Ir. Manuir Mentges, vice-reitor da PUCRS
O Rio Grande do Sul, berço de riquezas naturais e culturalmente diversificado, é vitimado por uma tragédia sem precedentes. A maior catástrofe climática registrada na história do estado não apenas deixa uma marca indelével em mais de 300 municípios, com mais de uma centena de mortos e milhares de desabrigados, como também nos instiga a refletir sobre as consequências devastadoras do aquecimento global e nossas ações de prevenção e políticas públicas para enfrentar o tema.
Enquanto os escombros ainda estão sendo removidos e as famílias tentam reconstruir suas vidas, é imperativo que olhemos para além das margens inundadas dos rios e encontremos soluções duradouras para evitar que tragédias como esta se repitam no futuro. O título deste artigo, “A Última Catástrofe Climática”, não é apenas uma expressão de esperança, mas um chamado à ação. É um lembrete de que, se nos unirmos como sociedade e investirmos em infraestrutura resiliente, podemos mudar o curso desta história. Não podemos nos dar ao luxo de sermos complacentes diante das mudanças climáticas e seus impactos cada vez mais devastadores.
Precisamos de um plano abrangente que inclua medidas de prevenção, como o manejo sustentável dos recursos hídricos, além da melhoria da infraestrutura de drenagem e a realocação de comunidades em áreas de risco. É fundamental que promovamos a conscientização sobre a urgência do problema e incentivemos práticas sustentáveis em todos os setores da sociedade. A última catástrofe não pode ser apenas um capítulo trágico na história do Rio Grande do Sul, mas um ponto de virada.
Devemos transformar essa tragédia em um catalisador para a mudança, adotando medidas concretas e urgentes para proteger nosso estado e nosso planeta para as gerações futuras. Juntos, podemos fazer da última catástrofe climática uma lembrança triste do passado, não um presságio do futuro. Podemos, no futuro, ter outras enchentes, mas elas não precisam ceifar tantas vidas e desalojar tantas pessoas. Podemos ter enchentes, mas não precisam se transformar em catástrofes. Que as políticas públicas, sob a perspectiva de planejamento, execução e monitoramento constantes, assegurem um plano de ação efetivo para enfrentarmos o problema, de modo que as futuras gerações, dentro de algumas décadas, possam dizer: “Eles fizeram o dever de casa, e por isso a última catástrofe climática no RS foi no final de abril e maio de 2024.”