Impacto Social

Projeto da Escola Politécnica colabora para reduzir desigualdades sociais por meio da tecnologia

quinta-feira, 03 de agosto | 2023

O projeto é coordenado pelo professor Anderson Terroso (centro), e tem a participação dos alunos João Pedro Feijó, do curso de Ciência da Computação (direita) e Matheus Krebs, que cursa Sistemas de Informação (esquerda)/ Foto: Diego Furtado

Mais do que ser um espaço de ensino e pesquisa, a PUCRS abraça o papel de agir para gerar transformação social, desenvolvendo ações que gerem impacto real na comunidade. Uma dessas ações é o Projeto Alquimia II, desenvolvido pela Escola Politécnica a partir de uma iniciativa do Ministério Público do Rio Grande do Sul desde 2021. Na época, um dos maiores desafios impostos pela pandemia foi a dificuldade de muitos estudantes, majoritariamente da rede pública, para acompanhar as aulas durante o ensino remoto, por não terem acesso à internet, computadores e celulares. A solução encontrada: restaurar celulares apreendidos nas revistas feitas em presídios, que originalmente seriam descartados, e após o conserto destiná-los a alunos da rede pública que não possuem esses recursos. 

A iniciativa, que reúne técnicos e alunos, já beneficiou 1377 estudantes de escolas. Recentemente, foi assinado um adendo ao projeto inicial: além de celulares apreendidos em presídios, o Alquimia também receberá aparelhos confiscados no Fórum Central e em delegacias de polícia. Com essa medida, serão recuperados ainda mais celulares e, consequentemente, mais estudantes serão beneficiados. 

Estudantes da Politécnica são protagonistas do projeto 

O Projeto Alquimia II, realizado em parceria com um órgão do governo, recebeu esse nome em referência a uma outra operação federal, como explica o professor Anderson Terroso: “Todas as operações recebem um nome. O projeto Alquimia I era a apreensão de máquinas caça-níqueis. E o Alquimia II foi o nome usado para apreensão de celulares.” Além disso, o nome também se deve ao significado da palavra alquimia: trata-se da utilização de técnicas experimentais, laboratoriais e com o manuseio de substâncias químicas para manipulação da matéria. 

A conexão da Universidade com o Ministério Público veio por meio de Caroline Vaz, professora da Escola de Direito e promotora de justiça, e a ideia foi levada à professora Sandra Einloft, decana da Politécnica. Ela, então, repassou a possibilidade para todos os coordenadores de curso da Escola – e Terroso aceitou o desafio. Coordenado por ele, o projeto conta atualmente com a participação de quatro alunos: João Pedro Feijó e João Pedro Beltrand, que cursam Ciência da Computação; e Matheus Krebs e Vitor Averbuch, do curso de Sistemas de Informação.

Antigamente situado no Laboratório Aquarium, no prédio 30, hoje o Projeto Alquimia tem um espaço próprio – que, além do professor Anderson e dos técnicos, conta com alunos dos cursos de Engenharia da Computação e Ciência da Computação, que atuam em todas as etapas do processo de restauração dos celulares. Funciona assim: após passarem por uma revisão inicial de hardware, os aparelhos são higienizados e formatados para que todos os dados sejam excluídos e logo em seguida são instalados neles aplicativos para atender as necessidades dos estudantes. 

Essa restauração, muitas vezes, representa um desafio: alguns aparelhos chegam com a tela quebrada, outros com baterias que não carregam. No entanto, no início do projeto, havia dificuldades mais graves. 

Projeto Alquimia II tem a missão se restaurar celulares que originalmente seriam descartados e doá-los para quem precisa/ Foto: Diego Furtado

“Os celulares eram muito antigos: telas pequenas, sistema operacional muito antigo. Depois, quando o projeto começou a ganhar repercussão na mídia, os aparelhos vinham quebrados ao meio, com deteriorações propositais”, relata Anderson. 

Impacto social, ambiental e humano 

Além do impacto social, o Alquimia II gera também impacto positivo no meio ambiente: antes da implementação do projeto, os celulares apreendidos eram destruídos por uma máquina de rolo compressor. Agora, com o reaproveitamento dos aparelhos, diminui-se a quantidade de lixo eletrônico, cujo descarte geralmente demanda cuidados extras.  

Mesmo depois da pandemia, que foi o pontapé inicial para o desenvolvimento da iniciativa, as escolas da rede pública, tanto municipais quanto estaduais, continuam recebendo doações de aparelhos restaurados. Se na época eles eram destinados especificamente a alunos que não tinham recursos para acessar as aulas remotas, hoje eles são entregues a todos os estudantes que não tenham um celular e necessitem. “As escolas dão o destino apropriado”, diz Terroso. 

O reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, reitera o papel da Universidade no atendimento das necessidades desses jovens e de tantas outras, a fim de tornar o mundo um lugar mais justo. 

A educação superior deve almejar a criação de uma nova sociedade em que as desigualdades sociais não sejam normalizadas. Isso passa também por atuar de forma a impactar positivamente a vida da comunidade em que está inserida, olhando desde a base do ensino até o acesso à profissionalização. No contexto da pandemia, não apenas nossos profissionais, mas nossos estudantes de diferentes áreas, para além da saúde, têm tido um papel muito importante na busca de soluções que resolvam os problemas que estamos vivenciando hoje.”  

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