Inovação

5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação discutiu o futuro dos setores no País 

PUCRS e Tecnopuc participaram do evento que ocorreu em Brasília

terça-feira, 06 de agosto | 2024

PUCRS e Tecnopuc participaram do evento que ocorreu em Brasília 

Professor da Escola Politécnica da PUCRS Adão Villaverde coordenou a mesa e fez a introdução do tema “Os Desafios e Perspectivas para a Produção de SemiC no Brasil”. / Foto: Arquivo pessoal

Entre os dias 30 de julho e 1º de agosto, foi realizada a 5ª edição da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), em Brasília, com transmissão ao vivo pelo YouTube do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – instituição responsável pelo evento. Com o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”, a conferência aconteceu 14 anos depois da quarta edição e reuniu mais de 30 mil pessoas, de forma presencial e online, em torno de discussões realizadas em quatro eixos temáticos: Recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; Reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas; Ciência, Tecnologia e Inovação para programas e projetos estratégicos nacionais; e Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento social.  Confira, aqui, a cobertura da página oficial da VCNCTI

A Universidade e o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) foram representados na Conferência pelo reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, o vice-reitor, Ir. Manuir Mentges, o superintendente de Inovação e Desenvolvimento Jorge Audy, que também é membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), e o professor da Escola Politécnica Adão Villaverde. 

Na ocasião, Ir. Evilázio ressaltou o destaque que foi dado ao papel das universidades na promoção do ensino, da pesquisa e da extensão, como pilares fundamentais para a inovação. O reitor da PUCRS relacionou com a atuação estratégica da Universidade que, ao aprofundar suas estratégias na perspectiva da inovação, geração de impacto e valor para a sociedade, reforça seu posicionamento estratégico e se alinha às demandas contemporâneas de uma sociedade em constante transformação.  

“A 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação reforçou o importante papel das universidades no contexto da promoção do ensino e pesquisa. A PUCRS em seu posicionamento estratégico está comprometida, promovendo inovação, geração de impacto de valor para a sociedade, formando profissionais capacitados para atuar com as novas tecnologias e inovação”, afirmou. 

Segundo Ir. Manuir Mentges, outro aspecto que ganhou destaque no evento foi a qualidade da produção científica no Brasil. Nesse contexto, um dos grandes desafios apontados foi a transformação dessa produção em inovação prática, capaz de propor soluções concretas para os problemas enfrentados pela sociedade brasileira.  

“Em minha participação, enfatizei a importância de fomentar parcerias estratégicas e redes de colaboração, visando a criação de um ecossistema inovador que possa traduzir o conhecimento científico em benefícios tangíveis para a sociedade”, contou.  

O vice-reitor considerou a participação na Conferência importante para trocar experiências e discutir estratégias para potencializar o impacto social das pesquisas acadêmicas.  

“A experiência na conferência foi enriquecedora e proporcionou uma visão ampliada sobre os caminhos a serem trilhados para que a ciência e a tecnologia brasileiras possam, de fato, gerar impacto e valor social”, completou. 

Para Jorge Audy, o destaque desta edição da Conferência foi o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) na abertura do evento. Como membro do CCT, Audy explicou que o Plano reconhece o intenso impacto que a IA está gerando na vida das pessoas e da sociedade e posiciona a visão do Brasil sobre a temática. O membro da CCT considera o IA como uma força tecnológica transformadora, sendo uma revolução centrada em dados e nos processadores de alto desempenho com potencial para remodelar todos os setores sociais e econômicos e envolvendo uma corrida global por protagonismo das nações com impactos geopolíticos.  

“É fundamental entender que no tempo que vivemos, em pleno século XXI, a Ciência, a Tecnologia e a Inovação (CT&I), e a IA em especial, são essenciais para o desenvolvimento do país. Não só o desenvolvimento científico e tecnológico, mas principalmente o desenvolvimento social e ambiental. Não para gerar desemprego, como é temido por muitas pessoas, e sim para gerar novas oportunidade de trabalho, emprego e renda para nossa gente. Necessitamos de grandes projetos nacionais, como esse da IA para o Bem de Todos, para geramos juntos um novo ciclo de desenvolvimento, com soberania e inserção global, atentos aos impactos sociais e a criação de uma nova sociedade, para o nosso tempo”, contou. 

Nesse contexto, o vice-reitor da PUCRS ressalta que as universidades desempenham um papel fundamental, sendo responsáveis por formar profissionais capacitados para lidar com as novas tecnologias, além de desenvolver pesquisas que impulsionem a inovação em IA.  

“Na PUCRS temos inúmeras pesquisas em diferentes áreas do conhecimento, além do nosso Centro de Inteligência Artificial na Escola Politécnica. Como Universidade, queremos ser protagonistas e assumir uma postura de vanguarda nesse tema tão importante para nossa época”, afirma o Ir. Manuir Mentges.   

IA para o Bem de Todos 

Chamado de IA para o Bem de Todos, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial prevê a compra de um dos supercomputadores mais potentes do mundo e investimento de até R$ 23 bilhões em quatro anos. Com vigência de 2024 a 2028 e estruturado em quatro eixos (Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; Difusão, Formação e Capacitação; IA para Melhoria dos Serviços Públicos; e IA para Inovação Empresarial), o PBIA busca: 

  • Transformar a vida dos brasileiros por meio de inovações sustentáveis e inclusivas baseadas em Inteligência Artificial. 
  • Equipar o Brasil de infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento, incluindo um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, alimentada por energias renováveis. 
  • Desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossa diversidade cultural, social e linguística, para fortalecer a soberania em IA. 
  • Formar, capacitar e requalificar pessoas em IA em grande escala para valorizar o trabalhador e suprir a alta demanda por profissionais qualificados. 
  • Promover o protagonismo global do Brasil em IA por meio do desenvolvimento tecnológico nacional e ações estratégicas de colaboração internacional. 

Para isso, o PBIA prevê 31 ações de impacto imediato, que estão em curso ou serão realizadas em breve, nas áreas de Saúde, Agricultura, Meio Ambiente, Indústria, Comércio e Serviços, Educação, Desenvolvimento Social e Gestão do Serviço Público.  

Acesse as versões completa e resumida do PBIA. 

Ecossistemas de inovação 

Em 1º de agosto, Jorge Audy coordenou a mesa “Ecossistemas de inovação no Brasil: avaliação e perspectivas”. Raul Lima, da USP; Adriana Faria, da UFV e da Anprotec; Rodrigo Reis, da UFPA; e Marco Krieger, da Fiocruz, participaram do debate, que contou com a relatoria de Maurício Guedes, da UFRJ e da SEDEICS-RJ). 

O superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc contextualizou os ecossistemas de inovação brasileiros, destacando seu papel para o desenvolvimento nacional. Ao falar sobre os desafios e oportunidades da área, Audy destacou a necessidade de maior sinergia entre universidades e centros de pesquisa e as empresas; a dependência de financiamento público; as irregularidades do financiamento; a resistência a mudanças; a burocracia excessiva; as políticas públicas e investimentos estratégicos; a colaboração internacional; o marco legal e risco zero. 

Entre as tendências emergentes, foram ressaltadas a evolução dos ambientes de inovação antes vinculados apenas aos parques científico e tecnológicos de universidade à lógica dos territórios de inovação, com seus distritos e pactos; o impacto e a relevância com foco nas questões de sustentabilidade e impacto social e ambiental; a inovação orientada a missões; as transformações no mundo do trabalho; e as startups do tipo spin offs acadêmicos e deep techs. 

As recomendações estratégicas da mesa foram a ampliação de políticas públicas direcionadas para a integração entre ecossistemas de inovação e programas de pós-graduação; a criação de políticas públicas integradas que alinhem ciência, tecnologia e inovação com a educação e o desenvolvimento socioeconômico e ambiental; internacionalização e cooperação global; o fortalecimento dos ecossistemas de inovação; a valorização da diversidade e inclusão social como componentes vitais para a inovação; a criação de políticas públicas voltadas à empregabilidade dos doutores e mestres no mercado não acadêmico; e a promoção de uma maior conscientização sobre a importância da ciência, tecnologia e inovação e dos ecossistemas de inovação para o desenvolvimento nacional. 

Indústria de semicondutores no Brasil 

Assim como a Inteligência Artificial, outra tecnologia expoente que entrou na pauta da Conferência foram os semicondutores. O professor Adão Villaverde coordenou a mesa e fez a introdução do tema “Os Desafios e Perspectivas para a Produção de SemiC no Brasil”, cujo debate contou com a presença de Augusto Gadelha, presidente da CEITEC; Linnyer Beatrys Ruiz, presidente da SBMicro; Henrique Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do MCTI; Murilo Pessatti, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi).  

Com 80% da produção mundial concentrada em países do Pacífico do Leste e movimentando 545 bilhões de dólares em 2023, os semicondutores são um tema estratégico do ponto de vista econômico, geopolítico e de soberania científico-técnica das nações.  Nesse contexto, Villaverde ressalta a importância do debate realizado na Conferência.  

“Essa é a quinta Conferência Nacional de CT&I do Brasil e é a primeira vez que esse debate sobre o tema semicondutores entra sob o ponto de vista da indústria e não somente no âmbito dos marcos acadêmicos de pesquisa e desenvolvimento. Nas quatro conferências anteriores, ele foi abordado sempre do ponto de vista científico-técnico de P&D, dos recursos humanos etc. A novidade foi ser tratado do ponto de vista da produção e, principalmente, sobre o que o Brasil pretende com o tema semicondutores”, avaliou. 

Segundo Villaverde, a riqueza do debate também se deve à composição da mesa, que representa como o Brasil se encontra no tema, a partir da presença de diferentes atores do processo de fabricação de semicondutores: a entidade que congrega as empresas de manufatura desses componentes no país, empresas que fazem design house, encapsulamento e testes (back end); a fábrica brasileira de solução completa (front end) que está sendo retomada; e a entidade que congrega pesquisadores, professores e profissionais da área de microeletrônica, além da presença do Ministério de CT&I do Brasil, que trata do tema e seus instrumentos de política. 

Histórico da Conferência 

A 1ª CNCT aconteceu em 1985, com o tema Rumos do novo Ministério. O objetivo foi discutir com a sociedade as políticas para a área, de modo a subsidiar as ações do recém-criado Ministério da Ciência e Tecnologia. Já a 2ª CNCT foi realizada em 2001 com a temática “Novo modelo de financiamento para a área, baseado nos fundos setoriais”. Foi nessa conferência que se discutiu o novo modelo de financiamento baseado nos Fundos Setoriais, posto em prática a partir de 1999. Naquela oportunidade foi criado o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE)  

Em 2005, aconteceu o terceiro encontro com o tema “Desenvolvendo Ideias para Desenvolver o Brasil”. A ênfase foi na importância da CT&I para gerar riqueza e promover a inclusão social, das quais a educação é o pilar principal. E por fim, a 4ª CNCTI, realizada em 2010, abordou a temática “Política de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vistas ao Desenvolvimento Sustentável”. A conferência norteou suas discussões segundo as linhas do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação (PACTI) 2007-2010.