O evento foi sediado na PUCRS e aconteceu entre os dias 25 e 27 de setembro. / Foto: Gabriel Pedroso

O 1º Simpósio Brasil-Reino Unido sobre Mulheres na Ciência aconteceu na última semana, entre os dias 25 e 27 de setembro, reunindo pesquisadoras e estudantes de diferentes estados do Brasil. Nas sessões temáticas que integraram o evento, temas como representatividade feminina nas áreas científicas, equidade de gênero na ciência, desafios e avanços foram algumas pautas debatidas. 

O evento faz parte do projeto Mulheres na Ciência, financiado pelo British Council, que une sete universidades: King’s College London (KCL), University College London (UCL) e Glasgow Caledonian University (GCU) do Reino Unido, e as instituições brasileiras UFGRS, PUCRS, Feevale e Universidade Federal de Pelotas. O evento em Porto Alegre contou com a presença das professoras britânicas Andrea Streit (KCL), Patricia Salinas (UCL) e Patricia Munhoz-Escalona (GCU), que atuaram como mentoras ao longo de todo 2023 no projeto. 

Em busca de equidade 

Na palestra de abertura, a pesquisadora da UFRGS Aline Pan convidou as participantes a definirem em uma palavra quais os principais desafios de ser uma mulher na ciência. Palavras como respeito, credibilidade, tempo e oportunidades foram algumas das mais citadas na dinâmica. Para a professora, os dois grandes problemas que precisam ser enfrentados são: mulheres subrepresentadas nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharias e matemática) e em cargos de liderança. 

Ao todo, mais de 20 palestrantes brasileiras e internacionais participaram dos dias do evento. Temas como planejamento de prospecção de carreira na ciência, incentivo do interesse pela ciência desde a infância, liderança feminina, raça e feminismo, maternidade, assédio e inclusão de mulheres com deficiência foram apresentados, seguidos de debates com as participantes.  

O evento faz parte do projeto Mulheres na Ciência, financiado pelo British Council. / Foto: Gabriel Pedroso

Além das conferências, representantes do British Council também integraram o evento, com a palestra A Experiência de Athena Swan e o Marco de Igualdade de Gênero no Brasil, além de um workshop de disseminação do Marco Referencial para a Igualdade de Gênero em Instituições de Ensino Superior no Brasil. 

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Autoridades reforçam compromisso com o tema 

Na cerimônia de abertura do evento, representantes das pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação das quatro universidades brasileiras estiveram presentes, além da secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) Márcia Barbosa. O pró-reitor da UFRGS, José Antonio Poli de Figueiredo destacou a importância do constante debate sobre questões de gênero na universidade e na pesquisa. A diretora de pesquisa da PUCRS, Maria Martha Campos abordou a importância do levantamento de dados, iniciativa que também está em curso no âmbito do projeto, como forma de apoio na construção de novas políticas institucionais.  

A assessora de pesquisa e pós-graduação da Universidade Feevale Ana Carolina Kayser abordou a importância do trabalho em rede com outras universidades e celebrou a representatividade das mulheres que já é uma realidade na sua instituição. Por fim, o pró-reitor Flávio Fernando Demarco da UFPEL destacou a importância do debate entre todos os públicos, homens e mulheres, para a conquista de uma sociedade cada vez mais igualitária.

Mais de 20 palestrantes brasileiras e internacionais participaram do evento. / Foto: Gabriel Pedroso

Para a secretária Márcia Barbosa, que também é pesquisadora da área STEM, espaços como o do Simpósio são fundamentais para continuarmos avançando no debate e na construção de um espaço científico cada vez mais equitativo. A convidada destacou a importância de políticas públicas que assegurem a representatividade feminina e os projetos que incentivem o interesse das áreas STEM para meninas e mulheres. 

Projeto segue com o levantamento de dados 

O projeto Mulheres na Ciência iniciou em 2022 com a parceria entre PUCRS, UFRGS e KCL e, em 2023, avançou integrando as quatro novas instituições parceiras. Além do simpósio, a iniciativa deste ano inclui um levantamento de dados sobre a presença feminina nas universidades brasileiras participantes.   

Feevale, PUCRS, UFGRS e UFPEL estão trabalhando neste levantamento, identificando onde estão as estudantes mulheres nos diferentes níveis de ensino, na docência, pesquisa e cargos de liderança. O grupo de trabalho pretende analisar estes dados até o final de 2023.

Para conhecer mais sobre o projeto Mulheres na Ciência, acesse o site. Nele você encontra biografias de pesquisadoras das sete universidades, contando sobre suas trajetórias científicas e dando conselhos para meninas e mulheres que queiram seguir na carreira científica. 

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Instituto de Geriatria e Gerontologia promove a 19ª edição de simpósio internacional

Instituto de Geriatria e Gerontologia completa 50 anos de fundação neste ano. / Foto: Giordano Toldo

Na última semana, o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da PUCRS realizou a 19ª edição do Simpósio Internacional de Geriatria e Gerontologia e a 6ª edição do Simpósio da Rede dos Programas de Pós-Graduação Interdisciplinares sobre Envelhecimento (REPRINTE). O evento, que aconteceu no Teatro do Prédio 40 da PUCRS, teve como objetivo estabelecer trocas de experiências com conferencistas internacionais e nacionais com diversos temas sobre o envelhecimento ativo, prevenção e tratamento de doenças geriátricas, visando um envelhecimento com qualidade de vida, autonomia e independência. 

A cerimônia de abertura contou com fala do professor Luiz Gustavo Leao Fernandes, diretor de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, que destacou o investimento da PUCRS no ecossistema de pesquisa e pós-graduação para pesquisadores e estudantes.  

“A excelência destes resultados aparece na avaliação da CAPES, avaliando nosso Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica com nota máxima, conceito 7. Além disso, o IGG tem destacada contribuição reconhecida pela sociedade, com exemplo do Programa de Incentivo à Atividade Física para Idosos”, comentou. 

Durante a cerimônia, o docente da Escola de Medicina e diretor do IGG, Douglas Kazutoshi Sato, ressaltou o pioneirismo do Instituto, que completa 50 anos de fundação neste ano.  

“O Instituto organizou uma programação científica sobre temas que impactam a sociedade relacionados ao envelhecimento saudável e patológico, envolvendo o cuidado integral em casos complexos, doenças neuropsiquiátricas, intervenções individuais e de saúde coletiva na busca da qualidade de vida da pessoa idosa”, explicou.  

Yasumichi Arai, professor da Faculdade de Enfermagem e Assistência Médica da Keio University, do Japão, realizou a palestra de abertura sobre supercentenários e envelhecimento saudável. O conferencista apresentou suas pesquisas e definiu o melhor modelo de uma longevidade saudável está relacionado em manter um estilo de vida independente e funcional durante a vida, o que afasta de doenças como câncer e infarto, além de fatores hereditários.  

O evento contou com conferencistas do Japão e Portugal, reforçando as conexões internacionais para o desenvolvimento de pesquisas mais assertivas e conectadas com as realidades dos públicos que mais necessitam apoio. Além disso, contou com um time de especialistas brasileiros reconhecidos por suas pesquisas no campo do envelhecimento.  

ensino de matemática, braile, deficiência visual

A pesquisa envolve a elaboração e execução de propostas inovadoras para o ensino de Matemática. / Foto: Envato

Buscar soluções para promover um ensino inclusivo de Matemática e Ciências da Natureza: este é o objetivo do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Discalculia do Desenvolvimento, da Escola de Humanidades da PUCRS. Coordenado pela docente Isabel Machado de Lara, o grupo iniciou suas atividades em 2014 e, desde 2017, aborda outras necessidades educacionais específicas, como o caso de pessoas com paralisia cerebral e/ou deficiência visual. 

A discalculia, tema estudado pelo grupo, refere-se a um transtorno de aprendizagem com prejuízo na matemática, que inclui dificuldade na memorização de fatos aritméticos, na precisão de cálculos e no raciocínio matemático. De acordo com Isabel, os trabalhos envolvem a elaboração e execução de propostas inovadoras para o ensino de Matemática e Ciências da Natureza, que utilizem recursos pedagógicos e tecnológicos e que apresentem ações adequadas a todos os estudantes.  

“O objetivo dos estudos do grupo é desenvolver trabalhos que contribuam efetivamente para aprendizagem de estudantes e promovam a inclusão, possibilitando a valorização de seus saberes e seus fazeres, respeitando a diversidade e a equidade”, explica a professora. 

Tecnologia a favor do ensino 

Um dos projetos do grupo abrange o desenvolvimento de aplicativos de realidade mista para auxiliar pessoas com discalculia, paralisia cerebral e deficiência visual no aprendizado da Matemática. Duas bolsistas trabalham nessa linha: Susana Seidel, doutoranda em Educação, busca viabilizar uma visita virtual guiada e narrada ao Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. 

“O foco é na deficiência visual, então é preciso que o ambiente seja aumentado, para aqueles de baixa visão, e narrado, para quem não tiver visão, para explorar demonstrações e jogos matemáticos”, explica. 

A outra pesquisa é de Fabricia Souza Nazário, mestranda em Educação. Seu estudo visa analisar as implicações do uso dos apps no aprendizado de Matemática de alunos da educação básica com paralisia cerebral. A cientista trabalha para desmistificar visões capacitistas.  

“Muitas vezes as famílias ignoram o potencial de aprendizagem e focam só na parte médica. E eu me deparo com casos em que a paralisia não afetou o sistema cognitivo da pessoa. Afeta mais o sistema motor, e as pessoas têm plena condição produtiva, intelectual, muitas vezes até altas habilidades, para continuar nos estudos”, conta. 

O ensino de Matemática para pessoas com paralisia cerebral, aliás, foi tema do trabalho de conclusão de doutorado vencedor do Prêmio CAPES de Tese 2021 na área de Ensino. Dilson Ribeiro, hoje doutor em Educação em Ciências e Matemática pela PUCRS, levou a premiação com pesquisa orientada por Isabel Machado de Lara. A tese de Ribeiro ressaltou a importância da presença do estudante em sala de aula e a interação com o meio social, seja com outros alunos ou com professores. 

De acordo com dados do IBGE e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 8,9% da população com 2 anos ou mais. Na condição de direito de todos e dever do Estado, estabelecida pela Constituição Federal, a educação é o principal meio para assegurar a inclusão de grupos sub-representados. Com financiamento da CAPES, a equipe de pesquisa da PUCRS atua nesse sentido. 

*Com informações da CGCOM/CAPES.

Professor Nelson Todt representou a PUCRS em mestrado internacional na Alemanha/ Foto: Arquivo pessoal

No início deste mês, a PUCRS esteve presente no primeiro módulo do Mestrado Internacional em Estudos Olímpicos da German Sport University, na cidade de Colônia, na Alemanha. A Universidade foi representada pelo professor Nelson Todt, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. 

O Mestrado Internacional em Estudos Olímpicos tem o suporte do Comitê Olímpico Internacional e é desenvolvido em parceria com outras universidades internacionais, como Universitat Autònoma, de Barcelona, na Espanha; University of Canterbury, da Nova Zelândia; Kiel University, da Alemanha; e Aarhus University, da Dinamarca. Agora, também conta também com a participação da PUCRS. 

“Esta nova turma tem uma importante representatividade internacional, com estudantes de 26 diferentes países, e estabelece um importante passo em um processo de deseurocentralização dos Estudos Olímpicos no mundo e a valorização do trabalho realizado no Brasil neste âmbito de estudos e pesquisas”, destaca o docente. 

Além de professor, Nelson Todt também é coordenador do módulo em “Ética, Valores e Educação Olímpica” do programa internacional. Na PUCRS, coordena o Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO), que desenvolve pesquisas interdisciplinares há mais de 20 anos na área e alinha seu trabalho no âmbito Olímpico com o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, que desde 2008 tem sua sede na PUCRS. Esta linha de pesquisa e trabalho permite estabelecer relações e o reconhecimento de instituições como a ONU, o Vaticano e o Comitê Olímpico Internacional. 

Curso sobre feminismo latinoamericano ocorreu em universidade na Alemanha e contou com a presença de diversos pesquisadores da área. / Foto: Arquivo Pessoal

A mestranda Raphaela Pereira Dellazeri, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da PUCRS, foi selecionada para participar da Sommerschule 2023 “Nuevos feminismos en América Latina”, curso organizado pelo Interdisziplinäre Lateinamerikazentrum (Centro Interdisciplinar de Estudos Latino-americanos) da Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn, na Alemanha. Raphaela foi selecionada para preencher uma entre as vinte vagas direcionadas a estudantes provenientes de diferentes países da América Latina e da Europa – entre as mais de 700 inscrições recebidas. 

Com o objetivo de aproximar estudantes, pesquisadores e ativistas que tratem sobre diferentes feminismos na América Latina, o curso contou com a participação de convidados que são destaque em estudos teóricos e metodológicos sobre o feminismo latino-americano. Além disso, também estiveram presentes integrantes de movimentos sociais, possibilitando, assim, que temas de pesquisas e práticas feministas entre os dois continentes se interconectem. A experiência desse intercâmbio qualifica ainda mais o trabalho de dissertação em desenvolvimento de Raphaela no mestrado em Ciências Sociais, previamente intitulado “Gerações, escravidão e memórias na sociedade contemporânea: pesquisa biográfica com mulheres negras na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul”. 

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A escola de verão da qual o curso faz parte é um convênio entre o Centro Interdisciplinar de Estudos Latinoamericanos da Universidade de Bonn e o Santander Universitäten, que disponibilizaram uma bolsa de estudos para a viagem da estudante à Alemanha, sendo essa a terceira escola de verão proporcionada por esta parceria. A mestranda terá em seu currículo acadêmico uma disciplina internacional e a oportunidade de publicar na revista internacional da Universidade de Bonn, intitulada Puentes Interdisciplinarios – Working Paper Series. Ela iniciou a atividade em junho de 2023 (de forma remota), contando com atividades presenciais na Alemanha nos meses de julho e agosto, dando sua continuidade de forma virtual nos próximos meses e finalizando com a publicação do artigo em março de 2024.  

Raphaela Pereira Dellazeri é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da PUCRS. / Foto: Arquivo pessoal

Como complementação da bolsa, Raphaela também foi contemplada com o edital 02/2023 para alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da PUCRS, com os prêmios de diárias e mobilidade do Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA). Sua primeira experiência na Alemanha ocorreu através do mesmo edital do CDEA em 2022, em seu primeiro ano de mestrado. A estudante, que é bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pelo Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG), agência alemã de fomento à pesquisa, teve a oportunidade de conhecer o antigo Methodenzentrum Sozialwissenschaften, da Georg-August-Universität Göttingen; a Humboldt-Universität zu Berlin, a Alice-Salomon- Hochschule Berlin, o Ibero-Amerikanische Institut Preußischer Kulturbesitz (IAI), entre outros locais da Alemanha.  

Cabe destacar que sua bolsa do DFG é fruto de sua participação na investigação “Sklaverei und Sklavenhandel im individuellen und kollektiven Gedächtnis: Ein kontrastiver Vergleich verschiedener lokaler Gemeinden, Generationen und Gruppierungen in Ghana und Brasilien”, (Escravidão e o Tráfico de Escravos na Memória Individual e Coletiva: uma Comparação Contrastiva de Diferentes Comunidades Locais, Gerações e Agrupamentos em Gana e no Brasil). O estudo foi uma colaboração entre a PUCRS, a Georg-August-Universität Göttingen e a University of Ghana, vínculo com o qual Raphaela desenvolve sua dissertação de mestrado. 

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Em dez anos, o número de pessoas idosas em situação de pobreza cresceu em mais de 800 mil. / Foto: Pexels

A nova pesquisa do Laboratório de Desigualdades, Pobreza e Mercado de trabalho – PUCRS Data Social mostrou que a população idosa do Brasil vem aumentando exponencialmente nos últimos anos e, acompanhado desse movimento, o número de idosos que vivem abaixo da linha da pobreza também cresceu. Em uma década, o percentual de idosos passou de 7,72% (2012) para 10,49% (2022), o que em termos absolutos significa um aumento de 15,2 milhões para 22,4 milhões de pessoas com idade superior a 65 anos. A mudança também pode ser percebida na composição etária da pobreza no Brasil: se em 2012 2,9% da população em situação de pobreza era composta por idosos, em 2022 esse percentual subiu para 4,2%, o que significa um aumento de 2 milhões para 2,8 milhões de idosos. No que se refere à população extremamente pobre, o percentual subiu de 1,4% para 3,1%, o que representa um aumento de 216 mil idosos em situação de extrema pobreza em uma década.    

A pesquisa foi realizada utilizando os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo trabalha com as linhas de US$6,85 PPC/dia para pobreza e US$2,15 PPC/dia para a extrema pobreza, assim como definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2022, a linha de pobreza é de aproximadamente R$636,52 per capita/mês e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$199,78 per capita/mês. Idosos que vivem em domicílios com renda per capita abaixo desses valores estão em situação de pobreza e/ou de pobreza extrema.  

O recorte utilizado no estudo abrange pessoas com 65 anos ou mais de idade, sendo este valor baseado nos critérios de aposentadoria (INSS) e do acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).   

Leia mais: Pobreza social atingiu 30,4% dos brasileiros durante a pandemia

“Os dados refletem o processo de transição demográfica pelo qual o país vem passando; e, diante dele, novos desafios irão surgir, como o envelhecimento da pobreza, que num futuro não tão distante irá demandar ajustes nas políticas sociais”, explica o professor e Coordenador do PUCRS Data Social, Andre Salata 

Assim como é no cenário nacional, a população gaúcha em situação de pobreza aumentou na última década. / Foto: Pexels

O estudo também analisa a composição da renda dos idosos. Entre jovens e adultos, a maior parte da renda tem como fonte o mercado de trabalho. Já entre os idosos, os rendimentos do INSS assumem protagonismo, de modo que em sua ausência a renda deles sofreria uma queda de 59,8%. Sem o INSS, a taxa de pobreza entre os idosos aumentaria 53,4 pontos percentuais, e a extrema pobreza subiria 44 pontos percentuais. Nesse aspecto, a situação dos idosos destoa bastante daquela encontrada entre jovens e adultos, tanto para a pobreza quanto para a extrema pobreza.  

“O envelhecimento da pobreza também aumentará a importância e a necessidade de atenção às redes de proteção aos idosos, pois estes dependem prioritariamente dos recursos provenientes da aposentadoria ou do benefício de prestação continuada. Em função disso, além de garantir o acesso a esses benefícios, será necessário garantir, também, que os valores a serem pagos sejam capazes de viabilizar uma vida digna para um maior contingente de idosos”, esclarece uma das autoras do PUCRS Data Social, professora Izete Bagolin. 

Cenário brasileiro se repete no Rio Grande do Sul 

A pesquisa também observou que à composição etária da pobreza no Rio Grande do Sul tem um movimento similar ao ocorrido no país ao longo dos últimos anos. Em 2012, 2,6% da população em situação de pobreza no RS era composta por idosos. Dez anos depois, em 2022, esse percentual subiu para 4,5%. Em termos absolutos, isso significa que o número de idosos em situação de pobreza chegou a 87,3 mil no ano passado no Estado. Já em relação à extrema pobreza, a participação dos idosos cresceu de 3,6% para 5% nos últimos 10 anos, fazendo o número de idosos gaúchos em situação de extrema pobreza chegar a 15,3 mil.  

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Além disso, o estudo também destaca a evolução das taxas de pobreza e de extrema pobreza entre os idosos no RS ao longo da última década. É possível perceber que, durante a pandemia, o percentual de idosos gaúchos em situação de pobreza aumentou significativamente, chegando ao patamar de 6,9% em 2021. Apesar da queda em 2022, quando a taxa caiu para 5,7%, o recuo não foi suficiente para colocá-la no mesmo patamar que encontrávamos antes da pandemia.  

Confira o estudo completo

Hermílio Santos utiliza a sétima arte para divulgar resultados de suas pesquisas/ Foto: Arquivo pessoal

Herdeiras Negras, documentário apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é um dos trabalhos mais recentes do sociólogo Hermílio Santos, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e coordenador do Centro de Análises Econômicas e Sociais (CAES) da PUCRS. O professor da Escola de Humanidades utiliza o cinema como meio de divulgação dos resultados de suas pesquisas científicas.  

O filme, realizando tanto com os recursos da bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq concedida ao professor Santos e por meio do edital nº 31/2022, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ainda em realização, trata da narrativa biográfica de três gerações de mulheres negras, habitantes de locais que foram marcados pela exploração da mão-de-obra escrava, em períodos distintos: no ciclo do açúcar, em Pernambuco; no do ouro e diamante, em Minas Gerais; e no do charque, no extremo sul do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi desenvolvida a partir de entrevistas atuais. Como em todos os outros documentários já realizados pelo professor, a utilização do componente biográfico se relaciona à teoria criada pelo sociólogo austríaco, Alfred Schütz,  com que o professor Santos trabalha. 

Embora utilize o cinema como forma de divulgar seu trabalho científico, o professor Santos ressalta que o documentário não é a pesquisa, mas tem papel importante na difusão dos estudos. “Nunca vi [o documentário] como um substituto da divulgação escrita dos resultados, mas como um instrumento adicional e muito possante, que acaba por atrair a atenção para a própria pesquisa. O documentário cria a oportunidade de diálogo com um público acadêmico e não acadêmico sobre atividades acadêmicas”, salienta ele.  

“É uma forma de a universidade transbordar suas atividades de pesquisa para um público que não está sempre afeito às atividades acadêmicas, aos canais de divulgação tradicionais acadêmicos, como revistas, periódicos, congressos”, ressalta, lembrando da exibição de um documentário de sua autoria em dois cinemas alemães, como parte da atividade promovida por uma universidade da Alemanha. A mostra realizada para o público em geral, contudo, foi uma exceção. Os filmes ainda não se encontram disponíveis para o grande público. Na página do CAES da PUCRS no YouTube é possível encontrar os teasers de alguns documentários do professor. “Ainda estou montando estratégia para colocá-los todos disponíveis gratuitamente”, afirma o professor Santos. 

Hermílio já realizou pesquisas com temáticas como adolescentes infratores, histórias negras e indígenas e iniciativas sociais na pandemia/ Foto: Bruno Todeschini

O primeiro documentário realizado pelo professor – Intimidade Vigiada (2010) – possuía apenas doze minutos de duração e tratava de uma pesquisa desenvolvida por Santos com adolescentes infratores, no Rio Grande do Sul. Seis anos depois, uma pesquisa do professor sobre violência contra crianças em quinze favelas localizadas em Recife, São Paulo e no Rio de Janeiro, resultou no documentário Infância Falada.  

“Como desdobramento da pesquisa, que mostrou muita violência no cotidiano, as mães indicavam que bater nas crianças não resolvia, que o que resolveria seria o diálogo”, diz Santos. Dessa forma, ele resolveu documentar, nas mesmas cidades em que seu estudo se desenrolou, projetos sociais que apostavam no diálogo com crianças e adolescentes e na autonomia desses jovens. Em 2018, Santos desenvolveu o documentário Mundo da Vida – A Sociologia de Alfred Schütz, para apresentar a teoria do fundador do método empírico que envolve a abordagem da narrativa biográfica. O documentário apresenta depoimentos e reflexões de estudiosos de vários países, incluindo Japão, França, Itália, Alemanha e Argentina, país sul-americano onde Schütz é mais conhecido. Um novo filme sobre a obra de Schütz, Mundo da Vida II – Biografias e Narrativas, já se encontra em fase de edição. Na obra, Santos explica a forma de trabalhar de Schütz. 

Durante a pandemia, o professor realizou a obra Desafios do Brasil contemporâneo, uma série de seis vídeos tratando de questões como a indígena, a do meio ambiente e a da mulher negra, além de iniciativas da sociedade civil nas periferias das metrópoles e iniciativas civis durante a pandemia. Os vídeos foram apresentados ao público participante do IV Fórum de Sociologia da Associação Internacional de Sociologia (ISA, em inglês), que ocorreu de modo virtual em fevereiro de 2021, reunindo especialistas de 125 países. As obras mais recentes do professor Santos são Espaços de fronteira, ainda em produção, e um documentário intitulado Embarcados, que ele fez a partir de uma pesquisa contratada pela Petrobrás e outras cinco empresas de petróleo do pré-sal. A pesquisa, multidisciplinar, envolveu várias equipes, que durante cinco anos estudaram as questões de trabalho e de acidentes nas plataformas de petróleo. O professor Santos foi o coordenador da pesquisa na área de sociologia. 

*Com informações do CNPQ 

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Ângelo Brandelli Costa

O professor Ângelo Brandelli coordena o grupo de pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais na PUCRS. / Foto: Giordano Toldo

Na segunda feira, dia 4, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) realizou a primeira reunião da Comissão Assessora para Equidade, Diversidade e Inclusão (EDI), em formato híbrido.  Na ocasião, foi assinado o Termo de Designação, dando posse aos integrantes. A reunião contou com a participação do professor da Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Ângelo Brandelli, que é um dos representantes da comunidade científica da comissão junto com Maria Luiza Saraiva Pereira (UFRGS) e Milena Freire de Oliveira-Cruz (UFSM). 

A Comissão EDI é fruto de uma Chamada Pública, com mais de 50 indicações da comunidade científica, que buscou trazer perfis de pesquisadores envolvidos com a promoção de equidade, diversidade e inclusão na atividade científica, tecnológica e acadêmica. O objetivo do grupo é gerar iniciativas que contribuam para a erradicação de preconceitos de raça, gênero, orientação sexual, condição física, idade, religião e demais formas de discriminação, bem como para o aumento da representatividade na produção do conhecimento científico. 

“A comissão é uma estratégia inovadora da Fundação de Amparo do Rio Grande do Sul uma vez que poderá pensar as formas de ampliar a representação de grupos historicamente excluídos da ciência tanto do ponto de vista de quem faz a ciência quanto das comunidades aos quais ela pode vir a promover mudanças”, comenta Brandelli.  

O diretor técnico-científico Rafael Roesler elogiou a riqueza dos diferentes perfis da Comissão e o fato de não serem integrantes das assessorias de avaliação de projetos, onde o olhar não é focado para temáticas como essa. “Aqui temos cidadãos e acadêmicos, profissionais que levam essa causa adiante, com diferentes enfoques, diferentes perfis de formação, de especialidade”, disse ele. Após a assinatura do termo de posse, os integrantes da Comissão fizeram uma breve apresentação da sua atuação e das temáticas que estão mais envolvidos. 

Conheça os titulares representantes da comunidade científica  

Professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia, do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, e do Programa de Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde coordena o grupo de pesquisa em Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais e desenvolve pesquisas na área de diversidade sexual e gênero.  

A professora Maria Luiza Saraiva Pereira é pesquisadora e tem se destacado na UFRGS como conselheira da universidade em órgão superior, e em comissões que diretamente tratam da elaboração e implementação de políticas de equidade racial, apontando a necessidade e as virtudes da inclusão da diversidade de pesquisadores. Maria Luiza participou de comissões de avaliação de autodeclarações de ingressantes nas graduações da UFRGS.  

Milena é professora do programa de Pós-Graduação em Comunicação, onde compõe o GT de Ações Afirmativas. Atualmente coordena o Curso de Especialização em Estudos de Gênero, é membro do Comitê de Igualdade de Gênero da UFSM e embaixadora do Movimento Parent in Science (PiS). Tem experiência em projetos de pesquisa, ensino e extensão que abordam a temática da equidade e diversidade de gênero e interseccionalidades (principalmente raça e classe social). Coordena o Grupo de Pesquisa Comunicação, Gênero e Desigualdades (UFSM/CNPq).  

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Luisa Fernanda Habigzang, professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida/ Foto: Arquivo pessoal

O Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUCRS vem desenvolvendo tecnologias sociais com objetivo de qualificar a atuação de profissionais que atuam com populações em situação de vulnerabilidade social. Crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas e população LGBTQIAP+ que experienciaram violência familiar e comunitária são o principal público-alvo. 

Segundo a professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Luisa Fernanda Habigzang, as tecnologias sociais podem ser definidas como as técnicas e metodologias de transformação social através de processos de inclusão, melhoria da qualidade de vida das pessoas e garantia de direitos, propondo a solução de um problema social. Alguns exemplos de tecnologias sociais podem envolver programas sistêmicos de qualificação de profissionais, intervenções para geração de trabalho e renda, equipamentos de baixo custo para resolução de problema social, intervenções para prevenção de saúde, entre outros.  

Dessa maneira, no processo de desenvolvimento e avaliação das tecnologias sociais para capacitação já existentes, o grupo vem atuando em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Secretaria da Educação e com o Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra Mulher do Rio Grande do Sul. Assim, está presente em diferentes frentes, entre elas:  

Com isso, professores, enfermeiros, epidemiologistas, sanitaristas, psicólogos e assistentes sociais já foram capacitados pelas iniciativas do grupo de pesquisa, conectando o espaço acadêmico ao social.  

“O investimento em tecnologias sociais é um importante caminho para a articulação e desenvolvimento científico e social, contribuindo com a missão da Universidade de desenvolver pesquisas e tecnologias comprometidas com excelência e transformação social”, comenta Habigzang.  

Para que esses desenvolvimentos tecnológicos tenham eficiência social, a professora destaca que é fundamental compreender as demandas sociais através de relatórios governamentais e não-governamentais, políticas públicas existentes e legislações vigentes. Além disso, é importante a escuta de gestores e profissionais que atuam no enfrentamento do problema, acompanhados de pesquisas científicas, bem como a participação do público-alvo e a definição clara de indicadores que avaliem a efetividade do impacto.  

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