A Universidade conta com diferentes iniciativas na área que envolvem a prática esportiva e o conhecimento científico
quarta-feira, 05 de março | 2025Um dos maiores complexos de esporte, saúde e bem-estar do Brasil fica em Porto Alegre. Inaugurado há 21 anos, em setembro de 2003, o Parque Esportivo da PUCRS foi criado para dar suporte aos cursos da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. A premissa continua, mas o modelo integrado e multidisciplinar – pensado para atender o movimento de cuidado integral com a vida e a promoção da saúde em todos os sentidos – já não é reservado apenas à Universidade. Os espaços e os serviços do parque estão à disposição tanto de estudantes, professores e colaboradores quanto da comunidade em geral. Atualmente, o complexo tem 4,8 mil frequentadores matriculados, além de centenas de clientes locatários e pessoas que circulam e visitam suas instalações.
“Desde 2020, a gente vem investindo e dedicando um esforço maior para revitalizar os espaços e trazer novos parceiros”, conta Márcio Amaro Müller, coordenador do Parque Esportivo da PUCRS. As mudanças trouxeram uma nova estrutura e portfólio de serviços, incluindo a ampliação da rede de parcerias com escolas esportivas de referência no Brasil e no mundo. Entre elas, a Fundação Real Madrid (futebol), a Companhia dos Cavalos (corrida e triatlo), a Escola de Vôlei Bernardinho, a Cicclo (judô) e o NBA Basketball School.
Em termos de infraestrutura, a lista é longa: o Parque Esportivo inclui campo e quadras de futebol, pistas de atletismo e de caminhada, playground, quadras de areia (para beach tennis, futevôlei e vôlei), quadras de tênis e poliesportivas e salões de ginástica artística, olímpica e de lutas. Soma-se a isso estádio universitário e auditório.
Mas são as piscinas e a academia que mais movimentam o parque. Frequentada por 1,4 mil pessoas, a área aquática é composta por três piscinas térmicas, sendo uma olímpica. Já a academia conta com a tecnologia embarcada da Technogym, uma das principais empresas do mundo de wellness lifestyle. Por lá, cada um dos 2,5 mil alunos pode se sentir como um atleta de remo, ciclismo e corrida – ou até mesmo fazer uma “caminhada” pelas ruas de Amsterdã. Isso porque as telas interativas dão acesso a conteúdos e imagens simuladas de diferentes lugares do planeta, proporcionando uma experiência de condicionamento físico gamificada, divertida e desafiadora.
A academia também conta com o Unity Mini, software que proporciona experiência personalizada, orientação completa e acompanhamento automático nos equipamentos de força. “Na prática, treinamos com os mesmos equipamentos utilizados pelos atletas olímpicos”, afirma Müller.
A recuperação também é de alto padrão. Ao lado do Parque Esportivo está o Centro de Reabilitação, um espaço de assistência integrada ao processo de ensino, pesquisa e extensão da PUCRS. O local oferece desde recovery esportivo – um conjunto de técnicas que auxiliam na recuperação muscular de atletas após treinamentos e competições – até reabilitações cardiopulmonar, metabólica, neurofuncional e musculoesquelética, além de fisioterapia aquática e pélvica.
Para chegar até aqui, a Universidade realizou escutas com usuários, colaboradores, alunos e especialistas. Também pesquisou tendências e ouviu a comunidade científica. Diversos estudos mostram que estudantes que praticam exercícios físicos com frequência obtêm melhores resultados nas atividades de aprendizagem. Há também o conceito de longevidade: as pessoas estão vivendo mais e querem viver melhor.
“A atividade física ao longo da vida gera inúmeros benefícios para a saúde, diminuindo o risco de desenvolver doenças crônicas e promovendo um envelhecimento mais saudável e de maior qualidade”, reforça a professora Andrea Bandeira, antiga decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e atual pró-reitora de Saúde da PUCRS.
A melhora da saúde mental é outro importante benefício do esporte e da atividade física regular. O tema ganhou especial atenção desde a pandemia. E mais ainda em 2021, quando a ginasta americana Simone Biles desistiu de competir durante os Jogos Olímpicos em Tóquio para priorizar sua psique. No mesmo ano, a tenista japonesa Naomi Osaka se afastou das quadras por causa de uma depressão. A decisão das atletas não foi consenso à época, mas mudou a maneira como a saúde mental passou a ser tratada no ambiente esportivo. É o que afirma professor Nelson Todt, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO) da PUCRS.
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Em preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, o GPEO apoiou o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) com um levantamento exclusivo sobre saúde mental dos atletas. Cerca de 150 dos 277 responderam à pesquisa. “Os dados foram coletados para verificar a existência de alguma variável de âmbito emocional que chamasse atenção ou que pudesse atrapalhar a performance nos jogos”, explica Todt.
Algumas informações foram repassadas ao COB antes dos Jogos Olímpicos – para eventuais ações imediatas. Para o fim do mês de setembro, estava agendado um encontro nacional em São Paulo para retomar as discussões e debater os resultados da pesquisa. “A ideia é tentar avaliar se os problemas eram momentâneos ou se há o risco de eles persistirem e gerar maus resultados, até porque a vida dos atletas continua em outras competições”, diz o coordenador do GPEO.
Fundado após o professor Nelson Todt ingressar na PUCRS, no segundo semestre de 2001, o GPEO hoje é reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) por integrar uma rede global de pesquisa em Estudos Olímpicos. Dos 70 grupos que integram o sistema, apenas três estão no Brasil.
“O objetivo do GPEO não é só produzir conhecimento através da pesquisa, mas também desenvolver e preparar pessoas”, explica o coordenador.
Ao longo de duas décadas, o GPEO conquistou diversos reconhecimentos. Em 2016, por exemplo, sediou um dos encontros da rede internacional de pesquisadores. Também foi o parceiro científico da Federação Internacional de Pentatlo Moderno, obtendo credenciais exclusivas para realizar uma coleta de dados dentro das instalações esportivas durante os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Naquele ano, o próprio Todt participou da cerimônia de abertura e do revezamento da tocha olímpica.
Em 2024, ele e outros colegas marcaram presença em Paris. Além de acompanhar competições, participaram de eventos concomitantes aos Jogos – como o 16º International Symposium for Olympic and Paralympic Research e o 4º International Colloquium of Olympic Studies and Research Centers, ambos realizados em Besançon, na França. A participação reforçou a vocação da PUCRS como plataforma global. Ao se integrar aos Jogos Olímpicos, a Universidade ganhou maior visibilidade e reforçou sua reputação internacional, demonstrando seu papel como membro influente e autoridade no cenário olímpico através do GPEO.
*Texto originalmente publicado na edição 195 da Revista da PUCRS, lançada no mês de dezembro de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.