Abertura / Fotos: Uilllian Vargas

A Escola de Direito recebeu, nessa terça-feira (12), a segunda edição do Legal Innovation Experience, evento voltado para a inovação e tecnologia no meio jurídico. O evento foi organizado pela Escola em parceria com a Linklei, software de gestão para a rotina jurídica. Mais de 25 palestrantes nacionais e internacionais trouxeram aos mais de 400 participantes conhecimentos valiosos sobre as principais tendências e o futuro do Direito. 

As palestras e painéis do evento, que ocupou o Teatro do Prédio 40, abordaram temas como inteligência artificial, metaverso, privacidade e cibersegurança, legal design, visual law, legaltechs e inovação jurídica. A fundadora do Linklei e alumna PUCRS, Caroline Francescato, destaca a relevância dos tópicos tratados no evento:  

“Atualmente, temos no Brasil mais de 300 empresas do setor de tecnologia que estão revolucionando não só o dia a dia do advogado, mas também o acesso à Justiça. E para nós é uma alegria estarmos aqui na PUCRS trazendo todos esses conteúdos e todos esses conhecimentos para as pessoas que estão curiosas e querem se colocar nesse novo mundo da tecnologia e da inovação”

Além de apoiar a realização do Legal Innovation Experience, a Escola de Direito participou realizando um painel, que destacou as iniciativas de inovação e tecnologia realizadas pela Universidade. Para a professora Laís Machado Lucas, há uma grande sinergia entre o evento e a atuação da Escola:  

“A Escola de Direito da PUCRS já está preocupada há bastante tempo com a inovação do ensino jurídico e como a gente vai entregar esse profissional para o mercado, afinal de contas várias palestras que estão acontecendo estão nos trazendo as necessidades do mercado de contar com um profissional atualizado em inteligência artificial, com as questões do meio digital e que, principalmente, tenha habilidade para lidar com os novos tempos”.  

Entre os estudantes que participaram do evento está Erlane Alves dos Santos, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Ela considera que “participar do evento foi uma experiência muito enriquecedora, sobretudo diante das transformações digitais que o Direito tem sofrido nos últimos tempos”. 

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tecnopuc no sxsw

Evento acontece em Austin (Texas), nos Estados Unidos, é um dos maiores festivais de tecnologia e inovação do mundo. / Foto: Divulgação

A Universidade, por meio do seu Parque Científico e Tecnológico, o Tecnopuc, chegou para marcar presença no South by Southwest (SXSW) 2024. Tradicionalmente, a PUCRS se faz presente no evento, e  neste ano, a Universidade está sendo representada por um time de embaixadores:

A Universidade busca sempre trazer o que foi mostrado lá fora para dentro do Campus, seja no ensino ou nos serviços que oferta à comunidade -, o que há de mais relevante no mundo. Todos os anos a Universidade participa das conferências, palcos para a apresentação de tendências, invenções e inspirações para líderes de diferentes áreas e verticais da indústria. 

O evento é considerado o maior festival de inovação e criatividade do mundo e promove palestras e debates sobre tendências para os próximos anos em diferentes temas e áreas do conhecimento. Com conferências e temáticas que abordam tecnologia, cinema, música, educação e cultura, o SXSW começou hoje (8) e segue até o próximo sabádo, dia 16 de março, em Austin, no Texas (EUA). 

Nesta edição o tema inteligência artificial (IA) e seus impactos em diferentes áreas continua como uma extensão das discussões do evento de 2023. Representando a grande novidade do último ano, Peter Deng, head do ChatGPT, se junta à Josh Constine, da Signal Fire, para debater o papel dos seres humanos na era da IA. A sessão faz parte da trilha de inteligência artificial do SXSW, uma entre as 24 trilhas que abordam desde publicidade e brand experience, audiovisual e creator economy até cultura, design e mudanças climáticas. 

Leandro Pompermaier, gestor de Relacionamento & Negócios do Tecnopuc, destaca que o SXSW é um momento de conexão entre pessoas diferentes, com focos diferentes.

“Aqui é um espaço de lançamento de novos produtos e negócios. Um ambiente onde vemos em primeira mão pesquisas que irão se transformar em tendências de mercado. Empresários e grandes empresas estão aqui para entender exatamente como que esse movimento da inovação e da tecnologia pode influenciar os negócios. E nós, como um grande ambiente de pesquisa, inovação e empreendedorismo, estamos presentes não somente para nos conectarmos com os debates realizados aqui, mas também para que essa ponte chegue em Porto Alegre e a gente consiga reverberar essas discussões, e fazer com que o ecossistema se alimente dessas tendências”, afirma. 

Conteúdo e tendências em tempo real 

Novamente, nesta edição, a Universidade estará, em parceria com o Grupo RBS, realizando a cobertura do evento para garantir à sociedade o acesso a conteúdo exclusivo sobre tendências, empreendedorismo e inovação. Além de uma cobertura em tempo real, que será feita por uma equipe de profissionais e influenciadores, o Tecnopuc já está no clima do evento a partir do parceria da nova temporada do podcast Potter Entrevista, de Luciano Potter, com o tema “Tecnologia: maldição ou salvação?”. Clique aqui para ouvir no Spotify e aqui no YouTube 

tecnpuc no sxsw

Foto: Divulgação

Profissionais de diferentes áreas estão sendo convidados para participar e compartilhar sua opinião sobre a tecnologia. A proposta é ampliar a reflexão sobre seu uso.  Leandro Pompermaier, gestor de relacionamento e novos negócios do Tecnopuc, explica que, com o podcast, o objetivo é “trazer controvérsias sobre o uso da tecnologia, porque entendemos que a partir das contradições é que conseguimos inovar”.  

A temporada, que contou com Marcos Piangers na estreia, já tem três episódios lançados. No primeiro, o escritor, destaca que “estamos treinando uma máquina absurdamente inteligente, capaz, autônoma num comportamento doentio humano que está servindo outro robô, outro agente”. Já o segundo convidado, Leandro Pompermaier, pontua que “daqui para frente, no mundo, tecnologia tem que ser código aberto”.  

Na lista de entrevistadas está a empresária e integrante do Shark Tank Monique Evelle, o psiquiatra Rossandro Klinjey, o ex-secretário de inovação do RS Luis Lamb, entre outros. E no terceiro episódio, o médico Cristiano Englert traz uma visão da tecnologia como salvação na área da Medicina:

“Como médico, entusiasta de tecnologia e tendo trabalho nos últimos seis anos com startups da área de tecnologia, eu vejo pelo lado da salvação. A medicina vem evoluindo muito através da ciência e eu acho que a tecnologia vem no mesmo caminho, ela vem para agregar, para salvar mais pessoas”. 

Os episódios, que possuem produção do Da Terra Studio, serão lançados quinzenalmente, no Spotify e YouTube do Luciano Potter. A ação reforça o novo posicionamento do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS: Tecnopuc Anywhere, que visa extrapolar as fronteiras físicas e conectar agentes da inovação, ciência e tecnologia em qualquer lugar. 

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Rosalia Barili (geóloga), Lennon Class (químico), Filipe Albano (engenheiro de produção) e Rafaela Caron (nutricionista). / Foto: Divulgação

A presença em um ecossistema de inovação possibilita um mindset voltado a gerar novas soluções a partir do encontro e da colaboração entre diferentes áreas. Exemplo disso é a análise cristalográfica de cálculos renais, o novo serviço do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUCRS, com sede no Tecnopuc. O serviço tem o objetivo de apoiar médicos, nutricionistas e pacientes a tratar e prevenir cálculos renais. 

Saber quais minerais compõem os cálculos renais de cada paciente é uma informação importante para a tomada de decisões clínicas, a prevenção de recorrências e o tratamento das pessoas que enfrentam esse problema. Foi ao ver laudos que médicos recebem de análises de cálculos renais que o engenheiro de produção, Filipe Albano, que é também gerente da qualidade do IPR e professor da Escola Politécnica da PUCRS, teve a ideia que deu origem ao novo serviço.

“Os cálculos renais são minerais e, por isso, têm relação com o que fazemos aqui no IPR, com nossos equipamentos e tecnologias”, conta Filipe. “Sabendo disso, levei a ideia para equipe do nosso Laboratório de Caracterização de Rochas, coordenado pela geóloga Rosalia Barili da Cunha, que aceitou o desafio”. 

O médico nefrologista e clínico geral Giovani Gadonski, chefe do serviço de clínica médica do Hospital São Lucas, professor adjunto e agente de Inovação da Escola de Medicina da PUCRS explica que investigar o que causa os cálculos renais, especialmente em pessoas que apresentam quadros repetidos, é importante. “A análise dos cálculos permite descobrir quais os minerais específicos estão envolvidos no processo, o que possibilita orientar o tratamento para que eles não voltem a ser formar, seja por meio de dieta, hábitos e até medicações que serão guiadas a partir dessa análise”. Gadonski alerta, ainda, que além da intensidade da dor, as pedras podem causar complicações, como infecções e piora do funcionamento dos rins, reforçando a necessidade de entender como prevenir um novo episódio. 

A análise do cálculo renal é realizada no Difratômetro de Raios-X (DRX) do IPR, método utilizado para análise mineralógica e cristalográfica. Assim como o DRX, o Laboratório de Caracterização de Rochas, acreditado pela ISO/IEC 17025, conta com equipamentos de ponta e equipe especializada, composta por geólogos e químicos.

“Quando submetemos o cálculo renal à radiação não ionizante, parte dessa radiação é absorvida e outra parte difratada. Os padrões de difração resultantes são expressos como picos com posições e intensidades variáveis. Essas posições variam conforme a estrutura cristalina da amostra e, por sua vez, refletem sua composição química e volume das diferentes fases, possibilitando a identificação e quantificação dos minerais que compõem aquele cálculo”, explica Rosalia.

Foto: Giordano Toldo

A especialista conta, ainda, que esse tipo de análise pode ser aplicado a quaisquer materiais que apresentam cristalinidade e, por isso, a técnica pode ser utilizada para apoiar no tratamento de outras condições, como cálculos biliares e de vesícula, além de ajudar a identificar e de biominerais associados a nódulos. 

Médicos, nutricionistas e pacientes que contratarem o serviço receberão um laudo contendo a imagem da pedra em microscópio e a identificação de todos os minerais que estão em sua composição. Com isso, poderão traçar uma estratégia para prevenir, por meio da alimentação, por exemplo, a formação de novos cálculos renais, além de direcionar o melhor tratamento. 

“A alimentação é parte importante no cuidado de pacientes com cálculos renais e distúrbios metabólicos relacionados. Dietas ricas em proteínas, sódio e alimentos ultraprocessados podem aumentar a formação de cálculos, enquanto a hidratação adequada e o consumo equilibrado de alimentos in natura, especialmente frutas cítricas, vegetais e fontes adequadas de cálcio, podem reduzir os riscos. A avaliação criteriosa do padrão alimentar, evitando suplementos prejudiciais, e a análise detalhada dos exames laboratoriais (sangue e urina), bem como da composição mineral dos cálculos possibilitam individualizar o tratamento nutricional e melhorar o cuidado ao paciente”, relata a nutricionista Rafaela Caron, doutora em Nefrologia e professora da Escola Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. 

Esse trabalho multidisciplinar, que envolve engenheiros, geólogos e químicos para apoiar médicos, nutricionistas e pacientes reforça a relevância da atuação ecossistêmica na área da inovação. “O novo serviço do IPR é um exemplo claro de como a inovação acontece. Ao fazer parte de um ecossistema de inovação, como o Tecnopuc, as pessoas conseguem olhar para além de suas áreas de formação e de atuação na busca de soluções a problemas diversos. E, em colaboração com profissionais de diferentes áreas, encontrar novos caminhos para impactar positivamente a sociedade”, destaca Flavia Fiorin, gestora de operações e empreendedorismo do Tecnopuc. 

Como contratar

O valor da análise é de R$ 248 e mais informações podem ser obtidas com o IPR, pelo WhatsApp (51) 98348-0174) e pelo e-e-mail [email protected]. O IPR é um dos dois laboratórios do Brasil a realizar esse tipo de análise. 

Sobre o IPR 

Localizado no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) desde a sua fundação, em 2014, o Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR), tem por objetivo fomentar, dar visibilidade e proporcionar um crescimento sustentado das ações da universidade em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de petróleo e derivados, recursos naturais, energia e meio ambiente. O Instituto possui acreditação internacional nas normas ISO/IEC17025 e ISO17034, cobrindo as atividades desenvolvidas em seus laboratórios, incluindo os ensaios realizados, amostragem e produção de materiais de referência certificados. 

Como elemento-chave do instituto, uma equipe multidisciplinar composta por professores, pesquisadores, auxiliares de laboratório, profissionais administrativos e alunos de graduação e pós-graduação da PUCRS desenvolve atividades de excelência, fazendo com que resultados de análises, produzidos com rigor e qualidade, sejam transformados em informações estratégicas e elementos de tomada de decisão para os parceiros do instituto. Acesse o site oficial do IPR. 

Sua estrutura no Parque compreende 5000 m² de área construída, com um prédio de sete andares (o 96), onde os quatro primeiros são destinados a laboratórios de alta complexidade e os três últimos a salas de pesquisadores e infraestrutura administrativa. O IPR inclui o Laboratório de Análises Químicas (LAQ), o Laboratório de Caracterização de Rochas (LCR), o Laboratório de Geoquímica e Petrofísica (LGP), o Laboratório de Isótopos e Geocronologia (LIG), Laboratório de Monitoramento Ambiental e Biotecnologia (LMA) e o Laboratório de Tecnologias de Baixo Carbono e Hidrogênio (LBC). 

Recentemente, o IPR passou a oferecer o Inventário de Gases de Efeito Estufa e foi finalista do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2023 em projeto com a Petrobras. 

Cristiano Aguzzoli é pesquisador associado do InsCer. / Foto: Paulo Nemitz

O médico neurologista e pesquisador-associado do Instituto do Cérebro da PUCRS, Cristiano S. Aguzzoli, recebeu financiamento de 250 mil dólares da organização internacional Alzheimer’s Association. O investimento será destinado para a condução de sua pesquisa Glial Reactivity Marker Predictive Value on Neuropsychiatric Symptoms in Alzheimer’s disease (Valor preditivo do marcador de reatividade glial em sintomas neuropsiquiátricos na doença de Alzheimer), que visa identificar marcadores inflamatórios no sangue capazes de prever sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com a doença neurodegenerativa de maior incidência no mundo. 

O projeto de pesquisa financiado é fruto dos resultados obtidos em recente estudo liderado por Cristiano e realizado na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. O estudo contou ainda com a supervisão do professor Dr. Tharick Ali Pascoal, e a participação de outros dois pesquisadores-associados do InsCer, o neurocientista Eduardo Zimmer e o neurologista Lucas Schilling.

“O estudo revelou que a neuroinflamação medida por neuroimagem contribui substancialmente para o desenvolvimento de sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com doença de Alzheimer. Agora, o projeto proposto que obtivemos financiamento se baseia nos resultados desse estudo anterior e busca investigar se marcadores sanguíneos de inflamação têm associação e podem predizer sintomas neuropsiquiátricos em um estudo longitudinal”, destaca Cristiano.

A proposta do projeto passou por um criterioso e competitivo processo de seleção pela organização internacional Alzheimer’s Association, maior associação de financiamento não governamental dedicada à pesquisa sobre a Doença de Alzheimer e Desordens Relacionadas (DADR). A organização é comprometida com o avanço e financiamento de pesquisas de alto impacto e altamente relevantes para o desenvolvimento de métodos, tratamentos e, por fim, a cura da Doença de Alzheimer. 

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O estudo conduzido por Cristiano é original no Brasil. No mundo, pesquisas prévias demonstraram a associação de proteínas beta-amilóide e Tau a sintomas neuropsiquiátricos, mas poucos centros investigam a associação desses sintomas à neuroinflamação nos pacientes com doença de Alzheimer.

“A conquista deste financiamento representa uma oportunidade única de trazer investimento exterior para a ciência brasileira e, desta forma, contribuir para aprimoramento de pesquisas conduzidas no nosso país e na América Latina”, reforça Cristiano. 

Segundo Heather M. Snyder, Ph.D., vice-presidente de Relações Médicas e Científicas da Associação de Alzheimer, um dos objetivos é promover a pesquisa de médicos de diversas origens e perspectivas em todo o mundo. “Como maior financiadora mundial sem fins lucrativos da ciência do Alzheimer e da demência, a Associação de Alzheimer tem orgulho de financiar cientistas clínicos. É uma necessidade importante em nossa área apoiar especialistas tanto em pesquisa quanto em atendimento ao paciente”, pontua Snyder. 

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Disciplina Empreendedorismo Digita é ofertada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, da Escola Politécnica. / Foto: Divulgação Tecnopuc

De que forma as pesquisas desenvolvidas nos programas de pós-graduação da PUCRS podem gerar mais impacto na sociedade?  Essa é a provocação central da disciplina Empreendedorismo Digital: Transformando Conhecimento em Desenvolvimento, ofertada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPGCC), da Escola Politécnica, mas que pode ser cursada por estudantes de todos os programas de pós-graduação da Universidade.     

Luiz Gustavo Leao Fernandes, diretor de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ) explica que acompanhando tendências dos cenários nacional e internacional, os cursos de mestrado e doutorado da PUCRS vêm cada vez mais apresentando oportunidades formativas que aproximem a pesquisa acadêmica da inovação e do empreendedorismo.

“Iniciativas como a disciplina de Empreendedorismo Digital do PPGCC são belas oportunidades de aproximação de diferentes áreas do conhecimento e lançamento de projetos interdisciplinares de empreendedorismo. Juntam-se a esta disciplina outras iniciativas, como o lançamento, em 2023, da possibilidade de os alunos de pós-graduação obterem créditos por atividades de inovação e empreendedorismo durante seus cursos e o Programa Hangar, que oferece a oportunidade para estudantes da pós-graduação stricto sensu aprenderem a transformar suas pesquisas em negócios”, destaca. 

Realizada ao longo de duas semanas durante o mês de janeiro, na modalidade intensiva, a edição de 2024 reuniu mestrandos e doutorandos de quatro programas: Ciência da Computação, Direito, Engenharia e Tecnologia de Materiais e Psicologia. Ministrada pelos professores Jorge Audy e Rafael Prikladnicki, superintendente de inovação e desenvolvimento e assessor da superintendência de inovação e desenvolvimento do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), respectivamente, a disciplina contou, ainda, com convidados para abordar tópicos específicos.     

Milene Selbach Silveira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação destaca que oferecer oportunidades de formação sobre inovação e empreendedorismo permite tanto estimular a criação de novos negócios, quanto fomentar atitudes inovadoras e empreendedoras no dia a dia de mestrandos/as e doutorandos/as.

“Além deste foco, que é o cerne da disciplina, as trocas possibilitadas entre estudantes de diferentes áreas do conhecimento são outro fator fundamental. Cada vez mais temos estudantes de outros cursos em nossas disciplinas, trazendo suas vivências sobre o assunto, o que tem proporcionado discussões riquíssimas em sala de aula e oportunidades de realização de trabalhos conjuntos incorporando estes diferentes saberes e perspectivas”, declara.   

Foto: Divulgação Tecnopuc

Longe de ser uma proposta isolada, a disciplina é exemplo das oportunidades que os estudantes da PUCRS têm de vivenciar uma trajetória de inovação e empreendedorismo na Universidade, bem como de transformar seu conhecimento em impacto social positivo. Dentro dessa perspectiva, estão o Track Startup, que integra as sete Escolas da Universidade, o Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS (Idear) e o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) com o objetivo de fortalecer o ecossistema de inovação.

A iniciativa envolve disciplinas nos diferentes cursos; eventos – como a Maratona de Inovação e o Tecnopuc Experience; programas, como o Startup Garage; e atendimentos individualizados pelas equipes do IDEAR e do Tecnopuc Startups. Na pós-graduação, destaca-se o Programa Hangar – direcionado a apoiar estudantes na transformação de seus projetos de pesquisa em negócios.      

Sobre as aulas 

Organizada em oito encontros e com carga horária total de 30 horas-aula, a disciplina Empreendedorismo Digital oferece uma imersão no ecossistema de inovação da Universidade. Mesclando aulas teóricas e práticas, os alunos aprendem sobre inovação e conhecem recursos para explorar suas pesquisas sob a ótica do empreendedorismo e do impacto.   

Na aula com a equipe do Tecnopuc Startups, por exemplo, o grupo aprendeu a montar um Lean Canvas – ferramenta de gerenciamento estratégico adaptada do Business Model Canvas para a realidade de startups, e a fazer um pitch – modelo objetivo e rápido de apresentação de negócios, projetos e ideias. Além da abordagem desses assuntos, realizada por Vinícius Becker e Pedro Lunelli, do Tecnopuc Startups, os estudantes tiveram um bate-papo com representantes de duas startups que integram o Tecnopuc: Débora Engelmann, da Whispers, e Julia Couto, da NoHarmAI. Em comum, ambos os negócios foram originados de pesquisas realizadas na Pós-Graduação.   

Também houve uma visita pelo Tecnopuc, guiada por Daniel Laguna, líder de prospecção, na qual o grupo pode conhecer mais a estrutura do Parque, bem como os programas nele desenvolvidos e as empresas integrantes do ecossistema – de startups a corporates. Já no último encontro, os alunos apresentaram seus projetos de pesquisa em um pitch de até cinco minutos, preparado a partir do Lean Canvas por eles preenchido. Uma banca composta por Pedro Lunelli, Gabriele Jeffman e Jéssica Rodrigues, do Tecnopuc Startups, avaliou as apresentações e destacou as conexões que os estudantes conseguiram fazer entre suas pesquisas científicas e a adaptação delas como propostas para o mercado.   

“Criamos essa disciplina após uma provocação e um convite do então coordenador do PPGCC, professor Luiz Gustavo – atual diretor de pós-graduação na PROPESQ. Desde então, sempre nos surpreendemos com a repercussão e o interesse genuíno dos alunos em conectar cada vez mais sua pesquisa com o impacto que ela pode gerar na sociedade. O fato de a cada ano aumentar o número de alunos de diversos programas de pós-graduação da Universidade que se matriculam demonstra o quanto esse tema é importante e necessário. E isso só aumenta a nossa responsabilidade de continuar discutindo inovação, desenvolvimento e impacto na sociedade em todos os níveis de ensino na PUCRS”, avalia Prikladnicki.   

Foto: Giordano Toldo

A avaliação feita pelo grupo de estudantes ao final das aulas vai ao encontro da fala do professor Rafael.

“A disciplina foi extremamente importante para mim, principalmente porque estou no primeiro semestre, ainda definindo o que pesquisarei. Entrei com muitas dúvidas e saio dela com muitas outras perguntas, mas são perguntas muito mais assertivas, que vão me direcionar para o lugar que quero ir. Isso já me ajudou muito. Fora a questão de toda essa mentalidade, desse ecossistema de inovação que a gente vivencia ao longo dessas duas semanas. Isso realmente é enriquecedor e motiva muito para criar coisas novas”, avalia Neverson Santos, que está no início do mestrado em Ciência da Computação.     

Gabriel Hamester, bacharel e mestre em Direito pela PUCRS e doutorando do segundo ano de Direito, compartilha da opinião do colega e destaca a possibilidade que a disciplina deu para os alunos testarem seus problemas de pesquisa de forma aplicável e de se relacionar com estudantes de outras áreas para criar soluções com base em suas descobertas acadêmicas: “Essa disciplina me trouxe certeza daquilo que quero pesquisar e, principalmente, aplicar. E o próprio Parque me dá a oportunidades de construir essa trilha e buscar efetivar esse problema. No meu caso, é um problema que envolve a sociedade e eu preciso buscar parceiros em outras áreas que vão contribuir”, enfatiza.   

Para além da disciplina   

Oferecida desde 2020, a disciplina já teve diferentes formatos: vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação e aberta a todos os pós-graduandos da PUCRS, bem como adaptada para necessidades específicas dos programas das escolas de Negócios, Direito e Medicina. Seus resultados têm sido observados para além dos créditos e desempenhos acadêmicos.   

Júnior César Alves, CEO e founder da Aidron, fez a disciplina enquanto estava no Mestrado em Ciência da Computação. Ele conta que já tinha começado a empreender, mas que as aulas abriram uma série de visões sobre como estruturar o modelo de negócios. Hoje, a startup do Júnior é integrante do Tecnopuc e vinculada ao NAVI – Hub de AI e Ciência de Dados liderado pelo Tecnopuc e pela Wisidea Ventures: “O principal diferencial é o networking que o Tecnopuc proporciona. São iniciativas de fomento nas startups, transcendendo de apenas um local onde me reúno com outros empreendedores. Fora as seções de mentoria que estão sempre dispostos a fazer”, declara o empreendedor.  

FAÇA MESTRADO OU DOUTORADO NA PUCRS

Jorge Audy faz oarte da nova diretoria da Associação Internacional dos Parques Científicos e Áreas de Inovação (Iasp). / Foto: Divulgação

O Brasil está representado pelo superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc e membro do Conselho Editorial da RBS, Jorge Audy, na nova diretoria da Associação Internacional dos Parques Científicos e Áreas de Inovação (Iasp), que se reuniu pela primeira vez entre 12 e 14 de fevereiro em Málaga, na Espanha, onde fica a sede mundial da Iasp. 

Na ocasião, o grupo, composto por especialistas de diversos países, discutiu a estratégia futura da associação e delineou o caminho a seguir neste ano. Além dos diretores-executivos, estiveram presentes os presidentes das seis divisões da Iasp: América Latina, América do Norte, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. 

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A associação planeja eventos regionais em Nairobi, Brasil, Canadá, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos em 2024, e o primeiro deles é no Tecnopuc, em Porto Alegre. Será a Conferência Iasp América Latina 2024, em março, que debaterá sobre o tema “Alianças para Inovação – Conectando a América Latina para Impacto” e será realizado pouco antes do South Summit Brasil. A importância desses encontros regionais é concentrar os membros nas questões mais relevantes em diferentes partes do mundo. 

Este ano, a associação também lançará a Pesquisa Global 2024 para identificar as últimas tendências e explorar dados sobre parques científicos, áreas de inovação, distritos de inovação e outros espaços de inovação. 

Diretoria Executiva da Iasp para os próximos três anos:

Presidente: Lena Miranda (Linköping Science Park, Suécia)
Diretora-geral: Ebba Lund (Dinamarca)
Vice-presidente: Salvatore Majorana (Kilometro Rosso, Itália)
Financeiro: Jorge Audy (Tecnopuc, Brasil) 

Sobre a Iasp

A associação lançará a Pesquisa Global 2024 para explorar dados sobre parques científicos, áreas de inovação, distritos de inovação e outros espaços de inovação. / Foto: Divulgação

A Iasp é a principal associação de espaços de inovação em todo o mundo. A sua missão é ser a rede global para parques científicos, distritos de inovação, áreas de inovação e outras comunidades de inovação, impulsionando o crescimento, a internacionalização e a eficácia dos seus membros. 

A associação coordena uma rede ativa de profissionais de inovação, apoiando a sua missão de promover o desenvolvimento econômico sustentável nas suas cidades e regiões. Também ajuda a melhorar as novas oportunidades de negócios para os membros e suas empresas, aumentando sua visibilidade e multiplicando suas conexões globais, além de representar parques e áreas de inovação em fóruns e instituições internacionais e auxiliar no desenvolvimento de novos STPs e AOIs. 

Sobre a Conferência Iasp no Tecnopuc  

Entre os dias 18 e 20 de março, representantes de parques científicos e tecnológicos e de áreas de inovação do mundo todo se encontrarão na capital gaúcha durante a Conferência Iasp América Latina 2024 (https://www.pucrs.br/iasp/). Com o tema “Aliança para Inovação – Conectando a América Latina para o Impacto”, a programação de três dias contempla painéis, day pass no South Summit Brazil 2024 e visitas técnicas a quatro ambientes de inovação do Rio Grande do Sul: Tecnopuc, Tecnosinos, Zenit e Instituto Caldeira.   

O encontro é organizado pela Iasp e pela Aliança para Inovação UFRGS, PUCRS e Unisinos, através de seus parques científicos e tecnológicos, com apoio da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul e do South Summit Brazil 2024. No evento, especialistas envolvidos na transformação de Porto Alegre e de outras cidades do mundo compartilharão experiências e desafios dos ecossistemas regionais, dividindo painéis com palestrantes de localidades diferentes para discutir como avançar na conexão da América Latina e gerar impacto local por meio da inovação. 

Sobre o Tecnopuc 

O Tecnopuc – Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – é um ecossistema de inovação global cuja missão é ajudar a transformar a sociedade por meio do conhecimento aplicado em negócios inovadores e de impacto ambiental, social e econômico, desenvolvendo e conectando talentos e organizações anywhere a partir da ciência e da tecnologia. 

A atuação do Tecnopuc se baseia em quatro áreas: indústria criativa, tecnologia da informação e comunicação, ciências da vida e energia e meio ambiente. Esse ecossistema abriga 250 organizações e 6,5 mil pessoas, conectadas a mais de 150 ambientes de inovação espalhados pelo mundo. Em 10 anos, a meta é desenvolver mil negócios inovadores nesse ambiente. 

Algumas das organizações globais expoentes ligadas ao Tecnopuc são Apple Developer Academy, HP, Huawei, KPMG, Marcopolo e Junior Achievement, enquanto as nacionais e startups incluem Globo, Sebrae UOL Edtech, 4all, Getnet, entre muitas outras. 

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O workshop aconteceu entre os dias 16 e 18 de janeiro. / Foto: Giordano Toldo

Com o objetivo de entender os usos e as implicações da inteligência artificial (IA) na pesquisa ciêntifica, a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPESQ) ofertou, nos dias 16, 17 e 18 de janeiro, o Workshop de Capacitação em Inteligência Artificial. O evento contou com a participação de mais de 100 pesquisadores de diferentes Escolas e áreas do conhecimento, contemplando a interdisciplinaridade das pesquisas desenvolvidas na PUCRS. Na cerimônia de abertura, o vice-reitor da Universidade, Ir. Manuir Mentges, ressaltou a importância latente das potencialidades de aprimoramento dos resultados encontrados na pesquisa por meio do uso da inteligência artificial.  

“A IA possui a capacidade de processar dados complexos, mas possui também uma perspectiva transformadora para aprimorar as práticas de pesquisa acadêmica. Ao explorar as vastas possibilidades que a inteligência artificial oferece, estamos abrindo as portas para um futuro onde a pesquisa pode ser mais ainda eficiente e impactar milhares de vidas, alinhadas com as demandas contemporâneas”, destaca.  

No primeiro dia, os pesquisadores participaram do módulo conceitual, com palestras sobre história, passado e futuro da IA, com os professores da Escola Politécnica e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, Lucas Silveira Kupssinsku e Rodrigo Barros. Ainda nesse mesmo dia, os membros do Centro de Pesquisa, Ensino e Inovação em Ciência de Dados, Carlos Falcão de Azevedo Gomes e Mauricio Magnaguagno, ministraram painel sobre boas práticas no uso de dados.  

O Grupo de Pesquisa em Teoria de Aprendizagem de Máquina e Aplicações foi o responsável por conduzir no segundo dia o módulo prático, interagindo com a inteligência artificial. Além disso, no último dia foram discutidos os dilemas éticos e legais. O professor da Escola de Humanidades e dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, Filosofia e Teologia, Nythamar Hilario Fernandes de Oliveira Junior, ressaltou as perspectivas morais e civilizatórias que se conectam com os diferentes conceitos e atravessamentos da realidade contemporânea na inteligência artificial. Já o professor da Escola de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito, Paulo Caliendo, destacou o processo de centralidade no ser humano que deve constituir os intermédios da formação regulatória da IA.  

Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Carlos Eduardo Lobo e Silva, é importante que a Universidade esteja sempre atenta no apoio aos seus pesquisadores.  

“O conhecimento que a própria universidade possui, especialmente naqueles temas mais transversais e próprios para as pesquisas multidisciplinares, deve ser disseminado entre pesquisadores de diferentes áreas. E a inteligência artificial talvez seja hoje o tema de disseminação mais urgente”.    

Além disso, o Pró-Reitor destaca ainda outras iniciativas da PROPESQ em apoio ao pesquisador: 

“Em 2023, promovemos workshops sobre temáticas mais específicas, como a utilização da ferramenta REDCap e, ainda, sobre estratégias para a elaboração de projetos de pesquisa para a captação de recursos financeiros. Cabe ressaltar que nossa comunidade científica sempre responde de forma muito positiva a essas iniciativas”.

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tendências de tecnologia

Para 2024, a expectativa é que a interação com a inteligência artificial não seja somente por texto, como já vemos com o ChatGPT. / Foto: Envato

As interações sociais são cada vez mais mediadas, incentivadas e criadas por meio de artifícios tecnológicos. Seja para a utilização de aplicativos bancários ou até mesmo na maneira como produzimos energia, a tecnologia se tornou um atributo primordial para o nosso dia a dia. Nesse contexto, pesquisadores e especialistas da PUCRS apontam quatro temáticas relacionadas à tecnologia que estarão em alta em 2024. Confira: 

Aprimoramento da Inteligência Artificial 

Em 2023, a inteligência artificial foi um grande eixo de debates sociais, sendo inclusive tópico de discussão na palestra de abertura do 24º Salão de Iniciação Científica da PUCRS. Todavia, no próximo ano as expectativas de avanço são ainda maiores. “2023 sem dúvida foi um ano extraordinário para a IA. Diversas ferramentas começaram a se difundir para o público, proporcionando significativos ganhos de produtividade”, afirma Lucas Silveira Kupssinskü, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. 

Para este ano, há a expectativa de que se desenvolvam e se popularizem ferramentas em que a interação com a inteligência artificial não seja somente por texto, como já vemos com o ChatGPT.  

“Devemos ter acesso mais difundido a modelos que permitam receber não apenas texto, mas uma combinação de entradas nas mais diversas modalidades, como texto, áudio, imagens e vídeo. Com maior acesso a informações para fornecer contexto, os modelos de IA devem se tornar ainda mais precisos e efetivos em suas respostas, possibilitando a resolução de uma variedade ainda maior de tarefas”, destaca Kupssinskü. 

Aplicações mais frequentes de impressão 3D 

A utilização de impressão 3D vem se tornando cada vez mais rotineira na sociedade contemporânea e as suas aplicações estão em diferentes espaços. Desde o desenvolvimento de produtos para uso recreativo, como brinquedos e decorações, até mesmo na prática hospitalar como conector, possibilitando que pacientes em tratamento com Covid-19 recebam maior fluxo de oxigênio, as utilizações para o próximo ano serão mais ainda difundidas.

“Atualmente, com o desenvolvimento de polímeros biocompatíveis, bioabsorvíveis, e até mesmo impregnados com fármacos para a liberação controlada no corpo humano, um novo horizonte de possibilidades se apresentou para a impressão 3D”, elenca Carlos Alexandre dos Santos, professor do Programa do Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais. 

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Impressora 3D situada na Agência Experimental de Projetos de Engenharia da PUCRS. / Foto: Giordano Toldo

Em 2024, as práticas com impressão 3D estarão ainda mais presentes em diferentes contextos, atuando de maneira interseccional e agrupando diversas práticas de ensino, pesquisa e impacto nas necessidades mais urgentes da sociedade.  

“Diante deste cenário, vislumbra-se uma nova revolução na área de impressão 3D, com aplicações cada vez mais frequentes em hospitais e centro cirúrgicos, aproximando tecnologia e medicina, ou melhor, aproximando engenheiros, químicos, físicos, médicos, dentistas, entre outros profissionais”, adiciona Santos.  

Maior segurança financeira e transparência 

A utilização do Blockchain nos processos financeiros já é algo habitual, como explica Fabiano Hessel, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. 

“Blockchain é um livro-razão distribuído, no qual todos os participantes estão no mesmo nível hierárquico e possuem uma cópia de todas as informações armazenadas no blockchain. As informações são armazenadas em blocos que contém um registro de tempo e data, onde cada bloco se conecta ao bloco anterior formando uma cadeia de blocos. Nela, as informações validadas na rede não podem ser alteradas, garantindo a imutabilidade dos dados, a transparência e a possibilidade de auditar o sistema a qualquer momento, sem a necessidade de uma entidade centralizadora ou coordenadora do processo, colocando as pessoas novamente no centro do processo”. 

Essa ferramenta é a tecnologia base para o desenvolvimento da Web3, uma nova fase da internet, mais descentralizada, livre e transparente com os usuários. “A Web3 representa um novo paradigma, que está transformando a internet em um ambiente cada vez mais focado no usuário, devolvendo às pessoas o poder sobre seus próprios dados, indo na contramão do cenário atual em que dados e plataformas ficam concentrados em grandes empresas”, aponta Hessel. 

Além do avanço da Web3, em 2024 as aplicações relacionadas a finanças descentralizadas continuarão a crescer, habilitando cada vez mais serviços financeiros sem a necessidade de intermediários.  

“Um número ainda maior de países irão explorar e desenvolver suas moedas digitais, a exemplo do DREX aqui no Brasil, fornecendo uma alternativa segura e eficiente ao dinheiro tradicional. A expansão do uso de NFTs e da tokenização de ativos do mundo real para além dos setores das artes e dos jogos, como os setores imobiliário e de propriedade intelectual, é outra tendência para 2024”, destaca o professor. 

Novas perspectivas para as energias renováveis 

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Em 2024, as aplicações relacionadas a finanças descentralizadas continuarão a crescer. / Foto: Envato

As energias renováveis estão passando por um momento crucial e estimulante, marcado por novas direções que apresentam desafios e possibilidades para a criatividade e avanço, agindo como respostas aos desafios climáticos. Odilon Pavón, coordenador do Curso de Engenharia de Energias Renováveis., aponta: 

“Os módulos fotovoltaicos bifaciais, que captam a radiação solar em ambos os lados, e os parques eólicos em alto-mar de grande escala são apenas a ponta do iceberg. Isso permitirá uma captura mais eficiente dos recursos renováveis, tornando as energias solar e eólica ainda mais viáveis e competitivas com as fontes de energia tradicionais”

Além disso, o cenário para a aplicabilidade também produção e armazenamento de hidrogênio verde alcançarão outro patamar. Adriano Moehlecke, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, relata que haverá avanços tecnológicos que irão melhorar significativamente a eficiência e reduzir o custo da produção de hidrogênio verde. Ele explica que estes desenvolvimentos são fundamentais, pois irão expandir a viabilidade deste energético em vários setores da sociedade, incluindo processos industriais e transportes.  

“Esta evolução marca um passo importante na diversificação das aplicações de energias renováveis e destaca o potencial do hidrogênio verde na transição mais ampla para sistemas energéticos sustentáveis”

Dentro das cidades, as mudanças também serão perceptíveis de maneira facilidade, com a ascensão dos carros elétricos. No Brasil, os últimos anos apresentaram um aumento expressivo da frota de carros elétricos, bem como a entrada de novas empresas internacionais no país. Todavia, outros empreendimentos também crescem em conjunto.  

“Além dos carros, diversos projetos vêm sendo desenvolvidos para veículos de maior porte, como ônibus e caminhões, tal qual na área de micromobilidade, que envolve bicicletas, motos e vans de entrega. Relacionado a este desenvolvimento, também surge a necessidade de infraestrutura de recarga, assim como novos modelos de negócio associados as estações de carregamento”, ressalta o professor da Escola Politécnica, Aquiles Rossoni. 

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Grupo irá pesquisar sobre o cenário atual de inovação na região. / Foto: Divulgação Tecnopuc

Antes de finalizar o ano, o Celeiro Agro Hub cumpriu mais uma missão. Representantes da PUCRS e do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) estiveram em Santa Rosa, município da região noroeste do Estado, para assinar o convênio que tem o objetivo de implantar na região uma extensão do Celeiro, hub de inovação no agronegócio do Tecnopuc. Na ocasião, Ir. Evilázio Teixeira, reitor da Universidade, falou sobre a PUCRS e o seu papel no desenvolvimento. Além do reitor, Jorge Audy, superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, Luis Villwock, coordenador do Celeiro Agro Hub, Osmar Terra, deputado federal, Anderson Mantei, prefeito de Santa Rosa, e outros representantes do município estavam presente no momento da assinatura de contrato.  

O projeto, que tem início em fevereiro de 2024, se estrutura em três fases que serão desenvolvidas pelo grupo de trabalho liderado por Luis Villwock, coordenador do Celeiro Agro Hub, em conjunto com representantes do laboratório de criatividade do Tecnopuc (Crialab). Em um primeiro momento, o grupo irá pesquisar sobre o cenário atual de inovação na região. Essa fase tem o objetivo de identificar temas, desafios e oportunidades relevantes na cidade. Depois, será o momento de estruturar o modelo do hub de inovação da região e, por último, engajar e fomentar o ecossistema de inovação e empreendedorismo local, mobilizando stakeholders e mantenedores locais. 

Para Villwock, implementar um hub de inovação no agronegócio mostra a potência do setor. “É uma alegria poder aqui relatar um dia histórico para a nossa universidade, com o nosso reitor e o superintendente do Tecnopuc. Ffomos assinar o nosso acordo de cooperação com a prefeitura de Santa Rosa para a instalação do Celeiro Agro Hub em Santa Rosa.

O projeto se estrutura em três fases que serão desenvolvidas pelo grupo de trabalho liderado por Luis Villwock. / Foto: Tecnopuc

É a primeira iniciativa de instalação física de expansão, é o que chamamos de Tecnopuc Anywhere, isso ocorre justamente no agro, um dos maiores negócios do nosso país. Impressionante a receptividade, mais de 150 pessoas entre empresários e autoridades locais nos receberam calorosamente para uma palestra do nosso reitor que apresentou toda a história e toda a intenção da nossa Universidade em poder contribuir com aquela região que tem, no agronegócio e na industrialização de máquinas de implementos, a grande força do nosso Estado. Temos muito trabalho pela frente e vai ser uma satisfação poder colaborar com a região em prol da inovação do agronegócio do Rio Grande do Sul e do nosso país”, completa Villwock.  

Anderson Mantei, prefeito de Santa Rosa, ressalta a importância da aproximação da cidade com o Tecnopuc. “É incalculável os benefícios que a aproximação da PUCRS com o município de Santa Rosa trará para a nossa sociedade. Teremos incontáveis benefícios, mas sobretudo o desenvolvimento em tecnologia, a fixação de talentos, como pesquisadores e cientistas na nossa região. Isso vai engrandecer as pesquisas do agro, a nossa vocação, e é o que buscamos: mais conhecimentos para estarmos na vanguarda do desenvolvimento do agronegócio brasileiro”, afirma o prefeito.  

A parceria entre Tecnopuc e a prefeitura de Santa Rosa está alinhada ao novo posicionamento do Parque, o Tecnopuc Anywhere, que tem o propósito de expandir a atuação do Tecnopuc e conectar diferentes atores independentemente do lugar onde atuam.    

Sobre o Celeiro Agro Hub  

O hub tem o propósito de conectar produtores, fornecedores, cooperativas, startups, pesquisadores e investidores no setor do agronegócio, gerando oportunidades e conexões para diferentes atores da área e apoiando o crescimento do agronegócio no Brasil. Confira o relatório executivo 2023 do Celeiro Agro Hub acessando o link.  

Jorge Audy é o representante da PUCRS, COMUNG e da comunidade acadêmica nacional no Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. / Foto: Giordano Toldo

Em nenhum outro tempo na história das nações a Educação e a Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) foram tão importantes para as sociedades, atuando como fatores determinantes do desenvolvimento social, ambiental e econômico. Soberania nacional na contemporaneidade envolve o domínio do ciclo científico e tecnológico bem como sua aplicação nas empresas e na sociedade por meio da inovação. Assim a UNESCO entende o papel da Educação Superior no século XXI. 

Desde o mês de outubro ocorrem diversos encontros regionais preparatórios para a V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (V CNCTI), lançada pela Presidência da República e sob responsabilidade do Ministério de Ciência e Tecnologia (criado como resultado da I CNCTI em 1985). O tema será a Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido, tendo como objetivo propor ações e recomendações para o Plano Decenal de Ação de CT&I 2025-2035. A Conferência é uma oportunidade única e necessária para aprofundar as questões relativas às áreas de CT&I e buscar os consensos possíveis entre os diversos níveis de governo, as empresas, as universidades e a sociedade civil organizada sobre a importância da inovação para nosso país concretizar seu futuro de protagonista no cenário social, ambiental e econômico mundial. 

Entre as temáticas centrais da Conferência estão as questões referentes aos eixos estruturantes que norteiam a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI 2024-2030):  recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, ao desenvolvimento social e ambiental, a inovação nas empresas e a priorização dos programas e projetos estratégicos nacionais. Quais serão nossos focos no futuro, seja nas áreas tecnológicas (Inteligência Artificial, Terapias Avançadas, Semicondutores…), seja nas áreas de aplicação (Saúde, Educação, Alimentação, Indústria, …)? A participação de representantes dos diversos segmentos da sociedade é da máxima importância em função da necessidade da geração de consensos, não só sobre a importância da CT&I para o futuro do país como uma nação autônoma e soberana, mas também as formas e modelos de financiamento e investimento nesta área, tanto nos setores públicos como privados. 

A Conferência foi lançada pelo Presidente da República quando da instalação do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCT/PR) da Presidência da República em julho deste ano. As reuniões preparatórias começam a ocorrer em novembro deste ano nas diversas regiões do país, seguidas pelas reuniões estaduais e regionais sob responsabilidade do CONFAP (Confederação das Fundações de Apoio à Pesquisa) e do CONSECTI (Confederação das Secretarias de Ciência, Tecnologia e Inovação). Em junho de 2024 a V CNCTI ocorrerá em Brasília, tendo como Secretário Geral o Prof. Sérgio Rezende, ex Ministro de CT&I do Brasil.    

As grandes soluções para os graves problemas e desafios que vivemos estão na CT&I. Somente para usar um exemplo recente, a crise sanitária que vivemos mostrou isso com clareza. A identificação destes problemas e desafios nacionais futuros permitirão a priorização de projetos científicos transdisciplinares nacionais de longo alcance, que induza projetos em rede, interligando pesquisadores e centros de investigação nacionais e internacionais. Análise de cenários e planejamento são ferramentas fundamentais para a identificação dos consensos mínimos para a construção de um futuro melhor para nossa nação, conectando finalmente os planos de desenvolvimento nacional com a CT&I..   

Em tempos onde temas como a paz e as mudanças climáticas dominam os acontecimentos, emerge cada vez a educação e a CT&I como fatores centrais, talvez únicos, que possam nos ajudar a superar os desafios, disseminando uma cultura de respeito à valores globais necessários, como os direitos humanos, a justiça, a paz, sustentabilidade ambiental, o respeito à diversidade e a redução às desigualdades. 

Neste contexto, a V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação deverá perseguir uma agenda focada na busca dos consensos mínimos necessários para a proposição de políticas e diretrizes que mostrem o caminho para a inserção do Brasil entre os grandes países do mundo, tendo a educação e CT&I como os pilares do processo de desenvolvimento social, ambiental e econômico no próximo decênio. Estaremos prontos para gerar entre consensos?   

Jorge Audy
Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc; Membro do CCT/PR

*Texto originalmente publicado em GZH