Artigo foi publicado na Nature, um dos maiores periódicos internacionais
segunda-feira, 09 de junho | 2025Foi publicado recentemente na revista científica Nature, uma das maiores referências internacionais na área da Ciência, um estudo sobre a Doença de Parkinson, considerada a segunda síndrome neurodegenerativa mais comum do mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A investigação teve como objetivo identificar padrões na perda de olfato que ajudem no diagnóstico precoce de Parkinson, por meio do Teste de Identificação do Olfato da Universidade da Pensilvânia (UPSIT). A pesquisa, “Hiposmia na Doença de Parkinson; explorando a perda seletiva de odor”, contou com a participação do professor da Escola Politécnica da PUCRS, Rodrigo Barros.
De acordo com o professor, a perda do sentido é um dos primeiros sintomas da Doença de Parkinson. O UPSIT foi uma das ferramentas que auxiliou o estudo, já que serve como uma triagem inicial para possíveis pacientes.
“Podemos utilizar o Teste de Olfato para identificar quem deve realizar exames mais específicos ou quem deve ser acompanhado com mais cuidado. Nosso artigo investigou se pacientes com Parkinson perdem a capacidade de identificar cheiros específicos, o que facilitaria a identificação da doença”, explica Rodrigo.
Porém, somente o UPSIT não é suficiente, visto que a perda do olfato não ocorre unicamente devido ao Parkinson, acrescenta ele.
Para a investigação, foram utilizados modelos de Inteligência Artificial (IA) que analisaram padrões de resposta ao Teste de Olfato, buscando identificar indícios de Parkinson, com base na forma como os pacientes respondem ao UPSIT.
“Aplicamos tanto ferramentas estatísticas quanto modelos de aprendizado de máquina para identificar os padrões de perda de olfato geral e perda de olfato causada pela doença. Cada modelo se baseia em premissas diferentes para chegar às suas conclusões e utilizamos diversos modelos de IA”, conta o professor.
Foram estudadas informações de um dos maiores bancos de dados sobre Parkinson no mundo, o Parkinson’s Progression Markers Initiative (PPMI), a partir de um subconjunto de pacientes com equilíbrio em termos de gênero e idade.
A pesquisa indicou que pessoas diagnosticadas com Parkinson não possuem um padrão seletivo na perda olfativa, ou seja, não deixam de sentir cheiros específicos mais do que outras que também sofrem com a perda do sentido.
“É possível que tal padrão exista, mas a diferença desse padrão para perda generalizada de olfato é pequena demais para ser utilizada para identificação da doença”, diz Rodrigo.
Ele enfatiza, no entanto, que o UPSIT continua sendo um grande aliado para apontar pacientes que merecem atenção. “Nossa pesquisa mostra que outros caminhos precisam ser explorados para aprimorar o diagnóstico de Parkinson”, finaliza.