Foto: Camila Cunha
“Falar sobre o racismo na universidade é construir um espaço de luta”. A afirmação da professora da Escola de Humanidades Leunice Oliveira durante a abertura do 3º Seminário Juventudes Negras e Políticas Públicas sintetiza a proposta do evento, ocorrido no dia 7 de novembro. A programação evidenciou o protagonismo de jovens negros e teve o objetivo de oferecer acesso a conhecimentos científicos e registros culturais diferenciados. Ainda segundo a professora, foi uma possibilidade de pensar em reduzir a desigualdade entre brancos e negros, homens e mulheres nos mais diferentes espaços de vida social. “Várias disciplinas já abordam essa questão, e isso deve ser ainda mais recorrente”, defendeu.
O evento teve início com um cine-fórum promovido pelo movimento HeForShe (ElesPorElas), que se propôs a discutir o filme Histórias Cruzadas. A desigualdade racial e de gênero apresentada na trama foi o ponto de partida para debates e reflexões em torno da realidade dos presentes na plateia. “Estamos debatendo em nome de milhares de mulheres negras. Devemos estabelecer um olhar crítico da realidade social que se apresenta no filme, relacionando às nossas próprias vidas e refletindo”, incentivou Leunice.
Durante a conversa, as vivências pessoais dos participantes refletiam todos os pontos apresentados pelo longa-metragem. Foram apontadas situações como a desconfiança em locais públicos e a falta de representação de negros na mídia. “Ainda sofremos com os reflexos da escravidão. A história do filme não é de ontem. A desigualdade ainda acontece hoje, aqui e agora”, afirmou um dos presentes. Em meio às falas, uma certeza: a situação precisa ser vista sob uma perspectiva proativa e questionadora.
Foto: Camila Cunha
Em seguida, após um coffee break, foi lançado o livro Expressões de violência: experiências de intervenção e pesquisa em Serviço Social, organizado pela professora Patrícia Krieger Grossi, Roberto da Cruz Fonseca Jr. e Joana das Flores Duarte. Após, ocorreram em paralelo oficinas de tranças afro, de stencil e uma conversa sobre Cidadania, gêneros e juventudes, com as jovens multiplicadoras da cidadania da ONG Themis. Também foram destaques momentos culturais com piano, voz, poesia e dança. O encerramento do evento ocorreu com o painel Políticas Públicas, Juventudes Negras e Diversidades, mediado pelo professor da Escola de Humanidades Giovane Scherer.
O 3º Seminário Juventudes Negras e Políticas Públicas foi promovido pelo Programa de Assessoramento e de Defesa e Garantia de Direitos da União Brasileira de Educação e Assistência (Ubea), mantenedora da PUCRS, pelo projeto Educando para a Diversidade, pelo Observatório Juventudes, pelo Núcleo de Estudos em Cultura Afro-Brasileira e Indígena (NEABI) e pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa em Violência (NEPEVI), ambos da Escola de Humanidades.
