jeferson tenório, escritor, pós-graduação em letras

Jeferson Tenório / Foto: Carlos Macedo/ Divulgação

O Programa de Pós-Graduação em Letras, da Escola de Humanidades, integra conhecimento teórico e pesquisa científica nas áreas de Linguística, Teoria da Literatura e Escrita Criativa e foi projetado para atender a profissionais graduados nas áreas de Letras e afins. Os/as alunos/as formados/as pelo curso possuem capacidade técnica e crítica para aprofundarem seus conhecimentos e habilidades. Para Regina Kohlrausch, coordenadora do Programa, a excelência da produção desenvolvida pelos discentes não existe por acaso. 

“É resultado do acompanhamento e orientação de corpo docente altamente qualificado e da significativa capacidade de pesquisa, por um lado, e, por outro, de criação literária, nas áreas do de Linguística, Teoria da Literatura e Escrita Criativa”

As carreiras de mestres e doutores formados pelo Programa são amplamente valorizadas e reconhecidas pelo mercado, recebendo diversos prêmios nacionais e internacionais. Conheça algumas histórias de egressos da área de Escrita Criativa: 

Jeferson Tenório 

Tenório realizou seu doutorado na Universidade, onde estudou sobre a perspectiva pós-colonial para efetuar a desconstrução dos arquétipos enraizados no imaginário ocidental sobre África e seus povos. Seu livro, O beijo na parede, publicado em 2013, foi eleito Livro do Ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Em 2020, foi o primeiro negro eleito como patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. Em 2021, o autor ganhou o Prêmio Jabuti por seu romance O avesso da pele. O pesquisador afirma ter escolhido o programa de pós-graduação da PUCRS pela excelência de ensino.  

“Eu tinha colegas que fizeram o doutorado aqui, e também frequentei algumas disciplinas do programa no mestrado. Era um lugar que me oferecia um novo ar teórico e outras possibilidades de análises. Fazer o curso de doutorado na PUCRS me ofereceria outras possibilidades de investigação e pesquisa”, relata Tenório. 

María Elena Morán, escritora

María Elena Morán / Foto: Siruela/Divulgação

Além disso, Jeferson completa dizendo que os impactos na sua carreira foram muito positivos em questão de reconhecimento. 

“O Programa tem o reconhecimento acadêmico e do mercado do trabalho. É um curso com relevância e me deu mais consciência enquanto o meu fazer literário de pesquisador e professor. Tive acesso a novas bibliografias que me ajudaram a aprofundar minha pesquisa”. 

María Elena Morán 

A escritora venezuelana realizou seu mestrado e doutorado na PUCRS e possui diversos prêmios, como o Cabíria de Roteiro e também o Café Gijón. Além de duas publicações no Brasil e Espanha, também ministra aulas e oficinas, onde amplia os conhecimentos e horizontes de seus alunos.  

“Outro aprendizado foi a disciplina da escrita. Aqui não me refiro apenas à necessidade de escrever e bater um certo número de páginas, mas também, e principalmente, a entender o rigor que deve ter o trabalho, no sentido de nos fazermos responsáveis das nossas criações, de entender a necessidade de investigar e ir fundo nos nossos temas e suas implicações, de se puxar para chegar aos resultados que sabemos que podemos chegar. O ambiente da Escrita Criativa na PUCRS é, ao mesmo tempo, acolhedor e competitivo; exigente, mas estimulante: um equilíbrio que eu estou sempre buscando”. 

Natalia Borges Polesso 

Nathalia Borges Polesso, escritora, pós-graduação em letras

Natalia Borges Polesso / Foto: Lívia Pasqual/Divulgação

Natalia realizou seu doutorado na Universidade e possui oito livros publicados. Em suas obras, foi contemplada com diversos prêmios, como o Jabuti e o Prêmio São Paulo de Literatura. Suas obras foram traduzidas para países da América Latina e Europa. 

A autora destaca que encontrou na PUCRS o ambiente que precisava para se desenvolver: “Sempre pensei na pós-graduação como um espaço de trocas e discussões e na PUCRS encontrei isso. Durante meu período de estudos participei de muitos eventos, palestras, seminários, oficinas, fóruns, grupo de estudos, foram anos bastante intensos”. Enquanto estava na Universidade, Natalia teve a oportunidade de realizar doutorado-sanduíche no exterior.  

“Essa possibilidade de ter diante de mim um mundo mais amplo é o que até hoje impacta não só minha carreira, mas a minha vida integralmente. Outra coisa que impactou imensamente a minha carreira foi que na PUCRS comecei a ler muito mais literatura contemporânea. Há um vívido interesse na literatura produzida agora”, destaca a autora. 

Taiane Santi Martins 

Taiane Santi Martins, escritora, pós-graduação em letras

Taiane Santi Martins / Foto: David Boaventura/Divulgação

Taiane, que tem como lar a Ilha de Moçambique, país no sudeste da África, realizou seu doutorado na PUCRS. A escritora atua com leitura crítica, edição de livros, preparação de originais, oficinas, cursos e mentorias para escritores. Em sua trajetória, ganhou o prêmio SESC de literatura. A Universidade teve grande papel na sua construção enquanto profissional.  

“Carrego os anos que passei na PUCRS sempre comigo, em especial tudo o que aconteceu fora da sala de aula. Foram anos intensos de aprendizados constantes. Claro que a excelência do curso é inegável e importantíssima, mas eu vivia a PUCRS. Estava o dia inteiro no campus e isso fez com que o doutorado ganhasse uma proporção gigante na minha vida. As trocas com os colegas nos cafés e corredores, os grupos de pesquisa que participei de vários, os eventos, os encontros com escritores promovidos pelo Instituto de Cultura. Eu estava envolvida em tudo, o tempo todo. Eu brinco que era feliz e sabia. Tudo o que vivi na PUCRS foi determinante para minha carreira”, destaca.   

Comece seu mestrado ou doutorado em 2024 

Estão abertas as inscrições para os 20 Programas de Pós-Graduação stricto sensu na PUCRS, entre eles o PPG Letras. Dentre os diversos diferenciais, este programa é o único no Brasil que fornece formação na área de Escrita Criativa, além da conexão com o Delfos, espaço com o objetivo da promoção da cultura e a preservação da memória aos documentos ligados à cultura gaúcha ou a escritores, entidades ou autoridades representativas para o Estado do Rio Grande do Sul. 

quero ingressar na pós-graduação da pucrs

Cristiane Regina Guerino Furini é coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do InsCer. / Foto: Giordano Toldo

Cristiane Regina Guerino Furini, professora da Escola de Medicina, foi diplomada como membra afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na última semana. A cerimônia foi realizada no Centro Cultural da UFRGS e contou com a presença do vice-presidente regional da ABC, Ruben Oliven, do pró-reitor da Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, Carlos Eduardo Lobo e Silva, e de representantes da UFRGS, UFPel e Fapergs 

Coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória, do Instituto do Cérebro (Inscer), e pesquisadora do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG), Cristiane pesquisa as construções de memória, investiga estruturas cerebrais, mecanismos moleculares e influências comportamentais envolvidas na consolidação, persistência, extinção e reconsolidação de memórias. Além de estar envolvida em dez projetos de pesquisa em andamento, é revisora de seis periódicos nacionais e internacionais e já conquistou sete prêmios durante sua trajetória acadêmica. 

“É uma honra estar entre estes selecionados e ter contato com inúmeros pesquisadores de diferentes áreas. Essa conquista é um grande momento de reconhecimento das pesquisas que tenho me dedicado desde a graduação”, destaca. 

Durante o evento, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Universidade, Carlos Eduardo Lobo e Silva, disse que os membros afiliados eleitos para a ABC são provas da resiliência da ciência do Sul do Brasil: “O mérito dos afiliados é também o de resistir a todos os problemas que a produção científica vem sofrendo”, pontua.  

Ao olhar para o futuro, Cristiane almeja dar continuidade aos trabalhos que já vem desenvolvendo na área de pesquisa e ensino. Feliz com a conquista, espera construir contatos e redes com pesquisadores de outras partes do país, tanto na sua área como na defesa mais ampla da ciência no Brasil.   

“Os principais pontos da minha carreira são a consistência dos meus trabalhos, os anos dedicados e as atividades desenvolvidas com o professor Iván Izquierdo, neurocientista especialista em memória, que foi um grande mestre”, finaliza a pesquisadora. 

A Academia Brasileira de Ciência existe desde 1916 e tem como uma das suas missões identificar e estimular jovens com grande potencial para Ciência. Os membros afiliados são pesquisadores de excelência, com até 40 anos, convidados a fazer parte dos quadros da ABC por um período de cinco anos. 

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Ozonioterapia: pesquisa da PUCRS avalia a eficácia e segurança dos ozonizadores  

Procedimento utiliza mistura de oxigênio e ozônio. / Foto: Igor Alecsander/Getty Images/Divulgação

A ozonioterapia – procedimento terapêutico que consiste na aplicação da mistura do gás ozônio (O3) com o gás oxigênio em pacientes – tem sido uma polêmica nos últimos meses, principalmente depois da lei que autoriza o uso como tratamento de saúde complementar. A decisão contraria a recomendação de entidades médicas, como uma norma do Conselho Federal de Medicina (CFM), que só autoriza a ozonioterapia em estudos científicos, Ministério da Saúde, que havia recomendado o veto à lei, e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que também não aprova nenhum equipamento de ozonioterapia para uso médico.  

Para que a ozonioterapia aconteça, é preciso contar com os ozonizadores – aparelhos projetados para produzir ozônio, uma molécula composta por três átomos de oxigênio. Essa substância tem a capacidade de eliminar bactérias, vírus, odores desagradáveis, alérgenos e poluentes atmosféricos. Esses aparelhos desempenham um papel importante na geração do agente terapêutico utilizado nas aplicações 

Mas como saber se os ozonizadores são eficazes? Um projeto de pesquisa desenvolvido no Laboratório de Química Analítica Ambiental da Escola Politécnica da PUCRS tem justamente este objetivo. No entanto, o foco do estudo não se limita apenas à ozonioterapia, mas também aos ozonizadores usados na desinfecção de ambientes médico-hospitalares, com ênfase para a Covid-19.  

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“Eu trabalho com ozônio e ozonizadores há mais de 15 anos, porém com as aplicações voltadas para o tratamento de efluentes líquidos e de água potável. Atualmente, junto com alunos de mestrado, doutorado e iniciação científica, tenho um projeto de pesquisa que testa a eficácia de ozonizadores. Nosso estudo iniciou há 18 meses e, desde então, implantamos os métodos para essa avaliação e já verificamos a geração de compostos não desejados no uso de ozonizadores com ar ambiente. Situação preocupante no caso de uso terapêutico ou estético, relata Marçal José Rodrigues Pires, coordenador do Laboratório de Química Analítica Ambiental e professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais (PGETEMA) da Escola Politécnica da PUCRS. 

No estudo, os pesquisadores da Universidade também analisam a concentração de ozônio em ambientes onde os equipamentos são usados, como hospitais, clínicas, consultórios e salões de beleza, por exemplo.  

“O nosso estudo é focado em ambientes internos. O ozônio (O3) é um gás reativo que pode estar presente nesses ambientes. Quando a concentração dele aumenta, há risco para a saúde das pessoas, podendo causar problemas respiratórios e cardíacos, que podem ser graves dependendo do grau de exposição”, explica Franciele Annunziato, mestranda do PGETEMA da PUCRS. A avaliação do desempenho e segurança no uso dos ozonizadores está sendo avaliada com a colaboração de Roger Baldissera, também mestrando do PGETEMA da PUCRS, sob a orientação do Prof. Marçal Pires. 

O professor Marçal Pires ressalta que o projeto de pesquisa conta com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) 

“Durante a pandemia da Covid-19 os ozonizadores foram muito usados para a desinfecção de aparelhos, utensílio e de ambientes hospitalares que tiveram contato com pacientes com a doença. Nessa desinfecção é usada elevada concentração de O3 e, portanto, deve ser feita na ausência de pessoas em função da toxicidade do ozônio. Mas depois disso, o uso em diferentes aplicações aumentou consideravelmente. Agora, a demanda por ozonizadores e tecnologias similares deve continuar crescendo. Por isso, a pesquisa é tão importante para tornar essa tecnologia mais segura e eficaz, sem nenhum prejuízo à saúde das pessoas”. 

Conheça o PPG em ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

A PUCRS é excelência em pesquisa em diversas áreas do conhecimento. / Foto: Camila Cunha

A PUCRS desenvolve investigação científica de alto nível, com padrão internacional, nas diversas áreas do conhecimento. Até o momento, as pesquisas da Instituição estavam inseridas em oito grandes eixos temáticos, que refletiam uma realidade institucional diferente, em que a PUCRS era estruturada em faculdades.

Considerando a nova configuração da Universidade em Escolas e o movimento global voltado para a interdisciplinaridade como uma importante estratégia para lidar com os problemas complexos da sociedade, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação realizou uma revisão desta configuração e apresenta quatro novos eixos temáticos da pesquisa da instituição, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU).

Formação, ética, interdisciplinaridade e inovação são os conceitos que permeiam os novos eixos de pesquisa, conferindo maior visibilidade para as principais áreas de pesquisa transversais que fundamentam nossa atuação, fomentando a colaboração entre pesquisadores e o compartilhamento de estruturas. Dúvidas e mais informações podem ser direcionadas para [email protected].

Confira quais são eles:

Saúde e Bem-Estar

Engloba as pesquisas relacionadas com diferentes áreas da saúde e da vida, com foco no bem-estar e na qualidade de vida.

Meio ambiente e Energia

Envolve os temas de meio ambiente, conservação, ecologia, biodiversidade, aproveitamento dos recursos naturais e energias renováveis.

Tecnologias

Agrupa as pesquisas em materiais, processos, engenharias, informática e comunicação.

Sociedade e Desenvolvimento

Inclui as áreas de cultura, humanidades, educação, cidadania e comunicação e desenvolvimento social.

Conheça mais sobre as pesquisas conduzidas na PUCRS

youth cop, Estudantes participam de simulação da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas

As estudantes foram selecionadas entre centenas de estudantes de diversos países. / Foto: Arquivo pessoal

As estudantes Caroline Zilio, Natália Miguel e Agatha Shubeita, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM), da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, formam uma das equipes brasileiras selecionadas para participar da Youth COP, negociação simulada da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O evento é organizado pela Université Sorbonne Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e pela Université Paris Cité, na França, com apoio da Universidade Federal do Ceará.  

Selecionadas entre centenas de estudantes de diversos países, as alunas da PUCRS foram escaladas para representarem a Índia, um dos estados-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Elas deverão desenvolver estratégias com base no posicionamento, leis, cultura e história do país. Durante os dias 20, 21 e 22 de outubro, as 24 equipes selecionadas irão se encontrar para discutirem e realizarem atividades sobre cada um dos estados. 

As dinâmicas acontecerão em uma simulação virtual que incluirá diversas plenárias, reuniões e comitês. Ao final das negociações, os participantes deverão entregar um acordo resolutivo e os dois melhores serão apresentados pelas equipes em um painel da COP 28, em Dubai, em dezembro deste ano. 

Dentre os principais objetivos destas negociações, os/as alunos/as poderão pensar criticamente sobre os desafios das mudanças climáticas, compreender a criação de políticas climáticas globais e aprimorar suas habilidades interpessoais com estudantes de outros países. Renata Medina, orientadora das estudantes, define que essa oportunidade é um grande momento para as discentes aprofundarem seus conhecimentos e criarem laços globais.  

“Esta experiência está sendo única para as três estudantes de pós-graduação. Além de uma vivência fantástica para a sua formação como cidadãs do mundo. Em função de seus projetos envolverem de forma substancial as questões de mudanças climáticas, a sua atuação na Youth COP está sendo de grande relevância para a formação como cientistas voltadas à conservação e manutenção da vida no planeta”, destaca a orientadora.

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Uruguai foi o primeiro país da América Latina a promulgar uma lei contra castigos físicos em 2007. / Foto: Envato Elements

Nos últimos anos, houve uma série de transformações relacionadas às disciplinas e práticas familiares que preconizam uma educação sem punições físicas por parte de familiares e cuidadores de crianças. Alguns marcos legislativos fazem parte dessa trajetória. Um exemplo é a lei aprovada em 2014, aqui no Brasil, que incluiu no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) um artigo defendendo o direito a ser educado sem castigos físicos, tratamento cruel e degradante. Com base nesse artigo, a partir da então legislação, castigos corporais são definidos como “ação de natureza disciplinar e punitiva com o uso da força física sobre a criança e ao adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; e b) lesão”. 

Em países da Europa e América Latina, as construções e marcos legais sãos derivados de outras disputas sociais. A pesquisadora da PUCRS Fernanda Bittencourt Ribeiro, professora da Escola de Humanidades, desenvolve estudos sobre essas temáticas. Em seus trabalhos, busca entender as diferenças ou semelhanças entre as leis do Brasil, Uruguai e França. A professora possui três capítulos de livros publicados sobre o tema, como também dois artigos em periódicos.  

Sobre os países latino-americanos analisados, Fernanda diz que o Uruguai foi o primeiro país da América Latina a, em 2007, promulgar uma lei contra castigos físicos.  

“Uma diferença que observo em relação ao Brasil é que desde 2002 o Uruguai realiza uma campanha anual de sensibilização chamada ‘Uruguai, país dos bons tratos’. A discussão da lei também foi acompanhada da distribuição de cartilhas e da capacitação de profissionais que atuam na intervenção junto a famílias. No Brasil, onde a lei foi aprovada em 2014, entendo que houve pouco debate público sobre o tema e muita incompreensão sobre o objetivo da lei. Em ambos os países os proponentes da lei entendem a prática de castigos como uma questão de ordem cultural”, afirma.  

Ampliando o escopo da análise sobre a França, a pesquisadora percebe que os argumentos a favor da lei não colocam em questão “a cultura” de modo geral, mas defendem a necessidade de mudar a maneira de educar.  

“Entre os três países, a França foi o último a incorporar, em 2019, a proibição dos castigos em sua legislação. Posições contrárias consideravam excessiva a ingerência da ONU em assuntos referentes à vida privada”, comenta. 

Além disso, a professora aponta que desde o início dos anos 2000, a ONU e organizações não-governamentais internacionais, propõem que os países signatários da Convenção dos Direitos da Criança proíbam formalmente os “castigos físicos, tratamento cruel e degradante” na educação de crianças e adolescentes. 

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Direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente 

Além do direito a uma educação sem o uso de castigo físico, estabelecido pela Lei da Palmada, que posteriormente foi rebatizada de Lei Menino Bernardo, o ECA também prevê que os casos de suspeita ou de confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescentes sejam obrigatoriamente comunicados ao conselho tutelar da respectiva localidade. 

Desde 2020, está em análise o Projeto de Lei 4011/20, que proíbe a venda, a publicação e a divulgação de livros ou palestras que estimulem o castigo físico a crianças e adolescentes, inclusive por meio da internet, redes sociais ou qualquer outro meio de comunicação a distância. 

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Foto: Daniele Souza

A professora da Escola Politécnica Soraia Raupp Musse foi convidada para integrar um artigo da revista Nature – veículo científico interdisciplinar britânico que está entre os mais tradicionais do mundo – em alusão ao Ada Lovelace Day. A data, celebrada desde 2009 na segunda terça-feira do mês de outubro, é batizada com o nome daquela que é considerada a primeira programadora do mundo. O marco é uma celebração das conquistas femininas em áreas que até hoje são dominadas por homens, como ciência, tecnologia, engenharia e matemática. 

Soraia, juntamente com outras cinco pesquisadoras de diferentes partes do mundo, aborda a importância do protagonismo feminino na ciência da computação. O convite surgiu devido à pesquisa que a professora está desenvolvendo sobre Percepção de Gênero em Humanos Virtuais. A professora orienta aluno de doutorado, co-orientado pelo professor Angelo Brandelli, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia), e em colaboração com a professora Catherine Pelachaud, da Universidade de Sorbonne (Paris).

“É uma feliz coincidência o fato de eu também ser coordenadora do Projeto ADA, na Ciência da Computação da PUCRS”, comemora Soraia. 

Em seu artigo, a pesquisadora chama a atenção sobre como o viés de gênero está presente em toda sociedade e a relevância deste debate para a ciência da computação. Soraia fala sobre como algoritmos muitas vezes reproduzem e amplificam preconceitos e comenta sobre o trabalho desenvolvido em seu grupo de pesquisa Simulação de Humanos Virtuais, que busca explorar como tais preconceitos são reproduzidos no ambiente virtual. A docente também aborda a iniciativa do projeto ADA, conduzido pela empresa Poatek e pela PUCRS, apoiando 17 estudantes mulheres do curso de Ciência da Computação. 

Acesse o artigo completo aqui. 

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O vice-reitor Ir. Manuir Mentges esteve presente na palestra de abertura. / Foto: Giordano Toldo

O 24° Salão de Iniciação Científica da PUCRS iniciou nesta segunda-feira, dia 2 de outubro, com uma cerimônia de abertura no Teatro do prédio 40. Foram mais de 500 submissões de trabalhos científicos no evento que iniciou no dia 2 de outubro, com uma cerimônia de abertura no Teatro do prédio 40. Até o fim do evento, na sexta-feira, dia 6 de outubro, serão 91 bancas de avaliação nos turnos da manhã, tarde e noite.

Na palestra de abertura, o vice-reitor Ir. Manuir Mentges celebrou mais uma edição do evento, destacando a importância da iniciação científica durante a formação dos/as estudantes. Ele definiu este processo como uma jornada que nos leva à apropriação de metodologias, à descoberta de uma vasta literatura, ao desenvolvimento de uma disciplina que culminará no pensar científico. 

 “Não se trata apenas da pesquisa, o que em si já tem grande valor, mas pesquisa aplicada que pode gerar soluções para problemas concretos demandados pela sociedade”, complementou. 

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A diretora de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq), professora Maria Martha Campos, destacou a importância da busca constante por conhecimento, aproveitando as chances de desenvolvimento ao longo da formação: 

“É uma ótima oportunidade para os/as estudantes trabalharem ao lado de professores, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, contribuindo assim para um espaço de trocas e conexões.”  

Inteligência artificial na pesquisa 

O evento reuniu mais de 500 estudantes. / Foto: Giordano Toldo

A palestra de abertura do Salão foi conduzida pelo professor da Escola Politécnica Rodrigo Coelho Barros, que abordou a temática da inteligência artificial na pesquisa no século 21. O pesquisador, que é integrante do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, destacou o avanço da inteligência artificial, do aprendizado de máquina e das redes neurais. O professor falou ainda sobre do desenvolvimento do ChatGPT, criado pela OpenIA, instituição focada em pesquisa em inteligência artificial. 

Para o pesquisador, a inteligência artificial já é uma realidade e está presente no nosso dia a dia, em um mundo cada vez mais orientado pela automatização. Alguns usos já conhecidos no dia a dia são traduções, criações de conteúdo, assistentes virtuais, transcrições, entre outros. Entretanto, juntamente com os novos usos, chegam alguns desafios éticos que precisam ser debatidos quando falamos de inteligência artificial, tais como propriedade, responsabilidade, parcialidade e justiça, privacidade e transparência.  

“Por outro lado, a inteligência artificial também pode servir para apoio a pesquisa científica, facilitando alguns passos do processo.  A automatização de tarefas repetitivas e a extração de informações com grandes volumes de dados são alguns exemplos de como utilizar a IA a favor da pesquisa”, destacou. 

O Salão de Iniciação Científica faz parte da Semana Acadêmica Integrada e segue até sexta-feira. No dia 26 de outubro acontece a cerimônia de premiação das pesquisas destaque desta edição do evento. 

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Foto: Giordano Toldo

Recentemente, oito grupos interdisciplinares do Programa de Educação Tutorial (PET) organizaram o evento anual InterPET, no qual foram realizadas atividades extracurriculares de integração envolvendo a comunidade interna e externa da PUCRS. O encontro aconteceu no Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, onde os/as estudantes de graduação puderam conectar os conhecimentos desenvolvidos dentro da Universidade com um grupo de 95 estudantes e três professores do Centro Social Marista de Porto Alegre (CESMAR), além dos demais visitantes do museu.  

O PET tem o objetivo de promover a participação dos estudantes de graduação, direta ou indiretamente envolvidos com o Programa, em múltiplos projetos, ampliando a formação acadêmica por meio de vivências interdisciplinares e estimulando a fixação de valores que reforcem a cidadania e a consciência socioambiental de todos os participantes. O programa proporciona condições para realização de atividades extracurriculares e interdisciplinares de conhecimento acadêmico e de pesquisa, tanto no contexto da comunidade interna como externa, que complementem a formação dos alunos e seu papel, consciência e protagonismo perante a sociedade. 

Dentro das atividades realizadas pelos Grupos PET’s, já foram desenvolvidos encontros, ciclos de palestras, oficinas, entre outras oportunidades de desenvolvimento, tendo acumulado mais de 90 participantes ao longo do ano de 2022. Saiba mais no site de cada curso participante do programa. 

Em relação ao ano passado, o Brasil metropolitano se tornou mais desigual. / Foto: Giordano Toldo

Após se recuperar do pico ocorrido durante a pandemia de Covid-19, a desigualdade de renda voltou a apresentar tendência de alta ao longo dos últimos cinco trimestres no conjunto das metrópoles brasileiras. O coeficiente de Gini (quanto mais alto o seu valor maior a desigualdade) subiu de 0,615 para 0,626 entre o segundo trimestre de 2022 e o mesmo trimestre de 2023. E a razão entre a média de renda dos 10% mais ricos em relação aos 40% mais pobres variou de 29,7 para 32 vezes no mesmo período. Ou seja, do ponto de vista da renda do trabalho, o Brasil metropolitano de hoje é mais desigual do que aquele de um ano atrás.    

Estas e outras informações estão na décima quarta edição do “Boletim – Desigualdade nas Metrópoles”, produzido em parceria pelo PUCRS Data Social, o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). Os dados são provenientes da PNAD Contínua trimestral, do IBGE, e dizem respeito à renda domiciliar per capita do trabalho somente, incluindo o setor informal. O recorte utilizado é o das 22 principais áreas metropolitanas do país, conforme as definições do IBGE. Todos os dados estão deflacionados para o segundo trimestre de 2023, de acordo com o IPCA.  

Os dados levantados pelo estudo mostram que enquanto no último ano a média de renda dos 10% mais ricos subiu 9,9%, a dos 40% mais pobres variou apenas 1,9% para cima. Essa diferença na recuperação dos rendimentos, segundo os pesquisadores, explica a tendência de alta das desigualdades.

“Após a enorme queda sofrida durante a pandemia, a renda dos mais pobres se recuperou até meados de 2022, retornando a um patamar semelhante ao de 2019. Desde então, no entanto, a tendência tem sido de estagnação. Já no caso dos mais ricos a queda da renda foi menos brusca durante a pandemia, e sua recuperação ainda está em andamento”, explica Andre Salata, coordenador do PUCRS Data Social.

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Embora as metrópoles apresentem comportamentos diferentes, na maior parte delas (17 dentre as 22) se verificou o mesmo padrão de crescimento da desigualdade ao longo do último ano. Esse crescimento foi superior a 5% nas Regiões Metropolitanas de Vale do Rio Cuiabá (12,1%), Grande São Luís (8%), Teresina (7,4%), Belo Horizonte (5,7%) e Fortaleza (5,4%).  

desigualdade nas metrópoles

Andre Salata é coordenador do PUCRS Data Social. / Foto: Giordano Toldo

O estudo também mostra que a média geral de rendimentos aumentou de R$1.577 para R$1.701 no último ano, configurando uma elevação de 7.88%. Em 19 das 22 metrópoles, também foi constatada uma variação positiva. O aumento foi mais elevado nas Regiões Metropolitanas de Goiânia (25,6%), Teresina (23,2%), Belo Horizonte (17,7%), Recife (16,8%) e Macapá (15,8%). De acordo com Marcelo Ribeiro, professor do IPPUR-UFRJ e pesquisador do Observatório das Metrópoles, o aumento do rendimento médio no conjunto das metrópoles é resultado de um período mais expansivo do mercado de trabalho, tendo em vista a redução da taxa de desocupação ocorrida nos últimos trimestres.

“Apesar disso, continua havendo diferenças de rendimento médio muito expressivas entre as metrópoles. Em geral, aquelas que possuem rendimento médio acima do rendimento médio do conjunto das regiões metropolitanas se localizam nas grandes regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Todas as metrópoles localizadas nas regiões Norte e Nordeste apresentam rendimento médio inferior ao rendimento médio do conjunto das regiões metropolitanas. Isso expressa que as desigualdades de renda entre as metrópoles também se apresentam como diferenças regionais do país”. 

O cenário descrito pelos dados levantados no estudo, portanto, é de aumento da média de renda do trabalho ao longo do último ano, mas com crescimento proporcionalmente maior para os estratos mais altos, levando ao aumento das desigualdades no período. Andre Salata explica esse cenário.

“Enquanto alguns estratos mais baixos chegaram a ter queda de 3,6% na média de renda, camadas mais altas ganharam quase 10%. Ou seja, não é nem mesmo um cenário onde todos ganham, mas os que estão em cima ganham mais. Na verdade, na parte de baixo da pirâmide chegamos a ter mesmo perdas reais”.

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