Impacto Social

Associação de Pedagogia de Emergência do Brasil oferece auxílio a crianças abrigadas na PUCRS 

quinta-feira, 06 de junho | 2024

Objetivo foi realizar atividades para redução do trauma causado pelas enchentes no RS 

Além do auxílio às crianças, a Associação da Pedagogia de Emergência também realizou três workshops gratuitos. / Foto: Giordano Toldo

Na última semana, a Associação de Pedagogia de Emergência do Brasil esteve no Parque Esportivo da PUCRS para realizar atividades com as crianças abrigadas no local. Cerca de 15 profissionais dedicaram seus dias para atender, acolher e conversar com meninos e meninas que, desde o dia 4 de maio, enfrentam um evento traumático. 

“Tudo que eles estão vivendo agora, relacionado à desorganização e desestabilização, é algo normal. Diante de uma situação de ameaça, o normal é fugir e enfrentar ou paralisar. Nós sabemos que as enchentes que destruíram cidades, bairros e casas são uma catástrofe absurda, um evento gigantesco que afetou um estado. Se isso desestabiliza os adultos, as crianças são ainda mais impactadas. Elas estão sem escola, sem casa, sem cama, sem os brinquedos”, relata William Boudakian, presidente da Associação de Pedagogia de Emergência do Brasil. 

A Pedagogia de Emergência existe para ajudar a organizar esses espaços, a criar oportunidades de acolhimento, de escuta e de expressão. Por isso, nos atendimentos, as crianças participam de jogos, brincadeiras, trabalhos manuais, atividades de ritmos, música, dança e rodas de conversa. 

As atividades são separadas por idades. Na primeira infância, o foco é a estabilização, levando calma, tranquilidade, lucidez, acolhimento e colo. Já para as crianças acima de seis anos, a Associação desenvolve atividades pedagógicas. “Nós usamos muito as manualidades. É no trabalho com fios que, muitas vezes, eles ficam no repouso mental concentrado, dando um respiro”, destaca. 

O grupo já trabalhou também nas enchentes que atingiram o Vale do Taquari, no RS, em 2023, e na tragédia de Brumadinho com as famílias que foram vítimas do desmoronamento da barragem. “Nós sabemos como essas catástrofes ficam impregnadas na gente. Por isso, o brincar, a ludicidade e a arte geram a possibilidade de nos reencontrarmos com nós mesmos”. 

Além do auxílio às crianças, a Associação da Pedagogia de Emergência também realizou três workshops gratuitos, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da PUCRS, Secretaria Estadual da Saúde, Secretaria Estadual do Desenvolvimento Social e a Secretaria Estadual da Educação, para apoiar voluntários e profissionais que estão na linha de frente da tragédia no Rio Grande do Sul. “A presença dessa equipe no abrigo da PUCRS nos ajudou a ver uma outra forma de atendimento, de lidar com as crianças e de acalmar. Nós trabalhamos de forma emergencial mesmo, mas eles nos mostraram que podemos atuar de uma forma mais tranquila, acolhendo e sendo o apoio para as crianças se expressarem”, explica Bettina Steren, coordenadora do PPGEdu Educação da Escola de Humanidades da PUCRS, que esteve à frente, junto com a coordenadora do Laboratório das Infâncias (LabInf), Andreia Mendes dos Santos, das atividades com as meninas e meninos no abrigo. 

“A gente entende que, nesse momento, as crianças precisam de primeiros-socorros para a alma, para se reintegrarem e atravessarem esse momento. A nossa intenção é que outros educadores e voluntários possam acompanhar o trabalho e consigam olhar para cada um deles em suas necessidades. Se as crianças já têm feridas, já têm machucados, a enchente foi mais um”, finaliza William. 

Fotos: Giordano Toldo

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