trabalha com as linhas de US$6,85 PPC para pobreza e US$2,15 PPC para a extrema pobreza, assim como definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2022, a linha de pobreza é de aproximadamente R$6,36 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$ 199 per capita. Crianças que vivem em domicílios com renda per capita abaixo desses valores estão em situação de pobreza e/ou de pobreza extrema.  

O professor Ely Jose de Mattos, pesquisador do laboratório, afirma que “a pobreza infantil é particularmente preocupante, pois sabe-se que privações de condições básicas nesta fase da vida tem repercussões permanentes na fase adulta”. Já a pesquisadora Izete Pengo Bagolin destaca que “crianças que vivem em famílias em situação de pobreza monetária, em geral também estão expostas a outros tipos de privações tais como moradias precárias, nutrição inadequada e condições educacionais insuficientes.” 

Ainda que as taxas de pobreza e pobreza extrema sejam preocupantes de um modo geral, a situação é ainda pior para determinados segmentos demográficos. Entre as crianças negras, por exemplo, a taxa de pobreza é o dobro daquela entre as crianças brancas – 50,5% contra 25,6%. Já sobre localização de moradia, a pobreza infantil em áreas rurais é maior (35%) contra 29,5% no ambiente urbano. 

Estrutura familiar e escolaridade dos pais ou responsáveis são fatores determinantes na situação socioeconômica das crianças/ Foto: Envato

Os programas de transferência de renda, neste contexto, desempenham importante papel na minimização desta situação. Em 2020, ano crítico da pandemia, a taxa de pobreza entre crianças no RS foi de 31,6%; sem os auxílios, poderia ter chegado a 38,3%. No caso da pobreza extrema, para o mesmo ano, registrou-se a marca de 5,4%; sem os auxílios poderia ter sido quase o dobro (10,6%). Além das taxas de incidência, os auxílios também se mostraram relevantes para amenizar a profundidade da pobreza – entendida como a distância entre a renda dos indivíduos e a linha de pobreza utilizada. 

O estudo também mostra que as crianças em situação de pobreza sofrem desvantagens em outras dimensões além da monetária. Em termos de estrutura familiar, por exemplo, as crianças pobres apresentam maior tendência a viver em famílias monoparentais: 29,3% entre as crianças pobres, contra 16,7% para o total de crianças no estado. Quanto à escolaridade dos pais ou responsáveis, fica evidente seu menor nível educacional no caso das crianças pobres. Entre as crianças abaixo da linha de pobreza, 48,9% dos responsáveis tinham apenas ensino fundamental, enquanto para o total de crianças do Rio Grande do Sul esse número era de 32,7%. O estudo identifica, ainda, que as crianças pobres tendem a frequentar menos a creche/escola: 45,7% o faziam, contra 57,7% para o total de crianças do estado. Finalmente, do ponto de vista de moradia, o estudo mostra que crianças em situação de pobreza tendem a morar em domicílios com adensamento excessivo: 48,9% entre as crianças pobres, contra 33,2% no total das crianças do RS. 

Segundo os pesquisadores, estes são fatores que afetam não somente a qualidade de vida destas crianças no presente, mas também suas oportunidades no futuro. André Salata, que também coordena o PUCRS Data Social, pontua: 

“É importante compreender que a pobreza não indica somente uma privação monetária. Em função das condições de vida mais duras, famílias pobres têm dificuldades para garantir os estímulos necessários ao bom desenvolvimento de capacidades cognitivas e não cognitivas para seus filhos, com prejuízos que se dão no presente, mas que também serão sentidos no futuro dessas crianças”.  

Tomás Fiori, professor da Escola de Negócios da PUCRS e um dos autores do estudo, destaca o papel do governo estadual no combate à pobreza infantil: 

O Rio Grande do Sul já foi pioneiro quando lançou o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) há 21 anos e hoje está construindo o Plano Estadual que norteará o cuidado integral das crianças até 2034. A compreensão da incidência e profundidade da pobreza nessa fase da vida é crucial, assim como a contribuição da comunidade acadêmica em estudos como o que o PUCRS Data Social está oferecendo à sociedade.”