Mostra permanece na Escola de Comunicação da PUCRS até 4 de junho
Foto por: Julia Lins | Co.lab Famecos
A Escola de Comunicação, Artes e Design — Famecos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), recebe a exposição ‘De Modelo a Toda Terra’. A mostra, que ocorre entre os dias 26 de maio e 4 de junho, reúne expressões artísticas e reflexões sobre o impacto das inundações que atingiram o estado em maio de 2024. Com curadoria do jornalista João Pedro Villela, a exposição propõe um espaço de memória coletiva, sensibilidade e reconstrução por meio da arte.
A mostra conta com obras de diversos artistas, além de contribuições da comunidade acadêmica, como fotografias da estudante Brenda Andrade e do fotojornalista Mateus Bruxel.
Para o curador João Pedro Villela, o principal objetivo é que a sociedade compreenda a importância de também fazer a sua parte, cuidando do meio ambiente e tomando consciência. “A arte sempre ocupou um papel político e social fundamental na denúncia e na busca por melhorias para a sociedade”, destaca.
Em entrevista aos estudantes do Laboratório de Jornalismo da Famecos (LabJ), o governador do RS, Eduardo Leite, afirmou que oportunidades como essa exposição são inesquecíveis, pois a arte, de alguma forma, traz lembranças e provoca reflexão. “Isso não deve servir apenas para cobrar o poder público — que, sim, deve ser cobrado e demandado por suas ações —, mas também para refletirmos sobre as atitudes da sociedade como um todo, pois todos temos responsabilidade, a retomada do RS é feita por todos nós.”
A Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, da PUCRS, firmou dois importantes Termos de Cooperação que buscam ampliar as oportunidades de formação, inovação e desenvolvimento.
Um dos acordos foi assinado com a Escola da Energia, iniciativa que busca repensar a educação e a comunicação no setor energético. O projeto tem como proposta aproximar pessoas, compartilhar saberes e fomentar o conhecimento de maneira plural, diversa e inclusiva.
O segundo convênio une a Famecos ao ProHub — considerado o maior hub de videocasts do Brasil — e ao Tecnopuc, parque científico e tecnológico da PUCRS. A parceria prevê ações conjuntas que envolvem formação, produção de conteúdo e desenvolvimento profissional, além de fortalecer a divulgação dos projetos e iniciativas das instituições envolvidas.
As parcerias reforçam o compromisso da Famecos com uma formação alinhada às transformações do mercado e às demandas da sociedade, integrando conhecimento acadêmico, práticas inovadoras e conexões com diferentes setores.
Encontro com pesquisadores ocorreu nesta quinta-feira (22/5), durante o Congresso Abrapcorp, na PUCRS, em Porto Alegre
Foto por: Sofia Villela | Aluna da Famecos
Professores e pesquisadores da área de comunicação de risco e crise se reuniram para um debate durante o XIX Congresso da Associação Brasileira de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp). Participaram do encontro a professora Dra. Rosângela Florczak (RCCom – PUCRS), a Dra. Ana Karin Nunes (RCCom – UFRGS), o Dr. Jones Machado (OBCC – UFSM) e a Dra. Andréia Athaydes (OBCC – UFSM). O fotojornalista Mateus Bruxel também esteve presente, apresentando sua exposição sobre as inundações em Porto Alegre.
Antes de iniciar o debate sobre os grupos, o fotojornalista Mateus Bruxel destacou a necessidade de abordar as mudanças climáticas. Ele mencionou que reviver uma fotografia é reviver memórias, relatando que reencontrou emoções angustiantes e dolorosas, difíceis de não serem compartilhadas por quem vive no Rio Grande do Sul.
Representando o Grupo Risco, Crise e Comunicação (RCCom), a professora Dra. Ana Karin Nunes mencionou que há uma importante trajetória de construção de conhecimento na relação entre a comunicação, a gestão de riscos e a gestão de crises. Ela chamou a atenção para a necessidade de uma reorganização climática — na qual, ao ocuparmos mais espaços, especialmente de forma interdisciplinar, temos maior capacidade de consolidar conhecimentos. Segundo a professora, esse é o grande desafio: ocupar o espaço que pertence à comunicação social como ciência, ressaltando que as mudanças climáticas não são passageiras.
Ao apresentar o RCCom, destacou que o grupo iniciou em 2020 como um projeto de pesquisa conjunto entre a PUCRS e a UFRGS, evoluindo para um grupo de pesquisa certificado pelo CNPq em 2023. É formado por profissionais do mercado, professores e pesquisadores, com o objetivo de sistematizar as práticas dominantes de gestão de risco e gestão de crise no contexto brasileiro e mundial.
O professor Dr. Jones Machado (UFSM), representando o Observatório Brasileiro de Comunicação de Crises (OBCC), destacou, de forma esperançosa, que acredita que este tema não será apenas um modismo. Ao mencionar o crescimento de cursos na área, em diferentes dimensões, bem como o aumento de trabalhos e pesquisas, reforçou que a produção de conhecimento está se ampliando e, diante do contexto atual, essa será uma pauta que continuará em evidência por muito tempo.
Também destacou, em parceria com a professora Andréia Athaydes (UFSM) que o OBCC surgiu em 2023, com a proposta de monitorar e analisar situações críticas, fomentar a criação e o fortalecimento da cultura de prevenção e gestão, inspirar práticas comunicacionais nas organizações e servir como recurso de apoio didático nas universidades.
Outro grupo destacado foi o CuidarCom, apresentado pela professora Dra. Rosangela Florczak e desenvolvido sob duas dimensões: o grupo de pesquisa do CNPq “Crise, Comunicação e Cuidado” e o Projeto Proext-PG 2024-2025, intitulado “Comunicação para a cultura do cuidado – estratégias para enfrentamento de desastres em comunidades vulneráveis de Porto Alegre”. Formado por pesquisadores e professores da PUCRS, o CuidarCom atua em diferentes áreas do conhecimento, tendo como fundamento a ética do cuidado.
Projetos selecionados se apresentarão no Campus da PUCRS e participarão de ações de divulgação e formação artística.
O Ressoa Música, iniciativa do Hub da Indústria Criativa, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS, em parceria com o Instituto de Cultura da PUCRS, está com edital aberto para a seleção de artistas, bandas e grupos musicais da Região Metropolitana de Porto Alegre. A terceira edição do projeto contempla o segundo semestre de 2025, e as inscrições podem ser realizadas até o dia 16 de junho.
O projeto busca a valorização da cena musical local, que integra arte, formação e divulgação em um ambiente universitário criativo e colaborativo. Em suas edições anteriores, o projeto reuniu talentos diversos e ampliou a visibilidade de artistas independentes.
É uma oportunidade para artistas se conectarem com novos públicos, ampliarem sua presença digital e integrarem uma rede criativa dentro da PUCRS. Serão escolhidos quatro projetos musicais, que irão se apresentar no saguão da Famecos, no Campus da PUCRS, em datas já definidas:
📍 27 de agosto, às 18h30
📍 24 de setembro, às 11h30
📍 22 de outubro, às 18h30
📍 12 de novembro, às 11h30
O resultado da seleção será divulgado até o dia 02 de julho de 2025, por meio dos canais digitais da PUCRS Cultura e da Famecos.
🔗 Acesse o edital e inscreva-se: Clique aqui
O que o Ressoa oferece aos artistas selecionados:
Além da apresentação ao vivo, o Ressoa Música promove uma série de ações que fortalecem a presença e o alcance dos artistas participantes:
📌 Inscrições até 16 de junho
📌 Apresentações entre agosto e novembro
📌 Mais informações em: www.pucrs.br/cultura
Debate foi organizado pelo Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp)
A programação do XIX Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp) contou com uma mesa de debate promovida pelo Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp), intitulada “Relações Públicas e Crises Sociais: experiências e soluções de comunicação”. A atividade reuniu a Dra. Ilana Trombka, diretora-geral do Senado Federal; o Dr. Jones Machado (UFSM/RS); e Érika Pessoa, conselheira do Conferp.
Ilana Trombka destacou cinco crises marcantes em sua trajetória profissional:
Érika Pessoa abordou o papel do RP Intelligence na neutralização de ameaças reputacionais, destacando que “a crise não destrói a reputação; ela revela como você lidou com o invisível”. Ela enfatizou as crises como oportunidades de evolução, citando o caso da Boate Kiss e as transformações decorrentes dessa tragédia.
Segundo Érika, “as crises nos ajudam na transformação; não devemos ter medo delas, pois são inevitáveis — o despreparo, não”. Ela ressaltou a importância de, mais do que apenas “apagar incêndios”, saber ler os sinais antes da fumaça. Para isso, defendeu o uso da análise de dados para prever cenários, a adoção de uma cultura preventiva como vantagem competitiva e a agilidade na tomada de decisões mais seguras.
A gestão da comunicação no contexto da Sociedade de Risco foi a temática abordada pelo professor Dr. Jones Machado (UFSM), coordenador do Observatório Brasileiro de Comunicação de Crises (OBCC). O professor destacou que o diagnóstico feito pelo sociólogo alemão Ulrich Beck há poucas décadas representa o retrato da sociedade atual. No entanto, a concepção de Sociedade de Risco é muito mais complexa, não se tratando apenas de um diagnóstico apocalíptico.
Ele caracterizou a Sociedade de Risco como um estado de desconfiança, um contexto de incertezas, de riscos reais e potenciais, de estado de alerta permanente, de conjuntura de policrises, de cenário de mudanças, de situação de permacrise e de estado de crise.
A mesa foi composta pelo Dr. Fernando Schuler (Insper), pela Dra. Eloisa Beling Loose (UFRGS) e pelo Dr. Francisco Eliseu Aquino (UFRGS), com mediação do Dr. Juremir Machado da Silva (PUCRS)
“Onde estávamos no dia 20 de maio de 2024?” Foi com essa inquietação que a presidente da Associação Brasileira de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp), professora Drª. Cleusa Strofernecker, iniciou a abertura do XIX Congresso da associação, nesta terça-feira (20/5). Ao trazer uma reflexão sobre as inundações ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, Strofernecker destacou que, nesse contexto, o que mais se evidenciou foi o amor pelo outro, acrescentando: “Que bom seria se não precisássemos de tragédias para fazer emergir o amor e o afeto.”
Nesse contexto, a decana da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, da PUCRS, professora Drª. Rosângela Florczak, lembrou que, no Brasil, a comunicação de risco ainda soa como novidade, impulsionada por acontecimentos danosos ao meio ambiente e às pessoas. Ela propôs o diálogo em espaços coletivos, como este congresso, para que o lugar da comunicação e as pesquisas contribuam para uma sociedade em profunda metamorfose, diante dos contextos sociais e ambientais que nos cercam. Destacou também a necessidade de assumirmos responsabilidade como pesquisadores, lutando para que as práticas de comunicação sejam efetivas na transformação das sociedades: “Trata-se de um frágil lugar, o de compreender a comunicação em nosso tempo, buscando caminhos possíveis e viáveis para alcançar esses espaços e fortalecer as práticas.”
Após o momento de abertura, realizou-se a mesa de debate composta pelo Dr. Fernando Schuler (Insper), pela Dra. Eloisa Beling Loose (UFRGS) e pelo Dr. Francisco Eliseu Aquino (UFRGS), com mediação do Dr. Juremir Machado da Silva (PUCRS).
O climatologista da UFRGS, professor Dr. Francisco Eliseu Aquino, destacou que os desastres socioclimáticos impactam toda a humanidade, o ambiente atmosférico e as massas de ar responsáveis por gerar eventos extremos, apontando os desafios que a humanidade enfrentará nas próximas décadas. Ressaltou, ainda, que a natureza oferece o melhor caminho para enfrentar a crise climática e que a comunicação sobre mudanças climáticas deve educar, informar, alertar, persuadir, mobilizar e contribuir para a resolução desse problema crítico.
A professora e pesquisadora Dra. Eloisa Beling Loose (UFRGS) destacou que a comunicação de risco surgiu no início dos anos 1980 como resposta à necessidade de diálogo entre governo, indústria e público, devido à disparidade existente entre os riscos reais e os percebidos. Ressaltou, ainda, que o desafio da comunicação de risco envolve a construção de estratégias para comunicar adequadamente dados científicos, considerando os elementos da percepção pública. Entre os fatores que atravessam a comunicação de riscos, a pesquisadora destaca: mensagens inconsistentes, excessivamente complexas, confusas ou incompletas; reportagens seletivas pela mídia; fatores psicológicos e sociais que afetam o processamento das informações; e a participação — ou a falta dela — da sociedade nas políticas de saúde pública, meio ambiente e governança climática.
O Dr. Fernando Schuler, professor do Insper, em São Paulo, destacou os desafios da comunicação, especialmente no que diz respeito a transmitir informações às pessoas. Trouxe reflexões a partir do limite da empatia humana, ressaltando que, quanto mais distante o objeto estiver dos nossos afetos e emoções, menor será a nossa empatia. Nesse sentido, citou exemplos como o terremoto na China, caracterizando a distância geográfica. Mencionou, ainda, a perspectiva da irrelevância na esfera pública, exemplificando que, quanto mais incerto o evento e o risco, menor é a probabilidade de engajamento.
Teresa Ruão, pesquisadora da Universidade do Minho, palestrou durante o Colóquio do XIX Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e de Relações Públicas
A missão das universidades sob a perspectiva da comunicação foi tema da palestra “Comunicar – a 4ª missão das universidades? Uma missão de responsabilidade, envolvimento e participação”, conduzida pela professora Dra. Teresa Ruão, da Universidade do Minho (Portugal). A atividade contou também com a participação dos professores Dr. Daniel Reis (UFMG), Dra. Ivone de Oliveira (PUC Minas), Dra. Margarida Kunsch (ECA/USP), Dra. Cláudia Peixoto de Moura (Intercom/Alcar/Conferp), Dra. Fábia Lima (UFMG), Dr. Luiz Alberto Farias (ECA/USP) e Dr. Adriano Sampaio (UFBA). A mediação foi realizada pela Dra. Isaura Mourão Generoso (UFV).
Segundo Ruão, a internet alterou profundamente os interesses públicos, fazendo com que a maioria das instituições de ensino não alcançasse um impacto comunicacional compatível com o de empresas, celebridades e influenciadores. Diante disso, a autora propõe uma reflexão sobre como as universidades podem competir com todo o ruído presente nas sociedades contemporâneas, ressaltando a importância de reconhecer a comunicação como uma quarta missão comunicacional dessas instituições.
Ruão considera que esse foco na comunicação é fundamental para melhorar a percepção social do papel das instituições de ensino superior como atores-chave para um futuro democrático e sustentável no atual cenário geopolítico. Ela sugere que, além de manterem um posicionamento tradicional por meio de canais de divulgação, as universidades também devem adotar uma postura afirmativa, como um pilar estratégico sustentado por razões éticas e políticas. Essa atuação deve visar a defesa da verdade científica e dos valores democráticos, constituindo-se como um contraponto ao populismo e à anti-intelectualidade.
Ao descrever as características dessa comunicação, o autor destaca aspectos como a proatividade — não se limitando a respostas reativas em momentos de crise —, a transparência, com prestação de contas, informação e formação, e o alinhamento estratégico com a visão e os objetivos institucionais. Como recomendações práticas, menciona o empoderamento dos departamentos de comunicação estratégica e a oferta de formação em comunicação científica e institucional para todos os níveis da universidade.
A mesa, composta por professores da área, trouxe reflexões que podem fortalecer práticas comunicacionais mais consistentes nas universidades, destacando a importância da integração entre ensino, pesquisa e extensão, o incentivo a projetos extensionistas e uma formação teórica ampla e crítica. Discutiu-se a necessidade de uma comunicação atenta às exigências da sociedade contemporânea, marcada por um contexto capitalista que tem inserido as universidades em uma lógica produtivista. Nesse cenário, ressaltou-se a urgência de uma reorientação ética e crítica da comunicação no ambiente acadêmico.
A atividade integrou o XIX pré-congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp)
O pré-congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp) teve início nesta segunda-feira (19/5), na Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A primeira atividade do encontro foi um colóquio que abordou as articulações entre ensino, pesquisa e extensão nos campos em pauta.
A abertura foi realizada pela presidente da Abrapcorp, professora Cleusa Scroferneker, que expressou a alegria de sediar o congresso deste ano em Porto Alegre, especialmente um ano após as inundações que atingiram a cidade. Ela ressaltou que o tema do evento dialoga diretamente com esse contexto, ao tratar da comunicação na e para a sociedade de risco. Nesse mesmo contexto, a decana da Famecos, professora Rosângela Florczak, destacou a necessidade de reflexão diante da comunicação de risco, demonstrando como a comunicação, em tempos de metamorfose, vai conciliando sentidos e estabelecendo vínculos com a vida das pessoas. “É esse lugar que precisamos impactar”, destacou.
Sobre ensino, pesquisa e extensão, a Pró-Reitora de Graduação e Educação Continuada da PUCRS, professora Adriana Kampff, destacou que a conexão entre esses três pilares diz respeito à dimensão da aplicabilidade, das inquietações e dos problemas — aquilo que realmente move as pessoas. Ressaltou a importância de cocriar soluções inovadoras, observando que, quando tudo está conectado, o fluxo acontece de forma mais natural e eficiente. Ao falar sobre a extensão, mencionou que ela consiste em olhar para as comunidades sob diferentes perspectivas, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade e para a formação de estudantes comprometidos com a transformação do mundo — com engajamento cidadão. “Trata-se de construir um ecossistema de oportunidades formativas, repensando nossos currículos em diálogo com a pesquisa.”
Após a abertura, teve início a mesa “Competências profissionais em contextos de risco: experiências e desafios docentes”, composta pelos seguintes participantes: doutora Daiane Scheid (UFSM), doutor Márcio Simeone (UFMG), doutor João José Curvello (UnB/DF), doutor Ricardo Freitas (UERJ/RJ), doutor Rennan Mafra (UFV/MG) e doutor Rudimar Baldissera (UFRGS), com mediação da doutora Maria Aparecida Ferrari (USP/SP).
Sobre competências profissionais na sociedade de risco, a professora Daiane Scheid, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), discutiu a transformação dos profissionais, suas expectativas, desafios e experiências. Entre as características essenciais, ressaltou a importância de habilidades técnicas e tecnológicas, capacidade analítica, tomada de decisão, pensamento crítico e uma visão humanista. Também destacou demandas de incentivo nesse contexto, como tornar atrativas as atividades que estimulam a reflexão e a análise; aproximar os conteúdos da formação da realidade prática; evitar o sentimento de desconexão entre a formação acadêmica e o mundo do trabalho; e promover a reflexão, junto aos estudantes, sobre a relação entre universidade e sociedade.
Sobre o conceito de risco, o professor João José Curvello, da Universidade de São Paulo (USP), destacou que o termo está relacionado à forma como as organizações, enquanto sistemas sociais, produzem sentido diante da complexidade e da incerteza do ambiente. Diferentemente de uma noção de perigo ou acaso, o risco, segundo o professor, é uma categoria de observação e atribuição de responsabilidade por possíveis consequências futuras de decisões tomadas no presente. Ele também enfatizou a importância de ensinar os estudantes a tomar decisões mais conscientes e a evitar riscos, por meio de uma aprendizagem baseada em problemas e dilemas éticos, estudos de casos reais com desfechos incertos, desenvolvimento da consciência sobre a contingência e reflexão sobre a atribuição de responsabilidade.
O professor Renan Mafra, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), refletiu sobre os desafios e riscos enfrentados no campo da comunicação organizacional e das relações públicas, com destaque para a sobrecarga emocional dos profissionais e a intensificação de pressões por controle, que têm gerado hipersensibilidade. Segundo ele, observa-se uma perda de referência do espaço universitário, influenciada pelas novas dinâmicas do capital, e a proliferação de cursos voltados à solução de problemas que, muitas vezes, oferecem respostas vazias. Ele aponta ainda um risco severo, observado entre os anos 2000 e 2020, relacionado à diluição da formação superior na área, marcada por abalos significativos. Destacou que estudantes frequentemente manejam ferramentas tecnológicas com mais desenvoltura do que docentes, assumindo precocemente funções no campo profissional, o que contribui para uma queda na autoridade docente, seja por razões técnicas, seja por questionamentos éticos, estéticos, políticos e existenciais. Para Mafra, a construção do conhecimento demanda, cada vez mais, o manejo da diferença e a interação como eixo formativo central.
O professor Márcio Simeone, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou que, diante dos riscos que ameaçam a imagem e a reputação das organizações, é necessário repensar o processo formativo e as competências profissionais. Para ele, é importante desenvolver habilidades específicas por meio de uma didática que vá além da teoria, incluindo atividades de imersão na sociedade, como as propostas pela extensão universitária. Simeone chamou atenção para a tendência de individualização da responsabilidade em contextos de risco, o que exige, por outro lado, a promoção de processos colaborativos com determinados públicos, considerando essa como uma habilidade essencial. Alertou também para os riscos que afetam a própria existência das organizações, observando que a busca pela reputação a qualquer custo pode ignorar os processos relacionais. A imposição de discursos e a inflação do prestígio institucional, segundo o professor, resultam frequentemente em conteúdos pouco fundamentados na realidade, contribuindo para a perda da confiança pública.
O professor Ricardo Freitas, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), abordou as relações públicas a partir da cidade como estratégia de ensino, refletindo sobre os riscos construídos socialmente. Utilizou exemplos como seguros de vida e de carro para ilustrar como esses riscos são incorporados ao cotidiano como parte de uma engrenagem na qual o capital assume papel central. Ao citar o exemplo do Rio de Janeiro, destacou a ideia de “marca-cidade”, apontando como a construção simbólica da cidade se insere em lógicas de risco e reputação, sendo também um campo estratégico para o ensino em comunicação. Mencionou megaeventos como o Carnaval, o Réveillon, a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e o Rock in Rio, que atraem grandes multidões e impulsionam a economia e a mídia, promovendo uma imagem de alegria e diversidade cultural do Rio. Esses eventos, segundo ele, também oferecem estudos de caso importantes para profissionais de relações públicas, contribuindo para a compreensão da percepção de públicos estratégicos e para o desenvolvimento de estratégias de comunicação.
O professor Rudimar Baldissera, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), refletiu sobre o papel dos pesquisadores diante dos desafios enfrentados pelas organizações, com especial atenção à sustentabilidade. Questionou como evitar a banalização conceitual, alertando para o uso inadequado ou mistificado de termos que perdem seu rigor, como no caso da expressão “comunicação sustentável”, que, segundo ele, muitas vezes esvazia a própria ideia de sustentabilidade. Criticou o que chamou de “esverdeamento discursivo”, quando tudo se torna verde no discurso, menos a própria natureza. Defendeu a ética do comprometimento como princípio fundamental e chamou atenção para o impacto que as práticas organizacionais exercem sobre diferentes públicos. Além das questões climáticas, destacou a importância de considerar grupos específicos, como povos indígenas, pessoas trans, negras e periféricas, frequentemente deixados à margem dos discursos e das ações relacionados ao risco. Reforçou que o lugar da pesquisa deve ser de protagonismo: à frente dos processos, movimentando e transformando. Encerrou defendendo o aprendizado e a ação coletiva, baseados na solidariedade — aprender junto, fazer junto.
O colóquio terá continuidade amanhã (20/5), a partir das 9h, na PUCRS.
Nesta sexta-feira (23/5), a Escola de Comunicação, Artes e Design — Famecos, da PUCRS, realiza a Caminhada e Palestra Fotográfica com Celestino Bastos, fotógrafo, jornalista e documentarista angolano. O evento propõe uma imersão cultural pelo Centro Histórico de Porto Alegre, seguida de um bate-papo sobre fotografia, memória e trajetória profissional.
A atividade começa às 9h30 com uma caminhada guiada por pontos históricos da capital gaúcha, conduzida pelo Museu do Percurso Negro (Projeto Porto Negra), com participação dos pesquisadores Daniele Vieira e Maurício Dorneles. O trajeto tem início no Monumento Tambor, localizado na Praça Brigadeiro Sampaio.
À noite, às 19h15, na sala 307 da Famecos, prédio 7 da PUCRS, Celestino Bastos apresenta uma seleção de imagens captadas durante a caminhada e compartilha sua experiência entre Angola e Brasil, abordando sua trajetória como fotógrafo, documentarista e educador.
Sobre Celestino Bastos
Natural de Angola, Celestino é formado em Bioquímica pela Universidade de Évora (2022) e técnico em Mídias e Fotografia pelo Instituto Baobá (2024). Atualmente, atua como jornalista, fotógrafo e documentarista, sendo autor da exposição “Fragmentos e alguns tons de Angola”, exibida em Lisboa, Porto e na Flipocos 2025. É um dos responsáveis pelo projeto “Trilhas de Memória”, em Angola, com apoio do Instituto Camões, e idealizador do Biso (@biso.oficial), projeto voltado para educação.
O evento é uma realização da Famecos — PUCRS, com apoio do Biso e do Projeto Porto Negra. As inscrições podem ser feitas pelo link -> https://forms.gle/3Vk1LgU4usqYVCz39
A produção foi realizada por estudantes de Jornalismo da PUCRS em parceria com a Escola Municipal de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha
No mês em que se completa um ano das inundações que atingiram Porto Alegre, a Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, da PUCRS, promoveu a exibição do documentário O que sobrou de nós. O trabalho, realizado por estudantes de Jornalismo da Famecos em parceria com alunos da Escola Municipal de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, retrata os impactos das inundações no bairro Sarandi.
Na manhã de hoje, alunos da escola municipal, além de professores e alunos da Famecos, estiveram presentes para assistir à exibição do filme, que foi seguida de debates sobre o processo de produção. Para o professor do Laboratório de Jornalismo da Famecos, Andrei Rossetto, por meio da extensão universitária, a PUCRS não apenas transmite conhecimento, mas também estabelece um diálogo com a comunidade. Ele destacou ainda que, além de ser uma entrega de comunicação, o documentário representa um documento importante desse momento traumático, que não pode ser esquecido.
De acordo com o vice-diretor da escola municipal, Paulo Sérgio da Silva, a instituição atende cerca de 1.600 estudantes, em um bairro com mais de 90 mil habitantes. Ele ressaltou a importância do documentário como uma maneira de relatar o que viveram durante aquele período de incertezas, quando a escola ficou mais de 20 dias submersa pelas águas das inundações de 3 de maio de 2024, ano em que completariam 70 anos. O vice-diretor também destacou a parceria com a Universidade, apontando que, além de expandir horizontes intelectuais, a extensão universitária oferece a oportunidade de vivenciar a realidade de maneira mais próxima.