Foto: Luísa Zelmanowicz
A Aula Inaugural em comemoração aos 50 anos da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS (Famecos) teve como palestrante Muniz Sodré, definido pelo professor e mediador da conversa Juremir Machado da Silva como o grande intelectual brasileiro da comunicação. Sodré palestrou para o auditório do prédio 7 lotado na última segunda-feira, 10 de outubro, com a presença do diretor da Famecos, João Guilherme Barone, professores e estudantes da Graduação e Pós-Graduação. Durante o evento, o teórico utilizou a palavra diálogo para explicar a diferença entre comunicação e linguagem. De acordo com ele, o termo cava barreiras intransponíveis entre duas pessoas, afinal, dialogar é atravessar obstáculos. “Por isso, a comunicação não se limita à linguagem verbal. Ela designa, de fato, a conexão”, ressaltou.
O romancista justificou a ideia destacando que, mesmo com a ausência de palavras, o discurso não deixa de existir. Ele frisou que o homem usa palavras, figuras e comparações para contar o que pensa sobre seu semelhante. “O escopo da comunicação é maior do que a dimensão verbal. O homem se comunica não porque transmite um saber, mas porque faz a tradução daquilo que pensa, provocando o interlocutor a fazer o mesmo”, analisou. Sodré complementou que a comunicação conecta e isso possibilita a existência da língua e da fala. Entretanto, reiterou que todo o discurso encontra sentido na tradução do outro, seja de forma escrita ou pronunciada.
O teórico reforçou que comunicação e língua são duas coisas diferentes. Para ele, a academia observa a comunicação apenas como fala, mas é preciso analisar as outras características do discurso. Em reposta àqueles que afirmam que quem não sabe ensina, e quem sabe faz, foi enfático: “falar é a melhor prova da capacidade de fazer alguma coisa. No ato de comunicar-se, o indivíduo trabalha e se exercita com palavras”.
