Artigo produzido na Universidade alerta para contaminação das praias do litoral por pequenas partículas de plásticos
segunda-feira, 03 de fevereiro | 2025De acordo com a pesquisa, a média de microplásticos é de 650 partículas por kg de areia. / Foto: Giordano Toldo
Os plásticos, amplamente utilizados devido ao seu baixo custo, durabilidade e facilidade de processamento, representam hoje um grande desafio ambiental. Com uma produção global de 390,7 milhões de toneladas em 2021, o material se acumula no ambiente, especialmente em ecossistemas marinhos e costeiros, ameaçando a biodiversidade local.
Um estudo realizado pela PUCRS na Praia Grande, localizada em Torres (RS), avaliou a contaminação por microplásticos, pequenas partículas de plástico com menos de 5 mm de diâmetro, na área. Este é o primeiro estudo a identificar e quantificar os principais tipos de microplásticos em diferentes locais dessa região.
Para avaliar essa contaminação, foram coletadas amostras de areia em 30 pontos equidistantes na extensão da praia. Essas amostras foram submetidas a uma série de processos, como separação por densidades, digestão química e técnicas de microscopia de fluorescência para a quantificação das partículas. Ao fim, foi constatado que a média de microplásticos é de 650 partículas por kg de areia, algo assustador, uma vez que essas partículas podem se transferir para a cadeia alimentar.
A pesquisa destacou que, mesmo o Brasil possuindo uma das costas mais extensas e ricas em biodiversidade, a poluição plástica já foi detectada em várias áreas, especialmente no Sudeste e Nordeste. No Sul, áreas costeiras e fluviais, como a desembocadura do Rio Mampituba, limite de Torres, são mais vulneráveis devido às atividades humanas intensas de agricultura, turismo e pesca.
Para Maurício Reis Bogo, professor da Escola de Ciências e Saúde da Vida da PUCRS e coorientador do estudo, os microplásticos podem causar potenciais implicações na fauna marinha ou aquática, e até mesmo ambiente terrestre.
“Podemos estar comendo algo orgânico, que não tem inseticida ou pesticida, mas tem plástico. Então é uma coisa que precisa de alerta”, destaca o professor.
Para mitigar a poluição de partículas nas áreas costeiras é necessário que sejam elaborados planos municipais de gerenciamento de resíduos mais eficientes. Segundo Kauê Pelegrini, idealizador da pesquisa e doutor formado pela PUCRS, esse planejamento municipal precisa ser feito, pois os plásticos chegam à costa através de rios que desembocam no litoral.
“Evitar ou minimizar que os resíduos plásticos atinjam o meio ambiente é fundamental para reduzir a presença de microplásticos nessas regiões. Limpezas nas praias também são muito importantes e eficazes, visto que quanto mais tempo os resíduos plásticos estiverem expostos à radiação solar, às águas do mar e outras formas de intemperismo, maior a propensão de geração de microplásticos”, comenta, alertando para a urgência de uma educação e conscientização ambiental mais eficaz, a fim de reduzir descartes inadequados por falta de informação.
Maurício Reis Bogo é professor da Escola de Ciências e Saúde da Vida da PUCRS. / Foto: Luciana Marques
Com o suporte de um grupo de pesquisa interdisciplinar, que reúne diversos laboratórios e departamentos, a PUCRS promoveu aos pesquisadores uma especialização em técnicas avançadas para identificação, quantificação e até mesmo geração de microplásticos em laboratório, simulando condições de intemperismo ambiental.
Kauê destaca que, apesar dos dados preocupantes sobre a contaminação da praia, o saldo final da pesquisa foi extremamente positivo. Além de gerar informações valiosas, o projeto fortaleceu a colaboração entre grupos dentro e fora da Universidade interessados na interface entre plásticos e meio ambiente, abrindo caminhos para futuras investigações e ações de mitigação.
No dia 8 de fevereiro, a PUCRS irá realizar uma ação de limpeza da praia. A iniciativa, conduzida em parceria com o Espaço Roubadinhas ATL e com a Arco Resíduos, conta com o apoio da Universidade e busca engajar voluntários/as para colaborar neste importante movimento de conscientização ambiental no litoral.
A ação acontece a partir das 9h no Roubadinhas ATL (localizado na Av. Central de Xangri-lá). Não é necessário inscrição prévia
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